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Brecht – Poesia – Literatura

Elogio da dialética Bertolt Brecht A injustiça avança hoje a passo firme; Os tiranos fazem planos para dez mil anos. O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são Nenhuma voz além da dos que mandam E em todos os mercados proclama a exploração; isto é apenas o meu começo. Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos. Quem ainda está vivo não diga: nunca O que é seguro não é seguro As coisas não continuarão a ser como são Depois de falarem os dominantes Falarão os dominados Quem pois ousa dizer: nunca De quem depende que a opressão prossiga? De nós De quem depende que ela acabe? Também de nós O que é esmagado que se levante! O que está perdido, lute! O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha E nunca será: ainda hoje Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã.

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Adolescentes e redes sociais

Caso de condenado por estuprar garotas em Porto Alegre serve de alerta. Róger da Silva Pires, 20 anos, preso e condenado por estupros, extorsões e ameaças que envolveu meninas entre 12 e 15 anosReprodução / Agencia RBS Ministério Público (MP) divulga resultados de apuração para chamar atenção ao Dia Mundial da Internet Segura Ocultado pela naturalidade e inocência típicas de crianças e adolescentes que buscam fazer o máximo de amigos em grupos nas redes sociais está um risco sorrateiro que não para de fazer vítimas: o do abuso sexual. Na véspera do Dia Mundial da Internet Segura (6 de fevereiro), o Ministério Público Estadual divulga os resultados da apuração de uma série de estupros, extorsões e ameaças que envolveu garotas entre 12 e 15 anos em Porto Alegre. O autor, Róger da Silva Pires, 20 anos, foi preso e condenado e, nos últimos meses, teve as condenações confirmadas pelo Tribunal de Justiça em um total de 42 anos de prisão — a Defensoria Pública, que representou o réu nos processos, avalia a possibilidade de recorrer. — É uma pena exemplar, não só para fins de punição, mas para que a sociedade saiba que esse tipo de crime (com uso da internet) tem, sim, punição. É muito alto o risco que os adolescentes têm. Há pesquisa que mostra o Brasil como o país com maior vulnerabilidade de crianças e adolescentes online. No Brasil, ainda estamos começando a responsabilizar os crimes que ocorrem via internet. Esse caso foi um divisor — diz a promotora Denise Villela, coordenadora do Centro de Apoio da Infância, Juventude, Educação, Família e Sucessões do MP. O terror imposto por Pires a suas vítimas adolescentes começou em meio a brincadeiras de amigos, passeios em shopping e parques e muita, muita conversa em aplicativos do celular e por meio do Facebook. Enturmado com jovens de classe média e média alta por dar aulas de tênis e treinar no Parque Germânia, Pires conseguia se inserir em grupos de WhatsApp e, então, passava a escolher suas vítimas. Ele foi preso em ação da Polícia Civil e do Ministério Público em 2016 e condenado por crimes contra cinco adolescentes cometidos entre 2015 e 2016. O MP acredita que pode ter havido mais casos. Usando pelo menos três aparelhos de telefone e 18 diferentes chips (apreendidos na operação), Pires, então com 18 anos, criava falsos perfis nas redes para conversar, seduzir, extorquir e ameaçar as jovens. Depois de obter fotos com cenas de nudez das vítimas (ou de alegar ter as fotos), ele usava nomes diferentes para enviar mensagens com pedidos de dinheiro ou exigências de encontros, prometendo que só assim apagaria as imagens sem divulgar na internet. Os encontros acabavam resultando em estupros. E o terror seguia com intimidações. As autoridades extraíram cerca de 5 mil imagens dos telefones dele, a maior parte com cenas de pornografia e, algumas delas, das vítimas identificadas. Em seu rol de ameaças, Pires dizia ser filho de um desembargador (inclusive, enviava para o telefone das vítimas a foto do magistrado), que poderia mandar prender familiares da vítima ou fazê-los perder o emprego, alegava ser de facções criminosas e, caso a vítima não cedesse, teria parentes executados. Nos perfis falsos, o homem também fazia se passar por supostas vítimas dele. Em um caso, uma das adolescentes recebeu mensagem de uma pessoa que se identificava como mulher e contava que Pires havia matado sua avó e sequestrado uma amiga por ela ter se negado a ter encontros com ele. A suposta interlocutora enviou ainda uma foto mostrando pulsos ensanguentados e dizendo que cometeria o suicídio por não suportar mais a pressão de Pires. Tudo mentira. Perfil falso Pires chegou a criar um perfil falso usando nome e foto de um jovem de classe média alta que era conhecido (e popular) entre as adolescentes que ele tinha como alvos. Com a falsa identidade, simulava namoros virtuais. Usando outras identidades, conseguia que vítimas enviassem fotos com cenas de nudez. O rapaz soube do uso de seu nome quando foi procurado por adolescentes que queriam entender o motivo de ele não conversar mais com elas no Facebook. Ele sequer as conhecia. Assustado, avisou a mãe, que fez registro na polícia. O jovem que teve o nome usado conhecia Pires de encontros casuais no shopping em grupos de amigos. Dedicado a falsear uma realidade que não vivia, Pires costumava fazer selfies ao lado desses garotos e publicá-las em seu Facebook como se fosse amigo próximo deles.  As ameaças protagonizadas por Pires eram tão contundentes que mesmo vítimas que não haviam enviado fotos suas para ele ficavam apavoradas e cediam, aceitando encontrá-lo. Ele costumava captar imagens de mulheres nuas na internet e enviar às vítimas como forma de pressioná-las. Segundo consta nos processos, os estupros teriam ocorrido numa espécie de porão de uma casa na Vila Jardim, onde Pires morava com a avó e outros familiares. Com 28 anos de atuação no MP, a promotora Denise Villela disse que poucos criminosos a impressionaram tanto quanto Pires em seu depoimento à polícia: — Falava do que tinha feito desprovido de constrangimento. Não conseguia compreender o quão perverso foi com as meninas, pois foi uma extorsão sexual brutal. Não era estuprador de colocar revólver na cabeça e estuprar. Era dissimulado. Essas vítimas de crimes cibernéticos são exploradas dentro da confiança que têm nas pessoas com quem se relacionam virtualmente, é uma quebra de confiança semelhante ao abuso sexual paterno, que ocorre dentro de casa. Elas perdem a confiança nas pessoas, passam a desconfiar de forma exacerbada, é um prejuízo para o resto da vida. Para o promotor da Infância e da Juventude Júlio Almeida, que fez as denúncias contra Pires, o caso é um paradigma para o MP por ter revelado a facilidade com que o criminoso se infiltrou em grupos de conversa de adolescentes: — O caso nos mostrou que não precisa ser um hacker ou um expert para conseguir isso. É tudo muito novo, o WhatsApp é novo. Os pais têm de saber onde os filhos estão transitando. Crianças

