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Brecht – Versos na tarde – 18/06/2017

Precisamos de você Brecht¹ Aprende – lê nos olhos, lê nos olhos – aprende a ler jornais, aprende: a verdade pensa com tua cabeça. Faça perguntas sem medo não te convenças sozinho mas vejas com teus olhos. Se não descobriu por si na verdade não descobriu. Confere tudo ponto por ponto – afinal você faz parte de tudo, também vai ao barco, “aí pagar o pato, vai pegar no leme um dia. Aponte o dedo, pergunta que é isso? Como foi parar aí? Por quê? Você faz parte de tudo. Aprende, não perde nada das discussões, do silêncio. Esteja sempre aprendendo por nós e por você. Você não será ouvinte diante da discussão, não será cogumelo de sombras e bastidores, não será cenário para nossa ação ¹Eugen Berthold Friedrich Brecht * Augsburg, Alemanha – 10 de Fevereiro de 1898 + Berlim, Alemanha – 14 de Agosto de 1956 Conheça a Biografia de Brecht [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]  

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Corrupção – Mantega vendia informações privilegiadas

Tutti buona gente – ‘Italiano’ revela que Mantega vendia informações sobre juros e câmbio a bancos, diz Palocci MANTEGA, LULA E PALOCCI, NOS TEMPOS DE “BONANÇA” E VENDA DE INFORMAÇÕES PRIVILEGIADAS AOS BANCOS. O ex-ministro do Planejamento e depois da Fazenda Guido Mantega, o “pós-italiano” da lista de subornados da Odebrecht, vendia informações privilegiadas ao mercado financeiro sobre operações de juros e mudanças de câmbio, segundo revelou em depoimento ao Ministério Público Federal ninguém menos que outro ex-ministro petista ilustre, Antônio Palocci, o “Italiano”, que foi ministro da Fazenda do governo Lula e ministro-chefe da Casa Civil do governo Dilma.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] “Tutti buona gente”, expressão usada pelos italianos para ironizar os bandidos que integravam a máfia. Palocci fez acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato. Palocci contou ainda que o esquema funcionava desde 2003, quando Mantega era ministro do Planejamento, e continuou em 2004 quando ele assumiu a presidência do BNDES. Mantega teria recebido benesses com a vigência dos programas de desoneração de impostos na indústria automobilística, mas não as detalhou. A delação já conta com 16 anexos, segundo revelou o repórter Paulo de Tarso Lyra, do Correio Braziliense, no blog do editor Vicente Nunes. Os advogados trabalham na expectativa de obter prisão domiciliar para Palocci. Palocci também afirmou que Mantega era quem autorizava pagamentos ilegais da Odebrecht na conta do marqueteiro João Santana na Suíça. “Os valores constantes da planilha ‘italiano’ não eram destinados ao acusado, mas sim ao partido, de forma que, após Antonio Palocci deixar o governo, o montante passou a ser gerido por uma terceira pessoa”, disse em referência a Mantega a defesa de Palocci nas alegações finais encaminhadas ao juiz Sérgio Moro. No mesmo processo de Palocci também são acusados Branislav Kontic, ex-assessor dele, o empreiteiro Marcelo Odebrecht e outros 12 investigados por corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. A força-tarefa da Lava Jato acusa Palocci de manter uma “conta-corrente” de propinas com a Odebrecht. O ex-ministro foi preso na Operação Omertà, 35ª fase da Lava Jato, em 26 de setembro de 2016. Diário do Poder

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O advogado de 85 anos que quer governar o Brasil sem partidos políticos

