O mais elementar conhecedor de macroeconomia sabe que se o grande chefe Obama declarar que acima do Rio Grande haverá um calote nas contas externas, será uma hecatombe ‘tisunâmica’ na economia globalizada. Um efeito dominó, talvez, semelhante ao ‘crack’ da bolsa de 1929.
A escola de Chicago saliente-se, a maior fábrica de prêmios Nobel de economia, por décadas desfila o mantra de que “não adianta honrar os pagamentos dos ‘treasuries‘ se não puder emitir mais dívida”.
A equação é simples:
“A receita do governo federal dos EUA projetada para agosto de 2011 é de US$ 172 bilhões; as despesas previstas são de US$ 307 bilhões.” A conta não fecha. Nem usando os “mariners”. Fonte: http://www.treasurydirect.gov/govt/reports/ir/ir_expense.htm
Será isso o início do declínio americano?
De qualquer forma, os Tupiniquins devem colocar as tangas de molho. Estamos, no Brasil, encantados em um período de gastança desenfreada. A conta haverá de chegar. Economistas de fora do governo alertam para a necessidade de impor limites fiscais ou em breve chegaremos à situação na qual o Tio Sam agora se encontra.
O Editor
EUA preparam plano para o caso de calote, diz ‘WSJ’
Uma reportagem do “Wall Street Journal” afirma que o governo dos Estados Unidos prepara-se para informar a população sobre quem terá prioridade para receber dinheiro público caso não seja aprovado aumento do teto de endividamento do país.
Diversos grupos, de detentores de títulos da dívida a aposentados, fazem pressão para que o governo divulgue, antes do dia 2 de agosto, seus planos para o caso de calote.
Executivos de Wall Street acreditam que os credores dos EUA terão prioridade para recebimento do dinheiro, em detrimento de aposentados e pensionistas.
“Isso evitaria que o país ficasse inadimplente em seus títulos de dívida – algo que até a Grécia conseguiu evitar”, afirma o jornal.
Por outro lado, tal situação provocaria “ira” em parte da população, que entraria com ações judiciais contra o governo, gerando instabilidade política e incertezas nos mercados.[ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]
Quem vai ficar sem?
Dados publicados no “Journal” dão uma ideia do quão difícil será para o governo escolher quais serão as vítimas diretas de um possível calote.
A receita do governo federal dos EUA projetada para agosto é de US$ 172 bilhões; no entanto, as despesas previstas são de US$ 307 bilhões.
Só na área de saúde, os gastos estimados dos sistemas Medicare e Medicaid são de US$ 50 bilhões no mês; o pagamento de juros projetado é de US$ 29 bilhões.
Ou seja, mesmo se o governo cortasse metade do dinheiro para esses sistemas de saúde não teria como pagar totalmente os juros.
Teria que reduzir também, por exemplo, despesas com defesa (que devem custar US$ 31,7 bilhões ao país em agosto, na projeção atual) ou auxílio a desempregados (US$ 12,8 bilhões).
Sílvio Guedes Crespo/O Estado de S.Paulo