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Alexandre O’Neill – Versos na tarde – 24/07/2017

O tempo Alexandre O’Neill¹ Há dias que eu odeio Como insultos a que não posso responder Sem o perigo duma cruel intimidade Com a mão que lança o pus Que trabalha ao serviço da infecção São dias que nunca deviam ter saído Do mau tempo fixo Que nos desafia da parede Dias que nos insultam que nos lançam As pedras do medo os vidros da mentira As pequenas moedas da humilhação Dias ou janelas sobre o charco Que se espelha no céu Dias do dia-a-dia Comboios que trazem o sono a resmungara para o trabalho O sono centenário Mal vestido mal alimentado Para o trabalho A martelada na cabeça A pequena morte maliciosa Que na espiral das sirenes Se esconde e assobia Dias que passei no esgoto dos sonhos Onde o sórdido dá as mãos ao sublime Onde vi o necessário onde aprendi Que só entre os homens e por eles Vale a pena sonhar. ¹Alexandre Manuel Vahia de Castro O’Neill de Bulhões *Lisboa, Portugal – 19 de dezembro de 1924 +Lisboa, Portugal – 21 de agosto de 1986 [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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Brasil e o barulhento silêncio das ruas

O silêncio das ruas do Brasil Protesto contra o impeachment de Dilma em maio de 2016: atual presidente tem sido preservado Impopular, suspeito de corrupção e à frente de controversas reformas, Michel Temer tem sido poupado de grandes manifestações. O que está por trás da atual passividade dos brasileiros?[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Um presidente extremamente impopular que tenta aprovar reformas rejeitadas pela maioria da população; escândalos de corrupção envolvendo diretamente o próprio ocupante do Planalto; economia que dá sinais apenas tímidos de recuperação; apoio parlamentar sendo largamente negociado com verbas e loteamento de cargos; pesquisas que apontam que a maioria da população deseja eleições diretas. Diante de cenários com bem menos elementos, os ex-presidentes Fernando Collor e Dilma Rousseff tiveram que enfrentar multidões que foram às ruas do Brasil para pedir suas cabeças. Por que então Michel Temer, que foi gravado em uma conversa comprometedora com um empresário e amarga popularidade de apenas 7% (segundo último levantamento do Datafolha) não está sofrendo com grandes protestos tal como ocorreu com seus antecessores? Temer enfrentou em seu governo algumas manifestações convocadas por centrais sindicais contra as reformas ou concentrações de apoio à Lava Jato. Mas todas as iniciativas tiveram adesão que ficou longe dos números registrados ao longo de 2015 e início de 2016. Uma greve geral organizada no final de junho acabou sendo um evento esvaziado, mesmo após a apresentação da denúncia criminal contra o presidente. Mais de 2.500 policiais foram convocados para acompanhar manifestantes em Brasília, mas pouca gente apareceu. O mesmo se repetiu nos dias do julgamento da Chapa Dilma-Temer pela Justiça Eleitoral, no julgamento pelo Supremo sobre a permanência de Edson Fachin como relator da delação da i e após a divulgação do fim da força-tarefa da Polícia Federal em Curitiba que se encarregava dos casos da Lava Jato. Fadiga? O silêncio das ruas tem chamado a atenção da imprensa internacional. O jornal Süddeutsche Zeitung, da Alemanha, chegou a publicar em junho que é “surpreendente que não haja milhões nas ruas para exigir a saída de Temer.” Sensação de “fadiga” e “apatia” foram algumas das palavras usadas por jornais estrangeiros para explicar a passividade das ruas diante dos escândalos e da insatisfação com o governo. À DW Brasil, o brasilianista Peter Hakim, presidente emérito do Inter-American Dialogue, com sede em Washington, opina que “fadiga” não é a definição mais precisa para explicar o que está acontecendo. “Não é que as pessoas