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Reinaldo Azevedo: Um espanto! Deltan antecipa a sentença de Lula e até a condenação

O ídolo da direita raivosa, Reinaldo Azevedo, se revela – estranho, mas reconheço – imparcial. Salve!Salve! José Mesquita,EditorMas há coisas que um procurador não pode fazer, a menos que seu ódio pessoal e sua militância se coloquem à frente de suas funções constitucionais Por Reinaldo Azevedo Contem comigo para aplaudir todos os acertos da Lava Jato e todas as suas virtudes. E são enormes! Mas jamais partam do princípio de que vou condescender com absurdos praticados por seus protagonistas, pouco me importam os seus alvos.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Deltan Dallagnol, o coordenador da força-tarefa, e Carlos Fernando dos Santos concederam entrevista coletiva e disseram coisas assombrosas. Vamos ver. Bem, querido leitor, você acha que qualquer meio é lícito para combater seus inimigos ou adversários? Então aplaudam a dupla. Um é impetuoso além do limite da responsabilidade. O outro deixa claro que se sente membro do Poder dos Poderes, mal disfarçando o solene desprezo que nutre não por deputados e senadores, mas pelo Parlamento. Prendam bandidos — em vez de ficar atraindo delatores com bala de açúcar e penas mínimas, e eu apoio — se estiver dentro da lei. Recuperem dinheiro roubado. E cá estou eu, de pé, a dar vivas de entusiasmo. Desbaratem as quadrilhas que tomaram conta do estado. De novo, “hip, hip urra!”. Dallagnol Mas há coisas que um procurador não pode fazer, a menos que seu ódio pessoal e sua militância se coloquem à frente de suas funções constitucionais. E ele não pode, por exemplo, antecipar o conteúdo da sentença de um juiz e anunciar quando ela será proferida. Por incrível que possa parecer, Dallagnol fez isso. Assegurou que a sentença de Sérgio Moro, o juiz, sobre um dos processos que tem Lula como réu, sairá até julho. O contexto deixava claro que será uma condenação. É espantoso isso! Lula é hoje, do ponto de vista legal, um cidadão como qualquer um de nós. Mas não se ignore que compõe a elite política do país e governou Banânia duas vezes. Como vão a Justiça e o Ministério Público Federal num país em que um procurador, que compõe a força que investiga, antecipa o conteúdo da sentença, com data, da força que julga? Se os medalhões passam por isso, estarão os pobres mais bem servidos? É claro que isso é inaceitável. “Ah, mas e tudo o que Lula fez?” Mesmo se admitindo ter sido tudo verdade, então estamos bravos com ele porque descumpriu leis, certo? Seremos nós, seus adversários, a fazê-lo? “Ah, Reinaldo, o ingênuo…” Não! Reinaldo e só aquele que diz não à barbárie por princípio. O ousado foi mais longe. Recomendou, ainda que com palavras indiretas, que a população não confie no Poder Judiciário. Carlos Fernando O companheiro de Dallagnol foi direto. Na prática, entende-se que o Congresso existe apenas com o propósito de sabotar a Lava Jato. Afirmou: “Basta uma noite no Congresso para derrubar a Operação Lava Jato. Revelamos a extensão da corrupção. As provas estão aí, para que todos nós possamos vê-las”. Vale dizer: acusou uma conspiração que não existe contra a operação. Dallagnol também apontou o dedo contra o Legislativo. Segundo ele, sociedade e Parlamento têm “propósitos divergentes”. E emendou: “As discussões sobre anistia ao caixa dois são apenas uma cortina de fumaça para a discussão real da anistia à lavagem de dinheiro”. Dallagnol não reconhece o Parlamento como representação do povo. Bem, então o ataque é dirigido até a seu chefe, Rodrigo Janot, procurador-geral da República, que já deixou claro que vai distinguir o caixa dois com dinheiro sujo daquele sem. Nunca existiu proposta de anistia. Ocorre que o MPF queria que todo recebimento de caixa dois fosse caracterizado como lavagem de dinheiro e corrupção. E, bem…, sem ter de provar nada. E ainda quer. E Carlos Fernando foi mais longe: “Não existe essa discussão [sobre caixa dois] sem corrupção e lavagem de dinheiro. Esse discurso só interessa a quem cometeu os atos de lavagem. É um benefício da classe política para si mesma. É inconstitucional e imoral”. Pois é… Só que a legislação diz outra coisa. Essa é a lei de Carlos Fernando. O Supremo certamente exigirá que o MPF apresente as provas de que o caixa dois envolveu necessariamente corrupção e lavagem. Esse debate é de um absurdo atroz! Não há lei possível, não importa o que seja votado, que impeça o MPF de denunciar uma pessoa por um crime qualquer e o Judiciário de avaliar essa denúncia. O que o doutor queria é o seguinte: “O delator disse que deu grana pelo caixa dois. Pouco importa o que diga o delatado. Trata-se de corrução e lavagem”. As falas são inaceitáveis. Mas fazem com que a ignorância urre de satisfação. O critério de inenarrável qualidade moral é o seguinte: “Quando a acusação atinge um dos nossos, é claro que se trata de sacanagem, conspiração, safadeza e perseguição político-ideológica. Quando pega os nossos adversários, é evidente que nada existe de errado e que os que reclamam estão fazendo mi-mi-mi”. Passei mais de 20 anos combatendo tal espírito. Seus protagonistas eram os petistas — ainda hoje severamente combatidos por mim. Assim, não me peçam para aplaudir aquele mesmo espírito, agora com sinal trocado.

