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Como hackers estão usando o Facebook para te roubar sem você perceber

Hackers passaram a utilizar a publicidade no Facebook para fazer pequenos pagamentos com suas contas e promover páginas fraudulentas.  Direito de imagemGETTY IMAGES Há alguns anos, o modo preferido de atuação de hackers era enviar vírus que se instalavam nos nossos computadores e podiam destruir nossos arquivos ou tornar o aparelho completamente inútil. Com a explosão de compras pela internet, porém, o foco de muitos deles passou a ser ganhar dinheiro. E as redes sociais se transformaram um de seus principais locais de atuação. De acordo com o Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês), um think tank americano, os ciberataques são responsáveis pelo roubo de cerca de 20% do dinheiro gerado na internet – aproximadamente US$ 400 bilhões por ano. Os números são estimados, já que nem todas as pessoas roubadas pela internet denunciam os crimes, e há muitos países que nem sequer guardam os dados. Desde malwares (softwares maliciosos) até phishing (roubo de dados por meio de links falsos), passando pelo ransomware (golpe em que computadores são infectados com um vírus que codifica e “sequestra” os arquivos – os invasores pedem um “resgate” por eles), sorteios e loterias falsas, todos têm o objetivo de conseguir dinheiro de forma fraudulenta. Agora, por meio dos anúncios colocados no Facebook para promover páginas pessoais, de negócios ou de eventos, foi descoberto um novo fenômeno no cibercrime. Roubo ‘por comissão’ Direito de imagemGETTY IMAGESCriminosos geralmente são responsáveis por páginas de apostas ou de sorteios e recebem comissões caso elas tenham mais tráfego Quando o participante da rede social resolve pagar um anúncio no Facebook para promover sua empresa, por exemplo, pode deixar os dados de seu cartão armazenados no site para futuras contas ou dar à página acesso a outras contas de pagamento como PayPal. Ao invadir nossas contas, os hackers sabem onde procurar e acessar esses dados. “Eles entram na conta do Facebook não para roubar grandes quantidades de dinheiro, mas sim para usar valores da vítima e promover seus próprios sites de apostas. Ao dirigir e aumentar as visitas a essas páginas, eles recebem uma espécie de comissão”, diz o especialista em segurança e privacidade na internet Graham Cluley à BBC. Direito de imagemGETTY IMAGESHá alguns anos o site criou a possibilidade de pagar por anúncios de páginas, negócios ou eventos na rede social Os criminosos basicamente se apossam momentaneamente da conta de Facebook da vítima e fazem pequenos pagamentos para anúncios de seu interesse. Como o dinheiro sai do bolso do usuário e em pequenas quantidades – algo entre US$ 2 e US$ 6 -, fica mais difícil detectar a fraude. Além disso, como o Facebook realiza a cobrança automática dos anúncios depois que o usuário contrata o serviço uma vez, o pagamento não costuma levantar suspeitas. Um programa de rádio da BBC chegou a receber o telefonema de um ouvinte que teve cerca de US$ 16 mil roubados por meio desse método. Questionado pela BBC, o Facebook admitiu que, neste caso, terceiros obtiveram acesso aos dados de login da vítima e foram feitos pagamentos fraudulentos para a promoção de páginas à revelia do dono real do perfil. Proteja-se Direito de imagemGETTY IMAGESSua segurança na internet depende da quantidade de informação sobre si mesmo que você compartilha nos sites e como a protege Graham Cluley fez algumas recomendações para que seja possível se prevenir. Primeiro, é preciso assegurar-se de que as informações sobre seus cartões de crédito não ficaram gravadas em seu computador nem em seu celular. Elimine também qualquer conta que contenha dados financeiros e esteja associada ao seu perfil de Facebook. Por exemplo, Paypal, ou um método de pagamento semelhante. Cheque o movimento em sua conta bancária com frequência. Pequenos roubos, mesmo frequentes, podem passar despercebidos. Se você tem suspeitas, peça informações ao Facebook. O site pode fornecer detalhes sobre os anúncios e páginas que você está promovendo, e qual foi a quantia investida neles. Caso você tenha feito uma campanha com anúncios pagos no Facebook, mas ela já chegou ao fim, também é possível pedir ao banco que não aceite mais cobranças que venham da rede social, a não ser que sejam autorizadas por você mediante contato.

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A “Ditabranda” e a Volkswagen

