Comunidade rural chilena se volta contra Bayer-Monsanto
O Chile já é o país que mais exporta sementes no Hemisfério Sul
O Chile já é o país que mais exporta sementes no Hemisfério Sul
O programa do Google analisou mais de 42 mil tomografias de pulmão
Em alguns tipos de câncer, as mutações podem desestabilizar as células
As pandemias globais nos alimentos são assustadoras.
Fabricantes de cigarros, sonegadores e contrabandistas serão desmascarados eletronicamente. As fábricas de cigarros, (que produzem uma das drogas mais destruidoras do mundo, e agem como se fossem criadoras de perfumes) estão em pânico. Motivo: a Receita Federal vai instalar nessas indústrias (?) um dispositivo especial de “selos eletrônicos”. Esse dispositivo foi desenvolvido num trabalho conjunto da Receita com a Casa da Moeda. Esse equipamento revolucionário tem capacidade para decifrar o código digital invisível. E será inserido no selo colado nas carteiras de cigarro. Esse selo já é fabricado pela Casa da Moeda mas continua sujeito a falsificações. Duas grandes fábricas já foram submetidas a testes, que funcionaram muito bem. O projeto da Receita é instalar com URGÊNCIA, esse equipamento moderníssimo em 19 fábricas da droga chamada cigarro. Dessa forma a Receita poderá seguir a trajetória dos maços de cigarro, da produção ao último revendedor. Com isso a eficiência da fiscalização, importantíssima. Com a nova tecnologia a Receita localizará, instantaneamente, carregamentos destinados à exportação e que tenham sido desviados. Servirá também para monitorar e acompanhar, cargas transportadas de um estado para outro. Além da evasão de tributos federais é muito grande a sonegação de impostos estaduais. Cigarros e bebidas, (dois crimes contra o cidadão, que é seduzido desde menino pela propaganda e o fascínio de beber e fumar, como se isso fosse demonstração de independência, masculinidade e maturidade) estão, disparados entre os maiores sonegadores. No varejo e no atacado. No caso de bebidas, um medidor de vazão já foi instalado nas fábricas, tendo como resultado imediato aumento na arrecadação. A Receita calcula que a sonegação no setor da droga chamada cigarro alcance o total de 2 bilhões de reais. Que é faturada “por fora”, para satisfação e enriquecimento. Só que a própria Receita considera que essa estimativa é muito pequena. Como são insistentes sonegadores, os fabricantes de cigarros são incansavelmente multados pela Receita. Normalmente essas multas atingem o total de 4 bilhões. Que esses fabricantes da morte pagam com tranqüilidade, pois a diferença entre o que pagam de multa e o que sonegam diariamente, é enorme e proveitosa. A entrada em vigor desse “selo eletrônico” será um festival Wagner para a arrecadação. Pois nem é segredo (já escrevi muito sobre isso) que as multinacionais de cigarros, (TODAS SÃO) são campeões não só de sonegação mas de contrabando. Existem informações provadas e comprovadas que essas multinacionais de cigarros são donas ou sócias majoritárias de fábricas instaladas em países vizinhos, como Paraguai e Uruguai. Essas empresas gritam que são vítimas de contrabando praticado pelos chamados “sacoleiros”. Ora, o contrabando é tão grande que não cabe nem caberia na bagagem desses pobres “contrabandistas”. Esses miseráveis cidadãos que vivem de atravessar a fronteira em Ciudad Del Este, são ludibriados e acusados injustamente. Esse “contrabando”, quase sempre é produzido e vendido aqui mesmo, sem nota nem imposto. Esses SONEGADORES, falsamente acusam os outros do CONTRABANDO que praticam, querem até desmoralizar a Justiça, pedindo INDENIZAÇÃO MORAL. Com essa providência, a Receita Federal jogou os fabricantes de cigarros na vala comum dos criminosos. Os que asfixiam a população e querem asfixiar também a ARRECADAÇÃO.
