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Cesário Verde – Versos na tarde – 19/11/2017

Deslumbramentos Cesário Verde ¹  Milady, é perigoso contemplá-la Quando passa aromática e normal, Com seu tipo tão nobre e tão de sala, Com seus gestos de neve e de metal.   Sem que nisso a desgoste ou desenfade, Quantas vezes, senguindo-lhes as passadas, Eu vejo-a, com real solenidade, Ir impondo toilettes complicadas!…   Em si tudo me atrai como um tesoiro: O seu ar pensativo e senhoril, A sua voz que tem um timbre de oiro E o seu nevado e lúcido perfil!   Ah! Como me estonteia e me fascina… E é, na graça distinta do seu porte, Como a Moda supérflua e feminina, E tão alta e serena como a Morte!…   Eu ontem encontrei-a, quando vinha, Britânica, e fazendo-me assombrar; Grande dama fatal, sempre sozinha, E com firmeza e música no andar!   O seu olhar possui, num jogo ardente, Um arcanjo e um demônio a iluminá-lo; Como um florete, fere agudamente, E afaga como o pelo dum regalo!   Pois bem. Conserve o gelo por esposo, E mostre, se eu beijar-lhe as brancas mãos, O modo diplomático e orgulhoso Que Ana de Áustria mostrava aos cortesãos.   E enfim prossiga altiva como a Fama, Sem sorrisos, dramática, cortante; Que eu procuro fundir na minha chama Seu ermo coração, como a um brilhante.   Mas cuidado, milady, não se afoite, Que hão-de acabar os bárbaros reais; E os povos humilhados, pela noite, Para a vingança aguçam os punhais.   E um dia, ó flor do Luxo, nas estradas, Sob o cetim do Azul e as andorinhas, Eu hei-de ver errar, alucinadas, E arrastando farrapos – as rainhas!   ¹ José Joaquim Cesário Verde * Lisboa, Portugal – 25 de Fevereiro de 1855 + Lumiar, Portugal – 19 de Julho de 1886

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Levando as galinhas às raposas