Agentes do Governo queriam que ele delatasse colegas com atividades políticas e sindicais. O ferramenteiro Lúcio Bellentani, que foi preso enquanto trabalhava. Foto: LUCAS LACAZ RUIZ FOLHAPRESS   “Fui levado para o departamento pessoal da Volkswagen. Ali mesmo começaram as torturas” Bellentani, ex-funcionário, foi espancado na frente dos seguranças da Volks durante a ditadura. “Trabalhei na Volkswagen de 1964 até as 23h30 do dia 28 de julho de 1972.” Assim Lúcio Bellentani, um antigo ferramenteiro da montadora alemã no Brasil começa a contar sobre o dia em que foi retirado de seu posto de trabalho pela polícia política da ditadura militar, sob os olhares coniventes dos funcionários da segurança da empresa. “Eram 23h30 exatamente. Eu estava trabalhando quando fui surpreendido com um cano de uma metralhadora nas minhas costas. Me algemaram com as mãos para trás e me levaram para o departamento pessoal da empresa. Ali mesmo começaram as torturas. Comecei a ser espancado dentro da empresa, dentro do departamento pessoal da Volkswagen. Por policiais do DOPS [Departamento de Ordem Política e Social] e na frente do chefe da segurança e dos outros seguranças da fábrica”, conta ele, cujo depoimento foi utilizado pelo historiador. Bellentani era militante do Partido Comunista brasileiro e ajudava a organizar a base do movimento na fábrica. Foi detido porque os policiais queriam que ele dissesse o nome de seus companheiros que desempenhavam atividades sindicais ou políticas. “O sério de tudo, além do fato da tortura começar dentro da própria fábrica, é que a prisão aconteceu sem mandado judicial. No meu caso e nas outras que ocorreram lá dentro. Isso prova a grave violação de direitos humanos cometida pela empresa”, diz. O ex-funcionário conta que depois da detenção na fábrica foi levado até a sede do DOPS, onde continuaram as torturas.”Neste mesmo dia fui espancado com palmatórias e socos”, conta. “E durante 48 dias minha esposa ficou a minha procura. Ela ia diariamente na fábrica, perguntava do meu paradeiro e eles não diziam onde eu estava. Após os 48 dias, ela disse para a empresa que acionaria o seguro de vida e foi quando eles disseram para que ela me procurasse no DOPS e deram o nome do delegado da prisão. Só assim ela me encontrou. Fiquei ali por mais oito meses”, conta. Ele foi julgado e absolvido em primeira instância, por insuficiência de provas. Mas acabou condenado nas instâncias superiores. “Fui transferido para o presídio, onde fiquei um ano e meio preso.” O ex-funcionário conta que o clima da fábrica na época da ditadura era de vigilância constante. “Começaram a surgir lá dentro boletins políticos e sindicais e a gente sentiu que a vigilância aumentou. Para ir de uma sessão para outra era preciso ter um passe assinado pelo chefe. Tinha um guarda que registrava sua saída e, no outro setor, um que registrava a sua entrada”, relembra. “Os banheiros e vestuários passaram a ter visitas constantes. Os guardas faziam rondas de hora em hora. As portas dos banheiros foram diminuídas de tamanho. Eram portas pequenas em que os guardas conseguiam olhar por cima. Algumas tinham um buraco no meio, na altura do cabeça. Assim eles viam se a pessoa que estava dentro estava fazendo as necessidades ou não”. Na época, conta o ex-ferramenteiro, eles não tinham certeza de que tipo de colaboração a Volkswagen tinha com o regime militar. “O conhecimento que eu tinha era que haviam sido efetuadas mais prisões dentro da empresa”, diz. “Mas depois, em 2014, com os arquivos da ditadura liberados, a gente começou a investigar e ir ao arquivo do DOPS e do SNI [Serviço Nacional de Informações, órgão de inteligência da ditadura]. E a gente se deparou com uma farta documentação que prova a relação bastante íntima com os órgãos de repressão da época. Mais de 400 documentos que a gente levantou assinados por responsáveis da empresa como chefe de segurança, diretor de Recursos Humanos, do Departamento Pessoal.” Ele explica que, entre estes documentos, haviam papéis em que a empresa comunicava o departamento policial das atividades de ativistas sindicais e políticos que trabalhavam na empresa. Também constavam dados pessoais de funcionários, que contribuíram, segundo ele, para a prisão dessas pessoas. “Tem o caso de um companheiro que trabalhou na Volkswagen em 1970/71. O nome desse ex-companheiro apareceu nas investigações com o DOPS e da OBAN [Operação Bandeirante, centro de investigação da ditadura em São Paulo]. Os investigadores entraram em contato com a empresa, que entregou a ficha funcional, com o endereço da casa dele, e a polícia foi até lá e prendeu o companheiro. Ele nem trabalhava mais lá e mesmo assim a Volkswagen entregou ele”, conta. “Temos a ficha de outro companheiro que estudava na escolinha de formação da Volkswagen, se formou e passou a ser um dos instrutores. A ficha de estudante dele estava no arquivo do DOPS.” Segundo ele, há ainda documentos que comprovam atas de reuniões que a montadora coordenava com um grupo de empresas. “Eram reuniões periódicas onde eram elaboradas aquelas listas sujas de trabalhadores, nomes de ativistas sindicais e políticos que trabalhavam dentro das empresas. Isso corria entre elas, para não admitirem essas pessoas. Temos companheiros que ficaram 10, 15 anos sem arrumar emprego”, relata ele. Bellentani conta que se frustrou com o relatório apresentado na última quinta-feira pela empresa, em que um historiador externo contratado afirma que houve uma colaboração entre a segurança industrial da Volkswagen e a polícia política do Governo brasileiro entre 1969 e 1979 e que ela ocorreu especialmente através do chefe do departamento de segurança industrial Ademar Rudge, que “agia por iniciativa própria, mas com o conhecimento tácito da diretoria” Para ele, o relatório é “fraco” e “não condizente com a documentação em relação a acusação sobre a Volkswagen”. “Ele não cita nem a documentação que levantamos no DOPS. Embora ele coloque que a empresa é culpada, que teve participação, não apresenta documentação sobre isso. É muito mais sério e muito mais grave do que está relatado e a Volkswagen está se omitindo”, afirma ele. Procurada, a empresa não quis comentar as críticas ao relatório. Para o ex-funcionário, a

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Giordano Bruno – Frase do dia – 19/12/2017

“É a prova de uma mente inferior o desejar pensar como as massas ou como a maioria, somente porque a maioria é a maioria. A verdade não muda porque é, ou não é, acreditada por uma maioria das pessoas.” Giordano Bruno

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