Um coquetel que mistura diferentes agrotóxicos foi encontrado na água de 1 em cada 4 cidades do Brasil entre 2014 e 2017. Nesse período, as empresas de abastecimento de 1.396 municípios detectaram todos os 27 pesticidas que são obrigados por lei a testar. Desses, 16 são classificados pela Anvisa como extremamente ou altamente tóxicos e 11 estão associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, malformação fetal, disfunções hormonais e reprodutivas. Os dados são do Ministério da Saúde e foram obtidos e tratados em investigação conjunta da Repórter Brasil, Agência Pública e a organização suíça Public Eye. As informações são parte do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), que reúne os resultados de testes feitos pelas empresas de abastecimento. Os números revelam que a contaminação da água está aumentando a passos largos e constantes. Em 2014, 75% dos testes detectaram agrotóxicos. Subiu para 84% em 2015 e foi para 88% em 2016, chegando a 92% em 2017. Nesse ritmo, em alguns anos, pode ficar difícil encontrar água sem agrotóxico nas torneiras do país. Embora se trate de informação pública, os testes não são divulgados de forma compreensível para a população, deixando os brasileiros no escuro sobre os riscos que correm ao beber um copo d’água. Em um esforço conjunto, a Repórter Brasil, a Agência Pública e a organização suíça Public Eye fizeram um mapa interativo com os agrotóxicos encontrados em cada cidade. O mapa revela ainda quais estão acima do limite de segurança de acordo com a lei do Brasil e pela regulação europeia, onde fica a Public Eye. Saiba o nível de contaminação da sua cidade clicando na imagem abaixo. O retrato nacional da contaminação da água gerou alarde entre profissionais da saúde. “A situação é extremamente preocupante e certamente configura riscos e impactos à saúde da população”, afirma a toxicologista e médica do trabalho Virginia Dapper. O tom foi o mesmo na reação da pesquisadora em saúde pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Ceará, Aline Gurgel: “dados alarmantes, representam sério risco para a saúde humana”. Entre os agrotóxicos encontrados em mais de 80% dos testes, há cinco classificados como “prováveis cancerígenos” pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos e seis apontados pela União Europeia como causadores de disfunções endócrinas, o que gera diversos problemas à saúde, como a puberdade precoce. Do total de 27 pesticidas na água dos brasileiros, 21 estão proibidos na União Europeia devido aos riscos que oferecem à saúde e ao meio ambiente. Entre os locais com contaminação múltipla estão as capitais São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Manaus, Curitiba, Porto Alegre, Campo Grande, Cuiabá, Florianópolis e Palmas. A falta de monitoramento também é um problema grave. Dos 5.570 municípios brasileiros, 2.931 não realizaram testes na sua água entre 2014 e 2017. Coquetel tóxico A mistura entre os diversas químicos foi um dos pontos que mais gerou preocupação entre os especialistas ouvidos. O perigo é que a combinação de substâncias multiplique ou até mesmo gere novos efeitos. Essas reações já foram demonstradas em testes, afirma a química Cassiana Montagner. “Mesmo que um agrotóxico não tenha efeito sobre a saúde humana, ele pode ter quando mistura com outra substância”, explica Montagner, que pesquisa a contaminação da água no Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), de São Paulo. “A mistura é uma das nossas principais preocupações com os agrotóxicos na água”. Os paulistas foram os que mais beberam esse coquetel nos últimos anos. O estado foi recordista em número de municípios onde todos os 27 agrotóxicos estavam na água. São mais de 500 cidades, incluindo a grande São Paulo – Guarulhos, São Bernardo do Campo, Santo André e Osasco – além da própria capital. E algumas das mais populosas, como Campinas, São José dos Campos, Ribeirão Preto e Sorocaba. O Paraná foi o segundo colocado, com coquetel presente em 326 cidades, seguido por Santa Catarina e Tocantins. Os especialistas falam muito sobre a “invisibilidade” do efeito coquetel. As políticas públicas não monitoram a interação entre as substâncias porque os estudos que embasam essas políticas não apontam os riscos desse fenômeno. “Os agentes químicos são avaliados isoladamente, em laboratório, e ignoram os efeitos das misturas que ocorrem na vida real”, diz a médica e toxicologista Dapper. Por isso, ela lamenta, as pessoas que já estão desenvolvendo doenças em decorrência dessa múltipla contaminação provavelmente nunca saberão a origem da sua enfermidade. Nem os seus médicos. Questionado sobre quais medidas estão sendo tomadas, o