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J.G. de Araújo Jorge – Versos na tarde – 17/07/2017

Canção do meu abandono J. G. de Araújo Jorge ¹ Não, depois de te amar não posso amar ninguém! Que importa se as ruas estão cheias de mulheres esbanjando beleza e promessa ao alcance da mão? Se tu já não me queres é funda e sem remédio a minha solidão. Era tão fácil ser feliz quando tu estavas comigo! Quantas vezes, sem motivo nenhum, ouvi o teu sorriso rindo feliz, como um guiso em tua boca? E todo momento mesmo sem te beijar eu estava te beijando: com as mãos, com os olhos, com os pensamentos, numa ansiedade louca! Nossos olhos, meu Deus! nossos olhos, os meus nos teus, os teus nos meus, se misturavam confundindo as cores ansiosos como olhos que se diziam adeus… Não era adeus, no entanto, o que estava em teus olhos e nos meus, era êxtase, ventura, infinito langor, era uma estranha, uma esquisita, uma ansiosa mistura de ternura com ternura no mesmo olhar de amor! Ainda ontem, cada instante era uma nova espera… Deslumbramento, alegria exuberante e sem limite… E de repente, de repente eu me sinto triste como um velho muro cheio de hera embora a luz do sol num delírio palpite! Não, depois de te amar não posso amar ninguém! Podia até morrer, se já não há belezas ignoradas quando inteira te despi, nem de alegrias incalculadas depois que te senti… Depois de te amar assim, como um deus, como um louco, nada me bastará, e se tudo é tão pouco… … eu devia morrer… Concerto a 4 mãos- 1959 José Guilherme de Araújo Jorge * Tarauacá, AC. – 20 de Maio de 1914 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 27 de Janeiro de 1987 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Malhando em ferro frio.

 Sei ser impossível moldar corações e mente. Mas, também, meu ofício é instigar. Um facínora, que é o Líder do governo Temer na Câmara, o depufede Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), compra políticos e partidos para alterar a “Lei das Delações Premiadas”. A intenção dos governistas é a de empurrar as novas regras sobre delação para dentro do Código de Processo Penal, cuja modificação está sendo debatida na Câmara. Presidente da comissão que trata da revisão do código, o deputado Danilo Forte (PSB-CE) já manifestou a intenção de endurecer as regras das delações. Fala em limitar também as conduções coercitivas de investigados.   Espero que nas próximas eleições a população use a única arma que tem contra estes bandidos travestidos de políticos, em todos os níveis – corruptos todos o são, por associação, conveniência, convivência e omissão – , que estão fazendo de tudo para se livrarem das punições da forma mais descarada possível. Que a população vote consciente – sim, também padeço de delírios utópicos – e expulse esta máfia que comandam nosso país.   Essa legislatura que não tem estatura ética, e moral e esses deputados que propõe essa aberração de proposta, está na contramão de qualquer brasileiro com “bom senso” esses caras deveriam estar escondidos em seus gabinetes de preferência embaixo de suas respectivas mesas.   Legislar em prol do crime organizado. Só nesse maldito país onde bandidos canalhas são os próprios legisladores. A despeito das projeções, eu quero ver se Temer terá dinheiro pra comprar, na Câmara, o restante dos votos de que tanto precisará.   É o que o Caetano cantou em “Sampa”, em minha livre interpretação – é o avesso do avesso. Tem que existir algum parâmetro nos benefícios destas delações. Vejam o caso do doleiro Youseff que foi condenado para cumprir pena de 120 anos, e com o acordo de delação irá cumprir apenas três anos.   O fato é que se tirou uma Presidente eleita, com a acusação de crime de responsabilidade – e é crime para impeachment mesmo – com o argumento político de que a economia iria melhorar. Piorou. Perdemos direito, Estados quebraram, até em reserva ambiental esses canalhas vão mexer, na lei da delação não será diferente. Foi fácil colocar esta “Orcrim” no Planalto, mas para tirar vai ser difícil. O povo não reage.

