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Aulas de filosofia em cinema animado

De Platão a Foucault: 136 curtas de animação para aprender tudo sobre filosofia, sociologia e política. POR JÉSSICA CHIARELI EM WEB STUFF A empresa especializada em educação online Macat produziu uma série de animações curtas sobre as principais teorias de grande pensadores da humanidade. Ao todo, são 136 vídeos com duração de aproximadamente três minutos cada.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Todos eles foram disponibilizados gratuitamente no canal da instituição no Youtube. Os temas abordados são bastante amplos, contemplando desde filosofia clássica, com os pensamentos de Platão e Aristóteles, até a filosofia moderna, de Foucault e Judith Butler. Além deles, as animações abordam também os principais pensamentos de Charles Darwin, em “A Origem das Espécies”; Sun Tzu, “Arte da Guerra”; Aristóteles, “Política”; Henry David Thoreaus, “A Desobediência Civil”; Sigmund Freud, “A Interpretação dos Sonhos”; Virgina Woolf, “Um Teto Todo Seu”; Max Weber, “A Política como Vocação”; Thomas Hobbes, “Leviatã”; Immanuel Kant, “Crítica da Razão Pura”; Friedrich Hegel, “Fenomenologia do Espírito”; Levy Strauss, “Antropologia Estrutural”; Karl Marx, “O Capital”; Friedrich Nietzsche, “Para Além do Bem e do Mal”; Hannah Arendt “A condição Humana”; Simone de Beauvoir, “O Segundo Sexo”; entre outros. Os vídeos estão disponíveis apenas em inglês, no entanto é possível utilizar o serviço de legendas automáticas do Youtube, que pode ser ativada no canto inferior direito da tela de reprodução. Clique no link para acessar: 136 curtas de animação para aprender tudo sobre filosofia, sociologia e política

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Saúde e o abuso dos antibióticos

Contra superbactérias, hospitais tentam conter abuso na prescrição de antibióticos Uma das principais causas da resistência bacteriana é o uso excessivo de antibióticos, inclusive dentro do ambiente hospitalar – Direito de imagemISTOCK No final de janeiro, a estudante macapaense Adrielly Gadelha Montoril, de 23 anos, se preparava para um final de semana tranquilo após sua rotina de hemodiálise. Três vezes por semana, ela era submetida à transfusão de sangue por meio de uma fístula arteriovenosa – ligação entre uma artéria e uma pequena veia feita em seu antebraço.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] A doença renal crônica que a acometia estava sob controle, e nada no horizonte indicava que ela precisaria de intervenções médicas emergenciais. Mas uma dor insuportável em seu braço, iniciada numa sexta-feira, deu o sinal de que algo poderia estar errado. “Eu peguei uma bactéria na fístula – não sabemos como. Fiquei em casa no final de semana chorando de dor, pedindo ajuda para meu pai. Meu braço queimava. Fiquei três dias tomando antibiótico, e ela só foi progredindo. Crescia. A gente pensava que ela estava morrendo. Eu tinha febre, aquela agonia no meu braço. Mas a gente não sabia o que era aquela bactéria”, relembra. Na segunda-feira seguinte, quando Adrielly chegou ao hospital para uma nova sessão de hemodiálise, havia uma bolha negra em seu braço. “Os médicos se assustaram. Tiraram foto porque nunca tinham visto aquilo. Fui levada com urgência para a sala de cirurgia”, relembra. “Meus pais não queriam acreditar. A fístula é um canal para o coração. Foi um milagre eu ter sobrevivido.” Adrielly foi vítima de uma infecção por uma versão resistente da bactéria Staphylococcus aureus. Além de ter que se submeter a uma cirurgia para limpeza da área, a estudante perdeu a chance de continuar com as transfusões. Diante disso, a estudante teve que entrar de emergência na fila de transplante. Ela recebeu um novo órgão em abril. Após idas e vindas, teve alta definitiva na última terça-feira, mais de seis meses depois da infecção bacteriana. Assim como Adrielly, casos de pacientes infectados por bactérias resistentes vêm crescendo no Brasil e já causam ao menos 23 mil mortes por ano, estimam especialistas. Uma das principais causas da resistência bacteriana é o uso excessivo de antibióticos, inclusive dentro do ambiente hospitalar. Por esse motivo, hospitais brasileiros vêm implantando um novo sistema para controlar o consumo desses medicamentos e evitar abusos. “Há uma dificuldade estrutural para enfrentar a resistência antimicrobiana, mas hoje sabemos que é preciso implementar regras básicas para diminuir o uso de antimicrobianos. O paciente chega com um problema e o médico já prescreve o antibiótico,” afirma Sylvia Lemos Hinrichsen, médica infectologista e professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Desde o ano passado, Sylvia vem treinando hospitais brasileiros a racionalizar o uso de antibióticos, após estudar programas de gestão de uso desses medicamentos no Reino Unido. Gestão racional Chamadas de Antimicrobial Stewardship Program (ASM), as iniciativas começaram nos anos 2000 e se tornaram comuns na Europa e nos Estados Unidos com a preocupação crescente sobre superbactérias. No Brasil, programas para controle do uso de antibióticos também não são novos, mas as iniciativas ainda estão em fase inicial. O objetivo é que os médicos usem antibióticos de maneira mais precisa e evitem desperdícios. Quanto mais se usa um antibiótico sem necessidade, maior o risco de se criar uma superbactéria. Iniciativas para usar antibióticos de forma mais precisa ainda estão em fase inicial no Brasil, apesar de não serem novas – Direito de imagemGETTY IMAGES De acordo com informações compiladas pelo Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos em 2014, cerca de 20% a 50% dos antibióticos prescritos em hospitais de cuidados intensivos naquele país são ou desnecessários ou foram prescritos incorretamente. No Brasil, as estatísticas não são melhores, segundo os médicos. “Costumávamos tratar pacientes antes mesmo da cirurgia. A pessoa ia tirar um dente e começava com o antibiótico dias antes. E isso traz riscos muito graves”, explica a médica Maria Manuela Alves dos Santos, superintendente do Consórcio Brasileiro de Acreditação, que certifica a qualidade de hospitais em parceria com a Joint Commission International. Desde julho, a JC incluiu gestão racional de antibióticos como um dos requisitos para seu selo de qualidade. Para usar esses medicamentos de maneira mais eficiente, os hospitais precisam mapear os organismos infecciosos mais comuns em sua unidade e criar mecanismos para identificar rapidamente as reais causas das infecções em pacientes. “Da mesma forma que um hospital precisa de uma equipe de limpeza, precisa de uma equipe de microbiologia para saber sua realidade microbiológica. Porque é a partir disso que vou sugerir guias terapêuticos para os meus médicos”, diz Pedro Mathiasi, infectologista do HCor, em São Paulo, que desde 2013 lidera um programa de gestão racional de uso de antibióticos. Demora Quando um doente chega ao hospital, os médicos muitas vezes não conseguem identificar prontamente a causa da infecção, mas colocam o paciente sob antibióticos, para evitar que a doença se alastre, enquanto colhem amostras para investigar o problema. Essa investigação é feita pelo laboratório de microbiologia, que determina quais bactérias, fungos ou vírus são a causa de determinada doença. Em países desenvolvidos, esses testes saem em até duas horas, mas, no Brasil, médicos relatam que resultados podem levar até sete dias para ficar prontos. “Se o laboratório de microbiologia dá retorno rápido, o médico ajusta o tratamento. Isso traz resultados melhores para o paciente e reduz o tempo dele no hospital”, explica José Martins de Alcântara Neto, farmacêutico do Hospital Universitário Walter Cantídio, de Fortaleza, que em fevereiro desse ano também implantou um programa para racionalizar o uso de antibióticos. Porém, quanto mais esses testes demoram, maior o risco de pacientes receberem antibióticos fortes demais, que atacam múltiplas bactérias ao mesmo tempo. Chamados de amplo espectro, esses medicamentos são efetivos, mas selecionam mais bactérias resistentes. “Quando chega o resultado, vejo se posso diminuir o espectro do antibiótico, se posso dar uma dose mais branda. Esse é o pulo do gato. Porque às vezes você está dando um

