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Brecht – Versos na tarde – 20/06/2017

Refletindo sobre o inferno Brecht¹ Refletindo, ouço dizer, sobre o inferno Meu irmão Shelley achou ser ele um lugar Mais ou menos semelhante a Londres. Eu Que não vivo em Londres, mas em Los Angeles Acho, refletindo sobre o inferno, que ele deve Assemelhar-se mais ainda a Los Angeles. Também no inferno Existem, não tenho dúvidas, esses jardins luxuriantes Com as flores grandes como árvores, que naturalmente fenecem Sem demora, se não são molhadas com água muito cara. E mercados de frutas Com verdadeiros montes de frutos, no entanto Sem cheiro nem sabor. E intermináveis filas de carros Mais leves que suas próprias sombras, mais rápidos Que pensamentos tolos, automóveis reluzentes, nos quais Gente rosada, vindo de lugar nenhum, vai a nenhum lugar. E casas construídas para pessoas felizes, portanto vazias Mesmo quando habitadas. Também as casas do inferno não são todas feias Mas a preocupação de serem lançados na rua Consome os moradores das mansões não menos que Os moradores dos barracos ¹Eugen Berthold Friedrich Brecht * Augsburg, Alemanha – 10 de Fevereiro de 1898 + Berlim, Alemanha – 14 de Agosto de 1956 Conheça a Biografia de Brecht [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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Tio Sam e o Programa Nuclear do Brasil

Enquanto o país é “ocupado” com quadrilhas e quadrilheiros, analistas e mídia deixam passar em branco, o Brasil lidera a capacidade de geração nuclear entres os países vizinhos da América do Sul. Para a turma do “Big Stick”, isso pode Arnaldo? Envolveram o Almirante Othon em propina de R$1Milhão. Hahahaha! Bobinhos. Enquanto discutem sobre o guabiru do porão do Jaburu, “o fumo vai entrando.” O valor de R$1 Milhão (valor aproximado que ele supostamente teria embolsado) não compra uma Franquia do McDonald, mas desmonta a base de programa Nuclear Brasileiro. E 43 anos de prisão do Físico Nuclear Brasileiro Almirante Otho – preso pela Lava Jato, é o maior responsável por uma das maiores descobertas científicas brasileiras – como poucos no Mundo. Tem algo de podre nessa condenação do Juiz Sérgio Moro.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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Temer, Corrupção e reformas

Temer e seu grupo de corruptores e corrompidos não têm condições de conduzir reformas Foto: Beto Barata/PR, via Fotos Públicas  Temer não tem condições de conduzir reformas nem “reformas” por Janio de Freitas, na Folha de S. Paulo, em 18/06/2017 O Brasil está sendo cobra­do pela ONU por pretender, com “reformas” das leis trabalhistas e de aposentadoria, transgre­dir o compromisso interna­cional, do qual é signatário, de não fazer qualquer retro­cesso em legislação de fins sociais e em direitos da pessoa.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Já sob cobranças por violação de direitos humanos, o Brasil curva-se à nova desonra com uma peculiaridade: a transgressão vem de um governo sob acusações de delinquência que in­cluem, além de grande parte do Congresso, o próprio ocupante da Presidência da República. Tudo muito coe­rente. Michel Temer conta com as duas “reformas” para rece­ber do poder empresarial o apoio que o mantenha no Planalto até o fim de 2018. Até agora, nenhuma das gravações e acusações aba­lou esse apoio. É o que o PSDB, na condição de repre­sentante político das classes mais favorecidas, confirma com sua recente decisão de continuar aliado a Temer e inte­grante do governo. Falada inúmeras vezes, a pressa governista de aprovar as “reformas” é falsa. O Planalto não se move para isso. E seus parlamentares, ou se refe­rem a dificuldades na ban­cada governista, ou tapeiam com uma atividade inócua. Esticar no tempo é esticar o apoio do poder privado. Quem pensar a sério na re­lação entre essas “reformas” e a situação atual do país, não pode fugir à obviedade simples e forte: Temer não tem condições de conduzir reformas nem “reformas”. Sejam condições intelec­tuais, políticas, morais, e quaisquer outras. É só um fantoche. À espera de que alguém conte os seus feitos ou os silencie por dinheiro. O Congresso, com mais de uma centena de deputados e senadores pendurados na Lava Jato, não tem condi­ções de examinar, discutir, aprimorar e votar projeto algum que tenha implicações mais do que superficiais. Está demonstrado na combinação do projeto do governo com as contribuições de parlamen­tares. Coisas assim: acordos entre o patronato e empre­gados poderiam desrespeitar e sobrepor-se às leis. Isso é tão ilegal, obtuso e de tamanha sem-vergonhi­ce, que dificulta imaginar-se sua origem em gente de go­verno e do Congresso. E não é um, não são dois, ou pou­cos, comprometidos com a criação delirante. Com cada uma delas. São muitos. No plano da intenção de­sumana, mesmo a mais sim­plória das medidas propos­tas representa o conjunto numeroso. É a redução do tempo vago a título de al­moço, de uma para meia ho­ra. Ninguém leva uma hora comendo. O desatino dos proponentes da redução desconhece que a hora é também para descanso, ao fim de quatro horas de tra­balho e antes de mais qua­tro. Não é preciso lembrar do trabalho operário: as quatro horas de pé dos vendedores de lojas fala de uma exaustão que centenas de deputados e senadores ja­mais sentiram. E se o expediente total não se altera, seja o das atuais oito horas ou das doze propostas, retirar meia hora de descanso não muda o tempo de atividade laboral. A redução do alegado almoço é só uma mani­festação a mais da nostalgia escravocrata. O projeto governamental de “reforma” da Previdên­cia, por sua vez, estava tão carregado de arbitrariedades e desprezo por seres huma­nos, no original do ministro da Fazenda, que foi estraça­lhado por cortes – sem, no entanto, tornar-se inteligen­te e com alguma sensatez. Não é preciso acrescentar leviandade alguma às que mantêm a crise. E a agra­vam a cada dia. Os dois te­mas das “reformas” não in­teressam só ao governo e à visão patronal. Revolvem a vida de uns 150 milhões de brasileiros. Ou mais. E isso não é coisa para ser mani­pulada por Michel Temer e seu grupo de políticos, la­ranjas, intermediários, cor­ruptores e corrompidos.