Modesto Carvalhosa lidera movimento sem partido para “quebrar revezamento de facções corruptas” O advogado Modesto Carvalhosa em seu escritório, em São Paulo. FERNANDO CAVALCANTI Campanha quase quixotesca quer correr por fora na intrincada disputa de um eventual pós-Temer “Queremos mais Brasil, e menos Brasília”, resume Modesto Carvalhosa. Aos 85 anos, o advogado que se formou na área de direito societário, militou na preservação do patrimônio histórico e acabou se especializando no combate à corrupção encabeça um movimento que tem a pretensão de governar o Brasil sem partidos políticos.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Nascida do incômodo com a interminável crise política brasileira, a mobilização começa a partir de um influente mas pequeno grupo de advogados de São Paulo, que pretendem expandir o clamor em torno de uma “candidatura da sociedade civil” à presidência da República para todo o país nos próximos meses. A candidatura de Carvalhosa é apresentada como opção para uma eleição indireta, que só será realizada pelo Congresso Nacional caso Michel Temer não termine o mandato, uma opção que o Planalto quer evitar a todo custo ainda no comando de uma cambaleante coalizão que exibe lastro no Legislativo. O advogado, que apesar da idade avançada apresenta uma vitalidade impressionante, se baseia no Pacto de São José — mais precisamente no seu artigo 23 — para defender a possibilidade de se candidatar sem ter filiação partidária. O pacto, fruto da Comissão Americana de Direitos Humanos (1969), prevê que “a lei pode regular o exercício dos direitos e oportunidades [de votar e ser eleito] exclusivamente por motivo de idade, nacionalidade, residência, idioma, instrução, capacidade civil ou mental, ou condenação, por juiz competente, em processo penal”. Como não há previsão de limite por conta de situação partidária no pacto internacional, não haveria impedimento para uma candidatura “civil”, avaliam os apoiadores de Carvalhosa, apesar de a legislação eleitoral brasileira dizer que “para concorrer às eleições, o candidato deverá (…) estar com a filiação deferida pelo partido no mínimo seis meses antes da data da eleição”. Independentemente da viabilidade da tal candidatura civil — que depende da queda do presidente — Carvalhosa enxerga no movimento uma forma de abrir perspectivas para o país, cujos partidos e políticos perderam seja lá o que ainda tinham de admirável após a Operação Lava Jato. “A decisão do Tribunal Superior Eleitoral [que absolveu a chapa Dilma-Temer] não melhora a estabilidade do Temer. Ela aprofunda sua ilegitimidade”, avalia Carvalhosa, que enxerga o Judiciário arrastado para uma crise que já reunia o Executivo, o Legislativo e o Ministério Público, ferido pela forma como o acordo de delação da JBS foi fechado — a cúpula da empresa ganhou perdão judicial mesmo após confessar crimes. “É preciso restabelecer a honra do país, que está afetada em todos seus segmentos institucionais, e a autoestima da população, que está humilhada.” Para o advogado, só “gente de fora” pode “quebrar esse revezamento de facções corruptas que se sucedem”. Propostas A proposta, que soa quase quixotesca na intrincada crise política com tantos interesses na mesa, é baseada, diz ele, numa avaliação de cenário internacional. Emmanuel Macron se elegeu na França por um partido criado meses antes da eleição, desbancando as legendas tradicionais. Nos Estados Unidos, Donald Trump se impôs como outsider ao Partido Republicano. Carvalhosa defende que a sociedade civil brasileira tem nomes para assumir o país, “três ou quatro de alto nível para cada cargo”, e sua candidatura já teria inclusive o apoio de renomados economistas e políticos, entre eles ex-ministros, mas que ainda não se sentem confortáveis para expor seus nomes. Por enquanto, os nomes de maior vulto são os de Hélio Bicudo, um dos signatários do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias e o ex-ministro do Superior Tribunal Militar Flávio Bierrenbach. Os defensores de sua candidatura, que têm se articulado em busca de apoio para divulgar a ideia, também esperam o engajamento de movimentos como o Vem pra Rua, entre outros surgidos durante o período de ocaso do Governo Dilma Rousseff. Além de escantear os partidos políticos, o movimento em torno de Carvalhosa se estrutura em cima de bases como a diminuição de cargos de confiança para no máximo 100 (hoje são cerca de 100.000) e reformas política e da administração pública, por meio de uma constituinte. O advogado defende o teto para limite de gastos e a reforma trabalhista, mas acha que a reforma previdenciária tem de voltar a seu leito inicial, para afetar estados e municípios, “mas não com aquela aberração de que você tem de trabalhar 450 anos para ter um salário mínimo”. “A ideia é restaurar a confiabilidade do Governo e recuperar o papel do chefe de Estado”, sintetiza. Militância O homem que hoje pleiteia liderar a sociedade civil contra um mundo político-partidário em crise começou a atuar como advogado em 1958, no ramo do direito societário. Na década de 1970, liderou um movimento para impedir a destruição do edifício histórico do Colégio Caetano de Campos, em São Paulo. A partir de então, se engajou na defesa do patrimônio histórico, e presidiu o Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico de São Paulo) de 1984 a 1987. O tema da corrupção entraria em sua vida na década seguinte, quando participou de uma comissão especial do Governo Itamar Franco para verificar as ramificações do escândalo dos Anões do Orçamento, sobre fraudes no Orçamento da União. O advogado conta que trabalhou durante todo o ano de 1994 “dentro do Palácio do Planalto”, de onde tirou a inspiração para seu Livro negro da corrupção (Paz e Terra), agraciado com o Prêmio Jabuti. Uma das conclusões daquela comissão de notáveis foi de que deveria haver uma quebra das relações entre o agente público e o contratante da obra, o que ocorreria por meio da implantação de um sistema chamado performance bond, “Se isso tivesse sido adotado em 1994, talvez nós tivéssemos um novo quadro no setor de obras públicas.” Mas nada daquele diagnóstico foi aplicado — o que Carvalhosa põe