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Ruído branco e insônia

Som da televisão quando não está sintonizada pode ser classificado como ruído branco Direito de imagemGETTY IMAGES Pode ser o som da televisão ou rádio quando não estão sintonizados ou até mesmo o barulho constante do ar-condicionado. Em ambos os casos, trata-se de um ruído branco, sinal sonoro que contém todas as frequências na mesma potência.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Esse barulho faz com que o limiar auditivo atinja seu nível máximo, o que significa que, na presença desse tipo de som, os estímulos auditivos mais intensos têm menos capacidade de ativar o córtex cerebral durante o sono. Isso explica, por exemplo, por que algumas pessoas conseguem pegar no sono mais rápido se a televisão estiver ligada com um volume moderado. “O ruído branco é, literalmente, uma parede de energia sonora”, diz Seth Horowitz, neurocientista especializado em audição. Atualmente, há diversos dispositivos que emitem ruído branco, como aplicativos de celular, disponíveis no mercado com a promessa de melhorar a qualidade do sono. Ruído branco pode ajudar a abafar sons que variam de intensidade, como o ronco – Direito de imagemGETTY IMAGES Disfarce De acordo com os especialistas, o ruído branco é ideal para disfarçar ou abafar outros sons do ambiente, como o barulho de carros, obras ou cachorros latindo. “Funciona muito bem para quem acorda com qualquer interrupção repentina de som”, diz Horowitz. Como a audição é o único sentido que continua funcionando mesmo durante o sono, o ruído branco serve para bloquear sons cujas frequências variam de intensidade e podem estimular o córtex cerebral. Mas será que há contraindicações? “Não, a menos que o volume (do ruído branco) seja tão alto que possa afetar a audição”, afirma Nitun Verma, porta-voz da Academia Americana de Medicina do Sono (AASM, na sigla em Inglês). O ser humano tem com um número limitado de células ciliadas – cerca de 10 mil -, responsáveis ​​por captar o som. São elas que detectam os sons de alta frequência e, com o envelhecimento, começam a falhar. Mas o neurocientista Seth Horowitz adverte que, se o ruído branco for aplicado todas as noites por um período prolongado, pode afetar essas células. Som constante de ventilador pode ajudar quem tem sono leve a dormir – Direito de imagemGETTY IMAGES Além disso, ele lembra que o sono é indispensável para a regeneração do organismo. “A exposição constante ao ruído branco fará com que as células (ciliadas) permaneçam ativas e dê mais trabalho a elas para sanar qualquer dano que haja nessa área.” Dúvidas sobre os benefícios Apesar dos inúmeros artigos sobre a eficácia do ruído branco para dormir melhor, não há pesquisas científicas suficientes para comprovar esse benefício. Horowitz observa que os estudos sobre a audição e o sono são relativamente novos. Segundo ele, ainda há muito a se explorar nessa área. Mas, ao invés de recorrer a truques para dormir, os especialistas afirmam que o mais importante é adotar uma rotina ou padrão de sono estável. Segundo o médico Nitun Verma, da Academia Americana de Medicina do Sono, nem todos os distúrbios podem ser tratados com ruído branco. A tática não seria produtiva, por exemplo, em casos de apneia – quando a pessoa para de respirar durante o sono. Você dorme mais facilmente com a TV ligada? Direito de imagemGETTY IMAGES Horowitz menciona, por sua vez, o ruído rosa e o ruído marrom. O primeiro combina frequências altas e baixas, como o som da chuva, enquanto o segundo pode ser representado, por exemplo, pelo barulho de uma queda d’água à distância – o ruído branco seria como escutar uma cachoeira dentro do próprio quarto. “Eles soam mais naturais, porque é assim que percebemos o som no mundo. O ruído branco é mais forte porque abrange uma faixa de frequência mais ampla”, explica. No entanto, os ruídos rosa e marrom não apresentam força suficiente para bloquear os barulhos externos. BBC