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Ballet – Brasil – Arte – Dança

O ‘grito de socorro’ da bailarina sem salário em seu adeus ao Brasil Há exatos dez anos, Márcia Jaqueline realizava seu grande sonho: tornar-se primeira-bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, uma das principais instituições culturais do país. Foram anos de esforço até que ela conseguisse umas das posições de maior destaque do corpo de baile.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] “Depois que eu entrei, o meu sonho era terminar a minha carreira aqui”, diz Márcia, que começou a dançar no teatro aos 14 anos. Hoje, aos 35, ela se vê forçada a mudar de planos. No fim do ano passado, Márcia foi convidada a fazer parte do Salzburg Ballet, na Áustria. Sem perspectiva de que as condições de trabalho aqui melhorem no curto prazo, ela decidiu deixar o país. O Theatro Municipal é administrado pelo Estado do Rio, que passa por uma grave crise econômica. Os mais de 530 funcionários ativos, incluindo cerca de 200 artistas, não têm previsão de quando vão receber a totalidade do salário de abril, que começou a ser pago em parcelas nesta semana, nem o de maio ou o 13º do ano passado. A crise financeira pela qual passa o governo estadual também afeta servidores de outros setores, como saúde, segurança e defesa civil. Na Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), técnicos e professores estão com os salários atrasados. Nesta semana, a gestão Luiz Fernando Pezão (PMDB) afirmou que os pagamentos devem estar em dia em um prazo de 45 dias. O corpo de baile estava sem dançar desde o início do ano. Agora, os bailarinos decidiram se unir à Orquestra Sinfônica e ao coro do teatro para quatro apresentações de Carmina Burana, famosa cantata composta pelo alemão Carl Orff na década de 30 do século passado. “Trazer esta obra, neste momento, é um grito de socorro”, explica Márcia. Ela conta que artistas passaram a vender quentinhas e dirigir pelo aplicativo Uber para sobreviver. Há casais de artistas em que ambos estão sem receber, e muitos têm de escolher as contas que conseguem pagar no mês. “A gente está dançando para arrecadar feijão e arroz, porque famílias não têm o que comer”, diz a bailarina. Já foram doadas mais de 8 toneladas de alimentos, distribuídas como cestas básicas para os funcionários do teatro. Carmina Burana será o último espetáculo da primeira-bailarina antes de deixar o Brasil, no fim de julho. Como a profissão exige muito do corpo, Márcia explica que bailarinos costumam ter carreira curta. No auge da forma, ela diz que não pode ficar estagnada. A bailarina tirou uma licença não remunerada de dois anos, renovável por mais dois, para poder seguir dançando fora do país. “Eu batalhei tanto para chegar até aqui e não podia, neste momento, desanimar”, ela explica. “Mas eu quero voltar e fechar o meu círculo, porque aqui eu comecei e quero terminar aqui.” O espetáculo Carmina Burana será apresentado nos dias 15, 17, 18 e 20 de junho no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Video e reportagem: Ana Terra Athayde

