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Fernando Pessoa – Versos na tarde – 25/03/2017

Ficções do Interlúdio – extrato Fernando Pessoa¹ Sentir a poesia é a maneira figurada de se viver Eu não sinto a poesia não porque não saiba o que ela é Mas porque não posso viver figuradamente E se o conseguisse tinha de seguir outro modo de me acondicionar A condição da poesia é ignorar como se pode senti-la Há coisas belas que são belas em si Mas a beleza íntima dos sentimentos espelha-se nas coisas E se elas são belas nós não as sentimos. ¹ Fernando Antonio Nogueira Pessoa * Lisboa, Portugal – 13 de Junho de 1888 + Lisboa, Portugal – 30 de Novembro de 1935 ->>biografia [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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União Européia: ‘Italexit’, o novo desafio europeu

Às vésperas do aniversário do tratado europeu, cresce o discurso eurocético na Itália, pelas mãos do Movimento 5 Estrelas e da Liga Norte O comediante Beppe Grillo, líder do Movimento 5 Estrelas, na terça-feira. ANGELO CARCONI AP Roma celebra neste sábado o aniversário dos tratados que deram origem à União Europeia, 60 anos atrás.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Porém, a sensação que domina a cidade que os viu nascer é que a Itáliapode ser o próximo laboratório antieuropeista. A falta de respostas à imigração maciça, o crescimento do populismo, o empobrecimento da classe média e a saudade daquele instrumento mágico que permitia desvalorizar a lira e potencializar as exportações dos produtos made in Italy despertaram certa nostalgia. Isso, somado a declarações como a do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, sobre os países do sul e o suposto esbanjamento de ajudas públicas, fizeram os adeptos da causa aumentarem. Falar do Italexit ainda é exagerado, e a grande indústria italiana leva as mãos na cabeça ao ouvir sobre isso. Mas há um dado irrefutável: o Movimento 5 Estrelas (M5S), que promete convocar um referendo para decidir a continuidade da Itália na moeda única caso esse partido ganhe as eleições, e a Liga Norte de Matteo Salvini, abertamente contrária a continuar no clube dos 28 países da UE, somam ao redor de 45% de votos, segundo todas as pesquisas. A formação de Beppe Grillo, que já abre sete pontos de vantagem sobre o Partido Democrático, de Matteo Renzi, não quer nem ouvir falar de alianças pós-eleitorais nesse sentido, mas, se ganhar a eleição – algo que neste momento ninguém descarta –, precisará do apoio de uma bancada parlamentar forte para convocar um referendo e reformar a lei que impede a Itália de modificar tratados internacionais. E, de um lado e de outro, só encontrará Salvini. O partido de Grillo, líder nas pesquisas, convocará um referendo sobre a saída do euro se vier a governar Por enquanto, às vésperas da celebração deste sábado, o M5S mobilizou seu ideário europeu. Luigi di Maio, 30 anos, candidato mais bem situado para disputar o cargo de primeiro-ministro nas próximas eleições, apresentou nesta quinta um dossiê de oito páginas sobre a reforma da UE, chamado Nossa Europa, e insistiu em sua vontade de que “os