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Bactérias armazenarão dados

Cientistas transformam DNA de bactérias em ‘HD natural’ para armazenar informações Cientistas americanos inseriram um gif – cinco quadros de um cavalo correndo – no DNA de uma bactéria Direito de imagemNIH/NATIONAL INSTITUTE OF MENTAL HEALTH O DNA tem o maior potencial de armazenamento de dados que se conhece: na teoria, é possível guardar até 455 exabytes (o equivalente a 100 bilhões de DVDs) em apenas um grama dele. Agora, um grupo de cientistas conseguiu aproveitar esse potencial para guardar imagens e vídeos no DNA de bactérias E.coli com uma precisão de 90%. A ideia é “programar” bactérias como equipamentos de gravação para que elas viajem pelo sangue e armazenem informações por um tempo. Depois disso, os cientistas poderiam extraí-las e examinar seu DNA para ver o que elas “anotaram”. É como se esses organismos fizessem um filme de processos biológicos do corpo. Por meio de uma ferramenta de edição de genoma conhecida como CRISPR, cientistas americanos inseriram um gif de cinco quadros de um cavalo correndo no DNA de uma bactéria. Algo semelhante a um processo de “copiar e colar”. A equipe então viu que os micróbios de fato incorporaram os dados como o previsto. Os resultados foram publicados na revista Nature. Transferência Para o experimento, a equipe da Universidade Harvard usou uma imagem de uma mão humana e cinco quadros do cavalo Annie G, registrados no final do século 19 pelo pioneiro britânico da fotografia Eadweard Muybridge. Para inserir essa informação nos genomas da bactéria, os pesquisadores transferiram a imagem e o vídeo nos nucleotídeos (blocos construtores do DNA), produzindo um código relacionado aos pixels de cada imagem. Os pesquisadores então usaram a CRISPR, uma técnica de engenharia genética que permite que você “copie e cole” informações digitais diretamente no DNA de um organismo vivo – no caso do experimento com as bactérias E. coli, através de duas proteínas. À esq., a imagem original, e à dir., a reconstituída no DNA da bactéria Direito de imagemSETH SHIPMAN As bactérias usam a versão “natural” dessa técnica (seu sistema de defesa) para guardar informações sobre os vírus que encontram. E esse funcionamento foi “hackeado” pelos cientistas para permitir uma edição mais ampla do genoma. Como os dados são inseridos nos genomas das bactérias, eles são passados de geração para geração – o que pode provocar mutações também. Os organismos armazenam uma informação seguida da outra, o que permite que se leia uma sequência de eventos na ordem em que eles foram coletados. Cientistas já traduziram até sonetos de Shakespeare em DNA – mas esta é a primeira vez em que se cria uma “biblioteca viva” com essa técnica. Quadro a quadro Para fazer o gif, as sequências foram inseridas nas células das bactérias, quadro por quadro, durante cinco dias. Os dados foram espalhados pelos genomas de várias bactérias, em vez de apenas uma, explica Seth Shipman, coautor do experimento. “A informação não está contida em uma única célula, cada uma consegue ver apenas alguns pedaços do vídeo. O que tivemos que fazer foi reconstruir o vídeo inteiro a partir de partes diferentes”, disse Shipman à BBC. “Talvez uma única célula visse alguns pixels do primeiro quadro e alguns pixels do quadro quatro. Então tivemos que olhar para a relação de todos esses pedaços de informação nos genomas dessas células vivas e dizer: podemos reconstruir o vídeo inteiro com o passar do tempo?” Para “ler” a informação de novo, os cientistas fizeram o sequenciamento do DNA da bactéria e usaram códigos customizados de computador para desembaralhar a informação genética, criando as imagens. A equipe conseguiu uma precisão de 90%. “Nós ficamos muito felizes com o resultado”, disse Shipman. Gravadores vivos No futuro, a equipe quer usar essa técnica para criar “gravadores moleculares”. Shipman diz que essas células podem “codificar informações sobre o que está acontecendo na célula e no ambiente celular ao escrever essa informação em seu próprio genoma”. É por isso que os pesquisadores usaram imagens e um vídeo: imagens porque elas representam o tipo de informação complexa que a equipe gostaria de usar no futuro, e o vídeo por causa do componente rítmico. O ritmo é importante porque será útil acompanhar as mudanças em uma célula e em seu ambiente com o passar do tempo. Talvez no futuro seja possível extrair bactérias e ver o que deu errado no corpo quando ficarmos doentes – como acontece com a caixa-preta de um avião que passou por uma pane.

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A cadeia de valor do mundo digital é outra