O Brasil é um país ao contrário. Restaurantes em favelas de SP atraem clientela de shoppings de luxo vizinhos. Restaurante do Silvio, na favela Panorama, zona sul de São Paulo, recebe publicitários e gerentes de empresas da região (Foto: Diego Padgurschi) Na cadeira do restaurante de José Silvane Almeida, o Restaurante do Silvio, quem olha para cima vê os prédios espelhados de multinacionais e de um dos shoppings centers mais luxuosos de São Paulo. À frente enxerga os barracos de madeira e de alvenaria sem pintura, cenário típico de bairros de periferia. Moradores da favela Panorama, em Cidade Jardim – bairro nobre na zona sul paulistana -, dividem as mesas com publicitários e gerentes de grandes empresas. O encontro entre a classe média e a baixa ocorre diariamente dentro da favela a partir do meio-dia. Por quê? Ninguém quer gastar muito dinheiro para almoçar, afinal. No self-service de Almeida, a refeição completa sai por R$ 22 – come-se à vontade. A poucos metros dali, no Shopping Cidade Jardim, um prato executivo não custa menos de R$ 35, segundo quem trabalha nas redondezas. Em alguns restaurantes, o preço passa de R$ 80. O shopping de luxo era a única opção de almoço para funcionários de um prédio comercial vizinho ao shopping. Foi então que, quatro anos atrás, Almeida abriu seu ponto na favela. O foco, diz ele, era nos trabalhadores que não têm condições de pagar todos os dias a alimentação no Cidade Jardim, mas acabou atraindo também quem tem dinheiro mas prefere economizar. Por causa do preço baixo, filas se formam na frente do restaurante (Foto: Diego Padgurschi) Almeida credita o sucesso de seu restaurante, que tem até fila para entrar, a seu tempero de “comida caseira” e ao seu empreendedorismo, mas também à oportunidade que a crise econômica lhe deu. “Se meus clientes almoçam no shopping, gastam o VR (vale-refeição) em 15 dias. Aqui, dura o mês inteiro. As pessoas querem economizar”, diz. O publicitário Guilherme Linares, de 26 anos, comia, como entrada, uma porção de batatas fritas e tomava um refrigerante sentado a uma mesa do lado de fora, na viela – o cardápio do dia tinha como pratos principais filé de merluza, moqueca de cação e costela com molho barbecue. “Recebo R$ 30 de alimentação por dia. Se eu comer no shopping, o VR dura 10 dias. Lá, a comida é cara e industrial. Aqui é comida caseira”, diz Guilherme Linares, de 26 anos, publicitário de uma agência de propaganda. Talita Feba, publicitária de 27 anos, afirma que amigos e parentes estranham quando ela conta que almoça diariamente em uma favela. “Dizem: ‘mas não é perigoso?’ Eu respondo que não, é tranquilo, bom e barato”, diz. Revertendo uma tendência de alta nos últimos anos, os preços de alimentos e bebidas acompanhados pelo IPCA – índice de inflação calculado pelo IBGE – tiveram queda de 2% de janeiro a outubro. O item “alimentação fora do domicílio” também vem cedendo, mas em ritmo mais lento. Nos últimos 12 meses, a inflação agregada no Brasil desacelerou para 2,2%, ante alta de 10,67% em 2016. No Restaurante do Silvio, refeição completa custa R$ 22; no shopping ao lado, preço mais barato é R$ 35 (Foto: Diego Padgurschi) ‘Achava que era perigoso almoçar na favela’ A favela Panorama sobreviveu à transformação de um terreno ao lado em um dos shoppings mais caros da cidade – no mesmo complexo há condomínios de apartamentos milionários. Parte da área da comunidade é usada como estacionamento para carros cujos donos também trabalham em empresas da região. O cozinheiro Almeida, de 46 anos, nem mora ali: vive em Paraisópolis, segunda maior favela de São Paulo. Ele nasceu em Araioses, no Maranhão, e migrou para São Paulo em 1991. Trabalhou anos como encanador, até abrir seu primeiro negócio na favela Real Parque, também na zona sul. Vendia 3 mil pães por dia em sua padaria, mas, em 2011, a loja foi consumida pelo fogo em um incêndio que destruiu parte da comunidade. “Eu tinha investido R$ 300 mil na padaria, todo o dinheiro que guardei. Fiquei lelé da cabeça”, conta. “Abri o restaurante aqui (na Panorama) para os operários do shopping, depois vieram os seguranças. O boca a boca aumentou e os funcionários das empresas começaram a vir também”. Hoje, o estabelecimento, que surgiu em uma garagem, tem três andares e mesas dispostas na frente, em uma viela. O ex-encanador José Silvane Almeida hoje tem oito funcionárias para conseguir atender seus clientes no restaurante (Foto: Diego Padgurschi) O restaurante tem outros oito funcionários e serve em média 150 refeições por dia. O sucesso do local entusiasmou outros restaurantes da favela – já existem outros três restaurantes populares, que ficam cheios a ponto de surgirem filas do lado de fora. A analista de estratégia Fernanda Andrade, de 29 anos, conta que, inicialmente, ficou com receio de sair do escritório para almoçar na favela. “Eu tinha um pouco de preconceito, achava que era perigoso. Hoje, na minha empresa, a maioria das pessoas vem comer aqui”, conta ela, que trabalha em uma multinacional ao lado. Quentinhas por R$ 13 O restaurante na comunidade Panorama não é o único com esse perfil em São Paulo. Em Paraisópolis, por exemplo, vizinha ao bairro do Morumbi, existe o Café & Bistrô Mãos de Maria, que funciona em uma laje da favela. Criado por uma associação de mulheres, o restaurante serve almoço por até R$ 25 e tem shows de música para frequentadores da região e também de fora. Bar e restaurante de Regina Alves dos Santos, na favela Coliseu, recebe funcionários de empresas da Vila Olímpia (Foto: Diego Padgurschi) Já na favela do Coliseu, na Vila Olímpia – bairro comercial na zona oeste paulistana -, a cozinheira Regina Alves dos Santos, de 55 anos, produz suas marmitas dentro de um barraco de madeira. Ao lado, ela administra um boteco cujo happy hour recebe funcionários de grandes empresas da região. A comunidade é vizinha do shopping de luxo JK Iguatemi e dos prédios espelhados

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Arquitetura – Louvre Abu Dabi

