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O homem universal

Pintura de Fritz Wagner – O que é o homem universal? Os mosteiros, com suas grandes bibliotecas, eram o centro do saber na Europa antes do surgimento das universidades. Na verdade, foi a partir deles que algumas das primeiras universidades surgiriam. O que torna o monge medieval um homem universal? Por influência da Antiguidade Clássica, na Idade Média ensinava-se as Sete Artes Liberais, aprimoradas nesse período, que eram a base do saber: o Trivium (lógica, gramática e retórica) e o Quadrivium (aritmética, música, geometria e astronomia). O clero era educado nelas, principalmente os padres. Era um requisito indispensável para os padres aprender o latim e algumas vezes também o hebraico e o grego, para um estudo aprofundado da Bíblia. Além de padres e muitos monges terem essa base nas Sete Artes Liberais e conhecimento de idiomas, eles estudavam filosofia e teologia. Nos mosteiros, os monges repetiam, e repetem até hoje, os salmos na Liturgia das Horas tantas vezes por dia que alguns sabem os 150 salmos de cor. É comum que citem de cor muitas passagens dos Evangelhos ou mesmo algumas do Velho Testamento. Houve vários monges que também foram cientistas. Um dos exemplos mais óbvios é Gregor Mendel, o pai da genética: biólogo botânico e monge agostiniano. E um padre e físico belga, Georges Lemaître, criou a teoria do Big Bang. Mas voltemos aos monges. Além de muitos terem inúmeros conhecimentos intelectuais em diversas áreas do saber, todos eles possuem uma categoria muito especial de conhecimento: o manual. Assim como os pintores renascentistas, vários monges, frades e padres se destacaram na habilidade com a pintura, a exemplo de Fra Angelico, frade dominicano. Nos mosteiros sempre foi muito comum que os monges aprendessem as artes da pintura e da caligrafia e preparassem as belas iluminuras dos pergaminhos medievais. Mas os conhecimentos do monge medieval não acabam aí. Eles aprendiam a cozinhar, preparavam as próprias comidas e até vendiam artigos como pães, biscoitos, geleias e cervejas artesanais, tudo feito por eles mesmos. E fazem isso até hoje. Isso é tudo? Não, alguns monges fazem esculturas, costuram, dentre outras habilidades manuais, dependendo dos artigos que vendem nas lojas dos mosteiros. E além disso, eles também fazem sua própria limpeza: varrem e lavam o chão, lavam os pratos. Lavam a própria roupa. Os filósofos da Antiguidade Clássica colocavam os trabalhos intelectuais acima dos manuais porque tinham escravos. Aristóteles e outros filósofos da Antiguidade Clássica colocavam os trabalhos intelectuais acima dos manuais porque tinham escravos para fazer para eles trabalhos como cozinhar, lavar e limpar. Na Idade Média e com o cristianismo houve uma valorização de trabalhos do campo como a agricultura. E aqui encontramos mais uma habilidade de muitos monges medievais: plantar, já que muitos plantavam e colhiam a própria comida. E cortavam a própria lenha para se aquecer no inverno. Além disso, sempre foram excelentes anfitriões, recebendo e hospedando viajantes que chegassem. Portanto, o monge medieval, além dos conhecimentos intelectuais em várias áreas, também sabia pintar, esculpir, fazer caligrafia (os monges copistas), costurar, cozinhar, limpar, plantar e tudo mais que fosse necessário à sobrevivência, pois eles não tinham nenhum empregado para fazer isso para eles. Num mosteiro todos devem fazer um pouco de trabalho intelectual, manual e braçal. Será mesmo que o homem urbano renascentista, que conhece a fundo filosofia, ciência e engenharia, sabe pintar e esculpir, mas talvez não saiba plantar, cozinhar, costurar e limpar, é mais universal que o homem medieval, principalmente se falamos de um monge medieval? E será que não é particularmente interessante que todos saibam um pouco dos trabalhos braçais e auxiliem com eles, como ocorre em mosteiros, ao invés de considerá-los em segundo plano, como inferiores, enquanto o homem universal renascentista se coloca num pedestal com seus trabalhos intelectuais e artísticos superiores?

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Fumo, uma droga. Literalmente.

Fabricantes de cigarros, sonegadores e contrabandistas serão desmascarados eletronicamente. As fábricas de cigarros, (que produzem uma das drogas mais destruidoras do mundo, e agem como se fossem criadoras de perfumes) estão em pânico. Motivo: a Receita Federal vai instalar nessas indústrias (?) um dispositivo especial de “selos eletrônicos”. Esse dispositivo foi desenvolvido num trabalho conjunto da Receita com a Casa da Moeda. Esse equipamento revolucionário tem capacidade para decifrar o código digital invisível. E será inserido no selo colado nas carteiras de cigarro. Esse selo já é fabricado pela Casa da Moeda mas continua sujeito a falsificações. Duas grandes fábricas já foram submetidas a testes, que funcionaram muito bem. O projeto da Receita é instalar com URGÊNCIA, esse equipamento moderníssimo em 19 fábricas da droga chamada cigarro. Dessa forma a Receita poderá seguir a trajetória dos maços de cigarro, da produção ao último revendedor. Com isso a eficiência da fiscalização, importantíssima. Com a nova tecnologia a Receita localizará, instantaneamente, carregamentos destinados à exportação e que tenham sido desviados. Servirá também para monitorar e acompanhar, cargas transportadas de um estado para outro. Além da evasão de tributos federais é muito grande a sonegação de impostos estaduais. Cigarros e bebidas, (dois crimes contra o cidadão, que é seduzido desde menino pela propaganda e o fascínio de beber e fumar, como se isso fosse demonstração de independência, masculinidade e maturidade) estão, disparados entre os maiores sonegadores. No varejo e no atacado. No caso de bebidas, um medidor de vazão já foi instalado nas fábricas, tendo como resultado imediato aumento na arrecadação. A Receita calcula que a sonegação no setor da droga chamada cigarro alcance o total de 2 bilhões de reais. Que é faturada “por fora”, para satisfação e enriquecimento. Só que a própria Receita considera que essa estimativa é muito pequena. Como são insistentes sonegadores, os fabricantes de cigarros são incansavelmente multados pela Receita. Normalmente essas multas atingem o total de 4 bilhões. Que esses fabricantes da morte pagam com tranqüilidade, pois a diferença entre o que pagam de multa e o que sonegam diariamente, é enorme e proveitosa. A entrada em vigor desse “selo eletrônico” será um festival Wagner para a arrecadação. Pois nem é segredo (já escrevi muito sobre isso) que as multinacionais de cigarros, (TODAS SÃO) são campeões não só de sonegação mas de contrabando. Existem informações provadas e comprovadas que essas multinacionais de cigarros são donas ou sócias majoritárias de fábricas instaladas em países vizinhos, como Paraguai e Uruguai. Essas empresas gritam que são vítimas de contrabando praticado pelos chamados “sacoleiros”. Ora, o contrabando é tão grande que não cabe nem caberia na bagagem desses pobres “contrabandistas”. Esses miseráveis cidadãos que vivem de atravessar a fronteira em Ciudad Del Este, são ludibriados e acusados injustamente. Esse “contrabando”, quase sempre é produzido e vendido aqui mesmo, sem nota nem imposto. Esses SONEGADORES, falsamente acusam os outros do CONTRABANDO que praticam, querem até desmoralizar a Justiça, pedindo INDENIZAÇÃO MORAL. Com essa providência, a Receita Federal jogou os fabricantes de cigarros na vala comum dos criminosos. Os que asfixiam a população e querem asfixiar também a ARRECADAÇÃO.

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