Caio Túlio Costa foi um dos pioneiros em temas que hoje estão na ordem do dia do jornalismo: o impacto da internet nos modelos de negócio e nos modos de produção e circulação das reportagens. Participou ativamente do projeto de criação do UOL, do qual foi o Diretor Geral até 2002. Foi também o primeiro Ombudsman da imprensa brasileira, cargo que ocupou na Folha de São Paulo nos anos 1990. Mineiro de Alfenas, Caio é professor da pós-graduação em jornalismo na Escola de Propaganda e Marketing (ESPM) em São Paulo. Em 2013 foi Visiting Research Fellow na Columbia University Graduate School of Journalism, em Nova York. É também fundador do Torabit, um sistema de monitoramento digital . Caio Tulio integra os conselhos da Fundação Padre Anchieta (TV Cultura-SP), da Transparência Brasil, da Revista Pesquisa Fapesp e da Revista de Jornalismo da ESPM, editada em conjunto com a escola de jornalismo da Universidade Columbia. É autor de quatro livros: Ética, jornalismo e nova mídia – uma moral provisória (Zahar, 2009), O que é Anarquismo (Brasiliense, 1981), Cale-se (A Girafa, 2003) e Ombudsman – O Relógio de Pascal (Geração Editorial, 2006; Siciliano, 1990). Escreveu também vários artigos acadêmicos e organizou publicações como 50 Brasileiros param para pensar o país (Instituto DNA Brasil, 2005) e Somos ou estamos corruptos? (Instituto DNA Brasil: 2006). “Moral Provisória – Ética e jornalismo: da gênese à nova mídia” é o título de sua tese de doutorado defendida em junho de 2008 na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – a mesma que foi editada em livro pela Zahar. Na entrevista abaixo, dada por e-mail ao jornalista Pedro Varoni, Caio fala sobre o atual momento do jornalismo no ocidente e no Brasil abordando tanto o aspecto econômico quanto ético. Sobre a extinção do cargo de Ombusdman no New York Times, o jornalista é categórico: “Foi péssima a demissão e pior ainda a explicação”. Quando perguntando sobre uma possível reconfiguração do jornalismo pós- lava jato, Caio se volta aos valores basilares da profissão: independência, transparência, espirito crítico e capacidade investigativa. Recentemente o New York Times anunciou a extinção do cargo de ombudsman função que, teoricamente, teria sido suplantada pela lógica da cultura participativa em rede. Como você analisa essa decisão e quais seriam os papeis de um ombudsman no ecossistema midiático contemporâneo, ele é ainda uma figura necessária? C.T.: Achei essa desculpa absolutamente esfarrapada. É claro que o leitorado exerce a crítica do jornalismo praticado pelo seu jornal favorito – seja na internet seja por meio de cartas e telefonemas quando ainda não existiam as redes sociais. Elas amplificaram e facilitaram a interação com o leitorado. Mas essa crítica, este acompanhamento feito pelos leitores, em nada se assemelha ao trabalho do editor público, ou ombudsman. Ele faz a crítica do jornal de uma forma técnica. Faz a crítica do ponto de vista de um profissional do jornalismo movido pelo interesse do leitor. Abrir mão deste olhar técnico, do expert, é abrir mão da discussão sistemática e profissional do jornalismo praticado. Foi péssima a demissão e pior ainda a explicação. A crise política e institucional que se arrasta no Brasil desde 2013 tem implicações éticas no trabalho jornalístico? Você acha que existe no Brasil uma crise de representação em relação ao jornalismo? Como ele pode se reconfigurar diante desse cenário? C.T.: Evidentemente que sim, tem implicações éticas. Principalmente em relação às questões de verdade e de mentira. O país está dividido majoritariamente entre esquerda e direita (apesar desses termos serem hoje tão velhos e pouco significativos!) e cada lado acha que tem razão e que o outro exagera ou mente. Sem falar nas outras divisões que opõem conservadores, liberais, esquerdas, direitas e radicais de toda ordem. A imprensa também se divide, de certa forma, e assim ela vai cumprido seu papel. Do ponto de vista ideológico a boa notícia é que a esquerda, com um belo empurrão dos governos do PT, conseguiu algum espaço, principalmente na internet. Por isso, não há mais o que reconfigurar. A reconfiguração que já foi feita. E hoje não é preciso de poder econômico para se comunicar. Esta fantástica virada foi trazida pelos meios digitais e veio para ficar. Teremos que conviver com esta nova realidade, fruto da disrupção nas comunicações. Em 2014 você escreveu um artigo- publicado também pelo observatório da imprensa – sobre modelos de negócio para o jornalismo digital em que defendia, entre outras coisas, que as empresas de informação deveriam se transformar em empresas de serviços como forma de sustentabilidade financeira. Você acha que as empresas tem seguido esse caminho? C.T.: Absolutamente não. As empresas jornalísticas continuam teimando em buscar receitas digitais apenas em publicidade e assinatura (via diversas formas de paywall). A nova fonte de receita sugerida no paper, criar produtos/serviços de valor adicionado, praticamente tem sido ignorada. No memento, a impressão que se tem é a de que apenas o Washington Post pode seguir por este caminho. Diante do impacto de dois fatores- a crise econômica brasileira e as mudanças na forma de produção e circulação de notícias – quais seriam os caminhos possíveis para o fortalecimento das empresas de comunicação? C.T.: O estudo ao qual você se referiu acima explicava, exaustivamente, que a saída é procurar uma terceira fonte de receitas, já que publicidade e assinaturas não conseguem pagar as contas de uma redação online independente, voltada para a investigação, para o jornalismo crítico e determinado a acompanhar os poderes (econômicos, políticos, culturais) com total distanciamento. A única forma capaz de dar sustentabilidade a um veículo digital de maiores proporções (que fique do tamanho das redações de imprensa clássicas) é criar uma outra fonte de receitas, que viria dos produtos de valor adicionado. As empresas jornalísticas precisam fazer como fizeram as empresas de telecomunicações quando acabou o tráfego nas linhas fixas. Criaram os tráfegos de dados, e os celulares. Os barões do jornalismo continuam agarrados às suas edições tradicionais e estão vendo-as morrer, definhar. A cadeia de valor no mundo digital é outra. Qual o impacto dos novos formatos disponíveis na internet na linguagem jornalística tradicional? O que é preciso

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Durante casamento, noiva conhece homem que recebeu o coração de seu filho