Arquiteto: Jean Nouvel Interior de uma das salas do museu Louvre de Abu Dhabi. Apelidado como “o primeiro museu universal do mundo árabe”, se situa na baixa Saadiyat Island, um centro de turismo e cultura em desenvolvimento a 500 metros da costa da capital dos Emirados Árabes Unidos. Imagem de diversas lápides cristãs, judias e muçulmanas no museu do Louvre de Abu Dhabi. O acordo de concessão de 30 anos que assinaram com o Louvre da França, prevê que o país europeu fornecerá a experiência, obras de arte e exibições temporárias a mudança a mais de mil milhões de euros. ‘Fonte de luz’, do artista chinês Ai Weiwei, no Louvre de Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos). Aproximadamente 5% do museu está dedicado a arte moderna e contemporânea.   Um servidor público dos Emirados Árabes Unidos caminha baixo a cúpula do Louvre de Abu Dhabi. A majestosa cúpula de 180 metros de diâmetro e 7.500 toneladas que cobre o complexo está perfurada por estrelas de formas irregulares, que deixam entrar o sol criando reflexos caprichosos no pátio nos entornos do o museu. Uma mulher observa uma estátua exposta em uma galeria do Louvre de Abu Dhabi durante uma coletiva de imprensa. O percurso, composto por uns 600 objetos (a metade, empréstimos franceses e a outra metade, da incipiente coleção permanente), tem início no ano 6.500 a. C. Uma mulher posa em frente a uma série de painéis titulados ‘Untitled I-IX’, do pintor norte-americano Cy Twembly, no museu Louvre de Abu Dhabi. Vista da cúpula do museu do Louvre de Abu Dhabi. Dois terços do museu está coberto por uma cúpula de 180 metros de diâmetro que proporciona uma agradável sombra para fugir do sol abrasador do Golfo. O efeito buscado é o “de uma ágora”, segundo explicou o arquiteto Jean Nouvel. Vista exterior do museu do Louvre de Abu Dhabi, desenhado pelo arquiteto francês Jean Nouvel. O arquiteto inspirou-se na posição da ilha “entre a areia e o mar, a sombra e a luz”, segundo a página site do museu. Restauradores do museu consertam a escultura ‘O homem que caminha, sobre uma coluna’, de Rodin, feito em 2006 por Fonderie Coubertin, no museu do Louvre de Abu Dhabi. Duas mulheres passam em frente a uma tapeçaria medieval de ‘Daniel e Nebuchadnezzar’. Jack Lang, ex-ministro de cultura francês, declarou que o Louvre de Abu Dhabi será bem mais universal que o de Paris. “É uma oportunidade para abrir a ideia de um museu a diferentes continentes e civilizações”. Um trabalhador limpa uma janela sob a cúpula do museu Louvre de Abu Dhabi. “Quero pensar no conjunto como em uma medina árabe, com suas ruas estreitas que separam as casas”, disse o arquiteto Jean Nouvel, que defende como estratégia a junção com as tradições construtivas do local em frente aos edifícios que caem como “paraquedistas”. Uma empregada varre o chão perto do quadro ‘Napoleão cruzando os Alpes’, do francês Jacques-Louis David, no Louvre de Abu Dhabi. Treze museus franceses, incluídos o Museu D’Orsay e o Palácio de Versalles doarão também até 300 obras durante o primeiro ano, entre as que se incluem ‘A Belle Ferronière’, de Leonardo dá Vinci e um autorretrato de Vincent Vão Gogh. Um homem caminha por uma galeria do Louvre de Abu Dhabi. Será o primeiro de três museus que abrirão suas portas ao público em Saadiyat Island, onde os Emirados Árabaes Unidos planejam abrir o Guggenheim Abu Dhabi, desenhado por Frank Gehry, e o Museu Nacional Zayed, desenhado por Norman Foster. No recinto estão expostas mais de 250 obras de arte da coleção Emirati, incluindo obras do francês Edouard Manet, do holandês Piet Mondrian ou do turco Osman Hamdi Bey. Vista noturna do museu do Louvre de Abu Dhabi. O arquiteto Jean Nouvel declarou que para ele o melhor da arquitetura árabe é unir a geometria e a luz, por isso o “sol se filtra pela cúpula como uma chuva de luz delicada e protetora refletindo a interação constante de luzes e sombras no país”. Fotografias de KAMRAN JEBREILI/AP – SATISH KUMAR/REUTERS – GIUSEPPE CACACE/AFP 