Ministério da Saúde enviou respostas por email reforçando que “a exposição aos agrotóxicos é considerada grave problema de saúde pública” e listando efeitos nocivos que podem gerar “puberdade precoce, aleitamento alterado, diminuição da fertilidade feminina e na qualidade do sêmen; além de alergias, distúrbios gastrintestinais, respiratórios, endócrinos, neurológicos e neoplasias” (Leia a íntegra das respostas do Ministério da Saúde). A resposta, porém, ressalta que ações de controle e prevenção só podem ser tomadas quando o resultado do teste ultrapassa o máximo permitido em lei. E aí está o problema: o Brasil não tem um limite fixado para regular a mistura de substâncias. Essa é uma das reivindicações dos grupos que pedem uma regulação mais rígida para os agrotóxicos. “É um absurdo esse problema ficar invisível no monitoramento da água e não haver ações para controlá-lo”, afirma Leonardo Melgarejo, engenheiro de produção e membro da Campanha Nacional Contra os Agrotóxicos e Pela Vida “Se detectar diversos agrotóxicos, mas cada um abaixo do seu limite individual, a água será considerada potável no Brasil. Mas a mesma água seria proibida na França”. Ele se refere à regra da União Europeia que busca restringir a mistura de substâncias: o máximo permitido é de 0,5 microgramas em cada litro de água – somando todos os agrotóxicos encontrados. No Brasil, há apenas limites individuais. Assim, somando todos os limites permitidos para cada um dos agrotóxicos monitorados, a mistura de substâncias na nossa água pode chegar a 1.353 microgramas por litro sem soar nenhum alarme. O valor equivale a 2.706 vezes
Moradores em uma região de Rio dos Bois, onde quase metade da população vive com menos de meio salário mínimo. PREFEITURA DE RIO DOS BOIS A cidade de Rio dos Bois, no Tocantins, revive uma situação que parecia ter superado há cinco anos: a falta de um médico fixo e o atendimento diário. Localizada a 123 quilômetros da capital Palmas, o município ganhou seu primeiro médico na atenção primária ao aderir ao Mais Médicos e, com o programa federal, passou a ofertar atendimento nos cinco dias úteis da semana para seus 2.800 habitantes no único posto de saúde da cidade. Foi uma conquista, embora o município seguisse distante de atingir o parâmetro de atenção considerado ideal pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de um profissional para cada mil habitantes. Quando Cuba decidiu encerrar a cooperação com o Brasil, em novembro passado, a cidade perdeu o médico cubano que atendia no posto, mas chegou a ter a vaga substituída por uma profissional brasileira. Três meses depois de começar a trabalhar, a médica renunciou ao programa, segundo funcionários da saúde do município, porque passou em um concurso em Goiânia — abriu-se, assim, uma das 1.052 vagas ociosas por desistências no Brasil que foram anunciadas pelo Ministério da Saúde. A vaga ainda não foi reposta, e já faz dois meses que Rio dos Bois oferece atendimento médico apenas dois dias na semana. Isso porque o município, que já financiava um plantonista para atender no único dia útil em que o profissional “titular” era liberado para atividades de formação previstas no programa, dobrou a carga horária dele. “Como tem dia que não tem médico aqui, quando a gente tem uma dor mais forte vai mais é pra Miracema [a cidade vizinha, que fica a 47 quilômetros de Rio dos Bois]. Lá é mais certo ter médico, e eles passam um remédio pra passar a dor”, diz o morador Milton Medeiros de Morais, 27 anos, que trabalha na limpeza de um posto de gasolina do município. Ele conta que os profissionais do posto de saúde atendem bem aos pacientes, mas lamenta que só tenha médico nas quartas e quintas. “O atendimento tá um pouco apertado depois que a médica saiu, mas pelo menos o município de referência fica perto”, afirma uma funcionária da saúde municipal, que não quis ser identificada, ao explicar que Rio dos Bois disponibiliza ambulâncias e carros pequenos para levar até Miracema os pacientes cujos casos não podem ser resolvidos ali. “Graças a Deus pelo menos ambulância a gente tem e basta ligar que a gente consegue ir [para Miracema]. Por que médico aqui não é todo dia”, declara Milton. Ainda assim, ele conta que só se submete a esta viagem — que dura em média 45 minutos — em casos mais graves e que se acostumou a usar plantas medicinais e chás para cuidar da própria saúde. “Eu tomo mais é remédio do mato. Todo dia eu faço uma garrafadinha [com mel e plantas] e tomo um pouquinho. Tem uns pezinhos de planta na minha casa, pense como é bom”, diz. O morador tem uma doença nos rins, mas diz que reduz as idas ao médico porque pode comprar os remédios que toma