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Fatos & Fotos – 01/11/2017

Cockpit do Embraer KC390 da FAB Um violinista incrível desafiando toda a técnica O trambique da Odebretch no BNDES em Moçambique ‘Só faltam os passageiros’: caminhe pelo aeroporto internacional fantasma em Moçambique O aeroporto fantasma feito pela Odebrecht em Moçambique, que o BNDES financiou e tomou calote São 10 horas da manhã de uma quinta-feira. Os oito balcões de check-in do Aeroporto Internacional de Nacala, norte de Moçambique, estão fechados. Todas as cadeiras vermelhas e pretas das salas de embarque estão vazias. Espaços destinados para lanchonetes, lojas, free shop estão desocupados. Seis guichês de migração não têm uso. Esteiras e raio-X de bagagem estão parados. O ar condicionado está desligado, apesar do calor de mais de 35ºC. O elevador também. O toque dos sapatos no chão faz eco. Tudo está muito limpo, como se fosse uma infraestrutura prestes a debutar. Mas essa cena já dura três anos. Inaugurado em dezembro de 2014, o espaço foi projetado e construído pela Odebrecht, com um empréstimo de US$ 125 milhões (R$ 404 milhões na cotação atual) do BNDES, para ser o segundo maior de Moçambique – só fica atrás do de Maputo, a capital. No entanto, continua a amargar a posição de aeroporto menos movimentado do país – e um dos menos usados em toda a África. Com capacidade para 500 mil passageiros por ano, recebe menos de 20 mil. Os voos internacionais nunca chegaram. São apenas dois trajetos comerciais por semana, na rota Maputo-Nacala, e dois privados da mineradora brasileira Vale, ambos operados com aviões brasileiros da Embraer. Para comparação, há um aeroporto próximo, a 190 km, em Nampula, com 57 voos semanais. “Hoje é um dia morto”, diz o diretor do aeroporto, Jeronimo Tambajane. “Eu esperava que essa área estivesse completamente movimentada, com vários voos a ocorrerem. Infelizmente, nesse momento não temos nada.” Ao caminhar pela sala de embarque internacional, o moçambicano passa a mão pelo couro vermelho de um divã: “Já seria altura de remodelar (reformar)”. O fracasso do empreendimento pesa nos bolsos dos dois países. Desde o final de 2016, Moçambique não paga as parcelas do empréstimo do BNDES, o branco brasileiro de fomento à economia brasileira, diluído em um prazo de 15 anos. É o primeiro calote que a instituição tomou entre todas as obras custeadas fora do Brasil – operações que passaram a ser postas em xeque após a operação Lava Jato. O pagamento do empréstimo não é a única conta que não fecha. O Aeroporto de Nacala opera no vermelho desde que foi inaugurado. Só o seu custo de operação é quatro vezes maior que as receitas. O saldo negativo recai sobre os outros aeroportos de Moçambique, geridos todos pela mesma empresa estatal. Não bastassem a falta de voos, de passageiros e as contas em atraso, há suspeitas de corrupção em torno do aeroporto. Tanto Odebrecht como Embraer relataram ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos terem pagado propina para autoridades moçambicanas com o objetivo de fechar negócios. Áreas de embarque e desembarque internacional nunca foram usadas | Foto: Amanda Rossi/BBC Brasil Sonho brasileiro: Vale, Odebrecht, OAS e agronegócio A construção do aeroporto foi sugerida ao governo moçambicano pela Odebrecht. Não se baseou em uma demanda reprimida de passageiros em Nacala, uma região com 375 mil habitantes, mas sim em uma suposta esperança de crescimento futuro, puxado por empresas brasileiras. É por Nacala, uma cidade portuária, que a Vale exporta a maior parte do carvão que extrai nas minas de Moatize, também em Moçambique, uma das maiores reservas do minério do mundo. Esse é o maior investimento do Brasil na África, assinado durante o governo Lula e estimado em US$ 8,2 bilhões de dólares. A expectativa era de que a exportação de carvão por ali atraísse outros negócios. No caminho entre Moatize e Nacala, por exemplo, o braço de cooperação internacional do Itamaraty e a FGV Agro (vinculada à Fundação Getúlio Vargas) esperavam estimular a expansão agrícola – do agronegócio brasileiro, inclusive. Mas, por enquanto, as previsões se frustraram. Quando as obras do porto da Vale e do aeroporto da Odebrecht acabaram, o desenvolvimento estancou. “Na fase de construção, houve muito movimento. Depois, a empresa só traz carvão, embarca e vai embora”, explica José Ferreira, economista da Agência para a Promoção de Investimento e Exportações de Nacala. Além disso, as economias brasileira e moçambicana entraram em crise. “Infelizmente, depois que o Aeroporto de Nacala foi inaugurado, houve esse esfriamento econômico, criou