Saiu ontem uma “reportagem” no jornal inglês “The Independent” que é capaz de transformar em gênios os coleguinhas que espalham asneiras nos jornais brasileiros sobre economia
O título: “China continua ‘colonização econômica’do Brasil com uma estrada de ferro US $ 50 bilhões cruzando a América do Sul”, e diz que Li Keqiang, o primeiro-ministro chinês, chega Brasil na próxima semana, com fundos para investimento em para “principalmente para a construção de uma ligação ferroviária que vai de costa atlântica do Brasil à costa do Pacífico do Peru.
O dinheiro também irá para a produção de aço, os investimentos em peças de automóveis, e de energia, portos, energia hidrelétrica e ferrovias.”
O jornal explica que a obra interessa à China (o que é obvio, pois não iam financiar uma ferrovia para exportarmos amendoim para o Chile, pois não?), porque “soja, petróleo e minério de ferro estão no topo da lista de produtos da China importados do Brasil.
A ligação vai permitir que o minério brasileiro e soja seja enviado a partir de portos do Pacífico no Peru para a Ásia, ignorando o Canal do Panamá”.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”]
Bom, até aí, morreu Neves. Se nós precisamos exportar e a China precisa importar, nada mais dentro da lei da oferta e procura do que acordos deste tipo.
Até porque as ferrovias financiadas serão brasileiras e servirão para que o país venda para quem quiser comprar.
Mas aí o jornal “viaja na maionese”.
Diz que estão “aumentando os temores de que ele ( o Brasil) está se tornando uma colônia econômica (da China).”
E diz que “houve manifestações no Brasil, já em 2013, quando a China comprou campo de petróleo o maior do país”.
Como diria o Renato Aragão: “cuma?”.
Duas empresas chineses compraram 10% cada do direito de exploração do campo de Libra. Os mesmos 20% que compraram a francesa Total e os anglo-holandeses da Shell, com a Petrobras ficando com 40% e o direito de controlar a operação.
Porque 20% chinês é mais colonialista que 20% francês ou 20% da Inglaterra e Holanda?
Estariam, por acaso, os governos inglês ou norte-americano interessados em financiar, sob controle brasileiro, ferrovias, poços de petróleo ou terminais de minério? Se estiverem, sejam bem-vindos!
Mas não estão, não é?
Os chineses interferem em nossa soberania? Acaso seu “agentes”, espalhados pelas pastelarias no Brasil, interferem na nossa política, financiam candidatos e vivem dizendo o que o país deve fazer em política interna ou externa?
O pior é que a mocinha, muito simpática, que assina a matéria, Hazel Sheffield, sangra na veia da saúde.
Em matéria de colonialismo ferroviário no Brasil, ninguém tem mais experiência que os emproados ingleses e seus primos americanos.
Quando se descobriram as jazidas de ferro em Minas, correram a criar o Brazilian Hematite Syndicate e tomaram conta do negócio, inclusive da lendária ferrovia Vitória-Minas.
Venderam para o aventureiro americano Percival Farquhar, que, tenha paciência, vou listar, se tornou dono da Estrada de Ferro Sorocabana, Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, Estrada de Ferro Paraná, Estrada de Ferro Dona Teresa Cristina, Estrada de Ferro Norte do Paraná, Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, Estrada de Ferro Vitória a Minas, Estrada de Ferro Paulista S/A, Cia. Mogiana de Estradas de Ferro,Companhie Auxiliaire des Chémins de Fer au Brésil e também das linhas de bondes de Salvador, São Paulo, Belém, Rio Grande.
Os interesses sobre a Itabira Iron, que é hoje a Vale, eram tão fortes que Getúlio só a conseguiu nacionalizar barganhando com as necessidades dos EUA de contaram com uma base aérea em Natal, o “Trampolim da Vitória”, para levarem homens e armas para o Norte da África, na ofensiva para vencer a 2a. Guerra Mundial.
Alguém tem de avisar a esta moça que estamos no século 21 e não tem mais bobo no mundo, exceto entre os fanáticos ideológicos.
PS. Como você vê, a matéria sobre ferrovias é ilustrada com uma rodovia, de tão precisa que é.
Por:Fernando Brito