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Bactérias armazenarão dados

Cientistas transformam DNA de bactérias em ‘HD natural’ para armazenar informações Cientistas americanos inseriram um gif – cinco quadros de um cavalo correndo – no DNA de uma bactéria Direito de imagemNIH/NATIONAL INSTITUTE OF MENTAL HEALTH O DNA tem o maior potencial de armazenamento de dados que se conhece: na teoria, é possível guardar até 455 exabytes (o equivalente a 100 bilhões de DVDs) em apenas um grama dele. Agora, um grupo de cientistas conseguiu aproveitar esse potencial para guardar imagens e vídeos no DNA de bactérias E.coli com uma precisão de 90%. A ideia é “programar” bactérias como equipamentos de gravação para que elas viajem pelo sangue e armazenem informações por um tempo. Depois disso, os cientistas poderiam extraí-las e examinar seu DNA para ver o que elas “anotaram”. É como se esses organismos fizessem um filme de processos biológicos do corpo. Por meio de uma ferramenta de edição de genoma conhecida como CRISPR, cientistas americanos inseriram um gif de cinco quadros de um cavalo correndo no DNA de uma bactéria. Algo semelhante a um processo de “copiar e colar”. A equipe então viu que os micróbios de fato incorporaram os dados como o previsto. Os resultados foram publicados na revista Nature. Transferência Para o experimento, a equipe da Universidade Harvard usou uma imagem de uma mão humana e cinco quadros do cavalo Annie G, registrados no final do século 19 pelo pioneiro britânico da fotografia Eadweard Muybridge. Para inserir essa informação nos genomas da bactéria, os pesquisadores transferiram a imagem e o vídeo nos nucleotídeos (blocos construtores do DNA), produzindo um código relacionado aos pixels de cada imagem. Os pesquisadores então usaram a CRISPR, uma técnica de engenharia genética que permite que você “copie e cole” informações digitais diretamente no DNA de um organismo vivo – no caso do experimento com as bactérias E. coli, através de duas proteínas. À esq., a imagem original, e à dir., a reconstituída no DNA da bactéria Direito de imagemSETH SHIPMAN As bactérias usam a versão “natural” dessa técnica (seu sistema de defesa) para guardar informações sobre os vírus que encontram. E esse funcionamento foi “hackeado” pelos cientistas para permitir uma edição mais ampla do genoma. Como os dados são inseridos nos genomas das bactérias, eles são passados de geração para geração – o que pode provocar mutações também. Os organismos armazenam uma informação seguida da outra, o que permite que se leia uma sequência de eventos na ordem em que eles foram coletados. Cientistas já traduziram até sonetos de Shakespeare em DNA – mas esta é a primeira vez em que se cria uma “biblioteca viva” com essa técnica. Quadro a quadro Para fazer o gif, as sequências foram inseridas nas células das bactérias, quadro por quadro, durante cinco dias. Os dados foram espalhados pelos genomas de várias bactérias, em vez de apenas uma, explica Seth Shipman, coautor do experimento. “A informação não está contida em uma única célula, cada uma consegue ver apenas alguns pedaços do vídeo. O que tivemos que fazer foi reconstruir o vídeo inteiro a partir de partes diferentes”, disse Shipman à BBC. “Talvez uma única célula visse alguns pixels do primeiro quadro e alguns pixels do quadro quatro. Então tivemos que olhar para a relação de todos esses pedaços de informação nos genomas dessas células vivas e dizer: podemos reconstruir o vídeo inteiro com o passar do tempo?” Para “ler” a informação de novo, os cientistas fizeram o sequenciamento do DNA da bactéria e usaram códigos customizados de computador para desembaralhar a informação genética, criando as imagens. A equipe conseguiu uma precisão de 90%. “Nós ficamos muito felizes com o resultado”, disse Shipman. Gravadores vivos No futuro, a equipe quer usar essa técnica para criar “gravadores moleculares”. Shipman diz que essas células podem “codificar informações sobre o que está acontecendo na célula e no ambiente celular ao escrever essa informação em seu próprio genoma”. É por isso que os pesquisadores usaram imagens e um vídeo: imagens porque elas representam o tipo de informação complexa que a equipe gostaria de usar no futuro, e o vídeo por causa do componente rítmico. O ritmo é importante porque será útil acompanhar as mudanças em uma célula e em seu ambiente com o passar do tempo. Talvez no futuro seja possível extrair bactérias e ver o que deu errado no corpo quando ficarmos doentes – como acontece com a caixa-preta de um avião que passou por uma pane.