este buraco. Mas tenho fé de que Nacala vai cumprir seu papel. Não acredito que o aeroporto possa fechar um dia porque não vem avião”, afirma o diretor Tambajane. Hoje, somam-se placas de vende-se em Nacala. Postos de trabalho fecharam. “Estou a procurar serviço, qualquer serviço, mas não há mais empregos”, diz Vitorino Mario, de 25 anos. Ele trabalhou por dois anos para a empreiteira brasileira OAS, que construiu o porto de carvão da Vale. Está desempregado há três anos, desde que as obras acabaram, fazendo bicos para sustentar os três filhos. O quintal da casa onde vive, perto do porto, está ocupado por uma pequena carpintaria de outros ex-operários da OAS. Depois de trabalharem para a empresa, “a vida voltou a ser como era antes”, diz Bachir Severino. O sonho de desenvolvimento brasileiro em Nacala durou pouco. Bachir Severino mostra seu cartão de identificação da OAS, ao lado do colega Ricardo Benjamim; eles trabalharam nas obras do porto de carvão da Vale | Foto: Amanda Rossi/BBC Brasil Cidade sem água encanada e sem emprego Moçambique é um dos países mais pobres do mundo – 46% da população vive na pobreza, segundo estatísticas do país. Nacala não foge à regra. Metade da cidade não tem água encanada, por exemplo. Nas margens da estrada que leva ao aeroporto, é possível ver diversas fontanárias – poços acionados por pressão manual – cercadas de mulheres e crianças com baldes nas mãos e nas cabeças. O bairro Matchapue ilustra a precariedade de infraestruturas básicas de Nacala. Contam-se nos dedos as casas com água na torneira. A de Fátima,

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Economia – Bitcoin a moeda virtual se tornou investimento mais rentável de 2017

Em apenas 12 meses, o valor de uma única bitcoin cresceu 1.215%  Os avisos de analistas têm sido constantes nos últimos meses: a bolha da bitcoin pode estourar. Isso porque o preço da moeda virtual cresceu tanto nos últimos 12 meses que o valor de uma única bitcoin chegou a cerca de U$ 10 mil nesta terça-feira – por volta de R$ 32 mil. Um ano atrás, uma moeda virtual custava U$ 753 (R$ 2.400, em valores de hoje). Isso significa que o valor cresceu 1.215% em apenas 12 meses – a tendência de alta parece que vai continuar. Mas como foi possível um crescimento tão grande para uma moeda que não existe fisicamente e que muitos dizem que vai levar seus investidores à ruína? Para os analistas, a resposta a essa pergunta está nos investidores que aplicaram em bitcoins nos últimos meses. A empresa de pesquisas Autonomous Next aponta os chamados “fundos hedge”, que compram ações para logo depois revendê-las e realizar lucro de curto prazo, como grandes compradores desse tipo de moeda. O número de transações desses fundos com bitcoins cresceu de 30 para 130 neste ano, segundo a Autonomous Next. Isso tem feito com que o valor da moeda tenha crescido como nenhum outro produto no mercado de ações neste ano, superando a rentabilidade de grandes empresas, como Disney, IBM e McDonald’s. A chegada desses fundos também gerou uma “avalanche de compradores” em todo o mundo, como explica o analista Nathaniel Popper, autor do livro “O ouro digital: bitcoin e a história nunca contada de desajustados e milionários que estão tentando reinventar o dinheiro” (sem tradução, no Brasil). Direito de imagemREUTERSAnalistas estimam que o valor de mercado da bitcoin chega a U$ 160 bilhões (cerca de R$ 514 bilhões) “Eles acreditam ter encontrado um novo tipo de investimento que finalmente poderia competir com o ouro como uma maneira de guardar dinheiro fora do controle de empresas e governos”, escreveu Popper em um artigo no jornal americano The New York Times. Estimativas de alguns analistas, como Charlie Bilello, da Pension Partners, indicam que o mercado de bitcoin tem um capital de U$ 160 bilhões (cerca de R$ 514 bilhões) – valor maior que da empresa General Electric, por exemplo. Um investimento de U$ 10 mil (R$ 32 mil) em bitcoins sete anos atrás teria um retorno hoje de U$ 1,1 milhão (R$ 3,2 milhões). O que é bitcoin? Muitas vezes descrita como uma “criptomoeda”, a bitcoin é uma moeda que existe apenas de maneira virtual – uma espécie de versão online do dinheiro. Como funciona? Cada bitcoin é um arquivo de computador que é armazenado em uma “carteira digital” de smartphones ou de computador. Cada transação é registrada em uma lista pública chamada “blockchain” – por isso não é possível gastar uma moeda que não é sua. Como se consegue? Há três maneiras de conseguir bitcoins: comprar com dinheiro “real”; vender produtos ou serviços em bitcoins; comprar as moedas de novas empresas que já possuem