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10 mulheres brasileiras que deveriam ser mais estudadas nas escolas

A história de Emmy Noether inspirou os leitores da BBC Brasil Direito de imagemSPL A história de Emmy Noether – matemática alemã que desafiou as universidades em 1903 para cursar o ensino superior e que foi citada por Albert Einstein como “genial” por sua contribuição à Física.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Após a reportagem ser citada no boletim de notícias ao vivo que a BBC Brasil transmite pelo Facebook todos os dias às 12h45, leitores começaram a sugerir nomes de mulheres que deveriam ser estudadas com mais ênfase nas escolas. Entre as diversas sugestões, que incluíram personalidades como a mexicana Frida Kahlo, selecionamos dez brasileiras para destacar e relembrar a contribuição delas para a nossa história. As trajetórias são muito diferentes entre si, assim como as áreas de atuação: da música à política, das artes plásticas à dedicação religiosa. O que quase todas têm em comum foi a luta por reconhecimento e pelos direitos da mulher. 1. Cora Coralina Direito de imagem AGÊNCIA BRASILCora Coralina era doceira e poetisa Apesar de ser considerada uma das poetisas mais importantes da literatura brasileira, Cora Coralina, pseudônimo de Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, só publicou o primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, aos 76 anos. Antes disso, criou quatro filhos trabalhando como doceira após a morte do marido e não chegou a terminar o ensino fundamental. Cora ficou conhecida por escrever sobre a cidade de Goiás e, embora não falasse sobre a questão de gênero na sua obra, é considerada por especialistas como uma escritora pioneira e libertária que enfrentou os preconceitos da sociedade para mostrar a contribuição das mulheres. 2. Irmã Dulce Direito de imagem AGÊNCIA BRASILIrmã Dulce pode ser a primeira santa do Brasil Maria Rita de Sousa Brito Lopes dedicou a vida a ajudar as pessoas carentes e é uma das ativistas humanitárias mais importantes do século 20. Ela mostrou aptidão e desejo para essas atividades ainda pequena – aos 13 anos transformou a casa dos pais em Salvador em um centro de atendimento aos necessitados, pobres e doentes. Conhecida como “o anjo bom da Bahia”, ajudou a fundar diversas instituições filantrópicas, como o Hospital Santo Antônio. Foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz em 1988 e beatificada em 2011. 3. Lina Bo Bardi Direito de imagem GABRIEL GRESPANA convite de Assis Chateubriand, Lina Bo Bardi projetou o Masp Nascida na Itália e naturalizada no Brasil, Lina nasceu Achillina Bo e veio para o Brasil em 1942 para se afastar da instabilidade política da Europa, que a deixava inconformada. Aqui, abriu caminho para as mulheres na arquitetura e foi responsável pelos projetos do Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand) e do Sesc Pompeia, entre outros prédios emblemáticos. Estudiosa da cultura brasileira, Lina tinha um forte engajamento político e acreditava que a arquitetura deveria simples e uma ferramenta para melhorar a vida da sociedade e dos mais pobres – e criticava a ostentação. Apesar da contribuição para a arquitetura, ela não teve tanto reconhecimento em vida e