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Twitter e os 240 caracteres

Como os tuiteiros estão aproveitando os 280 caracteres Novo limite, duas vezes maior que o anterior, foi liberado ontem e virou ‘trending topic’ no Brasil App do Twitter em um celular. MATT ROURKE AP Todos os tuiteiros agora já dispõem de 280 caracteres para suas mensagens. Depois de mais de um mês de testes em que apenas alguns usuários podiam enviar mensagens duas vezes mais longas do que antes, o Twitter anunciou nesta terça-feira que o novo limite de caracteres já está disponível para todos os usuários, com exceção dos que utilizam os alfabetos japonês, coreano ou chinês. Agora, há o dobro de espaço para contar piadas ou fazer brincadeiras. Com a mudança, #Twitter280Characters virou trending topic nacional no Brasil. As mensagens trazem as mesmas brincadeiras e sentimentos que puderam ser verificados durante o mês de testes: a principal função, até agora, é ampliar mais as emoções, com uma sensação de poder causada pela mudança ou falar sobre o mapa astral.  Submarina   Não tenho maturidade pra lidar com 280 caracteres. Vou começar a falar sem parar e não vou conseguir parar porque eu economizo nas palavras mas na hora de ser prolixa eu sou prolixa memo falo pra caraio e não consigo parar nunca mais ainda mais se tiver alguém me ouvindo ou lendo   princess tany @acciosope  AÍ MDS GENTE EU ACHO QUE AGORA EU TENHO 280 CARACTERES MAS SE QUALQUER FORMA EU TENHO QUE TESTAR ENTÃO E AÍ SERÁ QUE JÁ PASSOU??? EU NEM SEIVOU CONTINUEI FALANDO ATÉ CHEGAR NO LIMITE E MEUDEUS TÁ LONGO DEMAIS E CONSEGUI EU NEM ACREDITO MAS EU N ATUALIZEI COMO PODE AAAEUTOMORRENDO    Antônio Andrade @gutodeandrade  Meu mercúrio em sagitário agradece, com extrema alegria, a recente inovação dessa rede de microblogs de aumentar para 280 caracteres o limite máximo por postagem. Com efeito, não há nada que possa ser dito em 140 caracteres que não possa, com muito mais galhardia, ser dito em 280 A Primeira Reação 9Ariel @arielfilipe 280 caracteres ainda não são suficientes para expressar o quanto estou   Ygor Freitas   140 caracteres: “vamo fecha bb” 280 caracteres: “Óh, nobre donzela cuja beleza perpetua em pensamentos meus. Minha pessoa hei de convidá-la com profundo deleite para uma valsa de forma que os lábios teus umedeçam o âmago de meu ser” O romantismo voltou com tudo  exposição polêmica @vaimika Twitter em 2009: 140 caracteres Twitter em 2017: 280 caracteres Twitter em 2060: mínimo de 30 mil caracteres e máximo 60 mil, Times News Roman 12, espaçamento 1,5 com margens 2cm e 3cm no padrão ABNT   exposição polêmica @vaimika  Twitter em 2009: 140 caracteres Twitter em 2017: 280 caracteres Twitter em 2060: mínimo de 30 mil caracteres e máximo 60 mil, Times News Roman 12, espaçamento 1,5 com margens 2cm e 3cm no padrão ABNT  Agora você pode citar seus artistas favoritos  Popcorn Station @PopcornStation1 Daenerys Targaryen, Filha da Tormenta, a Não Queimada, Mãe de Dragões, Rainha de Mereen, Rainha dos Ândalos e dos Primeiros Homens, Quebradora de Correntes, Senhora dos Sete Reinos, Khaleesi dos Dothraki, a Primeira de Seu Nome. Descendente da Casa Targaryen #Twitter280Characters   Herois da TV @herois_da_tv “Um para o Senhor do Escuro em seu escuro trono Na Terra de Mordor onde as Sombras se deitam. Um Anel para a todos governar, Um Anel para encontrá-los, Um Anel para a todos trazer e na escuridão aprisioná-los Na Terra de Mordor onde as Sombras se deitam.” 280 caracteres estreados   ju @jucm0  gostaria de aproveitar os 280 caracteres para dizer que nao tinha medo o tal joao de santo cristo era o que todos diziam quando ele se perdeu deixou pra tras todo o marasmo da fazenda so pra sentir no seu sangue o odio que jesus lhe deu quando criança só pensava em ser bandido Também é possível usar a norma padrão  Não precisamos mais das abreviaçãos. Caso tenha esquecido a escrita normal, segue guia: Sdd = saudades vdd = verdade bjs = beijos ctz = certeza fmz = firmeza pfv = por favor vlw = valeu qm = quem qq = qualquer kd = cadê vc = quero  Boa tarde bacharéis embaixadores diplomatas engenh  segue lista de palavras e expressões chiques pra usar agora que tem mais carácteres: no que tange  no tocante no que se refere em detrimento  no que se diz a  nao obstante indubitavelmente  outrossim

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