Tolstói x Dostoiévski: quem domina o barraco?

Quais obras você exibiria com orgulho na mesa?

Não descansaremos enquanto esta questão não estiver resolvida de uma vez por todas. E, para tanto, sua opinião de especialista está sendo requisitada!
Chegou a hora de resolver a questão mais ardente da história da civilização humana e decidir quem desses dois imortais é mais legal. Não, as opções não estão entre Batman e Super-Homem, mas entre dois decanos barbudos da literatura russa.

Quais obras você exibiria com orgulho na mesa de café para impressionar seus vizinhos e quais vocês usariam para nivelar o pé de uma mesa torta? Quais delas você cita com metideza entre taças de vinho e quais você cita aos prantos encarando uma garrafa de vodca com o olhar perdido?

Só para o caso de você já estar trocando as bolas dos Marmeladov e dos Bolkonski (claro que não!), aí vai uma revisão rápida:

Principais argumentos a favor:

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O psicólogo-chefe da literatura russa. Ele introduziu a palavra “nadriv” à língua russa, que é difícil de traduzir, então não vamos nos aprofundar nisso. É suficiente dizer que ela se refere à angústia e ao tormento da alma russa.

Para os russos, não há meio termo: a vida é um carro sem freios, a escolha entre muito e nada. O amor não é verdadeiro, a não ser que você o veja sangrando por aí. Uma bebedeira que não mata é aperitivo.

Voltando a Dostoiévski um pouquinho, ele criou o lendário Raskôlnikov, um personagem que virou ícone de memes.

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Caso você não saiba, ele escreveu Guerra e Paz, um retrato literário da Rússia no início do século 19 com descrições altamente detalhadas da guerra, das intrigas da high society e do papel da família, das afinidades, da honra.

Repetidas vezes, o leitor fica preso por sua habilidade de realmente incorporar os personagens, da idealista Natacha ao belicoso Napoleão, além de muitos outros.

E não nos esqueçamos de Anna Karênina, que é injustamente ofuscada pela absoluta monumentalidade de Guerra e Paz. Heroína e vítima daquele que é, provavelmente, o maios livro da Rússia (e do mundo) sobre amor e traição, ela se joga na frente de um trem, transformando-se em outro meme literário popular da atualidade.

Principais argumentos contra:

Dostoiévski

Muito depressivo. Os livros dele fazem os leitores quererem dar um tiro na própria cabeça (o que não é muito bom na questão das vendas, se você quer ter clientes assíduos). A principal doutrina é que a salvação das almas está na fé, mas para o corpo não há redenção, senão o sofrimento.

Devido a demandas de publicação, muitos romances foram escritos apressadamente, em prazos extremamente curtos, já que ele precisava pagar suas dívidas de jogo e outras.

O que é pior: ele arruinou para todo o sempre a imagem de São Petersburgo, transformando-a em algo eternamente cinza e sombrio.

Tolstói

Muito prolixo. Quando uma sentença termina, você não tem nem ideia de onde ele tinha começado. Além disso, tem um monte de elementos moralizantes totalmente fora do lugar. Tão fora do lugar, que a presença do escritor, por vezes, ofusca a dos próprios personagens.

Além de todo o sermão, ele não praticava o que pregava, brigando eternamente com a mulher e fazendo um monte de filhos.

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