Shakespeare – Poesia – 01/10/23
Boa noite Soneto LXX William Shakespeare¹ Se te censuram, não é teu defeito, Porque a injúria os mais belos pretende; Da graça o ornamento é vão, suspeito, Corvo a sujar o céu que mais esplende. Enquanto fores bom, a injúria prova Que tens valor, que o tempo te venera, Pois o Verme na flor gozo renova, E em ti irrompe a mais pura primavera. Da infância os maus tempos pular soubeste, Vencendo o assalto ou do assalto distante; Mas não penses achar vantagem neste Fado, que a inveja alarga, é incessante. Se a ti nada demanda de suspeita, És reino a que o coração se sujeita. ¹ William Shakespeare * Stratford-Avon, Inglaterra – 23 de Abril de 1564 + Londres, Inglaterra – 23 de Abril de 1616