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José Tolentino de Mendonça – Versos na tarde – 13/01/2018

O fio de um cabelo José Tolentino Mendonça¹   Abandono a casa o horto o lugar à mesa o casaco de que gostava, sobre o leito dobrado esta verdade quase banal que toda a vida fui   Não abro a porta quando batem (às vezes batiam só por engano) não avalio o balanço das certezas o que separa uma forma da outra sempre me escapou   Ontem começava a clarear o ar frio que vinha dos campos julguei-o de passagem e afinal era um segredo que meu corpo de uma vez por todas contava ao meu corpo   Mas quando tombei sobre a terra perdido como o fio de um cabelo (aqueles que primeiro caem da cabeça de um rapaz e por não serem notados são mais perdidos ainda) estavas junto de mim   Lançaste ao fogo cidades afogaste os exércitos no vermelho mar da sua ira hipotecaste terras tão preciosas para estares junto de mim   ¹José Tolentino Calaça de Mendonça ComSE *Machico, Portugal – 15 de dezembro de 1965

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Por que esses 14 gênios morreram completamente arruinados?

Alguns gastaram tudo que ganharam em luxos extravagantes; outros fizeram obras-primas, mas o mundo não as entendeuOscar Wilde: acabou dependendo da caridade de amigos Cultivador de um dandismo único, colecionador de arte, boêmio inveterado e amante da boa gastronomia, Oscar Wilde (Dublin, Irlanda, 1854- Paris, França, 1900) nasceu no seio de uma família abastada, chegou a ser muito rico graças a seu trabalho e relações sentimentais, esbanjou conscientemente quase tudo que ganhou e morreu em Paris completamente arruinado. Em seus últimos dias, dependia da caridade de amigos e conhecidos a quem abordava em tabernas e boates para lhes pedir alguns francos. Para o médico que o atendeu em seu leito de morte confessou que não podia pagar por seus serviços: “Veja o senhor, doutor, que vou morrer como vivi, muito acima de minhas possibilidades”. Em sua defesa, há que se dizer que Wilde não foi arruinado apenas por seus hábitos de bon-vivant e sua inconsequência: o escândalo homofóbico em que se viu envolvido ao tornar pública sua relação com o jovem aristocrata lord Alfred Douglas teve também muito a ver com seus problemas financeiros. Na imagem, Oscar Wilde em 1889.GETTY Judi Garland: uma estrela despejada “Meus pais me inculcaram a cultura do esforço e da economia”, contou Judy Garland (Minnesota, EUA, 1922 – Londres, Reino Unido, 1969) à revista ‘Variety’ em 1939, poucas semanas antes da estreia do que seria seu grande sucesso cinematográfico, o lendário ‘O mágico de Oz’. A afirmação era falsa, como grande parte do que a atriz de Minnesota, grande sedutora e farsante por vocação, segundo ela mesma reconhecia, contaria à imprensa nos anos posteriores. A verdade é que Judy (seu nome verdadeiro era Frances Ethel Grumm) não acreditava absolutamente nas virtudes da economia. E se tornou uma mulher de gostos caros e com um instinto natural para o esbanjamento. Com 17 anos era já uma das atrizes mais ricas dos Estados Unidos, mas logo depois dos 40 acumulava dívidas milionárias que a levaram ao despejo e a obrigaram a embarcar por uma turnê em troca de comida por teatros da Europa, com sua filha então adolescente Liza Minelli. Segundo pessoas próximas, só um casamento oportuno com o empresário de New Jersey Mickey Deans impediu que a diva acabasse na miséria em seus últimos anos, marcados por problemas financeiros e o vício em barbitúricos. Na imagem, Judy Garland em 1950.GETTY Whitney Houston Quando Whitney Houston (Nova Jersey, 1963-Los Angeles, 2012) foi encontrada morta na banheira de seu hotel em Los Angeles, em fevereiro de 2012, tinha teias de aranha em