não queiram protestar, mas elas estão sendo desencorajadas pela conjuntura”, afirma. Segundo Hakim , muitos que protestaram contra Dilma desejam a saída de Temer, mas agora hesitam em sair porque isso pode beneficiar o PT e Lula – aqueles que foram originalmente alvo de protestos. “A polarização da sociedade continua a desempenhar um papel que impede as pessoas de se unirem. Já o PT e parte da esquerda que convoca protestos transformam regularmente seus atos em um ‘volta, Lula’, e não em um ‘Fora, Temer’ ou algo que aponte para uma solução política eficaz que seja capaz atrair mais pessoas”, completa o brasilianista. Ainda de acordo com Hakim, isso cria um efeito em que “muitas pessoas acabam ficando com a sensação de que a ação política não está resolvendo a situação”. “Não há liderança, não há ninguém que seja capaz de apresentar uma direção ou novas ideias. As pesquisas mostram que a maioria das pessoas quer eleições diretas, mas fica claro elas também não sabem o que  vai acontecer na sequência. Nesse meio tempo, ninguém quer fazer algo que acabe beneficiando o outro lado.” Agenda oculta Entre os principais movimentos que pediram a saída de Dilma em 2015 e 2016, a mensagem adotada nas convocações dos protestos esvaziados deste ano tem, por enquanto, passado longe de um “Fora, Temer”, sendo substituída  pela defesa da Lava Jato e repúdio às medidas de anistia para políticos envolvidos com corrupção. Já o lado que defendeu Dilma tem mostrado oficialmente repúdio às reformas de Temer e pedido eleições diretas para presidente. Mas os eventos muitas vezes se transformam em palco para comícios do ex-presidente Lula, que não esconde o desejo de voltar ao poder. Segundo o professor de gestão de políticas públicas Pablo Ortellado, da USP, a explicação para a falta de protestos mais incisivos pode ser explicada também pelo comprometimento e agenda de interesses das lideranças que têm a influência para fazer grandes mobilizações. Os países mais corruptos do mundo “Não acho que seja fadiga, não há uma pesquisa que não demonstre insatisfação. O que parece claro é que as lideranças que tem conquistaram legitimidade para mobilizar manifestações, seja na esquerda ou na direita, não estão se empenhando na organização de novos protestos”, diz. Segundo Ortellado, essas lideranças de ambos os lados “estão altamente comprometidas com o sistema político, que naturalmente não está interessada em manifestações”. “É preciso muito esforço para mobilizar, são os poucos os grupos que conseguem fazer isso. Mas justamente esses atores têm feito pouco ou nenhum esforço. As lideranças dos grupos que pediram a saída de Dilma deixaram claro que defendem as reformas econômicas de Temer, então não querem que o presidente saia.” “Já na esquerda petista e nos sindicatos ligados ao partido, a falta de empenho ficou nítida na última e esvaziada greve geral”, continua o especialista. “Esses grupos adotam um discurso oficial de ‘Fora, Temer’, mas é possível especular que a manutenção do presidente interessa aos políticos aos quais eles são ligados. Quanto mais impopular Temer fica, mais Lula conquista a preferência do eleitorado. Então é interessante que eles deixem Temer sangrando até 2018. O presidente atual também está empenhando em fazer reformas similares àquelas que a própria Dilma propôs no final do seu governo. Dessa forma, também é conveniente deixar outro presidente enfrentar o desgaste de aprová-las.” Histórico Em maio, logo depois da divulgação da delação do empresário Joesley Batista, da JBS, que acabou rendendo ao presidente uma denúncia por corrupção, os movimentos de direita Vem Pra Rua (VPR) e Movimento Brasil Livre (MBL) chegaram a convocar um ato em São Paulo contra o presidente. Mas

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Agricultura, sementes e genética: mundo melhor?