Há mais coisas entre o céu e terra… As campanhas de doação de órgãos são sempre emocionantes, principalmente quando trazem relatos de pessoas que sobreviveram graças à bondade de familiares que aceitaram o procedimento em um momento tão delicado. Becky Turney, de 40 anos, passou por isso em outubro de 2015, quando aceitou doar o coração de seu filho Triston Green, de 21 anos. O receptor foi Jacob Kilby, na época com 19 anos, que nasceu com a síndrome do coração esquerdo hipoplásico, no qual o lado esquerdo do órgão é pouco desenvolvido, oferecendo riscos de morte. Aos 2 anos de idade, Kilby passou pelo primeiro transplante, mas esse coração foi se deteriorando com o tempo, e o rapaz teve um ataque cardíaco em 2015, necessitando urgentemente de um novo órgão. No último final de semana, Becky e Jacob finalmente se conheceram – e em uma ocasião mágica! A mulher estava se casando com Kelly Turney, que chamou o rapaz para ser padrinho na cerimônia, que ocorreu no Alasca. Jacob aceitou o convite prontamente, mas tudo era uma surpresa para Becky. No dia da cerimônia, um lugar vazio estava reservado para a memória de Triston Green, com uma plaquinha de que estaria muito feliz vendo sua mãe se casar. Foi então que o noivo revelou a surpresa para Becky e chamou Jacob para o altar. Ela pode, então, ouvir novamente o coração de seu filho. A emoção tomou conta de todos que estavam presentes. A história emocionante foi narrada pela fotógrafa Amber Lanphier e já teve mais de 100 mil compartilhamentos. As fotos do encontro são incríveis! “Eu perdi a cabeça! Eu vibrei como uma menininha. Foi incrível!! Eu nunca tinha sido surpreendida desse jeito – eu sempre fui aquela que abria secretamente todos os presentes sob a árvore de Natal”, explicou Becky ao programa Today. “As fotos dizem tudo”, finaliza. Triston também estava presente no buquê da sua mãe e tinha um lugar reservado na primeira fila. Via Parvablog

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Poluição – O petróleo é o único e maior vilão?

Qual é a indústria que mais polui o meio ambiente depois do setor do petróleo? Mesmo fibras naturais como o algodão tem forte impacto ambiental Direito de imagemTHINKSTOCK É fácil citar a indústria do petróleo como principal vilã da poluição. Mas poucos talvez saibam que o segundo lugar nesse ranking pertence à indústria da moda.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Se você veste calças ou malhas de poliéster, por exemplo, fique sabendo que a fibra sintética mais usada na indústria têxtil em todo o mundo não apenas requer, segundo especialistas, 70 milhões de barris de petróleo todos os anos, como demora mais de 200 anos para se decompor. A viscose, outra fibra artificial, mas feita de celulose, exige a derrubada de 70 milhões de árvores todos os anos. E, apesar de natural, o algodão é a uma fibra cujo cultivo é o que mais demanda o uso de substâncias tóxicas em seu cultivo no mundo – 24% de todos os inseticidas e 11% de todo os pesticidas, com óbvios impactos no solo e na água. Nem mesmo o algodão orgânico escapa: uma simples camiseta necessitou de mais de 2.700 litros de água para ser confeccionada. A indústria da moda é uma das mais poluentes do mundo Direito de imagemGETTY IMAGES Usar e jogar fora Mas talvez o maior dano causado pela indústria da moda seja a tendência da “moda rápida”, marcada especialmente pelos preços baixos. O consumo multiplica os problemas ambientais. O custo da “moda rápida” Uma peça de roupa que usamos menos de 5 vezes e jogamos fora após 1 mês produz mais 400% de emissões de carbono que uma usada 50 vezes e mantida por 1 año Fonte: HBS GETTY O chamado “segredo sujo” da moda deu origem a iniciativas que buscam uma maior responsabilidade ambiental. Na Argentina, a Industry of All Nations foi fundada como uma “empresa de design e desenvolvimento com o compromisso de repensar métodos de produção”. O objetivo é produzir “roupa limpa”. “Eu e meus irmãos nos demos conta de que, em um mundo tão grande, quase todos os produtos são feitos em dois ou três países asiáticos. E a única razão é porque é mais barato produzi-los lá”, explica Juan Diego Gerscovich, fundador da empresa familiar. “A IOAN, como diz o nome, existe para que voltemos à produção e aos produtores originais, para que voltássemos à fonte”. Os hermanos Gerscovich, que são argentinos e vivem Los Angeles, começaram produzindo sandálias, usando os serviços de uma fábrica há 120 anos no ramo. Sandálias já eram produzidas de modo quase sustentável, segundo empresários Direito de imagemINDUSTRY OF ALL NATIONS “Era uma empresa sustentável sem saber, pois as sandálias eram de juta e algodão. A empresa produzia um milhão de unidades. A única coisa que fizemos foi mudar as tiras, que eram de material sintético, para algodão”. Mas foi um segundo produto que soou o “alarme da contaminação”. Os irmãos queriam produzir jeans, mas abandonaram a ideia quando “se deram conta de que se te uma questão muito tóxica”. Decidiram resgatar o método tradicional de produção do tecido, com o uso de algodão orgânico e índigo – uma tintura obtida da planta Indigofera tinctoria. Gerscovich encontrou um pequeno vilarejo no sul da Índia, Auroville, onde levaram anos investigando como reviver a indústria local. “Era uma indústria muito importante e conectada à cultura indiana, mas a Revolução Industrial trouxe os corantes químicos, e a indústria do tecido natural desapareceu… era muito mais econômico e rápido com os métodos modernos.” Fabricação artesanal de tintura Direito de imagemINDUSTRY OF ALL NATIONS O processo natural requer ainda mais tempo e investimento, mas o empresário argentino diz que ele é muito menos agressivo para o meio ambiente. O desaparecimento da indústrias fez com que fosse necessário treinar tecelões, pois ninguém na comunidade sabia fazer jeans. Mais que um negócio A empresa depois se dedicou à produção de suéteres com lã de alpacas bolivianas. “E sem corantes”, ressalta Gersovich. Os suéteres de lã de alpaca vendidos pela empresa dos irmãos Gersovich não usam corantes Direito de imagemINDUSTRY OF ALL NATIONS “A cooperativa que produz os suéteres na Bolívia conhece nossa filosofia e montou um pequeno laboratório para começar a desenvolver tintas naturais.” A idea original dos irmãos Gerscovich é não apenas fazer a roupa, mas empoderar comunidades. “O mais importante é que, como seres humanos, mudemos de mentalidade: precisamos consumir menos”, diz o empresário. Corantes naturais Direito de imagemINDUSTRY OF ALL NATIONS A IOAN, assim como outras iniciativas do gênero, produzem suas peças em mais tempo e a um custo maior. Um par de jeans, por exemplo, custa US$ 170, valor bem superior ao de muitas marcas no varejo mundial. “Vamos reduzir custos à medida que as vendas cresçam. Mas jamais chegaremos aos níveis das grandes cadeias (de lojas de roupa). Seus preços são uma invenção. Estão desrespeitosos 100% com seus produtores.”

