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Geir Campos – Versos na tarde

Poema-Bilhete Geir Campos¹ Amigo, este meu canto não é manso nem de manso cantar seria a hora. Reviro as páginas da História e vejo que, se em cada uma existe alguém que chora, razão de pranto mais que em todas elas sobeja na que se rascunha agora: com cães de armas por toda parte à espreita, entre miras vacila e se apavora o gado humano, sem saber se a luz que se desdobra no horizonte é mais reflexo de tarde ou clarão de aurora ou mais fogo de bomba maquinada por um gênio às avessas que decora o alfabeto do inferno e que, por ele bem soletrando a morte, a vida ignora… Sabendo e amando a vida, o verso enrija-se e o canto é como quem finca uma escora contra o a-b-c do diabo, contra o cão do gatilho suspenso, contra o fogo que no céu se desdobre e ali não seja reflexo de tarde ou clarão de aurora. ¹Geir Nuffer Campos * São José do Calçado, Espírito Santo – 28 de fevereiro de 1924 d.C + Niterói, Rio de Janeiro – 8 de maio de 1999 d.C [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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O novo ouro verde do Brasil

A palmeira que desponta como novo ‘ouro verde’ do Brasil Palmeira, fruto e viveiro de mudas de macaúba: potencial de espécie nativa anima pesquisadores pelo país – Direito de imagem LUIZ HENRIQUE BERTON Uma planta de uso múltiplo, no ponto para explodir comercialmente. Cotada no início dos anos 2000 como fonte promissora de biocombustível, a macaúba ultrapassou expectativas dos pesquisadores, que agora apostam no seu potencial além da produção de energia.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] “O óleo de macaúba, por exemplo, é nobre demais”, diz Sergio Motoike, biólogo e professor da Universidade Federal de Viçosa. “Ele tem vocação para uso na alimentação humana, na oleoquímica e na cosmética, que pagam bem mais que o mercado de biocombustíveis.” Dessa forma, diz Motoike, não haveria a frustração ocorrida, por exemplo, com a mamona. A cultura, encampada pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) para produção de biodiesel, naufragou por falta de capital e investimentos em tecnologias de produção. No caso da macaúba, o leque de opções de uso garantiria a sustentabilidade econômica. E o amadurecimento, sem atropelos, das diferentes etapas do processamento parece mostrar que sua hora é agora. A macaúba (Acronomia aculeata) é um palmeira rústica nativa do Brasil. Atinge de 5 a 15 metros de altura e possui espinhos no tronco e nas folhas – daí também ser chamada de coco-espinho. Costuma ser descrita como a palmeira de maior presença no país, praticamente ausente apenas na região Sul, e aguenta bem quando a chuva é pouca. Aplicações O fruto tem quatro partes: casca, polpa, endocarpo (parte dura em volta da semente) e amêndoa. As mais nobres são a polpa e a amêndoa. A polpa produz um óleo recomendado para biodiesel e bioquerosene, e com as mesmas propriedades do óleo de dendê – ou seja, já há um mercado de consumo. E quase não deixa resíduos sem aproveitamento. O óleo da amêndoa tem características ideais para fabricação de cosméticos, por facilitar a penetração do produto na pele. Do resultado do processamento dos frutos e da casca, os produtores obtêm uma torta rica em proteínas, boa para alimentar o gado. O endocarpo pode virar carvão ativado, usado para purificar gases e líquidos. Coco da macaúba é comestível, folhas podem ser usadas como forragem e fibra têxtil e parte dura do fruto serve para carvão ativado de filtros – Direito de imagem LUIZ HENRIQUE BERTON “As tecnologias agrícola e industrial estão consolidadas, o mercado possui demanda para os produtos e os resultados econômicos são impressionantes”, afirma Felipe Morbi, diretor da Acrotech, empresa que implantou até o momento 520 hectares da palmeira em João Pinheiro (MG). De imediato, a empresa tem usado a macaúba para recuperar áreas degradadas. A planta é perene, tem raízes fortes que impedem a formação de buracos nos pastos e cria um microclima mais ameno e apropriado à diversificação da vida no solo. Enquanto cuida do terreno, a palmeira produz. No sexto para o sétimo ano de vida, já concebe de três a quatro toneladas de óleo de polpa por hectare. “Com o melhoramento, podemos dobrar tranquilamente essa produtividade”, diz Luiz Henrique Berton, bolsista da Fapesp (fundação de amparo à pesquisa de SP) em melhoramento genético de macaúba no Instituto Agronômico de Campinas (IAC). A soja, por exemplo, principal matéria-prima para biocombustível no Brasil, produz 600 kg de óleo por hectare. E o dendê, mesmo após 50 anos de melhoramento genético e, ainda assim, dependente de 60 litros diários de água em todos os meses do ano, não passa das cinco toneladas. Outra vantagem da Acronomia aculeata é sua folhagem, bem mais rala do que a do dendezeiro, o que lhe permite ser cultivada com pastagens, por exemplo, em sistemas focados na pecuária e voltados à inclusão social de agricultores familiares. Esse é um dos objetivos de um projeto em Minas Gerais que venceu uma seleção global do Banco Mundial e já conseguiu US$ 6 milhões em investimentos para alavancar a cadeia produtiva da macaúba no país. Óleo usado na produção de biodiesel é extraído da polpa do coco da macaúba – Direito de imagem LUIZ HENRIQUE BERTON Localizada em Patos de Minas, região do Alto Paranaíba (MG), a iniciativa da empresa alemã Inocas prevê o plantio adicional da palmeira em 2 mil hectares de pastagem. Os investidores também estão de olho no óleo da amêndoa, valioso na indústria de cosméticos, e na torta advinda da exploração do fruto e da casca. Estudos em andamento avaliam que esse co-produto – a torta da amêndoa -, que contém mais de 30% de proteína, poderia complementar a nutrição animal, diminuindo inclusive o tempo final de engorda do gado. “Com isso podemos falar em segundo andar produtivo nas pastagens”, conceitua Johannes Zimpel, diretor executivo da Inocas no Brasil. Construindo a cadeia Pragas e doenças também não parecem problema para a palmeira. Seu adensamento é secular, quase 500 plantas por hectare, o que facilita o controle de enfermidades. “Ela naturalmente evoluiu como se fosse um plantio comercial, vivendo em maciços”, diz Berton. O biólogo lembra que a seringueira, por exemplo, se desenvolveu solitariamente: “Na floresta amazônica, há uma seringueira aqui, outra a 500 metros. Quando se deu início ao plantio comercial, uma do lado da outra, não havia barreira; foi um prato cheio para as pragas.” O que estaria faltando, então, para a macaúba deslanchar de vez? Um aspecto é o consumo. “Mesmo existindo em grandes maciços, a macaúba é pouco coletada por não existir um mercado comprador”, avalia Haroldo César de Oliveira, consultor do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) na Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário. Palmeira produz de três a quatro toneladas de óleo de polpa por hectare, e capacidade pode aumentar com melhoramento genético Direito de imagem LUIZ HENRIQUE BERTON Os trabalhos estariam mais avançados em Minas Gerais, com a produção de sabão em Mirabela, no norte do Estado, que também possui contrato com a Petrobras Biocombustíveis, a quem fornecem óleo da polpa para biodiesel. Como a macaúba é conhecida em alguns países de origem: Brasil = macaúba, macaúva,

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