cidadãos decidam em referendo se querem que a Itália continue no euro”. As pesquisas, como noticiou a Reuters nesta quinta-feira, falam de um aumento do sentimento antieuropeu na Itália, mas não o suficiente para pensar numa hipotética vitória do não. “O euro não é democrático, porque não se pode sair dele. Queremos que haja normas que permitam aos países saírem democraticamente. E que não haja cláusulas que obriguem os países a entrarem na união monetária só por entrarem na união política”, argumentou Di Maio, cuja agremiação integra em Bruxelas o mesmo grupo dos eurocéticos britânicos do partido Ukip. O banco de investimentos Mediobanca minimiza o assunto, mas adverte que a janela de oportunidade para o ‘Italexit’ já passou Motivos? A austera política fiscal imposta pela UE. Também a perda de competitividade das pequenas e médias empresas – no final de 2016, fechavam 400 por dia –, e assuntos mais insólitos, como as sanções à Rússia, que o M5S e a Liga Norte consideram um tiro no pé da economia italiana. As objeções à UE se estendem à política migratória – “a Itália e outros países de primeiro ingresso não podem ser o campo de refugiados da Europa”, diz o dossiê do M5S – e à falta de solidariedade em questões sociais. Embora a saída da moeda única e a economia vintage sugerida permitam recuperar uma política fiscal própria, seria complicado encontrar, fora do regaço europeu, financiamento para a dívida pública, hoje em 120% do PIB. “As taxas de juros que pagaríamos para nos financiar numa divisa menos forte seriam muito mais elevadas e forçariam a política fiscal”, observa Giorgio di Giorgio, professor de Política Monetária na universidade LUISS. A saída do euro aumentaria a inflação e provocaria uma forte perda de poder aquisitivo, mais evidente em produtos importados ou em viagens, “isso que os italianos tanto gostam”, recorda o economista. Vozes como a do banco de investimentos Mediobanca, que em janeiro lançou uma análise sobre os custos da saída, reduzem o dramatismo dessa medida, mas apontam que a janela de oportunidade já passou, por causa da instável estrutura da dívida italiana. Todos os partidos concordam que só haverá eleições na Itália em 2018. Um período em que a França e a Alemanha ditarão uma tendência que determinará se realmente o Italexit pode ser a nova palavra da moda. BLINDADA, ROMA CELEBRA O ANIVERSÁRIO EUROPEU Os atentados de Londres e a convocação de grandes manifestações contra as políticas da União Europeia despertaram todos os temores em Roma. Tanto nesta sexta-feira como no sábado, dia da comemoração do 60º aniversário dos Tratados de Roma, o centro da capital italiana estará completamente blindado por mais de 5.000 agentes. A polícia está especialmente atenta ao protesto do Eurostop, para o qual virão 50 ônibus com manifestantes de toda a Itália. O papa Francisco receberá na tarde desta sexta os líderes dos países membros da UE e os máximos representantes das instituições europeias. Conforme já ocorreu em outras vezes, espera-se que o Pontífice faça algum comentário sobre a falta de uma política comum em assuntos graves como a crise humanitária dos refugiados. ElPais

