Em meio a escândalo alimentar iniciado na Holanda, autoridades francesas e britânicas afirmam que ovos expostos a inseticida também entraram em seus países, mas em menor quantidade. Europa alerta ainda Suécia e Suíça.
A Comissão Europeia informou nesta segunda-feira (07/08) que ovos possivelmente contaminados com um pesticida tóxico também chegaram à França e ao Reino Unido, em meio a um alerta alimentar lançado pelas autoridades holandesas que já atinge outros países do continente.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]
O alerta fora enviado pela NVWA, agência responsável por segurança alimentar na Holanda, que encontrou vestígios do uso do inseticida fipronil em várias fazendas avícolas no país. Até então, sabia-se que ovos produzidos nessas granjas haviam atravessado a fronteira para Bélgica e Alemanha.
Nesta segunda-feira, no entanto, a Comissão Europeia enviou uma notificação às autoridades francesas e britânicas, bem como aos governos da Suécia e Suíça, informando que ovos tóxicos poderiam ter entrado também em seus territórios. O alerta foi descrito como uma medida preventiva.
Segundo a porta-voz do órgão em Bruxelas, Anna-Kaisa Itkonen, o objetivo era apenas “compartilhar informações”. “Agora cabe à Suécia, à Suíça, à França e ao Reino Unido checarem, uma vez que todos esses ovos são rastreáveis”, acrescentou a funcionária. A entrada desses ovos foi confirmada mais tarde pelas autoridades em Paris e Londres.
A agência que regula alimentos no Reino Unido declarou que “investiga com urgência a distribuição desses ovos” no país, focando nas granjas holandesas envolvidas no escândalo. “Estamos trabalhando de perto com as empresas que receberam ovos das fazendas afetadas. Até agora, investigações indicam que nenhum desses produtos segue nas prateleiras.”
O órgão advertiu ainda que “o número de ovos [suspeitos que chegaram ao país] é muito pequeno, e o risco para a saúde pública é muito baixo”. As autoridades não informaram uma quantidade específica, mas disseram que eles representam 0,0001% dos ovos importados pelo Reino Unido todos os anos.
Já o governo francês comunicou que 13 lotes de ovos holandeses contaminados com fipronil foram encontrados em duas fábricas de processamento de alimentos no centro-oeste da França. O Ministério da Agricultura do país não soube informar se algum produto chegou ao consumidor.
Nesta segunda-feira, o mesmo ministério relatou que, em 28 de julho passado, uma fazendo avícola em Pas-de-Calais, no norte da França, foi colocada sob vigilância depois de um alerta recebido pelas autoridades de que um fornecedor belga enviara à granja produtos supostamente contaminados.
Sobre esses ovos, a pasta garantiu que nenhum deles chegou às prateleiras de supermercados do país. Os produtos foram submetidos a testes, e o resultado deve ser conhecido ainda nesta semana.
O escândalo
No fim de julho, um alerta europeu sobre contaminação de ovos foi lançado pela NVWA, que encontrou vestígios do uso do fipronil em fazendas avícolas no país. Após fechar mais de cem granjas, recomendou que os mercados deixassem de vender os ovos produzidos por elas.
O ministro alemão da Agricultura, Christian Schmidt, afirmou que ao menos 10 milhões de ovos contaminados vindos da Holanda chegaram ao país nas últimas semanas, e a maioria foi vendida.
Schmidt pressionou as autoridades da Bélgica e da Holanda a resolverem a situação rapidamente. “Claramente alguém agiu com intenção criminosa para contaminar os ovos com um produto proibido”, disse ele ao tabloide Bild.
Logo depois do alerta da NVWA, foi a vez de as autoridades belgas divulgarem que encontraram fipronil em alguns ovos, mas não numa quantidade que representasse ameaça à saúde humana. Nenhum desses ovos chegou às prateleiras de supermercados belgas, garantiu a AFSCA.
Nesta segunda-feira, seguindo Amsterdã e Bruxelas, a Alemanha anunciou que também deu início a uma investigação criminal em fazendas do país para apurar o escândalo alimentar.
Em seguida ao alerta, várias redes alemãs de supermercados anunciaram na semana passada a restrição da venda de ovos em suas lojas no país. O grupo Rewe, bem como sua cadeia subsidiária Penny, anunciou que retiraria de suas prateleiras todos os ovos provenientes da Holanda.
Já a rede de supermercados populares Aldi, que possui mais de 4 mil unidades na Alemanha, comunicou o interrompimento da venda de todos os ovos, não importando a origem deles.
Em comunicado, justificou que tomou a decisão por “pura precaução”, a fim de fornecer “clareza e transparência” ao consumidor, embora não haja evidência real de contaminação em seus produtos. A associação alemã de agricultores, por outro lado, descreveu a atitude como uma “reação exagerada”.
Produzido por empresas como a alemã Basf, o fipronil é comumente utilizado em produtos veterinários para evitar o aparecimento de pulgas, piolhos e carrapatos. Seu uso, no entanto, é proibido para tratar animais destinados ao consumo humano, como aves.
O inseticida é considerado tóxico para humanos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), podendo danificar órgãos como fígado, rins e tireoide se consumido em grandes quantidades e por período prolongado, alerta a entidade internacional.
EK/afp/ap/dpa/dw/ots