Mallarmé – Poesia – 29/11/23
Boa noite. Angústia Mallarmé ¹ Não vim domar teu corpo esta noite, ó cadela Que encerras os pecados de um povo, ou cavar Em teus cabelos torpes a triste procela No incurável fastio em meu beijo a vazar: Busco em teu leito o sono atroz sem devaneios Pairando sob ignotas telas do remorso, E que possas gozar após negros enleios, Tu que acima do nada sabes mais que os mortos: Pois o Vício, a roer minha nata nobreza, Tal como a ti marcou-me de esterilidade, Mas enquanto teu seio de pedra é cidade. De um coração que crime algum fere com presas, Pálido, fujo, nulo, envolto em meu sudário, Com medo de morrer pois durmo solitário. (Tradução de Humberto de Campos) Stéphane Mallarmé * Paris, França – 18 de Março de 1842 d.C + Valvins, França – 09 de Setembro de 1898 d.C Stéphane Mallarmé é um importante nome do simbolismo na poesia francesa. Influenciado por Charles Baudelaire, valoriza o artifício de inverter a sintaxe das frases para ressaltar a dificuldade como elemento principal.