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O PT não deixará herdeiros

‘Nunca haverá um novo PT’, diz especialista americana Reforma que mudasse o nome do partido ou criasse ramificações o tornaria “irreconhecível” e “igual aos outros”, diz Hunter Direito de imagemEPA O lugar do Partido dos Trabalhadores na política brasileira não será ocupado após os escândalos de corrupção envolvendo o partido. Nem o próprio PT pode retomá-lo, nem esse espaço se apresenta viável a outras siglas nesse momento. É o que diz Wendy Hunter, professora da Universidade do Texas e especialista em política da América Latina. “Os elementos que formaram o PT – a organização durante a Ditadura, a relação única com suas raízes, o líder carismático, a oposição ao neoliberalismo durante os anos 1990 – dificilmente se reunirão em um só partido novamente”, afirma à BBC Brasil. “Pode haver partidos surgindo com líderes populares, mas o PT precisou de três décadas para criar a organização que criou.” De olho nos acontecimentos recentes no país, Hunter falou à BBC Brasil por e-mail, durante as férias, no Quênia. Autora do livro The Transformation of the Workers’ Party in Brazil, 1989-2009 (A Transformação do Partido dos Trabalhadores no Brasil, em tradução livre), ela diz que uma reforma completa do PT neste momento só poderia ocorrer com o partido fora do poder. Em sua opinião, caso Lula vença o pleito de 2018, isso não ocorreria, portanto. Hunter analisa que a falta de uma agenda econômica que ofereça respostas factíveis à crise econômica e da adoção de temas que possam galvanizar apoio entre eleitores descrentes são dois fatores que aprofundam as dificuldades eleitorais do partido e da esquerda em todo o continente. “O discurso da redistribuição de riqueza não pode se concretizar realmente em meio à crise econômica”, afirma. Confira os principais trechos da entrevista: BBC Brasil – Qual a Sra acha que será o impacto da condenação de Lula para o PT – mesmo que ela não necessariamente signifique prisão para o ex-presidente? Wendy Hunter – Não tenho dúvidas de que vai prejudicar o PT eleitoralmente, num momento em que o partido já está sofrendo com o sentimento de antipetismo. Dilma (Rousseff) venceu a eleição em 2014 por uma margem pequena, e isso aconteceu quando a economia estava melhor e quando as acusações envolvendo os políticos do PT ainda não estavam tão avançadas. Agora, qualquer pessoa que votava no PT tem razões para estar contra o partido. BBC Brasil – Mesmo com a continuação do tumulto político no Brasil, tanto os movimentos de esquerda quanto os de direita têm tido dificuldades de convocar pessoas para as ruas, como vinham fazendo nos últimos anos. O PT, por exemplo, ainda não conseguiu organizar um protesto expressivo após a condenação de Lula. O que isso diz sobre o estado do discurso político no país? Wendy Hunter – Não é só um sinal de como está o humor político do país em geral, mas também uma prova de que os militantes do PT não vão conseguir salvar o dia dessa vez. A base do PT não é o que costumava ser, nem o apoio periférico ao partido. O PT conseguiu tantos cargos majoritários (presidente, governadores, prefeitos em cidades com mais de 200 mil habitantes) não só por causa de sua base, mas porque o partido conseguiu conquistar eleitores e apoiadores esporádicos. Estes também estão diminuindo rapidamente. Segundo pesquisadora, esforços para voltar politicamente não costumam funcionar para líderes latino-americanos BBC Brasil – Pode haver um novo Partido dos Trabalhadores no Brasil? Quem seria o candidato mais provável para ocupar este lugar? Wendy Hunter – Nunca haverá um “novo PT”. Não há nenhum partido agora que consiga ocupar este lugar, com a mesma capilaridade de rede que o PT conseguiu construir no país. Pode haver partidos surgindo com líderes populares, mas o PT precisou de três décadas para criar a organização que criou. Nenhum outro partido tem este nível de organização e nenhum outro pode construi-la em pouco tempo. Os elementos que formaram o PT – a organização durante a Ditadura, a relação única com suas raízes, o líder carismático, a oposição ao neoliberalismo durante os anos 1990 – dificilmente se reunirão em um só partido novamente. BBC Brasil – É possível que o PT passe por uma reforma ou mesmo mude de nome para “recomeçar” depois destes escândalos? Wendy Hunter – Uma reforma completa será difícil, mas só pode acontecer se o PT estiver fora do poder. Se um grupo de petistas se ramificar e começar um novo partido, isso mostraria que o PT se normalizou completamente, já que essa é a história de tantos outros partidos brasileiros – que não deixaram suas raízes de uma maneira orgânica, mas só se separaram de outros grupos de elite. Pense em todos os outros partidos que seguiram o mesmo caminho: PFL (atual DEM), PSDB, etc. BBC Brasil – Qual, na sua opinião, será o futuro da esquerda no Brasil? Wendy Hunter – Entre outras coisas, não é um bom momento para a esquerda porque o discurso da redistribuição de riqueza não pode se concretizar realmente em meio à crise econômica. Por exemplo, o aumento do salário mínimo que aconteceu durante a administração do PT não pode mais ocorrer. E as pessoas esperam mais (do governo), já que nos últimos anos elas tiveram melhoras. A famosa classe C não vai ficar contente com sua posição atual. Estudos psicológicos mostram que as pessoas se acomodam rapidamente a seus ganhos, movem sua referência para uma posição mais alta e esperam mais. A esquerda não vai conseguir entregar isso. Nem a direita, mas isso é outra história – a direita pode tentar entregar isso ou prometer isso em campanhas focando em assuntos como segurança pessoal, por exemplo. Uma das principais “questões unânimes” que o PT usou bem foi a da transparência e governo honesto. Muitos eleitores de classe média votaram no partido por isso. Agora é bem mais difícil acreditar nisso. O ambientalismo pode ser outra dessas ideias, mas não deve atrair muitos eleitores que estão tendo dificuldade de colocar comida na mesa. A segurança pessoal, outro assunto forte, não é um

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