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Guy Debord – A sociedade do espetáculo

“Nunca a tirania das imagens e a submissão alienante ao império da mídia foram tão fortes como agora.” Guy Debord “Nunca a tirania das imagens e a submissão alienante ao império da mídia foram tão fortes como agora. Nunca os profissionais do espetáculo tiveram tanto poder: invadiram todas as fronteiras e conquistaram todos os domínios – da arte à economia, da vida cotidiana à política -, passando a organizar de forma consciente e sistemática o império da passividade moderna.” – Guy Debord, em “A Sociedade do Espetáculo”. Rio de Janeiro: ContraPonto Editora. 1997.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Guy Debord filósofo, agitador social, diretor de cinema, Guy Debord se definia como “doutor em nada” e pensador radical. Ligou-se na década de 1950 à geração herdeira do dadaísmo e do surrealismo. Em julho de 1957, com artistas e escritores de diferentes países, fundou na Itália a Internacional Situacionista, cuja revista, editada por mais de dez anos, inaugurou o discurso libertário que ganharia o mundo a partir dos acontecimentos de Maio de 1968. Um ano antes da eclosão do movimento, Debord publicou a mais importante obra teórica dos situacionistas, “A sociedade do espetáculo”, um livro espantosamente lúcido e demolidor, precursor de toda análise crítica da moderna sociedade de consumo. Quanto mais o tempo passa, mais atual se torna este texto, pois, como disse Jean-Jacques Pauvert, “ele não antecipou 1968, antecipou o século XXI”. A sociedade do espetáculo, de Guy Debord A primeira edição brasileira de “A sociedade do espetáculo“, neste volume, sai acompanhada de dois trabalhos posteriores – um de 1979, outro de 1988 – em que Debord comenta a própria obra. “Posso me gabar de ser um raro exemplo contemporâneo de alguém que escreveu sem ser imediatamente desmentido pelos acontecimentos”, ele diz: “Não estou me referindo a ser desmentido cem ou mil vezes, como os outros, mas a nem uma única vez. Não duvido que a confirmação encontrada por todas as minhas teses continue até o fim do século, e além dele. Por um simples motivo: compreendi os fatores constitutivos do espetáculo (…) considerando o conjunto do movimento histórico que pôde edificar esta ordem e que agora começa a dissolvê-la. Nesta escala, os anos passados [desde a primeira edição do livro] foram apenas um momento da sequência necessária daquilo que eu havia escrito: o espetáculo aproximou-se ainda mais do seu conceito…” Debord estava certo: nunca a tirania das imagens e a submissão alienante ao império da mídia foram tão fortes como agora. Nunca os profissionais do espetáculo tiveram tanto poder: invadiram todas as fronteiras e conquistaram todos os domínios – da arte à economia, da vida cotidiana à política –, passando a organizar de forma consciente e sistemática o império da passividade moderna. O que o leitor tem em mãos é a mais aguda crítica à sociedade que se organiza em torno dessa falsificação geral da vida comum. – por César Benjamin O Livro no Brasil A Sociedade do espetáculo GUY DEBORD Tradução: Estela dos Santos Abreu Editora: ContraPonto Guy Debord “A vitória da burguesia é a vitória do tempo profundamente histórico, porque é o tempo da produção econômica que transforma a sociedade, de modo permanente e absoluto.” – Guy Debord, em “A Sociedade do Espetáculo”. Rio de Janeiro: ContraPonto Editora. 1998. A sociedade do espetáculo é o próprio espetáculo, a forma mais perversa de ser da sociedade de consumo. Como bem observa José Arbex Jr. no livro Showrnalismo: a notícia como espetáculo (Editora Casa Amarela, São Paulo, 2001): ‘O espetáculo – diz Debord – consiste na multiplicação de ícones e imagens, principalmente através dos meios de comunicação de massa, mas também dos rituais políticos, religiosos e hábitos de consumo, de tudo aquilo que falta à vida real do homem comum: celebridades, atores, políticos, personalidades, gurus, mensagens publicitárias – tudo transmite uma sensação de permanente aventura, felicidade, grandiosidade e ousadia. O espetáculo é a aparência que confere integridade e sentido a uma sociedade esfacelada e dividida. É a forma mais elaborada de uma sociedade que desenvolveu ao extremo o ‘fetichismo da mercadoria’ (felicidade identifica-se a consumo). Os meios de comunicação de massa – diz Debord – são apenas ‘a manifestação superficial mais esmagadora da sociedade do espetáculo, que faz do indivíduo um ser infeliz, anônimo e solitário em meio à massa de consumidores’’. Guy Debord A Sociedade do Espetáculo, O Filme O filme, dirigido por Debord e lançado em 73, é uma versão audiovisual do livro, onde, ao expor seus conceitos, ele utiliza um recorte de imagens incessante e, a primeiro momento, aleatório, mas que dá suporte à teoria apresentada no livro. É, na verdade, um anti-filme. Uma forma de desvio: a utilização da cultura para fins subversivos. Nele, a imagem não obedece ao narrador, não o segue. É importante dizer que a França da década de 60 e 70 respirava o cinema – os cineclubes, antros de estudantes e amantes da arte, sempre iniciavam bons debates sobre os filmes apresentados. Utilizar o cinema como meio para sua obra não era, então, uma questão de “facilitar” a assimilação do conteúdo do livro (coisa que, realmente, não acontece), mas de utilizar de uma nova forma de arte. De explorar o visual. No fundo, parte do ápice de um cinema político. É uma maneira completamente diferente de se fazer cinema: não-acadêmica e não-comercial. Não se trata de uma tentativa de vender uma história, mas de apresentar uma crítica à sociedade em que vivemos. “A Sociedade Do Espetáculo, O Filme” (legendado em português). Disponível  no link para assistir online.

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“Não roubei ‘Os Girassóis’ de Van Gogh porque não cabiam na sacola”