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Doria diz que apoio a Temer é escolha entre ruim e péssimo

Eleitores do PT são mal informados ou defensores de mazelas, diz Doria Apontado por recentes pesquisas como o nome mais forte do PSDB para a disputa presidencial em 2018, o prefeito de São Paulo, João Doria, minimiza interesse pela disputa, e diz que isso é assunto para “janeiro do ano que vem”. Ao mesmo tempo em que não nega que possa concorrer, responde com desenvoltura quaisquer perguntas sobre o cenário eleitoral e ataca alguns de seus possíveis concorrentes na corrida eleitoral.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Em entrevista exclusiva à BBC Brasil, o prefeito de São Paulo, João Doria, afirma que o próximo presidente do país deveria ser um “gestor”, adjetivo que constantemente usa para definir a si próprio. Ele ainda classifica os eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas na corrida presidencial de 2018, como mal informados ou defensores “das mazelas e do mal feito” e minimiza o crescimento do atual segundo colocado, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Questionado sobre seu apoio à permanência de seu partido no governo do presidente Michel Temer, prestes a ser denunciado ao STF (Supremo Tribunal Federal), ele admite se tratar da “velha política” que tanto critica. “Mas há certos momentos na vida em que você tem que fazer a avaliação sobre o ruim e o péssimo” – e o péssimo neste caso, garante, seria “colocar o Brasil numa crise profunda no plano econômico”. E embora defenda o direito de defesa do senador Aécio Neves, presidente tucano afastado, suspenso do Senado por denúncias de corrupção, Doria afirma que seria prudente que o Diretório Nacional da sigla se posicionasse sobre os pedidos de afastá-lo, “para preservar a imagem do PSDB”. Leia a seguir os principais trechos da entrevista, concedida em seu gabinete na Prefeitura de São Paulo no fim no início da noite de quarta-feira, poucas horas de o prefeito embarcar para Porto Rico, onde passaria o feriado com a família. BBC Brasil – O sr. tem dito que não é um político, mas um gestor, um empresário. Na sua opinião, os países, Estados, cidades não precisam mais de políticos? João Doria – Eu me considero um gestor, um administrador. Eu não sou um político. Eu estou na política, não sou da política. Isso não significa que eu desrespeite os políticos. Até sou filho de um. Meu pai foi deputado federal e foi cassado pelo golpe militar e exilado em 1964. Obra do artista brasileiro Romero Britto no gabinete do prefeito João Doria Direito de imagem FELIPE SOUZA/ BBC BRASIL Mas sempre fui um homem do setor privado. E com este discurso venci a campanha. E pela primeira vez em 28 anos na cidade de São Paulo um prefeito é eleito no primeiro turno. E com este discurso tenho feito a gestão nesses primeiros seis meses. E isso tem nos dado um índice de aprovação superior a 70% e assim vamos continuar. BBC Brasil – No Brasil as pessoas estão muito preocupadas com as relações entre empresários e políticos. Recentemente, nós tivemos uma interceptação de conversas antiéticas entre um empresário e o presidente Temer. O sr. e o seu partido se posicionaram a favor do presidente. O sr. acha que aquela conversa foi ética, que essa é a forma como políticos deveriam se comportar? Doria – Não foi uma conversa adequada para um presidente da República. Nem na forma, nem no conteúdo, nem no local, nem no horário. Mas isto não implica definitivamente num equívoco fatal para o presidente. Significa um erro ético e moral, mas não é um fato determinante para o impeachment do presidente. BBC Brasil – O sr. e seu partido ainda estão em uma coalizão com o partido do presidente. Não seria correto deixar o governo após uma situação como essa? Doria – Nós estamos do lado do Brasil. Mais do que tudo, é a proteção ao Brasil, à governabilidade, o apoio às reformas no Congresso Nacional. Doria diz que saída do PSDB do governo Temer poderia causar “crise profunda no plano econômico” Direito de imagem AFP O desembarque do PSDB do governo neste momento implicaria em colocar o Brasil numa crise profunda no plano econômico e no político. Hoje, nós estamos no plano político apenas. Se o PSDB sair, mergulhamos também no plano econômico. E tudo o que nós não precisamos é de mais uma crise econômica, porque isso vai atrasar a retomada do desenvolvimento, do crescimento, inibir a criação de novos empregos e mergulhar o país numa crise infindável, cujo resultado é mais desemprego e mais pobreza. BBC Brasil – Mas não se trata da velha política que o sr. promete às pessoas mudar, ficar ao lado do governo com o argumento de defender as reformas, mesmo que o presidente esteja envolvido em conversas tão sérias sobre propinas e juízes? Doria – É a velha política. E é ruim. Você tem razão. Mas há certos momentos na vida em que você tem que fazer a avaliação sobre o ruim e o péssimo. Entre o ruim e o péssimo, o ruim é melhor que o péssimo. BBC Brasil – O sr. vai se candidatar à Presidência no próximo ano? Doria – Eu estou correndo, estou agindo para ser um bom prefeito da cidade de São Paulo. Eu fui eleito para ser prefeito por quatro anos. Não é hora de se discutir uma eleição presidencial. É hora de ajudar a resolver a crise brasileira. E cada administrador cumprindo o seu papel. Eu como prefeito, outros como governadores e assim por diante. Nós temos que pensar em eleição em janeiro do ano que vem. Aí, quem sabe… BBC Brasil – Em relação ao seu partido. Há suspeitas de doações ilegais à campanha do último candidato à Presidência, ele foi afastado recentemente do Senado. Isso não mancha um pouco seu compromisso com mudança, já que o sr. ainda é parte desse partido? O sr. apoia Aécio e o partido? Doria – Ele não foi julgado, ele foi indiciado. É preciso reconhecer a diferença entre indiciado e julgado. Enquanto indiciado, o PSDB