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Brasil: uma propriedade de países ricos?

Florestan Fernandes Jr.: Ligando os pontos do que parecia ser teoria da conspiração. Em 2007 a Petrobras descobre campos enormes de petróleo em águas ultra-profundas do nosso litoral. Uma reserva de mais de 80 bilhões de barris de petróleo. Um ano depois, em janeiro de 2008 foram roubados 4 laptops e 2 HDS com informações sigilosas da bacia de Santos. Dados de 30 anos de pesquisas da Petrobras no valor estimado de 2 bilhões de dólares. Em 30 de outubro de 2009, o WikiLeaks uma organização transnacional com sede na Suécia publica em sua página informações “vazadas” de governos e empresas assuntos estratégicos de interesse público. No documento, o nome do juiz Sérgio Moro é citado como participante de uma conferência promovida pelo programa Bridges Project (“Projeto Pontes”), vinculado ao Departamento de Estado Norte-Americano, cujo objetivo era “consolidar o treinamento bilateral [entre Estados Unidos e Brasil] para aplicação da lei”. Em 2013, uma semana após notícias de que a presidente do Brasil, Dilma Rousseff foi espionada pela CIA, o ex-consultor da agência de inteligência americana Edward Snowden indicou que os EUA espionavam também a Petrobras. Em junho de 2013 a “Operação Lava Jato” tem início com o monitoramento das conversas de doleiros no Paraná. Em março de 2014 é deflagrada a primeira fase ofensiva da operação que iria derrubar a presidente da República, paralisar a Petrobras, a economia do país e, sucatear os estaleiros responsáveis pela construção de plataformas e as fabricas de sondas de perfuração. Tudo com a cobertura massificante dos nossos meios de comunicação. Lá se vão 4 anos de uma lavagem que levou para o ralo, milhões de empregos, milhares de empresas públicas e privadas e quase todos os avanços sociais e econômicos. O “novo” velho governo já extingui uma reserva ambiental em território de quase quatro milhões de hectares para atividades privadas de mineração. Anunciou a venda da gigante de energia elétrica Eletrobras, da Casa da Moeda e pasmem, vai oferecer ao mercado em leilões que pretende realizar a partir de 2018 campos de óleo e gás da Petrobrás. Ao todo, 21 áreas, com descobertas de petróleo e gás serão liberadas para petroleiras internacionais. Parte destes poços estão localizados nas três bacias produtoras mais nobres da empresa brasileira — Campos, Santos e Espírito Santo. Nesta quarta-feira 6, o ex-ministro Antonio Palocci afirmou em seu depoimento ao juiz Sergio Moro que a descoberta do pré-sal fez mal para o Brasil. Como o pré-sal, responsável por mais da metade da produção brasileira poderia fazer mal ao país? A afirmação é um claro sinal de submissão aos interesses estratégicos das forças que patrocinam a venda da empresa brasileira. Para que o Brasil permaneça de joelhos é necessário agora impedir a chegada ao poder de grupos desenvolvimentistas comprometidos com a defesa das nossas riquezas. Por isso a eleição de 2018 é incerta e temerosa. Como disse está semana o ex-ministro Bresser Pereira: “O Brasil está se condenando a ser uma economia de propriedade dos países ricos. E nós seremos todos empregados”.