As sementes geneticamente modificadas e o decálogo para um mundo melhor. A atuação das grandes empresas de industrialização de produtos de alimentação nos Estados Unidos é o tema do documentário Food, Inc., de Robert Kenner, baseado no livro Fast Food Nation, do jornalista, Eric Schlosser. [ad name=”Retangulo – Anuncios – Esquerda”]A organização que apoiou a realização do filme tem uma grande atuação na campanha pela saúde alimentar dos americanos. Sua campanha está sintetizada numa petição que afirma: “Acreditamos que os programas de nutrição financiados pelo governo federal deverão prover todas as crianças com a alimentação saudável que merece. Isto inclui diariamente, de maneira segura, leite com baixa gordura, frutas frescas, vegetais e cereais integrais. As escolas deveriam ser zonas livre de refrigerantes e comida de baixa qualidade e servir alimentos que complemente e reforce os esforços dos pais para alimentar seus filhos saudavelmente”. O documentário Food, Inc. além de mostrar como a indústria de alimentos manipula o conceito de alimentação saudável, ele descreve, através de depoimentos de fazendeiros, o modus operandi da empresa multinacional Monsanto, no uso de todas as medidas para legais contra os agricultores que não aceitem usar a sua semente geneticamente modificada. A semente da Monsanto está associado ao uso de um poderoso herbicida, vendido sob a marca Roundup. Desde que a corte suprema americana autorizou o registro de patentes de sementes geneticamente modificadas, nos EUA, a Monsanto registrou a patente desta semente e submete os fazendeiros a um contrato leonino que os prende para sempre aos interesses da companhia. Para se ter uma ideia, em 1996, quando a Monsanto começou a vender a semente de soja resistente ao Roundap, somente 2% da soja nos EUA, continham seu gene patenteado. Em 2008, mais de 90% da soja nos EUA contém o gene patenteado pela Monsanto. O fazendeiro não tem chances de se defender diante da poderosa força de advogados e lobista que a Monsanto mantém. Assim, tal como a Microsoft, a Monsanto explora os direitos patrimoniais de suas sementes geneticamente modificadas e com isso submete os agricultores à uma espécie de escravidão consentida. Se a Monsanto descobrir que um fazendeiro tem sua produção contaminada com os genes da semente geneticamente modificado ele tem que provar que ele não violou a patente, mesmo que esta contaminação tenha ocorrido pelo fato de que seus vizinhos terem usado a semente da Monsanto. O poder da Monsanto e das corporações multinacionais como a Sodexo e outras assemelhadas, no campo da produção de alimentos, é ainda desconhecido no Brasil, mas no EUA eles provocaram o quase desaparecimento das sementes públicas, aquelas produzidas pelos institutos de pesquisas públicas e que eram disponibilizadas para os agricultores. No Brasil, já se tem notícias de que a Monsanto tem ampliado o seu poder junto à agroindústria e mais recentemente com um acordo de cooperação com a USP, onde algumas cláusulas são consideradas secretas. É também conhecido o fato de a ANP – Agência Nacional do Petróleo ter contratado a Halliburth, a famosa companhia dos Bush, para gerenciar o seu banco de dados. O filme Food, Inc. é uma narrativa exemplar de como é possível mobilizar corações e mentes para cumprir a proclamação de Danny Glover, “nós estamos nos movendo para promover algumas mudanças reais e positivas”. E você, caro leitor, o que está fazendo para mudar a qualidade da sua alimentação. Para auxiliar na sua reflexão, os autores do documentário prepararam um decálogo que você pode seguir, no seu cotidiano. As palavras marcadas são links para artigos e notícias relacionados com o tema, na realidade brasileira: DECÁLOGO PARA UM MUNDO MELHOR 1. Ação: Parar de beber refrigerantes ou outras bebidas adoçadas artificialmente. –> Razão: Se você substituir 600 ml. de refrigerantes por dia por bebidas não calóricas (de preferência água), você poderá ter uma vida mais saudável. 2. Ação: Fazer suas refeições em casa, não comer fora! –> Razão: As crianças consomem quase o dobro de calorias quando comem comidas feitas fora de casa. 3. Ação: Apoiar a aprovação de leis locais e estaduais que exijam das cadeias de restaurantes e lanchonetes para mencionar informação sobre as quantidades de calorias nos seus menus e nos cardápios de mesa. –> Razão: Metade das grandes cadeias de restaurantes e lanchonetes não fornece nenhuma informação nutricional para os consumidores. 4. Ação: Pressionar as escolas para encerrar a venda de refrigerantes, comida industrializada e bebidas energéticas. –> Razão: Nas últimas duas décadas, o índice de obesidade triplicou em crianças e adolescentes com idade entre 6 e 19 anos. 5. Ação: Segunda Sem Carne… Passe, pelo menos um dia, sem comer carne! –> Razão: Cerca de 70% dos antibióticos vendidos nos Estados Unidos, são dadas aos animais de criação para abate. 6. Ação: Compre comida orgânica e sustentável com baixo uso ou nenhum pesticida. –> Razão: De acordo com as agência de fiscalização americanas, mais de 500 toneladas de pesticidas são usadas, em cada ano, na agricultura dos Estados Unidos.Você sabe quantas toneladas de pesticidas são usadas, em cada ano, no Brasil? 7. Ação: Proteja a agricultura familiar, visite os mercados dos produtores locais. –> Razão: Os mercados de produtores locais permitem que estes produtores forneçam produtos mais baratos, com até 80% de economia para o consumidor. 8. Ação: Faça questão de saber de onde vem a sua comida – LEIA AS ETIQUETAS. –>Razão: De modo geral as comidas viajam, em média, 2.500 km. do produtor ao consumidor. 9. Ação: Pressione o Congresso Nacional para que ele reconheça que a comida saudável é importante para você. –> Razão: A cada ano, comida contaminada é a causa de milhões de doenças e centenas de mortes. 10. Ação: Exija proteção para os trabalhadores rurais e para os trabalhadores em empresas processadoras de alimentos. –> Razão: A pobreza entre os trabalhadores rurais é quase o dobro da média dos salários dos demais trabalhadores. Como aplicar este decálogo no Brasil? Temos agências de fiscalização que realmente atuem na defesa do consumidor? Temos organizações civis que representem um forte movimento de pressão dos consumidores para garantir alimentação saudável? Releia o decálogo, reflita e se mova para tornar possível as mudanças que tragam um mundo cada vez mais saudável para nós e para as