enfrentou muitos preconceitos por ser mulher e estrangeira. PINTURA DE DOMENICO FAILUTTIMaria Quitéria se passou por homem 4. Maria Quitéria Primeira mulher a entrar nas Forças Armadas e a defender o Brasil em combate, Maria Quitéria de Jesus Medeiros é frequentemente comparada a Joana d’Arc. Foi uma das heroínas da Guerra da Independência. O pai dela não permitiu que se alistasse, mas em 1822 ela fugiu de casa, cortou os cabelos, se vestiu como homem e se juntou ao Regimento de Artilharia. Foi descoberta pelo pai logo depois, mas teve a permanência na tropa defendida por um major por causa de sua disciplina e destreza com as armas. Depois do serviço militar, foi perdoada pelo pai, se casou e teve uma filha. 5. Clementina de Jesus Clementina foi uma das sambistas mais importantes do país Uma das principais sambistas de todos os tempos, Clementina foi empregada doméstica até ser descoberta e reconhecida já com mais de 60 anos. Famosa pelo repertório de músicas de raízes afro-brasileiras tradicionais, ela foi importante por registrar e divulgar cantos ancestrais dos escravos na história da música. Sua biografia, intitulada Quelé – A Voz da Cor, foi lançada no ano passado. RETRATO POR PEDRO CELSO CRUZNise foi ativista da luta antimanicomial 6. Nise da Silveira Psiquatra brasileira e aluna de Carl Jung, Nise ficou conhecida pela contribuição pela luta antimanicomial e por ter implementado a terapia ocupacional e as artes no tratamento das doenças psiquiátricas no processo terapêutico. Ela se formou em 1926 – era a única mulher em uma turma com 157 alunos. Chegou a ser presa durante o Estado Novo, acusada de envolvimento com o comunismo, e dividiu a cela com Olga Benário, militante do movimento no Brasil. Nise criticou, discutiu e revolucionou o tratamento psiquiátrico e as condições dos manicômios no Brasil. 7. Zilda Arns Direito de imagem WILSON DIAS/AG. BRASILZilda foi uma das vítimas do terremoto que atingiu o Haiti em 2010 Zilda foi uma médica pediatra e sanitarista brasileira, responsável pela fundação da Pastoral da Criança. Ela dedicou a vida à saúde pública com enfoque no combate à mortalidade infantil, desnutrição e violência contra as crianças e desenvolveu uma metodologia própria para realizar os tratamentos preventivos. Irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, Zilda morreu no Haiti. Ela trabalhava em uma missão da Pastoral quando o país foi atingido por um terremoto, em 2010. PINTURA DE GAETANO GALLINOImage captionAnita foi combatente 8. Anita Garibaldi Uma das mulheres mais reconhecidas da história do Brasil, Anita Garibaldi é chamada de “Heroína dos Dois Mundos” pela participação em diversas batalhas tanto no Brasil como na Itália ao lado do marido, Giuseppe Garibaldi. Anita foi muito influenciada pelos ideiais do marido. Eles foram parceiros de vida e de combate: ela aprendeu a usar armas e espadas e foi combatente na Revolução Farroupilha e Revolta dos Curitibanos, entre outras. Tarsila é expoente do modernismo 9. Tarsila do Amaral Um dos principais nomes do modernismo brasileiro, Tarsila criou algumas das obras emblemáticas do movimento, como

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Como doação de milionário permitiu ao Chile criar rede de parques do tamanho da Suíça

