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Ascânio Lopes – Versos na tarde – 12/11/2017

Minha namporada Ascânio Lopes¹ Seu nome era besta e ela também mas quase não falava e só sabia olhar. Gostei dela fiz versos puxados gastei tempo nas rimas raras e na colocação de pronomes porque ela era normalista e gostava de gramática e não perdoava [ galicismos. Mas um dia ela descobriu meus versos modernos e percebeu que fingia e gostava de errar nos pronomes e que meus sonetos eram só pra ela. Então me deu o fora e arranjou um poeta sincero que a comparava a Marília e que sabia de cor a “Ceia dos Cardeais” e que sapecava todos os ritmos novos e as poesias sem geometria e compasso. E ficavam cinicamente amando no portão quando não iam ao cinema delirar com as fitas [ dramáticas italianas 12 atos. Ela me deu o fora. Também nunca mais fiz sonetos. ¹Ascânio Lopes Quatorzevoltas *Uberaba,MG – 1906 +Belo Horizonte,MG – 1929

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Alcântara, o “acidente” e o fim do projeto espacial brasileiro

Os EUA e a Base de Alcântara Uma tragédia que matou 21 profissionais civis no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, e adiou os projetos do programa espacial brasileiro completou dez anos. Os Estados Unidos, além de suas frotas de porta aviões, navios e submarinos nucleares que singram todos os mares, possuem mais de 700 bases militares terrestres fora de seu território nacional nos mais diversos países, em muitas das quais instalaram armas nucleares e sistemas de escuta da National Security Agency (NSA). Os Estados Unidos têm bases de lançamento de foguetes em seu território nacional, como em Cabo Canaveral, perfeitamente aparelhadas com os equipamentos mais sofisticados, para o lançamento de satélites. Os Estados Unidos não necessitam, portanto, de instalações a serem construídas em Alcântara para o lançamento de seus foguetes. O objetivo norte-americano não é impedir que o Brasil tenha uma base competitiva de lançamento de foguetes; isto o governo brasileiro já impede que ocorra pela contenção de despesas com o programa espacial brasileiro. O objetivo principal norte americano é ter uma base militar em território brasileiro na qual exerçam sua soberania, fora do alcance das leis e da vigilância das autoridades brasileiras, inclusive militares, onde possam desenvolver todo tipo de atividade militar. A localização de Alcântara, no Nordeste brasileiro, em frente à África Ocidental, é ideal para os Estados Unidos do ângulo de suas operações político-militares na América do Sul e na África e de sua estratégia mundial, em confronto com a Rússia e a China. O governo de Michel Temer tem como objetivo central de sua política (que nada mais é do que o cumprimento dos princípios do Consenso de Washington) atender a todas as reivindicações históricas dos Estados Unidos feitas ao Brasil não só em termos de política econômica interna (abertura comercial, liberdade para investimentos e capitais, desregulamentação, fim das sempre. No dia 22 de agosto de 2003, às 13h26, o foguete Veículo Lançador de Satélites (VLS) deu partida antecipada e matou 21 homens.  Novo foguete completo, em sua quarta versão, deveria ser lançado agora em 2017. O grande problema foi a perda humana. A paralisação do programa espacial ocorreu mais pela comoção, pela falta de reação, pelo fato de as promessas não terem sido cumpridas”. A Tragédia em Alcântara faz dez anos e Brasil ainda sonha em lançar foguete. O melhor da ciência aeroespacial do Brasil morreu nesse “acidente”: Amintas Rocha Brito Antonio Sergio Cezarini Carlos Alberto Pedrini Cesar Augusto Varejão Daniel Faria Gonçalves Eliseu Reinaldo Vieira Gil Cesar Baptista Marques Gines Ananias Garcia Jonas Barbosa Filho José Aparecido Pinheiro José Eduardo de Almeida José Eduardo Pereira II José Pedro Claro da Silva Luis Primon de Araújo Mario Cesar de Freitas Levy Massanobu Shimabukuro Mauricio Biella Valle Roberto Tadashi Seguchi Rodolfo Donizetti de Oliveira Sidney Aparecido de Moraes Walter Pereira Junior