regularmente na farmácia com o salário que ganha na limpeza do posto de gasolina. Algo que nem todos da cidade podem fazer, já que quase metade da população (46%) vive com menos de meio salário mínimo — 499 reais — por mês, segundo dados do IBGE. Os indicadores de saúde de Rio dos Bois também não são animadores. A taxa de mortalidade infantil média na cidade — de 22,73 óbitos para 1.000 nascidos vivos — é bem maior que a média nacional — de 14. Além disso, as condições urbanas não ajudam: apenas 2,5% dos domicílios têm esgotamento sanitário adequado, uma estrutura importante para evitar doenças como diarreia, hepatite A e verminoses, que são enfermidades geralmente tratadas e prevenidas justamente com a ajuda dos profissionais da atenção básica. Moradores de Rio dos Bois em uma ação da Secretaria de Saúde do município. ARQUIVO PREFEITURA DE RIO DOS BOIS O EL PAÍS entrou em contato com a Secretaria de Saúde de Rio dos Bois para saber os impactos da ausência de médico fixo na cidade, mas a secretária Maria Vitalina não quis dar entrevista, afirmando que havia outros municípios na mesma situação. Ela se limitou a explicar que seria mais adequado conseguir as informações com a coordenação do Mais Médicos no Tocantins. Esta, por sua vez, afirmou que havia previsão de a vaga de médico ser ocupada na próxima semana por um profissional remanejado de outra cidade, mas não especificou qual era. O Ministério da Saúde também não confirmou essa reposição. Pelo menos outras 18 cidades, localizadas em nove Estados diferentes, estão sem médicos na atenção básica por conta da desistência dos brasileiros que substituíram os cubanos no programa federal. Os dados são de um levantamento feito pelo EL PAÍS ao cruzar a lista de municípios com desistência disponibilizada pelo Ministério da Saúde com a lista de cidades que dependem exclusivamente do programa feita pelo Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems). A estimativa do Conselho considera municípios que têm apenas uma Equipe de Saúde da Família (ESF) participante do programa cujo médico responsável por ela até novembro era cubano. O presidente do Conasems, Mauro Junqueira, diz que o provimento das vagas está garantido por lei e que o ministro Luiz Henrique Mandetta teria prometido a reposição nas cidades vulneráveis ainda no mês de abril. “A ideia é que seja já dentro do [novo programa] Mais Saúde, mas ainda não conhecemos a proposta como um todo”, afirma. Mandetta anunciou que enviaria ao Congresso uma nova proposta para substituir o Mais Médicos ainda neste mês. Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que lançará o Mais Saúde “em algumas semanas”, mas ressaltou ter publicado uma portaria estendendo para seis meses o prazo de pagamento da verba para custeio de outros profissionais das unidades básicas de saúde para que os municípios não perdessem verba após dois meses sem médico, como determinava a portaria anterior. O Ministério paga 11.800 reais
Dedicado à segurança e diversidade alimentar, órgão extinto por decreto também expunha Estado a mecanismos de controle social. Exatamente o contrário do que deseja a lógica do agronegócio. A Medida Provisória n. 870, de 01 de janeiro de 2019, publicada pelo novo governo federal de modo a estabelecer a organização administrativa dos órgãos da Presidência da República e seus Ministérios, trouxe más noticias para a política pública de segurança alimentar e nutricional. Ela revoga inciso e artigo da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional/LOSAN, de 2006, de modo a levar a extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional/CONSEA na estrutura organizativa do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN. O CONSEA Nacional era um órgão de assessoramento à Presidência da República cuja competência institucional tratava do controle social na formulação, execução e monitoramento da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Representava um espaço de consolidação da participação da sociedade nas políticas voltadas à promoção de sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis e de defesa de uma agenda da administração pública que defenda os cidadãos da violação do direito humano à alimentação adequada. Criado, em 1993, à época do governo Itamar Franco e sob demanda da sociedade civil articulada nos movimentos Ética na Política e Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e pela Vida, o CONSEA foi, em uma perspectiva histórica, a primeira tentativa de elevar o debate sobre segurança alimentar e nutricional para uma arena política intersetorial, plural e participativa. Pelo caráter transitório do então governo e pela frágil inserção