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Quando a solidão vira rotina

Solidão em tempos modernos Aplicativos de namoro como o Tinder são cada vez mais populares Pular de encontro para encontro com ajuda de um app, optar pela vida “single”, casar consigo mesmo. A solidão faz parte da vida moderna e, se for passageira, pode até fazer bem. O problema começa quando ela vira rotina.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Verena* está se arrumando para mais um encontro. Após 19 primeiros encontros, ela parte para o 20º candidato. A advogada, que vive em São Paulo, tem 34 anos e está solteira há seis. Ela marcou o encontro num parque da cidade e saiu do escritório a tempo de ver o pôr do sol com seu match. Sim, ela o conheceu num aplicativo de namoro. Sugeriu o parque porque os outros 19 encontros aconteceram em barzinhos ou em restaurantes. Queria algo diferente. “Quem sabe ajuda?”, pensou. A advogada tem um bom círculo de amigos, eventualmente sai para dançar, vê a família regularmente nos almoços de domingo, mas, no fundo, está triste. Uma tia já perguntou se ela é lésbica. “Qual o seu problema, menina?”, questionou. Ela mesma se pergunta se é feia, se é muito exigente, o que pode fazer para melhorar. Ela tem medo de morrer sozinha, de ficar “para titia”. Psicólogos da Universidade de Chicago estudaram o que acontece com pessoas que se sentem sozinhas de forma permanente. John Cacciopo, professor do Centro de Neurociências Cognitivas e Sociais, e mais dois colegas examinaram 230 pessoas ao longo de onze anos. No início do estudo, essas pessoas tinham entre 50 e 68 anos de idade e, ao fim, entre 61 e 79 anos. No estudo, publicado na revista especializada Personality and Social Psychology Bulletin, ficou comprovado que as pessoas se tornaram egocêntricas por permanecerem sozinhas durante tantos anos. Quem se sente solitário e tem poucos relacionamentos gratificantes acaba por se concentrar em si mesmo. Os psicólogos também descobriram que, ao contrário, aqueles que já no início do estudo eram mais egocêntricos do que os outros, se sentiam frequentemente ainda mais sozinhos anos depois. “Quem se concentra muito em si corre o risco de ficar preso no sentimento de solidão no longo prazo. E o solitário tende a girar mais e mais em torno de si com o passar do tempo. É um círculo vicioso”, concluíram os pesquisadores. Os psicólogos deixaram claro que, em princípio, a solidão não é algo negativo, desde que não dure muito tempo. Do ponto de vista evolutivo é até bom se sentir sozinho. Assim como a dor física sinaliza que a pessoa deve cuidar do seu corpo, o sentimento de solidão alerta que a pessoa precisa cuidar de suas relações sociais. O problema começa quando a solidão se estabelece na vida da pessoa. Em seus estudos em diferentes países, Cacciopo descobriu que, em média, cerca de 30% a 40% das pessoas se sentem sozinhas. A população de solteiros nos Estados Unidos é hoje 30% maior do que em 1980. No Brasil, o número de pessoas morando sozinhas não é tão alto, mas também cresceu. Segundo dados do IBGE, em 2005 cerca de 10% dos lares brasileiros abrigavam pessoas vivendo sozinhas. Em 2015, esse número saltou para 14,6%. A região metropolitana com maior proporção de pessoas morando sozinhas em 2015 era Porto Alegre, com 19,3% dos lares. Em seguida, vinha a região metropolitana do Rio de Janeiro, com 19%. São Paulo aparece com 14,9%. Subir ao altar sozinha Em meio a esse contexto, vem ganhando força a chamada sologamia, o casamento consigo mesmo. O número de mulheres que vêm dizendo “sim” a si mesmas está aumentando consideravelmente nos EUA e no Japão. Nos Estados Unidos, a moda de jurar amor eterno por si mesmo já existe há alguns anos, mas vem se intensificando. No país asiático, mulheres solteiras ainda não são consideradas membros plenos da sociedade. Até por isso, muitas pagam o equivalente a 7 mil reais para casar consigo mesmas. Em geral, mulheres que se dedicaram aos estudos e à profissão, mas que sonhavam em um dia se casar, se vestem de branco, sobem ao altar de braço dado com o pai e, finalmente, colocam uma aliança na mão esquerda. Mas, em tempos de inflação de dates pelo Tinder, não há um noivo ao lado delas. O solo wedding ainda não é reconhecido nem pela igreja nem pelo cartório, mas, para mulheres que vivem com o estigma de não terem sido “escolhidas”, esta é uma maneira de lutar contra o patriarcado e as convenções sociais. “As pessoas estão medrosas e cansadas” O filósofo Luiz Felipe Pondé afirma que a sociedade sempre inventa uma moda para dar um título a um comportamento. “À dificuldade de partilhar a vida com uma pessoa, agora se dá o nome de single. Não é mais solteiro ou sozinho, é single”, aponta. “Para viver com alguém, você tem de fazer concessões, precisa ser corajoso, tem de investir na pessoa com todos os riscos que o ‘investimento’ traz. E as pessoas estão medrosas e cansadas.” Quanto ao casamento consigo mesmo, Pondé é taxativo: “Chegamos ao cúmulo da entropia afetiva da humanidade.” O filósofo vê nessa ritualística algo muito pior do que alguém exigir o direito de casar com seu cachorro. “Porque pelo menos o cachorro é outro ser vivo. Casar consigo mesmo é mais ou menos o direito de me declarar klingon, raça de alienígenas da série Star Trek”, critica. “Hoje, as pessoas querem dizer que escolhem o sexo, a raça, assim como escolhem o desodorante. Tem gente que diz que é de outro planeta. Eles estão em missão na Terra e querem ser reconhecidos como tal. É o transgênero, o transracial e o transplanetário. Agora existe a pessoa que exige o direito de casar consigo mesmo”,diz. Verena ainda não pensa no autocasamento. Ela ficou animada após seu mais recente encontro amoroso. A conversa fluiu, os dois riram bastante. Ele era bonito, eles se beijaram, e o beijo foi bom. Mas ele não escreveu depois. Ela, então, mandou um whatsapp: “Gostei muito de te conhecer.” E ele respondeu um dia depois: “Eu também, muito obrigada pela tarde

