O Legislativo, seu dinheiro e serviços ‘domésticos’
Deputados e senadores andam abespinhados com a imprensa. Acham que os repórteres penduraram nas manchetes uma campanha contra o Parlamento. Erro.
O que atrapalha a imagem do congressista é o próprio congressista. Que Congresso formidável seria o Congresso se o congressista respeitasse o congressista.
O Legislativo vive um dilema: ou a seriedade ou o privilégio. E os parlamentares parecem cultivar uma paixão jucunda pelo privilégio.
Na Câmara, discute-se agora a conveniência de impor limites à contratação de assessores parlamentares.
Sabia-se que há nepotismo nos gabinetes. Não se ignorava que há fantasmas na folha de salários. Mas descobriu-se uma outra perversão.
Os deputados começaram a remunerar suas empregadas domésticas com verbas da Viúva. Esqueceram de maneirar.
Primeiro, foi ao noticiário o caso do deputado licenciado Alberto Fraga (DEM-DF). Agora, pilhou-se Arnaldo Jardim (PPS-SP).
No Senado, veio à luz o tamanho da conta de celular: R$ 8,6 milhões em 2008.
Tomando-se apenas os 81 senadores, chega-se a uma conta média mensal de R$ 6.126. Um acinte.
Aos pouquinhos, os congressistas vão ganhando a aparência daquilo que Nelson Rodrigues chamada de “faunos de tapete”.
Só usam sapatos para disfarçar os pés de cabra.
blog Josias de Souza