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Engenharia genética criará uma raça superior?

“A edição genética poderia criar uma classe social superior” O oncologista indo-americano Siddhartha Mukherjee MIRIAM LÁZARO Oncologista que ganhou Pulitzer reflete sobre como genética vai acabar com o mundo que conhecemos O que acontece quando uma máquina aprende a ler e escrever seu próprio manual de instruções? Esta é a pergunta que Siddhartha Mukherjee (Nova Délhi, Índia, 1970), vencedor do prêmio Pulitzer em 2010 por sua biografia do câncer: O imperador de todos os males (Companhia das Letras) quer responder com seu último livro.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Em O gene: uma história íntima (Companhia das Letras), este oncologista entrelaça três narrativas como em uma tripla hélice: uma pessoal, em torno de sua própria família, afetada por doenças mentais hereditárias; uma história que acompanha os cientistas e as experiências que deram origem à genética moderna; e uma chamada de atenção sobre como as tecnologias derivadas desse conhecimento podem mudar a sociedade, e a discussão necessária para que não tenhamos de nos arrepender do que aprendemos. No início deste mês, no maior congresso de câncer do mundo, em Chicago, Mukherjee propunha em uma conferência diante de milhares de médicos um exemplo concreto da relevância dessa discussão. Os testes genéticos permitiram descobrir mutações que podem predispor a sofrer um tumor e em muitos casos melhorou o prognóstico. No entanto, também corre-se o risco de transformar o câncer em uma instituição total na qual o paciente é “constantemente vigiado” e a quem se recorda com frequência demais a ameaça da morte. É um caso em que o conhecimento do genoma pode condicionar a forma de viver nossa vida. Pergunta. Os nazistas utilizaram a poderosa ideia da genética para justificar seus delírios de limpeza racial e os soviéticos a rechaçaram, negando toda evidência científica, porque a consideravam uma ideia burguesa. Você reconhece agora o uso dessa ideia científica como justificativa para determinadas ideologias? Resposta. A eugenia privatizada não é diferente da imposta pelo Estado. Só mudam os atores. Um dos últimos desenhos no livro [em que aparece uma família chinesa que só tem filhos homens] mostra o que acontece às populações humanas quando se privatiza a capacidade das pessoas de tomar decisões sobre as características genéticas de seus filhos. Que tenhamos desmantelado a eugenia estatal não significa que não sejamos capazes de propor as mesmas escolhas individualmente, e é igualmente perigoso. P. Se conseguimos desenvolver uma tecnologia para melhorar os humanos, tornando-os mais inteligentes ou mais bonitos, é possível evitar que as pessoas façam isso com seus filhos? Dizer que um conhecimento é perigoso incita a buscá-lo. R. Acho que estamos rumando lentamente para uma nova era. Há três meses, a Academia Nacional de Medicina dos EUA tomou uma decisão muito interessante e muito importante. Estava-se debatendo se as alterações genéticas podiam ser permitidas em espermatozoides, óvulos e embriões humanos. Até agora, no Ocidente, decidimos que a engenharia genética é aceitável em células humanas desde que não mude permanentemente o genoma humano. Se em seu corpo você muda as células do sangue ou os neurônios ou as células do câncer, tudo isso não faz com que as mudanças se tornem parte permanente do genoma humano. Com Crispr [uma nova ferramenta de edição do genoma] e outras tecnologias estamos chegando ao ponto em que podemos nos perguntar se deveríamos editar o genoma humano de forma permanente. E a academia decidiu permitir isso. Mas há algumas limitações. A primeira, a de que deveria haver uma relação causal entre o gene e o objetivo que tentamos alcançar. A maioria dos traços humanos têm sua origem em vários genes, efeitos ambientais, o acaso… Mas alguns são muito autônomos e para essas doenças em que há uma causa direta entre gene e a doença poderíamos tornar essas mudanças permanentes. A segunda limitação é mais complicada. Diz que se permitiria realizar essas mudanças se houver um sofrimento extraordinário que se quer evitar. Mas sofrimento extraordinário segundo quem? Quem vai estabelecer os limites? É um sofrimento extraordinário ser mulher em uma sociedade em que se pode enfrentar uma discriminação pavorosa? Definiríamos o sofrimento extraordinário segundo uma doença? Ou perguntando às pessoas se estão sofrendo, se querem continuar vivendo assim? É uma decisão muito complicada e no fim tem a ver com quem somos, com como nos definimos. P. No livro, você fala dos problemas mentais hereditários que sofreu em sua família. Se tivesse a possibilidade de eliminar esse problema com edição genética, o faria? R. Não tenho nenhuma dúvida de que no futuro será possível encontrar uma relação entre doenças como a esquizofrenia ou o transtorno bipolar e talvez 10 ou 20 variantes de genes que, combinados, podem predizer que o risco de alguém sofrer essas doenças se multiplica por 10 ou 20. Uma vez que começarmos a conhecer essas combinações, o que vamos fazer? A eugenia privatizada não é diferente da imposta pelo Estado Imagine um experimento no qual sequenciamos 10 ou 15 milhões de genomas humanos e, depois, para cada um desses 15 milhões, registramos as vidas dessas pessoas. Em seguida utilizamos técnicas de computação para cruzar essas informações e começamos a entender bem como essas combinações de genes – ou até mesmo a combinação desses genes com fatores ambientais – aumentam ou diminuem o risco de sofrer determinadas doenças. No final, você pode imaginar como em uma família como a minha 10 variantes genéticas em combinação multiplicam por 10 o risco de uma doença terrível. Você sequenciaria o genoma de seus filhos para ver qual carrega esse risco? P. Se eu puder fazer algo a respeito, seguramente sim. Se não, preferiria não saber. Já fazemos isso com a síndrome de Down, mas poderíamos começar a descartar particularidades genéticas muito mais sutis. R. Depende do que você considere poder fazer algo a respeito ou mudar algo. Uma das possibilidades, que teremos à disposição logo, pode ser algo como selecionar embriões e só implantar aqueles que não têm determinadas combinações de genes. P. Mas já fazemos isso. Quase não nascem mais pessoas com síndrome de Down. R. Verdade.