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Tecnologia – Cabo Submarino

Como trabalham as pessoas e os robôs que consertam os cabos da internet ocultos sob o mar Os cabos são instalados no fundo do mar, mas os reparos são feitos a bordo de navios especiais e com ajuda de robôs – Direito de imagem DR K. COLLINS/SOUTHAMPTON UNIVERSITY O rompimento de um cabo submarino de internet é algo imprevisível. Alguns podem passar anos sem nenhum dano. Outros, contudo, acabam sofrendo rasgos em poucos meses.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Nesse emaranhado de cerca de 300 cabos que nos conectam à rede nas profundezas aquáticas – alguns submersos a mais de 8,5 km – nem todos estão expostos a danos na mesma proporção. “Nosso cabo TGN-Atlantic, que conecta o Reino Unido com os Estados Unidos – tem 13 mil km de extensão, o equivalente a 136 mil piscinas olímpicas -, não sofreu nenhuma falha desde 2013“, afirma John Hayduk, chefe de operações da empresa indiana Tata Communications, responsável pela maior rede de cabos submarinos do mundo, que engloba 25% das rotas do planeta. “É uma façanha de engenharia coordenar a conectividade desses cabos diariamente e encontrar localizações adequadas para eles”, afirma o especialista. Mas pode haver complicações. “No fundo do oceano há montanhas, vales profundos, áreas lamacentas e terrenos irregulares“, diz Kersti Klami, diretora de comunicação da Tata. “É importante encontrar locais para cabos submarinos que sejam os mais planos possíveis. Evitar, por exemplo, barreiras de coral. Em zonas de pesca e navegação, o cabo é enterrado no fundo do mar para evitar danos com âncoras”, acrescenta. Estação de cabos no Reino Unido da Tata Communications, que possui 25% das rotas de internet do planeta – Direito de imagemTATA COMMUNICATIONS “Ainda assim, às vezes as coisas dão errado e os cabos se danificam. É quando enviamos um navio especial de reparos.” A operação não é simples. Trata-se de um trabalho conjunto entre homem e máquina, muitas vezes a milhares de metros abaixo do mar, condição em que precisão e técnica são fundamentais. Inimigos dos cabos “Produtos de navegação, como equipamentos de pesca que se enroscam nos cabos ou âncoras que se arrastam com eles, são as causas mais comuns de rompimentos”, afirma John Manock, editor da SubCableWorld, publicação da Technology Systems Corporations, empresa de comunicação baseada na Flórida e especializada en tecnologia marítima. Um relatório de 2015 do Comitê Internacional de Proteção de Cabos (ICPC, na sigla em inglês) apontou que operações marítimas respondem por 65% a 75% dos danos nos cabos. “A atividade sísmica também pode provocar estragos, especialmente em áreas de alta atividade, como o círculo de fogo do Pacífico, mas não representa nem 10% das ocorrências”, afirma Manock. Âncoras respondem por boa parte dos danos a cabos submersos de comunicações Direito de imagemZENA HOLLOWAY/GETTY IMAGES Manock diz que é um equívoco associar esses danos a mordidas de tubarões. Segundo ele, o ICPC afirma que esses casos não representam nem 1% dos casos registrados entre 1959 e 2006. “Causas habituais incluem terremotos e âncoras