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Aulas de filosofia em cinema animado

De Platão a Foucault: 136 curtas de animação para aprender tudo sobre filosofia, sociologia e política. POR JÉSSICA CHIARELI EM WEB STUFF A empresa especializada em educação online Macat produziu uma série de animações curtas sobre as principais teorias de grande pensadores da humanidade. Ao todo, são 136 vídeos com duração de aproximadamente três minutos cada.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Todos eles foram disponibilizados gratuitamente no canal da instituição no Youtube. Os temas abordados são bastante amplos, contemplando desde filosofia clássica, com os pensamentos de Platão e Aristóteles, até a filosofia moderna, de Foucault e Judith Butler. Além deles, as animações abordam também os principais pensamentos de Charles Darwin, em “A Origem das Espécies”; Sun Tzu, “Arte da Guerra”; Aristóteles, “Política”; Henry David Thoreaus, “A Desobediência Civil”; Sigmund Freud, “A Interpretação dos Sonhos”; Virgina Woolf, “Um Teto Todo Seu”; Max Weber, “A Política como Vocação”; Thomas Hobbes, “Leviatã”; Immanuel Kant, “Crítica da Razão Pura”; Friedrich Hegel, “Fenomenologia do Espírito”; Levy Strauss, “Antropologia Estrutural”; Karl Marx, “O Capital”; Friedrich Nietzsche, “Para Além do Bem e do Mal”; Hannah Arendt “A condição Humana”; Simone de Beauvoir, “O Segundo Sexo”; entre outros. Os vídeos estão disponíveis apenas em inglês, no entanto é possível utilizar o serviço de legendas automáticas do Youtube, que pode ser ativada no canto inferior direito da tela de reprodução. Clique no link para acessar: 136 curtas de animação para aprender tudo sobre filosofia, sociologia e política

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