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USA – México e Imigrantes

O martírio dos deportados mexicanos Mexicanos deportados chegam ao aeroporto internacional Benito Juárez, na Cidade do México Mexicanos que emigraram para os EUA e retornam ao país natal não recebem qualquer apoio do governo. Se programa de proteção dos “dreamers” acabar, situação poderá se tornar caótica. De operária de fábrica ilegal nos Estados Unidos a fundadora de uma startup na Cidade do México: à primeira vista, a carreira profissional de Ana Laura López, de 42 anos, parece ser uma história de sucesso bastante comum. Todas as semanas, ela recebe repatriados mexicanos vindos do norte no café que acaba de inaugurar, bem próximo ao aeroporto Benito Juárez. López é gestora da organização de autoajuda Deportados unidos en la lucha (Deportados unidos na luta) e, com outros repatriados, opera a gráfica Deportados Brand, na qual são produzidas camisetas – muito procuradas – com estampas anti-Trump. Só que López não retornou de livre vontade. Ela foi deportada depois de 15 anos nos Estados Unidos e teve que recomeçar do nada a vida em seu país de origem. A empresária foi bem-sucedida, mas histórias de sucesso como a dela poderão se tornar exceção num futuro próximo, pois o México está completamente sobrecarregado com a reintegração dos repatriados. A loja de serigrafia “Deportados Brand” produz camisetas com estampas anti-Trump Deportados e recusados A situação poderá se tornar caótica se o programa para a proteção dos chamados dreamers (jovens imigrantes ilegais levados para os EUA quando crianças) realmente expirar em 5 de março, pois não há um programa nacional de reintegração na sociedade mexicana para centenas de milhares de repatriados. “Não dá para perdoar o governo mexicano por fazer tão pouco por aqueles que retornam ao país”, afirma Luicy Pedrosa, pesquisadora sobre imigração no Instituto Giga para a América Latina, com sede em Hamburgo. Segundo ela, o assunto não é novo, já que, desde 2008, cerca de 300 mil mexicanos são deportados anualmente. Pobreza no próprio país “Um motivo pelo qual o Estado faz tão pouco pelos repatriados é a pobreza”, suspeita Pedrosa. “Não se pode dizer aos 40 milhões de mexicanos que vivem abaixo da linha da pobreza que ‘agora vamos fazer mais por aqueles que voltam ao país e nada mais por vocês’”, explica. A empresária Ana Laura López: muito pouco apoio para os repatriados O apoio aos repatriados mexicanos se restringe a estandes adicionais de informação em aeroportos e terminais rodoviários, onde aqueles que chegam podem esclarecer as primeiras dúvidas organizacionais. Além disso, há programas que preveem apoio financeiro para continuar a viagem para a cidade de origem, bem como um primeiro aprovisionamento com comida e bebida. “Isso não é reintegração”, diz Pedrosa. Ela afirma que especialmente os dreamers sofrem com a discriminação no seu novo lar – que, apesar da origem, lhes é distante. “Eles falam inglês perfeitamente, mas não falam espanhol tão bem. Como não possuem contatos sociais, de amizade ou familiares no México, não se sentem em casa”, descreve. Mão de obra especializada Há um ano, o Senado mexicano aprovou a chamada “Iniciativa Monarca”, voltada especialmente aos dreamers. O nome foi inspirado numa borboleta ameaçada de extinção no México e que, anualmente, voa de volta ao país a partir do Canadá. Um objetivo da iniciativa: reforçar o atendimento a migrantes de formação profissional sólida nos consulados mexicanos nos Estados Unidos, avaliando assim as chances que eles têm no mercado de trabalho mexicano. Mas, durante um evento de informação do consulado mexicano de Los Angeles, ficou claro que o que falta, na realidade, é apoio de base: os migrantes mexicanos pediram menos burocracia, taxas consulares mais baixas para a emissão dos documentos necessários, apoio jurídico e mais facilidade na viagem e no transporte de retorno ao México. “Realmente, há muito pouco apoio para os repatriados”, confirma López, que foi deportada no dia 30 de setembro de 2016. “Os que voltam precisam de um plano de saúde, um abrigo e ajuda para criar uma empresa, por exemplo”, relata. Deportado mexicano (d) recebe orientação no aeroporto da Cidade do México O exemplo da Cidade do México López teve suas necessidades atendidas porque procurou a ajuda de Amalia García Medina. A Secretária do Trabalho do governo regional da Cidade do México é uma das políticas de esquerda mais conhecidas do país e apoia os deportados com contatos, programas de treinamento e pequenas ajudas financeiras. Mas apenas 500 repatriados participam do programa de Medina – um número ínfimo se comparado aos 300 mil mexicanos que voltam ao país anualmente. A secretaria tem 16 escritórios na capital mexicana, com um orçamento que, segundo a imprensa local, totaliza cerca cerca de 550 milhões de pesos mexicanos (86 milhões de reais). “É muito difícil voltar e encontrar um país que, infelizmente, pouco mudou”, disse López à rede de TV Bloomberg do México. “De uma hora para outra, pequenas coisas que se acreditava serem óbvias desaparecem: uma cama, uma xícara de café, uma geladeira ou um travesseiro.” Mas o que mais a faz sofrer é a distância dos filhos. “É cruel como as famílias são dilaceradas”, constata. Para ela, o único consolo é que os deportados ao México se unem e tentam tomar as rédeas do próprio destino. “Lutamos para que o México se torne um país do qual as pessoas não tenham mais que emigrar”, diz López.  