Bachelet e McDivitt assinaram na quarta-feira acordo para transferência dos terrenos Direito de imagem AP Graças a uma doação, o Chile terá agora uma rede de parques nacionais do tamanho da Suíça. Kristine McDivitt, viúva do magnata norte-americano Douglas Tompkins, doou 407.625 hectares de terra ao governo chileno para a criação de uma área de conservação.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Cofundador da marca de roupas e artigos esportivosThe North Face, Tompkins morreu em 2015, aos 72 anos, após um acidente de caiaque na Patagônia chilena. A presidente do país, Michelle Bachelet, e McDivitt assinaram o acordo para transferência dos terrenos, que farão parte da futura Rede de Parques Nacionais da Patagônia. O governo chileno se comprometeu ainda a adicionar 949.000 hectares de terra para a criação da rede. Os terrenos formam a maior área de conservação no Chile desde 1960 Parques nacionais Os terrenos em questão – “a maior doação de terras privadas da história”, segundo a família Tompkins – serão usados para abrigar três parques nacionais, Pumalin, Melimoyu e Patagônia, de acordo com um comunicado divulgado pela Presidência do Chile. Além disso, três parques existentes serão ampliados: Hornopirén, Corcovado e Isla Magdalena. Os seis parques fazem parte dos 17 que vão compor a Rede de Parques Nacionais da Patagônia, cuja criação oficial ainda está pendente. Até agora, só existe um protocolo de intenção. As terras estão localizadas nas regiões de Los Lagos, Aysén, Magalhães e Antártica Chilena. Elas se estendem por mais de 2 mil quilômetros, de Puerto Montt até Cabo de Hornos, no extremo sul do Chile. Segundo Bachelet, “a rede protegerá 4,5 milhões de hectares de biodiversidade”, ou seja, uma área do tamanho da Suíça. Rede de parques terá 4,5 milhões de hectares, área equivalente à Suíça A magnitude da doação não é por acaso. Douglas Tompkins acreditava que a conservação, para ser eficaz, precisava ser “grande, selvagem, conectada”. A rede de parques planejada atende aos três requisitos. “É um grande dia para o Chile! A visão dos Tompkins, somada à vontade e aportes do Estado, vão criar a Rede de Parques Nacional da Patagônia”, disse Bachelet no Twitter. A presidente acrescentou tratar-se do “maior projeto de parques terrestres desde a década de 1960” no Chile e um passo para preservar a “vasta fonte de biodiversidade do país.” “Hoje é um dia histórico para nós. Tenho certeza que Doug está lá com um sorriso”, afirmou a viúva, apontando para cima. McDivitt ofereceu as terras ao governo de Chile em janeiro de 2016, um mês após a morte de Tompkins. Desde então, os dois lados estavam em processo de negociação para chegar a um acordo sobre as condições da doação. O acordo de transferência foi assinado no Parque Pumalin, na região de Los Lagos, no sul do Chile. Direito de imagem GETTY IMAGESDouglas Tompkins era considerado uma figura polêmica no Chile Quem foi Douglas Tompkins? Ao longo da vida, o ambientalista Doug Tompkins comprou grandes extensões de terra no sul do Chile e da Argentina para preservar. “Se Doug estivesse aqui hoje, ele diria que os parques nacionais são uma das maiores expressões da democracia”, afirmou McDivitt. Gideon Long, jornalista da BBC em Santiago, disse que o acordo entre o governo do Chile e a família Tompkins “é um marco importante para a conservação da Patagônia” e “mostra como a relação entre ambos tem melhorado desde que o ambientalista desembarcou pela primeira vez no país, no início dos anos 90”. Naquela época, muitos chilenos viam os Tompkins com desconfiança e se perguntavam por que aqueles “gringos” ricos estavam comprando grandes extensões de terra no sul do país. Direito de imagemAPAcordo de transferência foi assinado no Parque Pumalin, na região de Los Lagos, no sul do Chile “Os chilenos temiam que os Tompkins acabassem sendo donos das terras da costa até a fronteira argentina e dividissem o país em dois”, afirma Long. O cofundador da The North Face era considerado por alguns como um “gringo” que chegou à América do Sul para tomar áreas de recursos naturais da Patagônia chilena e argentina. O que para Tompkins era filantropia, alguns moradores chamavam de interferência. Na Patagônia chilena, onde passou as últimas duas décadas da sua vida, Tompkins disse que estava “salvando o paraíso” e não explorando, como haviam feito muitos milionários antes dele. Ele não conseguiu evitar, no entanto, que alguns o rotulassem de “o maior latifundiário” do Chile e da Argentina. Com a doação, os Tompkins cumpriram a promessa feita repetidas vezes desde sua chegada: comprar as terras para que fossem preservadas e devolvê-las algum dia para uso público. Douglas Tompkins fundou, em parceria com a mulher, a organização Tompkins Conseil.

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Carne podre: conspiração?

Muito conveniente 1. A podridão da carne desvia o olfato da podridão nos três poderes. A anistia ao caixa dois sai do foco. 2. O escândalo da carne estoura justo quando o Brasil recebeu o ok da FDA para exportar carne para os USA. 3. Produtores norte-americanos estouram Veuve Clicquot em Wall Street. [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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