Boa noite
Poema
Severo Sarduy
Uma lâmpada Um copo.
Uma garrafa.
Sem outra utilidade ou pertinência que estar ali, que dar à consciência
um casual pretexto,
mas não grafa
o traço humano que ora inflama, abafa
a luz ou que ali beba.
Em tudo a ausência:
paredes que, caiadas,
dão ciência
que ali ninguém repousa
ou se estafa.
Somente é familiar
a luz acesa
que põe sobre a toalhaposta à mesa a sombra que se alarga:
o dia que do tempo o passo segue em sua vaga
irrealidade.
A tarde já se apaga.
Abraçam-se os objetos: sentem medo.