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A guerra esquecida do Iêmen

País se encontra à beira de uma catástrofe humanitária A situação da população piora a cada dia, desde o início do conflito, há dois anos. Origens das hostilidades ajudam a entender por que paz ainda parece distante. A destruição causada pela guerra na cidade de Saada, no noroeste do país A história recente do Iêmen é de divisão e derramamento de sangue. Até o início da década de 1960, o país era governado por uma monarquia no norte e pelos britânicos no sul. Uma série de golpes em ambas as regiões mergulhou o país em décadas de violência, culminando na reunificação, em 1990. O país é um dos mais pobres da região. Em 2015, estava na posição 168 do ranking de 188 países no Índice de Desenvolvimento Humano do Programa da ONU, que mede expectativa de vida, educação e padrão de vida. Antes da guerra, projeções diziam que a população do Iêmen, de mais de 20 milhões de pessoas, dobraria até 2035. Mais de 18 milhões de pessoas necessitam de ajuda humanitária no país. Muitos não têm acesso a infraestruturas sanitárias e água potável. Ex-presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh Quando a guerra começou? A guerra no Iêmen tem suas origens na Primavera Árabe, em 2011. Manifestações por democracia invadiram as ruas, tentando forçar o presidente Ali Abdullah Saleh a dar fim a seus 33 anos de poder. O alto desemprego e a insatisfação com a família Saleh serviram de combustível para as revoltas. O presidente respondeu com concessões econômicas, mas se recusou a renunciar. Em março, as tensões nas ruas da capital, Sana, aumentaram, polícia e militares começaram a agir com cada vez mais dureza, e protestos acabaram em derramamento de sangue. Segundo a oposição, mais de 860 pessoas morreram. Em novembro de 2011, Saleh concordou em deixar o poder. Graças a um acordo negociado internacionalmente, o Iêmen teve uma transferência de poder em novembro. O vice-presidente, Abd Rabbuh Mansur al-Hadi, assumiu o governo, preparando o caminho para as eleições de fevereiro – em que ele era o único candidato. As tentativas de Hadi de aprovar reformas constitucionais e orçamentais provocaram revolta dos rebeldes houthis no norte. Em setembro de 2014, depois de anos de caos e violência, insurgentes houthis tomaram a capital, forçando Hadi a mudar seu governo para a cidade portuária de Aden, no sul do país. Quem luta contra quem? Várias facções estão envolvidas na guerra do Iêmen. Mas, pode-se dizer, o conflito se divide em duas categorias principais: as forças pró-governo lideradas pelo presidente Hadi e as forças antigovernamentais dos houthis, apoiadas pelo ex-presidente Saleh. Presidente exilado iemenita, Abd Rabbuh Mansur al-Hadi (dir.), durante evento em Riad. Os houthis são provenientes do norte do Iêmen e pertencem a um pequeno ramo de muçulmanos xiitas, conhecidos como zaiditas. Em meados de 2015, os insurgentes já tinham tomando grande parte do sul do país. Atualmente, eles mantêm o controle sobre as principais províncias centrais do norte. O governo de Hadi acusou o Irã de fornecer a eles armas militares, acusações rejeitadas por Teerã. O governo do presidente Hadi é sediado em Aden, sendo o governo internacionalmente reconhecido do Iêmen. Em março de 2015, Hadi, entretanto, se exilou na capital saudita, Riad, pressionado pelo avanço territorial dos houthis. Nos últimos meses, fissuras surgiram no governo exilado de Hadi. Na briga de poder, Hadi demitiu seu conselheiro de segurança Aidarous al-Zubaidi e seu ministro Hani Bin Braik. Quem forma a coalizão liderada pela Arábia Saudita? Em março de 2015, a Arábia Saudita lançou uma operação militar apoiada por uma coalizão internacional, em uma tentativa para recolocar Hadi no poder. Juntamente com a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos realizaram ataques aéreos em solo iemenita. Kuwait, Bahrein, Catar, Marrocos, Sudão, Jordânia e Egito também contribuíram para as operações. Crianças estão entre as mais afetadas pelo bloqueio contra o Iêmen Estados Unidos e Reino Unido forneceram suporte logístico e inteligência à coalizão liderada pelos sauditas. O conflito é complicado ainda mais pelas tensões entre Arábia Saudita e Irã, que apoia os rebeldes houthi. Qual é o estágio da crise humanitária? Na “guerra esquecida” do Iêmen, a população civil é quem mais sai perdendo. De acordo com as Nações Unidas, o número de mortos superou 10 mil no início de 2017, com pelo menos 40 mil feridos. Os ataques aéreos da coalizão e um bloqueio naval impostos pelas forças da coalizão empurraram o Iêmen – onde mais de 80% dos alimentos são importados – para uma situação de fome. O Iêmen também foi afetado por um surto de cólera, considerado o pior do mundo pela ONU. Cerca de 400 mil pessoas contraíram a doença desde abril e 1.900 morreram. As Nações Unidas alertam para esta pode ser a pior crise de fome “que o mundo vive em décadas”. Por isso, o Conselho de Segurança da ONU apelou para que a aliança liderada pela Arábia Saudita dê fim ao bloqueio de portos e aeroportos. A falta de suprimentos médicos também preocupa. A ONG Médicos sem Fronteiras suspendeu seu auxílio após dois anos de atuação, a aliança não deixa aviões pousarem no Iêmen. As reservas no banco nacional de sangue do Iêmen estão no final. A ONU e Médicos sem Fronteiras pedem o fim do bloqueio ao Iêmen.

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