sua conta corrente e dívidas superiores a quatro milhões de dólares (quase 13 milhões de reais). Em apenas uma década, a cantora dilapidou sua fortuna pessoal de cerca de cem milhões (320 milhões de reais). Segundo o colunista social nova-iorquino Michael Lavelette, “seu estilo de vida extravagante, seus muitos vícios (ao álcool, aos calmantes, à cocaína…) e seu divórcio de Bobby Brown a levaram à ruína”. Seu último milhão foi gasto “em um périplo delirante de vários meses por hotéis de luxo em Sidney, Paris e Londres no qual não prestou atenção aos gastos, apesar das advertências de seus assessores financeiros. Segundo divulgou a Fox News, poucas horas antes de morrer Houston tinha chamado uma amiga para pedir que lhe emprestasse 100 dólares que, supostamente, pensava em gastar em crack, a última droga em que se viciou. Na imagem, Whitney Houston no palco do World Music Awards de 2004, em Las Vegas.GETTY Joe Louis: o campeão saqueado por familiares e amigos Aquele que muitos consideram o melhor boxeador da história, Joe Louis (Alabama, 1914- Nevada, 1981) foi prejudicado pelo excesso de generosidade e confiança. Criado em um humilde e conflituoso subúrbio de Detroit, o campeão do mundo dos pesos pesados entre 1937 e 1949 não se permitiu grandes luxos quando estava na crista da onda, mas pagou as consideráveis dívidas de seus familiares (inclusive daqueles que não lhe dirigiam a palavra quando não era mais que um adolescente gago que distribuía gelo em troca de gorjetas) e confiou em um séquito de velhos amigos que saquearam suas contas correntes e o envolveram em uma longa série de negócios duvidosos. Como resultado de tudo isso, chegou a dever à Fazenda mais de um milhão de dólares (3,2 milhões de reais) no fim dos anos 50, quando já tinha se aposentado do boxe e carecia de renda estável. Uma campanha de solidariedade proposta por antigos colegas serviu para que fosse concedido a Louis um alongamento do prazo de pagamento da dívida, mas quando morreu, em 1981, continuava com as contas embargadas e à beira da miséria. Na imagem, Louis lendo o jornal ‘New York Daily News’, em 1938.GETTY Sammy Davies Jr.: os luxos excêntricos o deixaram sem um centavo “Tenho a consciência tranquila”, costumava dizer a seus amigos um Sammy Davis Jr. (Nova York, 1925- Califórnia, 1990) completamente arruinado. “Não devo dinheiro a ninguém que precise, quase todas as minhas dívidas são com o governo dos Estados Unidos”. Essas dívidas chegaram a somar quase 15 milhões de dólares, porque o cantor do Harlem, como muitos outros famosos, adquiriu o hábito de deixar de pagar impostos quando sentiu que eram um luxo que não podia se permitir. Nos melhores anos de sua carreira, entre fim dos anos 40 e meados dos 60, quando fazia parte do ‘Rat Pack’ de Frank Sinatra, Sammy ganhava mais de um milhão de dólares por ano com suas turnês. Em 1989, já na bancarrota devido a péssimos investimentos e luxos excêntricos, decidiu não extirpar um tumor na garganta porque temia que a operação afetasse suas cordas vocais. “Não tenho um centavo guardado, e se não posso continuar cantando, vou morrer de fome”, foi o que argumentou. Muito pouco depois acabou morrendo por conta do tumor que não quis operar. Na imagem, Sammy Davies Jr. em Los Angeles, em 1988.GETTY Vincent Van Gogh: só dois degraus acima da indigência O pintor holandês teve uma vida conturbada. Foi galerista, pastor protestante, missionário… Chegou a conviver em Haia, em condições paupérrimas, com

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Miguel Torga – Frase do dia – 13/01/2018

“Recomeça… se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade.” Miguel Torga

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