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‘Selfie acadêmica’: Os pesquisadores que usam a si mesmos como base de estudos

Pesquisadores usam suas experiências pessoais como base de estudos Direito de imagem GETTY IMAGES Estaria a cultura do selfie – a cultura do “eu” – se alastrando pelo campo das pesquisas acadêmicas? E seria essa uma forma válida de usarmos nossa experiência pessoal como base para estudos científicos? Esse método de pesquisa foi apelidado de mesearch (forma híbrida que une as palavras inglesas me e research, em português, “eu” e “pesquisa”). Cada vez mais popular internacionalmente, ele desperta opiniões fortes no mundo acadêmico.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Em mesearch – chamada, em círculos científicos, de autoetnografia – o pesquisador usa sua experiência pessoal para resolver questões acadêmicas. Críticos dizem que o método não é científico e o qualificam de “narcisismo acadêmico”. Afirmam também que ele é parte de um fenômeno muito novo – um jeito um pouco mais sofisticado de tirarmos uma selfie, assistirmos reality shows ou postarmos nossas ideias na redes sociais. Críticas à parte, a autoetnografia está sendo usada em vários campos científicos, como a Sociologia, Educação e Psicologia. Estudos assim vêm sendo publicados em revistas científicas sérias e o método está sendo ensinado em universidades americanas. Espelho O termo autoetnografia data da década de 1970. Um dos primeiros estudos baseados no método analisou o tratamento de um bloqueio mental que impedia o autor do estudo de escrever – o fato de o artigo ter sido publicado indica que o acadêmico conseguiu superar o problema. Enquanto a maioria das pesquisas qualitativas se baseia em entrevistas com um número pequeno de pessoas, estudos autoetnográficos usam a experiência e os sentimentos do autor da pesquisa como ponto de partida para a compreensão de questões mais amplas. Artigos autoetnográficos são, com frequência, escritos na forma de histórias – deixando de lado a linguagem acadêmica, mais precisa. Críticos dizem que o método apelidado de mesearch não é científico e o qualificam de “narcisismo acadêmico” – Direito de imagem GETTY IMAGES Isso representa uma ruptura com o método científico tradicional, que exige que acadêmicos sejam objetivos e estejam distantes dos temas que investigam, e que baseiem suas teorias em dados e experimentos que possam ser testados, verificados e reproduzidos. Portanto, não é de se surpreender que muitos acadêmicos desconfiem da nova tendência. O próprio apelido, mesearch, é usado de forma pejorativa, para desacreditar o método. O professor de filosofia Vincent F. Hendricks, da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, por exemplo, diz que a autoetnografia não cumpre os pré-requisitos necessários para que seja aceita como ciência. Para ele, estudos autoetnográficos não atendem a uma série de condições que garantem confiabilidade a investigações científicas, entre elas, a possibilidade de ser testados ou previstos, de ser representativos ou permitir extrapolações. Pluralidade de vozes Acadêmicos que desaprovam o novo método vêm usando o Twitter para expor o que consideram ser os exemplos mais narcisistas de estudos baseados na autoetnografia.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Entre eles, está um pesquisador que usou sua experiência ao aprender a soprar vidro para estudar a coordenação entre mão e olho. Outro alvo dos céticos foi um acadêmico que descreveu como uma caminhada nas montanhas o ajudou a desenvolver seu senso de identidade. Outro autoetnógrafo descreveu, recentemente, como a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas tirou-lhe a capacidade de dormir. Os três estudos citados foram publicados em revistas científicas cujos artigos são revisados e aprovados por outros cientistas. Uma das sumidades mundiais em autoetnografia, a professora Carolyn Ellis, da Universidade do Sul da Flórida, nos Estados Unidos, rejeita as acusações de “narcisismo”. “É narcisista deixar sua experiência pessoal de fora e agir como alguém que sabe tudo, como se fosse possível você se distanciar, e como se você não estivesse sujeito às mesmas forças que (agem sobre) aqueles sobre quem você escreve”, diz Ellis. “É narcisista pensar que ‘nós’ acadêmicos deveríamos escrever apenas sobre ‘eles’ e não sujeitarmos nós próprios ao mesmo escrutínio.” A acadêmica diz que a autoetnografia deu voz a pessoas da classe trabalhadora e minorias étnicas. Pessoas “que não teriam escrito na tradicional prosa das ciências sociais”. Relatos em primeira mão Ellis argumenta ainda que a abordagem autoetnográfica pode permitir insights que não seriam possíveis com o uso de métodos tradicionais de pesquisa. Por exemplo, ela questiona teorias a respeito de estigmas associados a certos traços físicos oferecendo um relato honesto e pessoal onde explica por que nunca gostou de ter a língua presa. Ellis diz também que o treinamento em autoetnografia pode contribuir para a formação de professores melhores. Ela conta que compartilhar suas histórias com a classe “gera uma atmosfera positiva no curso”, incentivando estudantes a falar sobre “as questões que os preocupam e interessam”. Muitos veem autoetnografia como um culto do ‘eu’ – Direito de imagem GETTY IMAGES Outros defensores do método dizem que ele permite que pessoas compartilhem experiências de forma mais profunda e analisem seu significado. Jill Bolte Taylor, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, fez relatos em primeira mão sobre o funcionamento do cérebro e o processo de reabilitação do órgão enquanto se recuperava de um acidente vascular cerebral. Segundo ela, assistir à deterioração do seu cérebro deu a ela “uma compreensão do cérebro que o mundo acadêmico não daria”. Ela escreveu um livro sobre o tema, My Stroke of Insight. Poderiam a revelação sobre a teoria da gravidado físico Isaac Newton (ocorrida após uma maçã cair sobre a cabeça dele) e a observação do filósofo e matemático René Descartes, “Penso, logo, existo” ser exemplos de autoetnografia? “Você teria de perguntar a eles, mas não tenho problemas em chamar essas observações de autoetnográficas”, diz Ellis. ‘Narcisistas’ A revista científica The Journal of Loss and Trauma já publicou quase cem estudos autoetnográficos e seu editor, John Harvey, diz que a técnica pode ser útil para estudos aprofundados sobre acontecimentos traumáticos. Ele faz, no entanto, uma ressalva. Autores de estudos autoetnográficos com frequência têm dificuldade em demonstrar o que a história de uma pessoa pode representar para a experiência de um grupo mais amplo. Ainda assim, a popularidade do método continua a crescer – com mais

