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Conforme eu escrevi anteriormente, aqui a justificativa para afirmar que o Brasil é o melhor país pare se exercer a profissão de bandido. “Depois de regularem o transporte de vans, carros por aplicativo e mototáxis, as milícias do Rio de Janeiro cobram pela segurança em comunidades e exigem pagamentos pela instalação de pontos de internet, luz e botijões de gás. Atualmente, estão cobrando R$ 5 semanais até dos vendedores de balas nos sinais de trânsito. Em algumas áreas, verduras, água, pão e até itens para churrasco têm taxa embutida. Além de cobrarem pela construção, reforma e venda de imóveis irregulares, exigem pagamento pelo uso da calçada. Reportagem especial traz os custos que um morador e um comerciante precisam desembolsar. Os valores chegam a R$ 3 mil.” Globo
Ramagem não gostou da última foto do Bebianno e resolveu gravar tudo. O seguro morreu de velho e o desconfiado ainda vive. O celular de Bebianno até hoje não foi achado. Quando um bandido resolve gravar outro bandido, ele sabe que a ação criminosa é perigosa e faz a gravação para se garantir caso seja jogado aos leões. É estratégia de profissional para usar seu comparsa como refém. É fato que deixa rastro de sangue na organização.
Inacreditável! O policial militar Marco Aurélio foi vítima de procedimento administrativo porque não compareceu numa preleção a PMs feita pela Igreja Universal. Isso é um atropelo na laicidade do Estado. O PM entrou na Justiça. Católico, disse que não poderia ser penalizado por não ir num ato religioso. E disseram que não era um ato religioso, e sim uma instrução de assuntos militares. Então, com tantas pessoas formadas na Academia da Polícia Militar, na Academia da Polícia Civil, agora quem fala para formar os PMs de São Paulo é a Universal? Isso é um escarne total e absoluto! Parabenizo a coragem do PM Marco Aurélio Belório, e chamo o Supremo Tribunal Federal a se manifestar claramente sobre o caráter laico do Estado. Então, agora a formação militar de PMs é organizada por pastores da Igreja Universal? Isso é o caminho da teocracia. O próximo passo é criar o talibã pentecostal.
O grande triunfo da extrema direita, e das elites que ela serve, é que muitos querem o governo de qualquer outro antes do seu próprio. O grande triunfo da extrema direita é tornar aceitáveis medidas e governos que, sem a sua existência, seriam inaceitáveis. O grande triunfo da extrema direita é ocupar o espaço da esquerda como alternativa, quando na realidade fazem parte do sistema. O grande triunfo da extrema direita é celebrar que Sánchez, Macron, Trump e tantos outros governam ao serviço das elites antes da extrema direita, que serviria às mesmas elites. O grande triunfo da extrema direita é a celebração de uma derrota que, na realidade, é uma grande vitória. Porque o problema não é Le Pen, Meloni, Orbán, Abascal, Trump ou qualquer outro, o verdadeiro problema é que as elites controlam quase todas as peças e a maior parte do tabuleiro. Que as elites são tanto donas da extrema direita como da social-democracia ou dos conservadores. E, sobretudo, que os cidadãos não tenham mais alternativas reais para mudar o sistema. E quem tenta é eliminado do tabuleiro. Há muito pouco para comemorar e muito para refletir.
(1892-1973) Seattle,1927,oil on canvas Private Collection