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Brasil e corrupção – O vergonhoso lamaçal do Império a Temer

Como o modelo de colonização lançou as bases para a difusão da corrupção, que seguiu encontrando terreno fértil para se manter na esfera pública, alimentada pela falta de punição e pela manutenção de elites no poder. Quadro retrata a chegada de Pedro Álvares Cabral no Brasil A cordialidade da elite do município de Curuzu enganou Policarpo Quaresma. No início, o personagem central da obra de Lima Barreto chegou a pensar que a intimação assinada pelo simpático presidente da Câmara era apenas uma brincadeira. Mas o documento era uma vingança. Ao se recusar a entrar no jogo da corrupção local, Policarpo se tornou alvo de represálias.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] No romance de 1911, a corrupção na esfera pública não surge como fenômeno novo, mas aparece como mal característico da sociedade, o qual a República não demonstra interesse em suprir. As represálias sofridas por Policarpo escancaram o uso do patrimônio público para interesses privados. Roubo das joias da Coroa Em março de 1882, todas as joias da Imperatriz Teresa Cristina e da Princesa Isabel foram roubadas do Palácio de São Cristóvão. O roubo levou a oposição a acusar o governo imperial de omissão, pois as joias eram patrimônio público. O principal suspeito, Manuel de Paiva, funcionário e alcoviteiro de Dom Pedro 2º, escapou da punição com a proteção do imperador. O caso ajudou na queda da monarquia.  A República e o voto do cabresto Em 1881 foi introduzido no país o voto direto, porém, a maioria da população era privada desse direito. Na época, podiam votar apenas homens com determinada renda mínima e alfabetizados. Durante a Primeira República (1889 – 1930), institucionaliza-se no Brasil o voto do cabresto, ou seja, o controle do voto por coronéis que determinavam o candidato que seria eleito pela população.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Essa confusão tem sua origem séculos antes da publicação do romance. A ausência de distinção entre público e privado (patrimonialismo) e favorecimento de indivíduos com base nos laços familiares e de amizade (clientelismo) foram características do modelo de colonização aplicado no Brasil. Tolerada pela Corte e ignorada pela Justiça, a corrupção encontrou, desta maneira, em solo brasileiro, condições propícias para sobreviver e se difundir na cultura do novo país durante a sua formação. Sem uma ruptura real com as práticas patrimonialistas e clientelistas, depois das duas primeiras grandes mudanças no sistema político – a independência e a proclamação da República – a corrupção continuou ganhando terreno em instituições públicas e no cotidiano brasileiro. “Desde a colônia, temos um Estado que nasce por concessão, no qual a instituição pública é usada em benefício próprio. A corrupção persiste no Brasil devido a essa estrutura de colonização”, diz a historiadora Denise Moura. Mar de lama Até década de 1930, a corrupção era percebida com uma vício do sistema. A partir de 1945, a corrupção individual aparece como problema. Várias denúncias de corrupção surgiram no segundo governo de Getúlio Vargas. O presidente foi acusado de ter criado um mar