Arquivo

David Mourão-Ferreira – Versos na tarde – 20/07/2017

E por Vezes David Mourão-Ferreira¹ E por vezes as noites duram meses E por vezes os meses oceanos E por vezes os braços que apertamos nunca mais são os mesmos. E por vezes encontramos de nós em poucos meses o que a noite nos fez em muitos anos E por vezes fingimos que lembramos E por vezes lembramos que por vezes ao tomarmos o gosto aos oceanos só o sarro das noites não dos meses lá no fundo dos copos encontramosE por vezes sorrimos ou choramos E por vezes por vezes ah por vezes num segundo se evolam tantos anos David Mourão-Ferreira, in ‘Matura Idade’ ¹David Mourão-Ferreira *Lisboa, Portugal – 24 de fevereiro de 1927 +Lisboa, Portugal – 16 de junho de 1996 [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

Leia mais »

Temer do Brasil catapulta Macri da Argentina

Declínio de imagem do Brasil no exterior ajuda Macri a projetar Argentina Foto: Washington Costa / Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços Longa crise política interna tem afetado protagonismo do Brasil; nos últimos meses, Macri recebeu líderes internacionais importantes, como Angela Merkel, da Alemanha, Sergio Mattarella, da Itália, enquanto o Brasil ficou de fora da lista dos dois.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Com a crise política que atinge o Brasil e mina a credibilidade internacional do governo, uma oportunidade de ouro surgiu para a vizinha Argentina, que tem se tornado a protagonista da América do Sul. O presidente Mauricio Macri, no cargo desde dezembro de 2015, tem despertado a curiosidade e a empatia de chefes de Estado e de Governo, como a chanceler alemã, Angela Merkel, o chinês Xi Jinping e até o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama – que o chamou de “líder” da região. Nos últimos meses, Macri recebeu líderes internacionais importantes, como a própria Merkel e o presidente da Itália, Sergio Mattarella. Já o Brasil ficou de fora da lista dos dois. Macri fez viagens ao exterior, como Washington, para se reunir com o presidente norte-americano, Donald Trump, e Pequim, além de ter sido altamente requisitado em reuniões bilaterais durante a cúpula do G20. Até o ano que vem, a Argentina terá dois eventos mundiais de peso: sediará a conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), em dezembro, e o próximo G20, em 2018. Os dois encontros são inéditos na América do Sul. Mas essa nova postura do governo argentino pode tirar a tradicional liderança do Brasil? Para o coordenador do MBA em Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV), Oliver Stuenkel, “a longo prazo, não”. “Não se pode comparar os dois países, porém em função da crise política, em curto prazo, o presidente Macri tem uma visibilidade e uma presença internacional maior porque a situação da Argentina é, digamos, menos pior do que no Brasil”, disse Stuenkel à ANSA. O especialista explicou que, apesar dos problemas econômicos e também políticos da nação vizinha, “Macri representa uma narrativa muito clara sobre como a Argentina pretende superar as dificuldades”, coisa que não existe no Brasil. “O presidente Michel Temer até tentou construir essa narrativa, mas não funcionou porque este governo dificilmente pode ser visto como um governo que pode fazer o país sair da situação em que se encontra. Alguns passos corretos podem ser dados, mas há a percepção de que o Brasil não tem um caminho para sair da crise”, ressalta. Já para Reinaldo Dias, especialista em Ciência Política da Universidade Presbiteriana Mackenzie em Campinas, o governo brasileiro atual tem um problema de “legitimidade”. “O grande problema do Brasil é a legitimidade. É uma diferença bastante grande, já que Macri venceu eleições e Temer não. Mas, não é só isso que dá a legitimidade a um governo, que pode ser conseguida através de boas ações. Mas, do ponto de vista global, Temer não tem isso”, afirmou Dias à ANSA. Segundo o especialista do Mackenzie, esse processo de perda de liderança do Brasil já vem desde o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, que “não adotou uma postura de líder regional na América Latina”, e piorou com o atual mandatário. “Não existe vácuo na política porque sempre esse lugar será ocupado por algum ator”, destaca. Para Dias, os líderes ao redor mundo “aguardam” uma postura do Brasil como líder, já que é a nação que faz fronteira com praticamente todos os países sul-americanos. No entanto, a ausência já se fez presente em acordos recentes importantes para todo o continente, como ocorreu no pacto de paz firmado entre o governo de Juan Manuel Santos e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e que foi finalizado no ano passado. Outro ponto em que o Brasil não tem postura ativa, conforme Dias, é a crise na Venezuela, que já causa um fluxo migratório maior para o norte do país. “Isso pode custar muito caro no futuro porque já estamos com problemas nas fronteiras que podem se agravar se não tiver uma liderança ativa”, acrescenta. “O pragmatismo de Macri é bastante significativo. É um perfil de líder, que busca de fato a liderança. Por exemplo, ele participou da posse do novo presidente do Equador, Lenín Moreno, que tem ideologia oposta a ele; ele se ofereceu para intermediar o problema que envolve a construção do muro entre Estados Unidos e México. Ele é proativo”, destaca ainda Dias. Já Stuenkel lembrou outro ponto importante da governança do presidente argentino, que é o de que líderes de outros países o veem como uma liderança de longo prazo. “A Argentina é um pouco bola da vez. É um governo relativamente recente e tem uma expectativa de poder. Ou seja, Temer chegou no poder quando o Macri já estava lá e vai sair antes do Macri deixar o cargo”, destacou Stuenkel à ANSA. No entanto, na contramão dessa liderança, o governo brasileiro assumirá a Presidência rotativa do Mercosul nesta sexta-feira (21/07), justamente após Macri liderar o bloco. Tatiana Girardi/ANSA/OperaMundi

