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Nuno Júdice – Versos

Um amor Nuno Júdice¹ Aproximei-me de ti; e tu, pegando-me na mão, puxaste-me para os teus olhos transparentes como o fundo do mar para os afogados. Depois, na rua, ainda apanhamos o crepúsculo. As luzes acendiam-se nos autocarros; um ar diferente inundava a cidade. Sentei-me nos degraus do cais, em silêncio. Lembro-me do som dos teus passos, uma respiração apressada, ou um princípio de lágrimas, e a tua figura luminosa atravessando a praça até desaparecer. Ainda ali fiquei algum tempo, isto é, o tempo suficiente para me aperceber de que, sem estares ali, continuavas ao meu lado. E ainda hoje me acompanha essa doente sensação que me deixaste como amada recordação. ¹Nuno Júdice *Mexilhoeira Grande – Portugal – 29 de Abril de 1949 [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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