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Netflix – Cinema – Tecnologia

5 dicas pouco conhecidas para aproveitar ao máximo a Netflix Você adora assistir a séries e filme no Netflix? Conheça algumas dicas para maximizar o uso do serviço streaming – Direito de imagem GETTY IMAGES Buscar um filme na Netflix pelos gêneros oferecidos pode ser uma tarefa sem fim. Mas há uma forma de navegar por categorias muito mais específicas e que não estão disponíveis de cara.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Também é possível mudar a configuração das legendas, fazer sugestões de filmes e séries para que entrem no catálogo da Netflix e usar as teclas de atalho para facilitar a navegação. Veja algumas dicas para tirar o máximo de proveito do popular serviço de streaming. 1. Buscar conteúdo por categorias escondidas A Netflix conta com uma lista de categorias muito mais ampla do aquela a que aparece na tela. E qualquer um pode chegar a elas através do endereço: http://www.netflix.com/browse/genre/XXX. Os três últimos Xs devem ser substituídos pela categoria correspondente. Por exemplo, para assistir a filmes africanos, o código é 3761. Ou para uma série coreana: 67879. Os códigos estão disponíveis em listas criadas por aficionados que são facilmente encontrados em buscas no Google. Netflix é um dos serviços de streaming mais populares do mundo – Direito de imagem GETTY IMAGES A maioria dos códigos funciona para a Netflix dos Estados Unidos, mas há também alguns disponíveis para outros países. Perguntada pelo site Mashable sobre esta categorização, um porta-voz da Netflix explicou que o serviço usa milhares de subgêneros para adequar o conteúdo ao cliente segundo seu histórico de uso. 2. Como mudar as legendas Você é um daqueles que assiste a tudo na versão original? Então as legendas talvez te incomodem, ou porque são muito grandes ou porque a cor não é adequada para o conteúdo do fundo. Por sorte, existe uma opção que nem todo mundo conhece: a de personalizar as legendas da Netflix. Subtítulos podem ser incômodos, e é possível removê-los – Direito de imagem GETTY IMAGES É preciso ir à opção de configuração da página da Netflix e, a partir daí, ir à configuração de legendas. Assim, é possível trocar a cor, o tamanho e a fonte para todos os dispositivos. Se o seu aparelho é uma Apple TV ou funciona com o sistema operacional iOS, a personalização deve ser feita no próprio dispositivo, não pela web, como explica a Netflix na sua página. 3. Como pedir a Netflix que incorpore uma série ou filme Esta é uma sugestão que nem sempre vai ser ouvida, mas é possível solicitar que a empresa incorpore em seu catálogo uma série ou filme que te interesse. Prepare-se para seus filmes e séries favoritos – Direito de imagem GETTY IMAGES Em português, é preciso ir ao endereço: https://help.netflix.com/pt/titlerequest e preencher um formulário. 4. Como saber se alguém usou sua conta Você nunca assistiu a nenhuma série de gastronomia e de repente surgem três recomendações sobre o tema na Netflix? Talvez alguém tenha usado sua conta sem a sua autorização. Para comprovar se isso ocorreu, você precisa acessar Sua conta > Atividade de visualização > Ver acesso recente da conta. Isso te mostrará a data e hora do streaming, além do país e o endereço IP. Alguém pode estar usar a sua conta na Netflix sem que você saiba – Direito de imagem GETTY IMAGES Se houver alguma atividade suspeita e seu dispositivo não foi roubado, o melhor é trocar a senha e fechar a sessão nos dispositivos. Esse método desconecta todos os dispositivos associados à sua conta da Netflix e pode demorar até oito horas para ser aplicado, como explica a página da empresa. Com esse método, também são apagados os dados de localização de seus dispositivos, por isso não é recomendado se você tiver sido vítima de um assalto. 5. Como utilizar os atalhos do teclado O leitor do Netflix tem alguns atalhos de teclado que te ajudarão a poupar tempo se você usa o serviço através do computador. Estes são alguns deles: – A barra de espaço serve para pausar ou reproduzir – A tecla F abre tela completa – Esc sai da tela completa – Shift + seta para a esquerda: volta o filme/série – Shift + seta para a direita: avança o filme/série As setas para cima/baixo servem para aumentar ou diminuir o volume

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