dinheiro digital. Como se valorizam? As bitcoins são valiosas porque há pessoas dispostas a trocá-las por bens e serviços reais, inclusive dinheiro físico. Três pontos a favor Criadas em 2009 por uma pessoa ou um grupo de indivíduos com o pseudônimo de Satoshi Nakamoto (ainda não se sabe a identidade real), as bitcoins são as moedas digitais mais conhecidas do mundo. Há pelo menos mais 700 criptomoedas circulando na internet e cada vez mais companhias estão gerando suas próprias moedas no mercado digital. Direito de imagemREUTERSO valor da bitcoin aumentou 46% em novembro de 2017 Boa parte dos entusiastas que compram as moedas é atraída por mercados de investimentos alternativos e pelo fato dpo Bitcoin não ser regulado por governos, pelos bancos ou por fundos de investidores. Mas o pico deste ano se explica por três momentos, segundo analistas. O primeiro foi a chegada de investidores asiáticos, principalmente do Japão e da Coreia do Sul. A empresa japonesa bitFlyer transformou-se na maior comerciante de bitcoins do mundo, diz Popper. Outro fator foi o crescimento dos “fundos hedge” criados especialmente com a finalidade de investir em moedas digitais – também há outros fundos antigos que estão se juntando a esse mercado. O terceiro ponto foi o anúncio do Chicago Mercantile Exchange (CME), um dos maiores mercados de investimentos em taxa de juros, ações e moedas, de que faria lançamentos de futuros bitcoins. Os contratos de futuros são um acordo para comprar mais tarde um bem por preço fixado no momento atual. O investidor acredita que, no momento de quitar seu contrato, os valoresdos bens estarão mais altos do que aqueles que ele aceitou pagar na hora de estabelecer o contrato. “O contrato vai facilitar que instituições financeiras se conectem ao mercado de bitcoins”, diz Popper. O anúncio da CME criou um dos maiores crescimentos do ano – em novembro, a unidade passou de U$ 6.750 para U$ 9,907 (de R$ 21,6 mil para R$ 31,9 mil). Como o mercado pode ruir? Um dos princípios das criptomoedas é sua universalidade: é possível lidar com elas em qualquer lugar do mundo bastando apenas uma conexão com a internet e acesso à alguma empresa que negocie produtos ou serviços. Depois, a moeda entra na carteira digital que são guardadas na base de dados dos fundos hedge. Esses fundos, no entanto, só são acessíveis a pessoas com grandes recursos e que tenham permissão de entrada dada pelos fundadores. Direito de imagem GETTY IMAGESGrandes empresas começaram a investir no mercado de bitcoins Ante o frenesi, o negociante de bitcoins Kevin Zhou afirma que os preços das moedas podem cair das nuvens para o chão em apenas um clique. Isso poderia ocorrer caso um fundo de cobertura decidisse retirar seu dinheiro. “Esse fator poderia criar uma fuga de um grande investidor ou uma onda de retiradas”, disse Zhou ao The New York Times. Entre os céticos em relação às bitcoins há grandes nomes do mundo de investimentos, como Jamie Dimon, da JPMongan Chase Warren, que afirma que o mercado de

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A carta de amor (e mágoa) nunca enviada mais famosa da história

Entrar na prisão de Reading, na Inglaterra, é uma experiência inquietante. Wilde ficou preso nesta cela em Reading por dois anos; ele começou a escrever “De Profundis” quatro meses antes de ser libertado Direito de imagemMORLEY VON STERNBERG  Mesmo estando em desuso já há alguns anos, o ar muda do lado de dentro e fica pesado como chumbo ao longo de seus corredores estreitos que seguem por quatro direções levando a celas enumeradas. Foi aqui, em uma cela no bloco C, que o escritor, poeta e dramaturgo irlandês Oscar Wilde ficou isolado durante dois anos, a partir de 1895, após ser preso acusado de “indecência vulgar” com um homem. Foi um pesadelo que contrastava com o sucesso conquistado por ele com aclamadas obras literárias e teatrais como O Retrato de Dorian Gray (1890) e A Importância De Ser Prudente (1895). E foi aqui, nos meses anteriores à sua libertação de 1897, que Wilde escreveu o que viria a ser considerada uma das mais importantes cartas da língua inglesa, endereçada a seu amante e traidor, o lorde Alfred ‘Bosie” Douglas: De Profundis. Em 16 de outubro de 2016, o escritor irlandês Colm Tóibín voltou à cela de Wilde para recitar De Profundis. A performance faz parte de uma grande exposição inspirada pela carta – Inside: Artists And Writers in Reading Prison (“Do Lado de Dentro: Artistas e Escritores na Prisão Reading”, em tradução livre). A exposição é apresentada pela organização britânica Artangel e conta com obras de arte de renomados artistas internacionais