perto da costa, em regiões de rotas pesqueiras”, concorda Hayduk. Mas como é possível identificar danos em um cabeamento submarino? “Uma mudança repentina na voltagem indica que algo está errado. É preciso muita eletricidade para ligar o sinal que coordena os dados transportados pelos cabos e que permite o funcionamento da internet”, explica Hayduk. “Quando um cabo está partido, ele entra em contato com o mar, o que causa essa variação súbita na voltagem.” Quando algo assim ocorre, é preciso atuar com urgência. “Se o cabo não foi completamente cortado, o tráfego de internet é redirecionado a outro sistema de cabos, e muitas vezes os usuários nem percebem o problema”, afirma o chefe de operações da Tata. O cabo TGN-Atlantic viaja pelo oceano do Reino Unido aos EUA transportando dados de internet a cerca de 200 mil metros por segundo Direito de imagemTATA COMMUNICATIONS Enquanto isso, as operações de reparo ocorrem dentro e fora d’água. Homem e máquina “Consertar um cabo estragado pode levar dias. Em primeiro lugar é preciso identificar o dano. Depois envia-se o navio de reparos. O mau tempo pode atrasar essas operações”, explica Manock. John Hayduk, da Tata, diz que a empresa costuma levar duas semanas nessas operações – mas o prazo pode se estender por até dois meses caso a ocorrência seja no meio do oceano e causada por terremoto. Disponibilidade de navios, prazos para obter permissões, distância da ocorrência, tempo para identificação do problema e clima são fatores que influenciam a duração dos reparos, afirma Alan Mauldin, diretor de pesquisa da consultoria de telecomunicações americana TeleGeography. “O cabo não costuma ser reparado dentro da água – é trazido ao barco para os consertos”, afirma. E o processo dependerá do tipo de dano sofrido pelo material. “Para encontrar a parte danificada são feitas medições nos extremos do cabo. Quando o navio chega, o processo leva em geral um dia, mas não é sempre assim”, afirma o historiador tecnológico Bill Burns. A disponibilidade de navios para reparos é chave na agilidade dos processos Direito de imagemBORIS HORVAT/AFP/GETTY IMAGES Todo é coordenado por robôs – ou ROVs (veículos submarinos operados remotamente, na sigla em inglês). “Eles são empregados para manipular os cabos em oceanos pouco profundos, e apenas para retirá-los, não para consertá-los sob a água”, afirma Burns. Segundo o historiador, apenas operadores humanos embarcados podem proporcionar a precisão e o cuidado necessários ao trabalho. “Em águas mais profundas há cabos que estão no mesmo lugar há 160 anos. Os ROVs podem ser usados para localizar a parte danificada. Baixa-se uma pequena âncora em uma corda grossa, que se arrasta em direção ao cabo até se enganchar a ele”, detalha. Para o conserto, é preciso cortar o pedaço danificado e colocar uma nova peça, numa espécie de remendo. “Isso demanda um trabalho coordenado entre robôs e humanos”, dizHayduk. “A equipe a bordo do navio insere a parte nova e deopis o robô volta ao fundo do mar e a conecta ao extremo do cabo, que em seguida é enterrado novamente sob o leito oceânico.” Robôs marinhos são

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