do tema na agenda política brasileira, o conselho foi extinto em 1994, um ano após sua proposição. Recriado em 2003, o CONSEA assumiu a importante tarefa de não ser apenas um espaço institucional de diálogo do governo com a sociedade, mas também de ser o lócus impulsionador da elaboração participativa do Projeto de Lei Orgânica para a Segurança Alimentar e Nutricional no país, o que ocorreu em 2006. Desde então, observou-se o rompimento de ações pontuais e fragmentadas em direção a um novo paradigma na construção e governança de políticas públicas em segurança alimentar e nutricional. Progressivamente, têm-se implantado de forma mais articulada programas e ações de proteção social, de superação da pobreza e redução das desigualdades, de fomento a produção agrícola de base familiar e de acesso à alimentação. Neste espectro, está o aprimoramento do marco normativo do histórico Programa Nacional de Alimentação Escolar e sua interface com os programas de compras públicas de alimentos produzidos por agricultores familiares. Iniciativas como essa foram produzidas e articuladas no âmbito do CONSEA e foram reconhecidas pelas Nações Unidas, em 2014, como responsáveis pela saída do Brasil do Mapa da Fome. Por outro lado, novas expressões da insegurança alimentar, como a perda dos padrões alimentares tradicionais, o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, a obesidade e a exposição da população a alimentos contaminados por agrotóxicos, ganham proporções epidêmicas. Os sistemas alimentares, incluindo os processos de produção, transformação, distribuição, marketing e consumo de alimentos, estão fortemente relacionados à transição alimentar e nutricional observada nas últimas décadas e precisam ser reposicionados para não apenas ofertar alimentos, mas sim promover dietas mais saudáveis e sustentáveis para todos. O CONSEA, bravamente, assumiu a defesa da dimensão sociocultural da alimentação e da valorização de um sistema alimentar justo, saudável e sustentável, tanto do ponto de vista social como ambiental, onde sejam valorizados e protegidos a biodiversidade, a comida de verdade sem veneno e os padrões alimentares tradicionais com o respeito e o resgate das identidades, memórias e culturas alimentares. Fez, assim, a defesa do alimento como elemento central da vida, um direito social, um bem material e imaterial e parte do patrimônio cultural do povo e da nação brasileira. Há que se reconhecer o choque paradigmático com setores que, em outro extremo, veem o alimento apenas como mercadoria dotada de valor monetário, em uma economia nacional ancorada nas commodities agropecuárias. O Brasil alcançou reconhecimento internacional na área e se tornou referência para inúmeros países. Em 2016, publicação de um renomado painel de especialistas em Nutrição Global – The Global Nutrition Report Stakeholder Group – apontou os fatores que explicam o protagonismo brasileiro na agenda de Segurança Alimentar e Nutricional, sendo eles: o ativismo de organizações não governamentais e de movimentos sociais, a produção e uso de dados e indicadores de segurança alimentar e nutricional e, por fim, a criação do CONSEA como espaço de governança, engajamento e diálogo independente entre Governo e Sociedade Civil. Compreender a formação de uma agenda de política de segurança alimentar e nutricional significa considerar que a mesma pode refletir ou não os interesses dos diferentes setores da sociedade, a depender do grau de democracia participativa, de mobilização de cada setor e de institucionalização de mecanismos que viabilizem a participação dos sujeitos, em especial dos mais vulneráveis e dependentes da ação do Estado. O episódio da Medida Provisória n. 870 é preocupante porque nega os êxitos da experiência brasileira; compromete a continuidade e aprimoramento da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional; fragiliza a administração pública ao negar a participação social como elemento estruturante do Estado Democrático de Direito; induz um efeito cascata nos modelos de governança das políticas estaduais e municipais; e, não menos importante, deixa um recado que, para o Governo que se inicia, o exercício da cidadania parece só ter importância no momento do voto no processo eleitoral. Por Patrícia Constante Jaime, no Jornal da USP
