Camargo Corrêa já recebeu R$345 milhões do governo desde 2003

Pode ser que esteja aí a “generosidade” da empreiteira para com partidos políticos e seus filiados.

Alvo da Polícia Federal nas investigações feitas dentro da Operação Castelo de Areia, a Camargo Corrêa recebeu R$ 354,9 milhões em verbas federais desde 2003, ao ser contratada para a realização de obras. Os dados, levantados no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) do governo pela assessoria técnica do DEM, equivalem a uma média de R$ 50 milhões anuais somente em recursos federais, já que a empresa também tem atuação forte nos Estados e municípios.

A companhia tem ainda presença significativa na relação de projetos do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), principal plano de obras do governo.

Ela integra o consórcio Enersus (Energia Sustentável do Brasil), que vai cuidar da obra bilionária da Usina Hidrelétrica de Jirau, em Rondônia. Uma das principais ações do PAC, a obra de Jirau receberá um financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no valor de R$ 7,2 bilhões, para sua construção, operação e manutenção.

Levantamento feito pelo site Contas Abertas mostra que a Camargo Corrêa já recebeu nos últimos três anos cerca de R$ 129 milhões, apenas em obras do PAC que não incluem recursos de empresas estatais, Estados e municípios. A construtora é a 15ª colocada no ranking das que mais receberam recursos públicos vinculados ao PAC, se considerados somente os repasses feitos diretamente pelo governo federal (isso exclui o dinheiro que virá de Jirau, por exemplo).

Dentro do PAC, outra obra importante que tem a participação da empresa é a construção da Ferrovia Norte-Sul, no trecho Anápolis-Uruaçú, em Goiás. Por conta desse projeto, a Camargo Corrêa recebeu R$ 44,1 milhões do Ministério dos Transportes, em 2008. Para este ano, toda a obra conta com uma previsão orçamentária equivalente a R$ 1,7 bilhão. A ferrovia é considerada uma das peças estratégicas do PAC, uma vez que sua extensão chegará a 2,2 mil quilômetros, atravessando quatro Estados (Goiás, Pará, Tocantins e Maranhão).

por Marcelo de Moraes – Estado de São Paulo

Não escapa ninguém da “mala” da construtora!

Empresa doou R$ 50 mil para Tuma Júnior que é o Secretário Nacional de Justiça

Responsável pelo órgão do governo federal que terá a obrigação de recuperar dinheiro eventualmente mandado para o exterior ilegalmente pela Camargo Corrêa, o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, recebeu em 2006 doação de campanha da empresa.

Ao lado da CCE, a construtora foi a maior doadora para a frustrada tentativa de ele se reeleger deputado estadual por São Paulo, concorrendo pelo PMDB: foram R$ 50 mil depositados na conta de campanha, de um total de R$ 354 mil arrecadados. Tuma Jr. diz que não há conflito de interesse e que a doação foi “transparente e declarada”: “Não lembro direito como recebi a doação, mas sei que não fui atrás. Não conheço ninguém na empresa”.
Tuma recebeu 43.800 votos e se tornou suplente em sua coligação. Em setembro de 2007, foi nomeado pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, para o cargo atual. Faz parte da secretaria o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, que tem a função de buscar o repatriamento de recursos desviados para o exterior, normalmente agindo com o Ministério Público e a Polícia Federal.
Após localizados os recursos, o departamento é quem faz a tramitação formal e o contato com as autoridades no país em que estão depositados, para pedir seu congelamento e repatriamento.
O relatório da PF da Operação Castelo de Areia aponta a remessa ilegal de dólares para o exterior como uma das principais acusações contra a Camargo Corrêa. Segundo a acusação do Ministério Público -contestada pela empreiteira-, duas empresas fantasmas brasileiras usavam “offshores” no Uruguai, nas Ilhas Cayman e na Suíça. As remessas teriam sido de US$ 810 mil, US$ 600 mil e US$ 200 mil.
por Fabio Zanini – Folha de São Paulo
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