Arquivo

Cervantes – Versos na tarde – 30/08/2016

Esperança Cervantes ¹ Nesta rua jaz minha Esperança, A quem de corpo e alma adoro; Esperança de vida e tesouro, Pois não a tem quem não a alcança. Se a alcanço, tal será minha andança, Que não invejo o francês, o índio, o mouro. Portanto teu favor galhardo imploro, Cupido, deus de toda doce folgança. Que embora seja esta Esperança tão pequena, De anos apenas dezenove, Quem a alcance será um gigante. Cresça o incêndio pois vale a pena, Oh! Esperança, ninguém me demove De estar a teu serviço vigilante. Saí, Esperança minha, A favorecer a alma, Que sem vós agonizando Quase o corpo desampara. As nuvens do termor frio Não cobrem vossa luz clara; Que é míngua de vossos sóis Não render quem os contrasta. No mar de meus enfados Mantende tranqüilas as águas, Se não quiserdes que o desejo Tropece com a esperança. Por vos espero a vida Quando a morte me mata, E a glória no inferno, E no desamor a graça. ¹ Miguel de Cervantes e Saavedra * Alcalá de Henares, Espanha – 29 de Setembro de 1547 +Madri, Espanha – 23 de Abril de 1616 Romancista, dramaturgo e poeta espanhol. Autor de Dom Quixote de La Mancha, a mais importante obra em castelhano.

Leia mais »