Poluição: 92% da população global respiram ar inadequado, alerta OMS A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou hoje (27) que 92% da população global vivem atualmente em áreas onde os níveis de qualidade do ar ultrapassam os limites mínimos estabelecidos pela entidade. Os dados integram o mais completo relatório global já divulgado pela organização sobre zonas de perigo para poluição do ar, com base em informações de medições por satélite, modelos de transporte aéreo e monitores de estação terrestre de mais de 3 mil localidades rurais e urbanas. Poluição atmosférica e saúde A estimativa é que cerca de 3 milhões de mortes ao ano estejam ligadas à exposição à poluição externa do ar. A poluição interna do ar, entretanto, aparenta ser igualmente perigosa já que, em 2012, em torno de 6,5 milhões de mortes estavam associadas à poluição interna e externa juntas. OMS alerta que principais fontes de poluição do ar incluem modelos ineficientes de transporte OMS alerta que principais fontes de poluição do ar incluem modelos ineficientes de transporte De acordo com a OMS, quase 90% das mortes relacionadas à poluição do ar são registradas em países de baixa e média renda, sendo que quase dois em cada três óbitos foram contabilizados no sudeste da Ásia e em regiões ocidentais do Pacífico. Ainda segundo o relatório, 92% das mortes são provocadas por doenças não comunicáveis, sobretudo doenças cardiovasculares, derrame, doença obstrutiva pulmonar crônica e câncer de pulmão. A poluição do ar também aumenta os riscos de infecções respiratórias graves. “A poluição do ar continua prejudicando a saúde das populações mais vulneráveis – mulheres, crianças e adultos de mais idade”, disse a diretora-geral adjunta da organização, Flavia Bustreo. “Para que as pessoas sejam saudáveis, elas precisam respirar ar limpo do primeiro ao último suspiro”, completou. Fontes de poluição A OMS alerta que as principais fontes de poluição do ar incluem modelos ineficientes de transporte; combustível doméstico e queima de resíduos; usinas de energia movidas a carvão; e atividades industriais em geral. “Para enfrentar a poluição do ar, é preciso agir o mais rápido possível”, defendeu a diretora do Departamento de Saúde Pública e Determinantes Ambientais e Sociais de Saúde da OMS, Maria Neira. “As soluções existem por meio do transporte sustentável nas cidades, da gestão de resíduos sólidos, do acesso a combustíveis domésticos limpos e fogões, bem como de energias renováveis e da redução de emissões industriais”, concluiu Maria. AgBrasil
Cannabidiol reduz convulsões em 86% das crianças com epilepsia Flor de maconha, planta da qual é extraído o cannabidiol, substância química sem efeitos psicotrópicos. Substância sem efeitos psicotrópicos derivada da maconha reduziu pela metade a ocorrência de ataques epilépticos em crianças que sofrem com a síndrome de Lennonx-Gastaut, em estudo realizado no México. O tratamento com cannabidiol, um derivado da maconha sem efeitos psicotrópicos, reduziu pela metade a ocorrência de ataques epilépticos em 86% das crianças que sofrem com a síndrome de Lennonx-Gastaut e que participam de um estudo cujos resultados foram divulgados nesta terça-feira (14/03) no México. “Pelo menos 80% dos casos tiveram a frequência das crises reduzida pela metade. E isso é muito difícil de conseguir em uma população que tem tal quantidade de problemas”, disse em entrevista coletiva o neuropediatra Sául Garza, responsável pela pesquisa e coordenador da Unidade de Neurodesenvolvimento do Hospital Espanhol da Cidade do México. O estudo, pioneiro no país com crianças com essa rara doença, foi realizado com 38 pacientes. Eles receberam durante um ano o RHSO-X 5000mg, um produto do cannabidiol puro derivado do cânhamo e recentemente aprovado pela Comissão Federal Contra Riscos Sanitários do México (Cofepris). De acordo com os resultados, 33 pacientes (86%) tiveram uma melhoria de 50% nas crises. Desses, 21 atingiram uma redução dos ataques epilépticos de até 75%. Em cinco casos, as convulsões desapareceram totalmente. Por outro lado, o tratamento falhou para outros cinco crianças. “Os cinco meninos que não responderam ao óleo de cannabidiol continuaram com seu tratamento habitual, sem que a saúde deles fosse menosprezada”, afirmou Garza. Além da redução das crises, o uso do medicamento gerou outros benefícios nas crianças, disse o líder da pesquisa, como uma melhora no estado de alerta e a interação social. Agência Efe Raúl Elizaalde, representante da Fundação Por Grace, Saúl Garza Morales e Carlos González, representante da HempMeds México, especializada em produtos com canabidiol No entanto, o remédio também teve efeitos colaterais, com 30% das crianças sofrendo de diarreia ou insônia, problemas que também são complicações geradas por outros tratamentos convencionais. O especialista indicou que o estudo provocou que o cannabidiol é um tratamento seguro para os pacientes com Lennox-Gastaut e mais eficiente que os remédios tradicionais contra epilepsia. www.OperaMundi.UOl.com. br