Em Borrego Springs, uma região desértica situada no sul da Califórnia, as temperaturas são elevadas durante a maior parte do ano. A sua população pouco ultrapassa os dois milhares de habitantes e muitos deles, devido à severidade do clima, são residentes sazonais. O que pode então existir de tão interessante num local inóspito como este, capaz de atrair turistas de toda a parte?
Animais – elefantes, camelos, tartarugas, cavalos selvagens, cobras, mamutes, tigres de dentes de sabre e, bem entendido, dinossauros. Todos eles têm uma característica comum: são feitos de ferro forjado, martelado e soldado pelas mãos do mexicano Ricardo Arroyo Breceda.
Tudo partiu da iniciativa de Dennis Avery, um americano que em meados dos anos 90 resolveu comprar um vasto território em Borrego Springs chamado Galleta Meadows “por um preço irrecusável”, segundo ele mesmo conta, como forma de investir o seu dinheiro.
Na altura ficou sem saber o que fazer com essa porção de terra. No entanto não lhe colocou vedações de arame farpado nem tabuletas “Propriedade privada”.
Alguns anos mais tarde construiu aí uma residência de Inverno. Posteriormente criou a fundação Galleta Meadows Estate e construiu algumas infraestruturas, como um clube de golfe, um country club e um resort turístico, além de apoiar diversas obras e iniciativas locais. Faltava-lhe atrair gente.
Há pouco tempo descobriu que a região da qual era proprietário possuía um patrimônio arqueológico importante, constituído por vestígios fósseis da era Pliocénica, Plistocénica e Miocénica. Os estudos efetuados deram origem a um livro publicado em 2006.
Foi por volta dessa época que Avery se cruzou ocasionalmente com Ricardo Breceda, ao descobrir em frente à casa deste um enorme T-Rex de ferro. A partir daí nasceu o projeto de povoar o Galleta Meadows com esculturas que evocassem os habitantes do vale, em especial os mais antigos, uma espécie de Parque Jurássico recriado em ferro: o Gomphotherium.
Breceda trabalha lentamente. Neste momento existem apenas algumas dezenas mas o número não para de crescer. As esculturas são enormes, as maiores atingem os 4 metros de altura. São feitas de chapas de ferro moldadas com martelos, cortadas com maçarico, todas soldadas.
Com o tempo ganham uma pátina fantástica que lhes é dada pelos tons da ferrugem outros materiais comuns no ambiente local. Este é o tipo de projeto algo megalômano e improvável, que só nos EUA poderia surgir. Coisas de americanos, digamos. Ainda bem.