Brasil: da série “Só dói quando eu rio”
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Câmeras de celulares, cada vez potentes e onipresentes, estão matando a fotografia profissional? Em entrevista à DW, especialista alemão Ditmar Schädel fala dos limites e perspectivas da fotografia informal. Até algumas décadas atrás, fotografar era uma atividade complexa e custosa, exigindo conhecimentos de foco, iluminação, composição, assim como investimentos respeitáveis com filmes e revelação. Contudo, em seguida ao advento das câmeras digitais, leves e práticas, com as quais fazer uma foto ou 10 mil “não custa nada”, o lançamento do iPhone, em janeiro de 2007, marcou mais um passo definitivo na democratização da fotografia.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Nos dez anos desde então, a qualidade e funções das câmeras que acompanham os smartphones evoluiu de forma meteórica. As imagens produzidas com eles povoam não só as redes sociais, mas também sites de jornalismo e exposições de arte fotográfica. Hoje, qualquer um é um fotógrafo em potencial, a todo e qualquer momento. Isso significa que a fotografia profissional está morta? E o que ainda se pode esperar do futuro das fotos de smartphone? A DW entrevistou o fotógrafo Ditmar Schädel, docente da Universidade Duisburg-Essen e desde 2010 presidente da Sociedade Alemã de Fotografia (DGPh), organização que reúne cerca de mil personalidades da cena fotográfica nacional e internacional. DW: Dez anos atrás, os smartphones tomaram o mundo de assalto, e hoje nossa vida parece impensável sem eles. Qual é o efeito desses aparelhos sobre a fotografia? Fotógrafo Ditmar Schädel é presidente da DGPh Ditmar Schädel: O smartphone é, naturalmente, um instrumento multifuncional, com o qual se pode fazer muitas coisas, das quais a fotografia é apenas uma pequena parte. O que mudou com o smartphone, é que agora todo o mundo traz uma câmera consigo, o tempo todo. Antes, primeiro o instrumento tinha que estar disponível, depois era preciso levá-lo intencionalmente consigo e clicá-lo na situação dada. Hoje a maior parte do tempo as pessoas nem levam o smartphone no bolso, mas já o carregam na mão. Assim elas estão possibilitadas a fotografar a qualquer momento. Antes era necessário mais preparação, hoje se pode captar o momento casualmente. Por que cada vez mais fotógrafos deixam a câmera em casa e recorrem aos smartphones? Em que situações eles apresentam vantagens em relação aos aparelhos fotográficos? Alguns fotógrafos o utilizam como aparelho para esboços: primeiro fazem fotos com o smartphone, para então ver o que pode resultar daí. Como o celular está sempre à disposição, ele permite esboçar um objeto, uma situação, um espaço urbano. Antes já se fazia isso com pequenas câmeras compactas. Quem trabalha no campo jornalístico, enfim, tem sempre o smartphone à mão, e com isso, claro, a vantagem de poder mandar a foto tirada muito mais rápido para a redação, “ao vivo”, em princípio. Não é necessário nenhum passo intermediário, como com a câmera. A qualidade ainda não concorre com a das grandes câmeras, mas é perfeitamente aceitável para muitas finalidades, em especial para o jornalismo online. Tendo uma boa câmera permanentemente à mão, no celular, em breve os leigos vão tomar o lugar dos fotógrafos profissionais? Os leigos são, antes, como flaneurs, e decidem espontaneamente em determinada situação: “Agora vou fotografar isto.” Os profissionais saem em campo com uma concepção prévia, uma meta. A motivação para fotografar algo continua sendo outra. Outro aspecto é o trabalho preparatório: com a experiência deles, os profissionais trabalham de forma conceitualmente diferente – e, na verdade, melhor. Ainda assim, em muitos campos o prestígio do grupo profissional dos fotógrafos se perdeu. Algumas redações não estão mais dispostas a pagar o preço justo por fotos, uma vez que as obtêm quase de graça dos amadores. Steve Jobs apresenta o primeiro iPhone, em 9/01/2001, em San Francisco O que podemos esperar do futuro da fotografia com smartphones? O progresso tecnológico dos últimos dez anos foi vertiginoso, é quase impossível prever como será a fotografia com smartphones nos próximos dez anos. Quem dá valor a ter uma boa câmera em seu celular, vai dispor de aparelhos geniais, no futuro. Hoje em dia já há modelos centrados na câmera, com objetivas especiais e qualidade fotográfica altíssima. No entanto, acho que a massa vai se contentar com os celulares com funções de câmera relativamente simples. Afinal, a geração smartphone não faz fotos para guardar. Elas são antes uma forma de comunicação, para descrever algo. Em vez de escrever ou dizer “Estou me sentindo bem” ou “Minha comida está gostosa”, envia-se uma foto. Ela não é para ficar em algum lugar, ser admirada ou impressa, mas sim, antes, um impulso. A foto de smartphone é um meio rápido, não pensado para publicação, e provavelmente continuará sendo assim.
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Artigo de Juan Arias diz que grande massa começa a se refugiar na extrema direita. O jornal espanhol El país publicou nesta terça-feira (10) um editorial onde aponta que começa a haver um consenso sobre a crise da esquerda contemporânea e o seu abandono pelos mais marginalizados, entre eles os trabalhadores não qualificados, os desempregados, os jovens desencantados e os imigrantes.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Eles são o mundo da nova pobreza. O resultado é duplamente dramático, porque a massa dos novos deserdados começa a se refugiar na extrema direita, que roubou da esquerda o discurso anticapitalista. Está ocorrendo na democrática Europa, e existe o perigo de que ocorra também aqui no Brasil. Juan Arias comenta em seu artigo que no espaço de alguns dias, vários intelectuais se manifestaram em concordância com tal análise. Em texto para El País, Víctor Lapuente, doutor em Ciências Políticas da Universidade de Oxford alertou sobre o risco de que a esquerda contemporânea “deixe de ser vista como representante da sociedade em seu conjunto”. E nesse conjunto da sociedade vivem, por exemplo, a grande massa dos trabalhadores desqualificados, os últimos na escala da pirâmide social e os milhões que procuram trabalho. Todos eles esquecidos pelos grandes sindicatos. O editorial de Arias destaca que o problema da esquerda brasileira, começando pelo PT, que constituía sua espinha dorsal, é, de fato, que acabou se aristocratizando, transformando-se no refúgio da classe média alta, dos artistas e intelectuais. Os sindicatos se burocratizaram e se comprometeram mais com as categorias ricas, como os banqueiros, do que com o exército dos milhões de trabalhadores marginalizados. Deixaram para trás valores como os do mérito e a economia, cuja bandeira hoje é empunhada pela direita.
Quinzena Michelangelo Merisi da Caravaggio Narcissus, 1597 – Óleo sobre tela 110 cm × 92 cm Galleria Nazionale d’Arte Antica, Rome [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]
“Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia.” Nietzsche