Leia mais »

342agora.org.br – O movimento virtual para afastar Temer

342 Agora, o movimento virtual contra Temer que sonha em acordar as ruas Mobilização de artistas faz campanha para pressionar deputados a aceitar denúncia. Pressão popular ainda não é significativa para votação decisiva, que ficou para agosto. Antes mesmo da vitória do presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara na última quinta-feira, um grupo de artistas já mirava o passo seguinte: a votação no plenário da Casa, onde 342 votos são necessários para que a denúncia de corrupção contra Temer seja aceita, e de fato o Supremo Tribunal Federal possa decidir ou não tirar-lhe do cargo. Nas redes sociais, o movimento 342.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Agora, liderado por vários artistas, tenta furar a polarização ideológica PT e anti-PT e reavivar uma mobilização que ainda não existe nas ruas, apesar da baixíssima aprovação popular do presidente. Fazem parte do movimento, por exemplo, tanto o ator Marcelo Serrado, que se posicionou a favor do impeachment de Dilma Rousseff e fez campanhas na rede no ano passado pela sua queda, como o músico Tico Santa Cruz, identificado com a esquerda, e que na ocasião buscou denunciar “um golpe” e pede por “Diretas já”. Mas tem também Caetano Veloso, Marisa Monte, e outros famosos globais, como Adriana Esteves, ou Fabio Assunção. O “Fora, Temer” virou o ponto de concordância que tenta fazer ebulição até 2 de agosto, para quando está marcada a votação decisiva. “Sempre que os artistas se mobilizam, a repercussão nas redes é grande. Mas a Internet, apesar de conseguir cultivar uma ideia entre a audiência, não é capaz por si só de transformar isso em manifestações de rua”, diz Fábio Malini, professor da Universidade Federal do Espírito Santo e coordenador do Laboratório de estudos sobre Internet e Cultura (LABIC). “Nem direita e nem esquerda conseguem dialogar com conjunto da população, que nega esse sistema político. Por isso há esvaziamento nas ruas. A população não quer fazer papel de isca, de bobo, e legitimar candidato A ou B. Sabe que em determinada manifestação podem pedir a volta do Lula ou querer entregar o poder para outra pessoa”. Os artistas começaram a se unir em torno do “Fora, Temer” no final de maio, quando muitos deles se apresentaram na praia de Copacabana e pediram por “Diretas Já”. Depois, houve também ato em São Paulo. Paula Lavigne – dona da Uns Produções e Filmes, que gerencia a carreira de Caetano Veloso e Teresa Cristina, entre outros – transformou seu apartamento em uma espécie de QG das “Diretas Já”, num movimento ao que também se engajaram o deputado Alessandro Molon (REDE), o senador Randolfe Rodrigues (REDE) e o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Lavigne chegou a dizer que o encontro foi feito para “acima de tudo para sinalizar a sociedade que precisamos deixar esse racha ideológico de lado e voltarmos a conversar de forma respeitosa para pensamento junto o Brasil que queremos”. Apesar da natureza pretensamente supraideológica, foram os movimentos mais à esquerda que abraçaram a mobilização. Ao entrar no site 342agora.org.br, criado pela Mídia Ninja, um órgão claramente alinhado à esquerda, o usuário se depara com o placar dos deputados que são a favor da investigação, que são contra e que estão indecisos. Algo semelhante havia sido feito durante o impeachment por grupos à direita. Clicando no nome do parlamentar é possível enviar mensagens para ele ou ela através do e-mail, Facebook, Twitter, entre outros canais. No site estão dezenas de pequenos vídeos nos quais os artistas pedem: “Vamos pressionar para que os deputados aceitem a denúncia contra Temer”. Caetano Veloso, Glória Pires, Martinho da Vila, Karol Conka, Wagner Moura, Criolo, Adriana Esteves e Maria Padilha são alguns dos muitos que deixaram suas mensagens. Segundo postou a empresária Paula Lavigne, articuladora do movimento e companheira de Caetano Veloso, nas primeiras três horas online o site teve 250.000 acessos, 500.000 e-mails enviados a congressistas e um alcance de 10 milhões de usuários. Malini, do LABIC, explica não ser possível medir o desempenho no Instagram, onde os artistas costumam ter muita mais influência. Uma postagem de Marisa Monte sobre o 342 Agora teve, por exemplo, 8.011 curtidas até 17h40 desta quarta-feira. “Os artistas chegam à públicos que os movimentos não chegaram. Geralmente, muitos dos que seguem as celebridades não são apegados a temas políticos e estão fora a bolha ideológica”, argumenta Malini. Tudo isso ocorre em um momento no qual Temer balança no cargo, com o PSDB dando sinais de que vai sair da base do Governo e classe política se reunindo em torno da figura do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Também em um contexto de “aquecimento da esquerda, algo que inclusive o Datafolha reflete”, segundo Malini. A direita, explica o especialista, vem se mobilizando menos nas redes e o único tema que mais figura nas redes é “Bolsonaro 2018”. “A esquerda ainda tem uma hegemonia do PT, mas não tem a característica de criar uma central de mobilização nas redes sociais. Os movimentos da esquerda e as pautas são muito diversificadas, e a capacidade de influência é policentrada. Já a direita busca se afirmar como ser direita, algo muito novo. É uma relação é diferente. O MBL [Movimento Brasil Livre] e o Vem pra Rua têm hoje características de partido político”, explica o pesquisador sobre ciências de dados. Uma análise dos movimentos pró-impeachment Os movimentos que pediram pela queda de Dilma Rousseff tiveram uma queda de audiência e/ou mudaram de perfil. No dia 10 de abril de 2016, uma semana antes da Câmara autorizar a abertura do processo de impeachment, o Vem Pra Rua fez 10 postagens no Facebook que resultaram em 160.133 curtidas e 111.057 compartilhamentos. Em dia 11 de julho de 2017, quando a Câmara discute o caso de Temer e está prestes a definir seu destino, o grupo fez 17 posts que conseguiram 24.002 curtidas e 9.558 compartilhamentos. Os dados também são do LABIC de Malini, que contextualiza: “O Vem Pra Rua aumentou seu volume de publicações, mas desidratou de público. A manifestação que agendaram para o dia 28 muito dificilmente vai emplacar”. Em entrevista

