A sua banda, você cantor, você cantora internacional, não está mais tendo o sucesso desejado, venha para o Brasil, SUCESSO GARANTIDO!!!!
Durante as duas primeiras semanas de 2009 o noticiário musical se ateve ao considerável montante de atrações internacionais a confirmarem apresentações para este ano em nosso país. A temporada teve início em grande estilo com os shows de Madonna em dezembro, passou por Elton John e se manterá com louvor, bem além do Radiohead, em março. Já dizia o ditado maldoso “alegria de pobre dura pouco”, e é bem provável que, a depender do andar da crise e da desvalorização do real perante o dólar, tenhamos pela frente uma longa e tenebrosa temporada de ausências abaixo do equador.
Não chega a ser novidade que a variação do câmbio, mesmo em outros “tempos” (leia-se crises), sempre foi determinante da medida de ambição dos produtores brasileiros. Dependentes da adesão dos colegas sulamericanos para viabilizarem financeiramente as megaturnês, foram muitas as vezes que estes profissionais –e também o público- se viram naquela situação, como dizer, de adequação de expectativas.
Porque não só de Madonnas, Radioheads e Elton Johns vive o negócio dos shows estrangeiros no Brasil. É preciso ter em mente que estes são exemplos de celebridades de primeira linha, músicos de cujas performances dependem estruturas milionárias e, que talvez por este motivo, nos honrem com suas visitas a cada década, quando muito.
É no vácuo da fama, quando as estrelas de maior brilho fenecem, que um outro time muito mais frequente entra em campo para tirar proveito de toda a receptividade e carência dos brasileiros: são as atrações internacionais do tipo B.
Ao contrário do outro time, este costuma desembarcar por aqui justo quando a coisa aperta. A música de trabalho bateu na trave? O disco não vendeu? A turnê emperrou? A carreira afundou? A solução é apontar o leme na direção dos trópicos. Parece-me que quanto aos artistas gringos, só recebemos duas categorias; os consagradíssimos ou os falidos.
Mesmo este sendo um ano atípico, surpreende o otimismo de Alanis Morissette em seu giro por onze capitais brasileiras. Surpreenderia mesmo que se desse no auge de seu sucesso, afinal poucos foram os estrangeiros que se aventuraram a desbravar o potencial de cidades como Teresina para eventos desta natureza. É certo que Alanis há muito não desfruta dos holofotes que um dia teve direcionados para si, e o que mais explicaria tamanha generosidade com os fãs brasileiros?
Enquanto ainda estiver debruçada sobre o álbum repleto de instantâneos de nosso litoral, a canadense se despedirá abrindo passagem para uma trinca de peso: Simply Red, A-ha e Backstreet Boys, todos com apresentações marcadas para março. Diz aí se você não sonhava com estes shows? Os ares do sul e os buracos na agenda são mesmo uma combinação em tanto…
Que o digam Billy Paul, Scorpions, Laura Pausini, Men at Work, Jimmy Cliff e aquele monte de bandas de metal que poderiam reivindicar cidadania brasileira, de tanto que já tocaram por aqui. Ricky Martin e Shakira ascenderam deste grupo. Apesar de terem sido habitues de programas televisivos brasileiros nos dias de vacas magras, e de até terem aprendido a falar português, bastou-lhes a perspectiva de encontrar algum sucesso no mercado norteamericano para sumirem sem deixar pistas.
Que falta de consideração! Iron Maiden, Lenny Kravitz e Rolling Stones não pertencem ao time B, mas nem por isso deixaram de tirar uma casquinha de nossa tradicional disposição em garantir aos estrangeiros os maiores públicos de suas vidas. Talvez agora mesmo em seu chalé na gélida Noruega Morten Harket, vocalista do A-ha, esteja sonhando com a volta por cima. De preferência contemplado por uma multidão nas areias de Copacabana.
da Coluna G1