como Ai Weiwei, que escreveu uma das muitas “cartas de separação” extremamente pessoais deixadas nas celas; Nan Goldin; Marlene Dumas; Tahmima Anam; e Juergen Teller. A mostra marca a primeira vez que o prédio é aberto para a visitação do público. Embora o uso da prisão tenha mudado ao longo dos anos (o local foi usado como um instituto para jovens delinquentes antes de ser fechado em 2013), uma atmosfera sinistra ainda está presente – assim como o poder das palavras de Wilde. Em De Profundis, ele descreve “a cama de tábua, a comida repugnante, as duras cordas esfrangalhadas em estopa até as pontas dos dedos ficarem adormecidas de dor… o silêncio, a solidão, a vergonha – cada uma e todas dessas coisas eu tenho de transformar em uma experiência espiritual”. Além do significado Tóibín contou à BBC sobre sua primeira impressão da cela de Wilde. “Acho que o prédio deixa claro a dimensão da miséria”, disse ele. O trabalho de Tóibín, tanto ficcional como acadêmico, reflete regularmente sobre a vida e a obra de Wilde. No entanto, a primeira leitura que Tóibín fez de De Profundis ocorreu depois de sua fascinação, na juventude, com as famosas peças e ensaios de Wilde e até mesmo depois do último trabalho do artista, A Balada do Cárcere de Reading(1898). “Foi muito depois que eu encontrei De Profundis e entendi as circunstâncias nas quais ele foi escrito, e comecei a apreciá-lo por seu estilo e tom”, afirmou Tóibín. “Por causa da história estranha ligada à sua publicação e por sua forma híbrida, acho que este não é um trabalho tão conhecido como o restante da obra de Wilde.” Para Tóibín De Profundis é o melhor trabalho de Wilde em prosa. “O tema é o amor proibido e isso só aumenta o interesse em torno da obra.” As circunstâncias da criação da carta são certamente extraordinárias. Wilde estava definhando sob as duras condições e isolação extrema de sua sentença – os presos não tinham permissão para ter contato uns com os outros, nem mesmo durante o serviço religioso. ‘De Profundis’ é endereçada ao amante e traidor de Wilde, Lorde Alfred ‘Bosie’ Douglas, na foto com o escritor Direito de imagem BRITISH LIBRARY ARCHIVE, OSCAR WILDE COLLECTION IT No entanto, Major Nelson, o novo diretor da prisão, adotou um tom mais compassivo e permitiu que Wilde tivesse acesso diariamente a papel e caneta para escrever uma carta para “fins medicinais”. Em um artigo para o jornal The Guardian, Tóibín descreveu como os presos eram proibidos de escrever peças, romances e ensaios, mas tinham a permissão para escrever cartas. “Durante o regime anterior, Wilde tinha escrito para procuradores e para o Escritório do Interior, ou, em limitadas quantidades, para amigos. Mas suas cartas eram inspecionadas e os materiais para escrita eram confiscados assim que ele terminava de escrever”, disse Tóibín. “No entanto, o regulamento não especificava quão longa uma carta deveria ser. E se uma carta não tinha sido terminada, o prisioneiro poderia receber a permissão para levá-la consigo quando deixasse a prisão.” Wilde escreveu de maneira fervorosa durante os três primeiros meses de 1897, passando de mágoas ardentes e acusações amargas contra seu amante – “É claro que eu deveria ter me livrado de você” – a um tom surpreendentemente espiritual. O fato de a carta não ter sido, na teoria, terminada, fazia com que ela fosse devolvida a Wilde nos dias seguintes, e suas 20 páginas, com cerca de 55 mil palavras, foram entregues ao escritor quando ele foi finalmente solto. Escrita censurada Livre, porém debilitado, Wilde não entregou a carta para Bosie, a quem o documento se dirigia, e sim para seu amigo e ex-amante, o jornalista Robert Ross. Bosie diria mais tarde que destruiu sua cópia sem ler. Ross supervisionou a publicação do material, lançado em 1905 – cinco anos depois da morte de Wilde, aos 46 anos -, e deu o nome de De Profundis (traduzido como “Das Profundezas”), buscando inspiração no Salmo 130. A primeira publicação foi bastante resumida, excluindo todas as menções a Bosie e à sua família, e o manuscrito original foi entregue por Ross à British Library. Em outras edições, o texto foi expandindo gradualmente – incluindo uma tentativa do filho de Wilde, Vyvyan Holland, de apresentar a carta completa em 1949 -, mas uma versão sem censura de De Profundis foi publicada apenas em 1962, quase duas décadas depois da morte de Bosie. Wilde e Douglas em 1893, dois anos antes de o escritor ser preso por ‘indecência vulgar’ com um homem – Direito de imagem NATIONAL PORTRAIT GALLERY, LONDON De Profundis foi descrito de diversas maneiras ao longo

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