Leia mais »

Fake news é uma pratica na ciência da desinformação

O que é fact-checking? Nessa animação, o pessoal da Agência Pública explica a importância da checagem de informações em meio ao aumento de notícias falsas na rede. O fact-checking é uma checagem de fatos, isto é, um confrontamento de histórias com dados, pesquisas e registros.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Se um político jura que nunca foi acusado de corrupção, há registros judiciais que irão atestar se é verdade. Se o governo diz que a inflação diminuiu, é preciso checar nos índices se isso realmente ocorreu. E se uma corrente diz que há um projeto de lei para cancelar as eleições, é preciso conferir nas propostas em tramitação se essa informação é real. O fact-checking é uma forma de qualificar o debate público por meio da apuração jornalística. De checar qual é o grau de verdade das informações. Reportagens do Buzzfeed e do The Guardian, por exemplo, mostraram que boa parte do conteúdo compartilhado na internet durante as últimas eleições nos Estados Unidos vieram de sites de notícias falsas. Situação semelhante aconteceu no Brasil na semana do impeachment de Dilma Rousseff. Saiba mais sobre o que é checagem na animação a seguir. A Agência Pública mantém um projeto de fact-checking, o Truco, desde 2014, com o objetivo de verificar frases de políticos e personalidades. Com isso, qualifica-se o debate público e aprimora-se a democracia. Sugestões de checagens podem ser enviadas para o nosso WhatsApp: (11) 96488-5119 ou para o e-mail truco@apublica.org. O fact-checking é uma checagem de fatos, isto é, um confrontamento de histórias com dados, pesquisas e registros. Se um político jura que nunca foi acusado de corrupção, há registros judiciais que irão atestar se é verdade. Se o governo diz que a inflação diminuiu, é preciso checar nos índices se isso realmente ocorreu. E se uma corrente diz que há um projeto de lei para cancelar as eleições, é preciso conferir nas propostas em tramitação se essa informação é real. O fact-checking é uma forma de qualificar o debate público por meio da apuração jornalística. De checar qual é o grau de verdade das informações. Reportagens do Buzzfeed e do The Guardian, por exemplo, mostraram que boa parte do conteúdo compartilhado na internet durante as últimas eleições nos Estados Unidos vieram de sites de notícias falsas. Situação semelhante aconteceu no Brasil na semana do impeachment de Dilma Rousseff. Saiba mais sobre o que é checagem na animação a seguir.   A Agência Pública mantém um projeto de fact-checking, o Truco, desde 2014, com o objetivo de verificar frases de políticos e personalidades. Com isso, qualifica-se o debate público e aprimora-se a democracia. Sugestões de checagens podem ser enviadas para o nosso WhatsApp: (11) 96488-5119 ou para o e-mail truco@apublica.org.

Leia mais »

A encenação da “Guerra-Espetáculo”