Em 2002, Octave Durham subtraiu dois quadros do museu desse artista em Amsterdã. Agora, eles voltam a ser expostos. O diretor do Museu Van Gogh, Axel Rueger e a ministra holandesa de Cultura, Jet Bussemaker, com um dos quadros roubados de Van Gogh, nesta terça-feira. PETER DEJONG AP “Roubei porque pude, e só não roubei Os Girassóis de Van Gogh porque não cabiam na sacola.”[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Octave Durham, vulgo Okkie, de 44 anos, o ladrão que em 2002 subtraiu dois quadros menores que estavam expostos no museu que reúne a obra de Vincent van Gogh em Amsterdã, demorou a confessar. Mas sua admissão, quando veio, mais parece um discurso sobre a pulsão maior de uma atividade que deseja abandonar para sempre. É o que ele diz num documentário do programa Brandpunt, da televisão pública holandesa, que coincide com a volta à sala e exposições das telas que ele conseguiu carregar: Vista do mar a partir de Scheveningen e Paroquianos saindo da igreja calvinista de Nuenen. Ambas acabaram nas mãos da Camorra, que acumula obras de arte para seus pagamentos internos, e no ano passado foram recuperadas pelo polícia tributária italiana. Foi no decorrer de uma operação contra o tráfico internacional de cocaína, e estavam escondidas numa casa em Pompeia. Nesta terça-feira, foram devolvidas ao museu holandês. “Estão de volta. Não acreditei que tornássemos a vê-las, porque o 7 de dezembro de 2002 foi o dia mais negro da história do museu”, admitiu, exultante, o diretor da instituição, Axel Rüger. “Para os ladrões, estes quadros foram só dinheiro vivo para uma passagem a Ibiza ou à Disneylândia”, acrescentou Jet Bussemaker, ministra da Cultura, igualmente feliz. Quem não está de acordo com o relato do ladrão Durham é Patrick Kluivert, ex-jogador do Barcelona, Valência, Ajax e PSV, entre outros clubes. Okkie, que já cumpriu pena de quatro anos e meio de prisão, diz que se escondeu na casa dele depois do roubo. O jogador nega e cogita processá-lo. Okkie tinha 29 anos quando decidiu que era possível escalar a parede do museu Van Gogh, quebrar uma claraboia do telhado, deslizar por ela e então guardar algum quadro emblemático numa sacola que carregava. Dito e feito. Um simples martelo bastou para estourar a claraboia. Uma vez lá dentro, o ladrão tentou pegar Os Girassóis. Pintada em Arlés em 1889, a tela a óleo mede 95 x 73 centímetros. Grande demais. O candidato seguinte, Os Comedores de Batatas (1885), é ainda mais alto, 82 x 114 centímetros. “Eu bem que gostaria, mas não cabiam”, afirmou Durham ao jornal De Telegraaf, pouco antes da exibição do documentário. Assim nos escassos três minutos e 40 segundos do roubo, optou por outras duas telas mais manejáveis. Teve inclusive tempo de observar as grossas pinceladas de Vista do mar a partir de Scheveningen e recordou “ter lido em algum lugar que com esse tipo de pincelada os quadros são mais caros”. Levando-se em conta que não estavam assegurados, e que é impossível vendê-los no mercado legal, a emoção de um botim milionário pôde tê-lo distraído, porque perdeu o boné que usava. Tampouco calculou bem ao deslizar pela corda que havia deixado preparada no telhado. Ao chegar ao chão, a tela com motivo marinho foi a mais golpeada. Uma vez na rua, esperava-o Henk Bieslijn, seu cúmplice, ao volante de um carro. Tudo foi tão rápido que ele ainda viu a polícia entrando no museu enquanto eles arrancavam com os quadros no porta-malas. Em casa, observou que havia tinta solta num canto do quadro golpeado. “Sei lá, acho que me lembro de ter jogado esses fragmentos na privada”, admite no documentário. As molduras acabaram no fundo de um canal da capital holandesa, e em seguida ele procurou possíveis compradores. O mais interessado foi Cor van Hout, um dos mafiosos reconhecidos da Holanda. Condenado em 1987 a 11 anos de prisão pelo sequestro de Alfred Heineken, magnata da fábrica de cervejas que leva seu sobrenome, Van Hout foi assassinado em 2003. Estava prestes a fechar o negócio com o ladrão, que decidiu se aventurar para fora da Holanda. Quem lhe abriu as portas foi o mafioso italiano Raffaele Imperiale, vendedor de maconha nos coffeeshops holandeses e amante da arte, segundo seus advogados. Pagou 350.000 euros, devidamente divididos entre os ladrões. Ambos gastaram a bolada em poucos meses, e a polícia, que recolheu o boné de Okkie em Amsterdã, cruzou o DNAdele com as amostras da sua base de dados. Os autores do crime foram detidos em 2003, mas só em 2015 Durham contaria sua história ao jornalista investigativo Vincent Verwey, autor do documentário televisivo. Mas como os quadros foram recuperados? Encurralado, Imperiale ofereceu os Van Goghs ao Ministério Público napolitano em troca de uma redução de pena. É o trato habitual da máfia, que também coleciona arte para pagar dívidas. BBC

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Condução Coercitiva ou esqueçam o qe escrevi

Saber garimpar na internet é prazeroso. Não é necessário grandes saberes no uso da batéia cibernéticaA excelência que hoje discursa com veemência contra vazamentos de processos que estão sob segredo de justiça, é a mesma autoridade que na cátedra, em tese de mestrado, defendeu a legitimidade, e a necessidade de vazamentos de conteúdos de processos que correm sob segredo de justiça. Amo os coerentes![ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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