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Homem morre ao ser ‘sugado’ por túnel de ressonância magnética em hospital

Um homem de 32 anos, identificado como Rajesh Maru, morreu após ser violentamente arrastado, por causa de um cilindro metálico que carregava, para uma máquina de ressonância magnética na cidade de Mumbai, na Índia. Direito de imagemGETTY IMAGES Máquinas de ressonância magnética criam um eletroímã poderoso capaz de atrair com violência objetos metálicos, como o cilindro que Marun portava Ele visitava a mãe de um parente em um hospital no último sábado e teria se oferecido para acompanhar a mulher até a sala de exame após o filho dela não conseguir retirar um anel que usava.   Perfil no Facebook em memória de Rajesh Maru: Homem de 32 anos chegou a ser socorrido, mas morreu minutos após o incidente | Foto: Reprodução/Facebook De acordo com a imprensa indiana, um funcionário do hospital teria pedido ajuda a Maru para carregar um tubo metálico de oxigênio líquido, que seria usado pela paciente. O mesmo funcionário teria afirmado que a máquina que realiza a ressonância – ao gerar um campo eletromagnético extremamente forte, criando um ímã capaz de atrair de forma violenta qualquer metal – estava desligada. No entanto, ao entrar na sala, Maru teria sido imediatamente atraído pelo campo eletromagnético, ficando com o braço preso na máquina. Funcionários do hospital e integrantes da família ainda conseguiram retirar o homem rapidamente e o levaram à emergência, mas ele morreu em poucos minutos. Excesso de oxigênio Acredita-se que a válvula do cilindro tenha se rompido ou sido aberta durante o impacto com a máquina, o que teria levado a um vazamento de oxigênio líquido. Em contato com o ar, o líquido volta ao estado gasoso e forma uma nuvem de oxigênio concentrado, que pode ser fatal. Segundo a autópsia, a causa da morte teria sido um pneumotórax, que é o acúmulo anormal de ar entre o pulmão e a pleura – a membrana que reveste internamente a parede torácica. Isso teria provocado um colapso pulmonar. Parentes da vítima apresentaram queixa contra a equipe do hospital. Harish Solanki, cunhado de Maru, afirmou que um assistente do centro de saúde disse a ele que poderia entrar na sala com o cilindro de oxigênio, já que o aparelho de ressonância estava desligado. Um médico e dois assistentes foram presos, incluindo o que teria dado essa informação. Autoridades hospitalares anunciaram que a família receberá uma indenização de aproximadamente US$ 7,8 mil (o equivalente a R$ 24,7 mil). Nas redes sociais, usuários criticaram o valor a ser pago, considerado baixo diante da tragédia.

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