Como funciona a indústria da encenação da Guerra-Espetáculo, parte da máquina de guerra do imperialismo desde o fim da Guerra Fria aos dias atuais Na história da indústria da encenação, parte integrante do aparelho industrial militar do imperialismo, 1989 é um ano de virada. Nicolae Ceausescu ainda está no poder na Romênia. Como derrubá-lo? Os meios de comunicação ocidentais difundem de modo maciço, especialmente à população romena, informação e imagens do “genocídio” cometido em Timisoara pela polícia, por indicação de Ceausescu. 1. Os cadáveres mutilados. O que acontecera na realidade? Beneficiado pela análise de Debord sobre a “sociedade do espetáculo”, um ilustre filósofo italiano (Giorgio Agamben) sintetizou de modo magistral a história que estamos tratando aqui: “Pela primeira vez na história da humanidade, cadáveres sepultados ou alinhados sobre as mesas do necrotério foram desenterrados às pressas e torturados para simular frente às câmeras de vídeo um genocídio que devia legitimar o novo regime. O que o mundo viu ao vivo como verdade real, na tela da televisão, era a não verdade absoluta. Embora a falsificação fosse óbvia, ela todavia foi autenticada como verdadeira pelos meios de comunicação do sistema mundial, porque estava claro que agora a verdade não era senão um momento do movimento necessário do falso. Assim, a verdade e a mentira tornaram-se indiscerníveis e o espetáculo legitimava-se unicamente mediante o espetáculo. Timisoara é, neste sentido, a Auschwitz da sociedade do espetáculo: e como já foi dito que depois de Auschwitz é impossível escrever e pensar como antes, da mesma forma, depois de Timisoara não será mais possível ver uma tela de televisão do mesmo modo” (Agamben, 1996, p. 67). No ano de 1989 a transição da sociedade do espetáculo para o espetáculo como técnica de guerra manifestou-se à escala planetária. Algumas semanas antes do golpe de Estado, ou seja, da “revolução Cinecittà” na Romenia (Fejtö 1994, p 263), a 17 de Novembro de 1989, a “revolução de veludo” triunfava em Praga agitando uma palavra de ordem de Gandhi: “Amor e Verdade”. Na realidade, um papel decisivo coube à divulgação da notícia falsa de que um aluno fora “brutalmente assassinado” pela polícia. Vinte anos mais tarde o protagonista da manipulação, um “jornalista e líder da dissidência, Jan Urban”, revela satisfeito: a sua “mentira” havia tido o mérito de suscitar a indignação em massa e o colapso de um regime já periclitante (Bilefsky 2009). Algo semelhante acontece na China: em 08 de Abril de 1989, Hu Yaobang, secretário do PCC até há um par de anos, sofreu um enfarto durante uma reunião da Comissão Política e morreu uma semana depois. Para a multidão na Praça da Paz Celestial a sua morte está ligada ao duro conflito político verificado no decorrer naquela reunião (Domenach, Richer, 1995, p 550.), De qualquer modo ele se torna vítima do sistema que se tenta derrubar. Em todos os três casos, a invenção e a denúncia de um crime são chamados a suscitar a onda de indignação de que o movimento de revolta tem necessidade. Se se