Francisco Carvalho – Versos na tarde – 31/01/2014

Liturgia da seca
Francisco Carvalho¹

O vento em disparada
arranca as plumas
da paisagem.

Boi morto
vaca morta
bezerro morto
cavalo morto.

O vento arquejante assobia
na estrada constelada
de gritos.

O dia áspero
tange a diáspora
(Homens aflitos
se sois do Norte
ide a procura
de vossa morte)

O vento é uma ave
de rapina em rodopio
sobre o esqueleto das plantações.

O dia áspero
tange a diáspora
tange o passado
tange o futuro
tange o fantasma
de nossa morte.

¹Francisco Carvalho
* Russas, CE. – 11 de Junho de 1927

Aos 77 anos, cinquenta dedicados ao fazer poético, o poeta cearense Francisco Carvalho lança a antologia Memórias do Espantalho, reunião de poemas escolhidos de 19 livros dos 29 publicados. Apesar de ter vencido a 1ª Bienal Nestlé de Literatura Brasileira, com o livro Quadrante Solar (1982) e de obter o prêmio da Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, com Girassóis de Barro (1997), o poeta da cidade de Russas é praticamente um desconhecido no País.


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