T.S. Eliot – Poesia – Versos na tarde – 25/05/2017
Quarta-Feira de Cinzas VI T.S. Eliot¹ VI Conquanto não espere mais voltar Conquanto não espere Conquanto não espere voltar Flutuando entre o lucro e o prejuízo Neste breve trânsito em que os sonhos se entrecruzam No crepúsculo encruzilhado de sonhos entre o nascimento e a morte ( Abençoai-me pai) conquanto agora Já não deseje mais tais coisas desejar Da janela debruçada sobre a margem de granito Brancas velas voam para o mar, voando rumo ao largo Invioladas asas E o perdido coração enrija e rejubila-se No lilás perdido e nas perdidas vozes do mar E o quebradiço espírito se anima em rebeldia Ante a arqueada virga-áurea e a perdida maresia Anima-se a reconquistar O grito da codorniz e o corrupio da pildra E o olho cego então concebe Formas vazias entre as partas de marfim E a maresia reaviva o odor salgado das areias Eis o tempo da tensão entre nascimento e morte O lugar de solidão em que três sonhos se cruzam Entre rochas azuis Mas quando as vozes do instigado teixo emudecerem Que outro teixo sacudido seja e possa responder. Irmã bendita, santa mãe, espírito da fonte e do jardim, Não permiti que entre calúnias a nós próprios enganemos Ensinai-nos o desvelo e o menosprezo Ensinai-nos a estar postos em sossego Mesmo entre estas rochas, Nossa paz em Sua vontade E mesmo entre estas rochas Mãe, irmã E espírito do rio, espírito do mar, Não permiti que separado eu seja E que meu grito chegue a Ti ¹Thomas Stearns Eliot * Nuneaton, Reino Unido – 22 de novembro de 1819 + Chelsea, Londres, Reino Unido – 22 de dezembro de 1880 [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]