consegue o êxito completo na Checoslováquia e na Romenia (onde o regime socialista havia-se seguido ao avanço do Exército Vermelho), esta estratégia falhou na República Popular da China que brotou de uma grande revolução nacional e social. E, aqui é que tal fracasso se torna o ponto de partida de uma nova e mais maciça guerra midiática, que é desencadeada por uma superpotência que não tolera rivais ou potenciais rivais e que ainda está em pleno desenvolvimento. Fica definido que o ponto da virada histórica está em primeiro lugar em Timisoara, “a Auschwitz da sociedade do espetáculo”. 2. “O anúncio dos bebês” e o corvo marinho. Dois anos depois, em 1991, verificou-se a primeira Guerra do Golfo. Um corajoso jornalista norte-americano explicou como se deu “a vitória do Pentágono sobre a mídia”, ou seja, a “derrota colossal dos veículos de comunicação por obra do governo dos Estados Unidos” (Macarthur 1992, pp. 208 e 22). Em 1991, a situação não foi fácil para o Pentágono (nem para a Casa Branca). Tratava-se de convencer da necessidade da guerra um povo sobre o qual ainda pesava a memória do Vietnã. E então? Espertezas várias reduziram drasticamente a possibilidade de jornalistas falarem diretamente com os soldados ou reportarem diretamente a partir da frente de batalha. Na medida do possível, tudo deve ser filtrado: o fedor da morte e sobretudo o sangue, o sofrimento e as lágrimas da população civil não devem invadir as casas dos cidadãos dos EUA (e dos habitantes do mundo inteiro) como na época da guerra no Vietnã. Mas o problema central mais difícil de resolver era outro: como demonizar o Iraque de Saddam Hussein, que ainda há alguns anos era considerado digno aos olhos dos EUA, agredindo o Irã que brotara da revolução islâmica e anti-americana de 1979 e inclinado a fazer proselitismo no Oriente Médio. A demonização teria sido muito mais eficaz se ao mesmo tempo a sua vítima fosse angelical. Operação nada fácil, e não apenas pelo fato de no Kuwait ser dura e impiedosa a repressão de todas as formas de oposição. Havia algo pior. Para executar as tarefas mais humildes os imigrantes eram sujeitos a uma “escravatura de fato” e uma escravatura de fato que muitas vezes assumia formas sádicas: não despertou particular emoção casos de “servos arremessados a partir do terraço, queimados ou cegados ou espancados até a morte ” (Macarthur 1992, pp. 44-45). E ainda assim… Generosamente ou fabulosamente recompensada, uma agência de publicidade encontra remédio para tudo. Essa denunciou o fato de que os soldados iraquianos cortavam as “orelhas” dos kuwaitianos que resistiam. Mas o golpe de teatro desta campanha era outro: os invasores haviam irrompido num hospital, “removendo 312 bebês das suas incubadoras e deixando-os morrer no chão frio do hospital de Kuwait City” (Macarthur 1992, p 54). Proclamada repetidamente pelo presidente Bush, confirmado pelo Congresso, endossado pela imprensa de referência, e até mesmo pela Anistia Internacional, esta notícia tão horripilante, mas mesmo assim circunstanciada para indicar com precisão o número