de lama no Catete. Varrer a corrupção Em 1960, o candidato a presidência da República Jânio Quadros conquistou a maior votação já obtida no país para o cargo desde a proclamação da República. O combate à corrupção foi a maior arma do político na campanha eleitoral, simbolizado pela vassoura. Com a promessa de varrer a corrupção da administração pública, Jânio fez sucesso entre os eleitores. Plantando a semente Diante da dificuldade de encontrar súditos dispostos a deixar o conforto da Corte em troca de aventuras no território selvagem recém-descoberto, a concessão de cargos foi o mecanismo usado por Portugal para garantir seu domínio e explorar as riquezas da nova colônia. Para os que aceitavam vir ao Brasil, esses cargos trariam não somente prestígio social, mas, principalmente, vantagens financeiras. Durante o período colonial, o pagamento de propinas a governantes e funcionários reais era uma prática tolerada e até regulamentada por lei. A colonização com as concessões institucionalizou na sociedade a percepção do bem público como privado. Ao ganhar um cargo público do rei, os beneficiários tornavam-se donos destes postos e, com o aval da Corte, os utilizavam para o favorecimento próprio, além de amigos e familiares. Essas práticas foram se difundido por todo o país durante os mais de três séculos do período colonial e, com a manutenção da mesma elite no poder depois da independência do país, em 1822, elas continuaram a encontrar um terreno fértil para prosperar. “A diferença em relação ao Antigo Regime era que a Coroa não concedia mais mercês que implicavam em gastos de dinheiro público. Ela usava apenas a moeda simbólica dos títulos de nobreza para premiar as pessoas. Mas as práticas clientelistas, ou seja, o favorecimento dos amigos à margem da lei, eram vistas pelos chefes políticos como indispensáveis para manter e conquistar apoio político”, afirma o historiador José Murilo de Carvalho. Pouco mudou neste cenário 67 anos depois da independência, em outro grande momento da histórica política do Brasil: a proclamação da República, em 1889. De acordo com Carvalho, o patrimonialismo e o clientelismo, embora entrassem em conflito como os valores republicanos, continuaram presentes no novo sistema. “Os valores republicanos, sobretudo a valorização da coisa pública e sua distinção da coisa privada, até hoje não foram totalmente absorvidos no Brasil por ricos ou pobres. A proclamação da República implicou mudança na forma de governo, não nos valores”, ressalta o historiador. Fontes históricas sugerem, por exemplo, a continuidade da prática de pagamentos de propina, como no caso de concessões para construção de ferrovias durante a Primeira República.  Ditadura e empreiteiras Acabar com a corrupção foi um dos motivos usados pelos militares para justificar o golpe de 1964. Ao assumir o poder, porém, o novo regime consolidou o pagamento de propinas por empreiteiras na realização de obras públicas. Modelo que se perpetuou até os dias atuais e é um dos alvos da Operação Lava Jato. Mesma prática, percepção diferente Apesar da propagação de determinadas práticas, ocorreu ao longo da história uma mudança na maneira como essas ações eram vistas

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