Leia mais »

Narcotráfico e a nova guerra do ópio

“Apenas” 272 Toneladas de Crack foram apreendidas no Rio de Janeiro em 2016. De janeiro a maio de 2017 as apreensões aumentaram 72% em relação ao mesmo período em 2016. Agora vão imaginando p que passa em helicópteros, jatinhos… Nos anos 80, o General norte americano Paul Gorman, comandante de tropas americanas sediadas no Panamá, declarou: “O povo norte-americano deve compreender que nossa segurança e a de nossos filhos está ameaçada pelos cartéis latinos da droga que tem mais êxito subversivo nos EUA do que tudo o que vem de Moscou (…) Para empreender uma ação armada com qualquer fim, o lugar propício para encontrar dinheiro e fuzis é o mundo das drogas.” Em 1985, um grupo de investigadores da Intellience Review, publicou um livro intitulado NARCOTRÁFICO S.A. – A NOVA GUERRA DO ÓPIO”- recomendo a leitura. Disponível na Amazon, mas somente em inglês e espanhol, onde lemos a afirmação: “Os herdeiros da velha Companhia Britânica das Ìndias Orientais – a mesma monarquia britânica e algumas das mesmas casas bancárias – iniciaram a nova Guerra do Ópio, exatamente com o mesmo objetivo da primeira vez: saquear as nações, destruí-las e sobretudo manter o poder do império”. No Brasil, enquanto nos ocupamos, inútil e quixotescamente, com a invencível corja de ratos politicos, o povo, do topo à base da pirâmide, somos bucha de canhão em uma guerra assimétrica, que nos aterroriza e que nos faz reféns das drogas e das quadrilhas que se multiplicam, cooptando a infância e a juventude, destruindo famílias e matando mais gente de fome, doença, tiroteios, assaltos e acidentes de trânsito, que em guerras declaradas. PS.1.E ainda há inocentes que acreditam que um apocalipse dessa dimensão pode ser resolvido com pena de morte e Polícia. Os policiais são heróis, mas não podem fazer milagres. PS.2. O nome George Soros não ficaria estranho nesse texto. E o mantra é simples na seara da ciência econômica; sem demanda não há oferta.

Leia mais »