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Tecnologia: Veja o que acontece durante apenas um minuto na internet

Internet: as novas mídias sociais estão cada dia mais populares. O crescimento da população global da internet pode ter aumentado pouco de 2015 para 2016 – de 3,2 bilhões para 3,4 bilhões. Contudo, a obsessão por emojis, GIFs e vídeos só cresceu ao longo deste ano. De acordo com o estudo Data Never Sleeps da empresa de software Domo, o conteúdo multimídia está dominando a internet. Como resultado da pesquisa, a empresa mostra tudo que acontece em apenas um minuto na internet.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Na rede social Snapchat, os usuários assistem a mais de seis milhões de vídeos nesses 60 segundos. No ano passado, a cada minuto, eram visto “apenas” 284 mil snaps — o que mostra um crescimento considerável. Outro exemplo é o Giphy, site que serve como buscador e repositório de GIFs. Segundo o estudo, os usuários da plataforma compartilharam 569.217 GIFs por minuto neste ano. No quesito apps e sites de relacionamento, o Tinder pode ser considerado um modelo de sucesso. Neste ano, os usuários deslizaram seus dedos no aplicativo 972.222 vezes por minuto, um aumento de 65% em comparação com o estudo do ano passado. Mídias sociais mais antigas também tiveram um crescimento considerável. Os usuários do YouTube, por exemplo, assistiram a 400 horas de vídeo por minuto em 2016 e apenas 300 horas de vídeo por minuto em 2015. Já a Netflix, em apenas 60 segundos, faz streaming do equivalente a mais de 86 mil horas de vídeo. O Google, por sua vez, traduz 69,5 milhões de palavras nesse meio tempo. Abaixo, está o infográfico (infelizmente em inglês) gerado pela empresa com todos os números. Veja: Domo Marina Demartini/Exame

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Mário Quintana – Versos na tarde – 02/07/2016

O Poema Mario Quintana¹ Um poema como um gole d’água bebido no escuro. Como um pobre animal palpitando ferido. Como pequenina moeda de prata perdida para sempre [na floresta noturna. Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa [condição de poema. Triste. Solitário. Único. Ferido de mortal beleza. In O Aprendiz de Feiticeiro em Antologia Poética ¹Mario de Miranda Quintana * Alegrete, RS. – 30 de Julho de 1906 d.C + Porto Alegre, RS. – 5 de Maio de 1994 d.C Mário de Miranda Quintana, quarto filho de Celso de Oliveira Quintana, farmacêutico, e de D. Virgínia de Miranda Quintana. Com 7 anos, auxiliado pelos pais, aprende a ler tendo como cartilha o jornal Correio do Povo. Seus pais ensinam-lhe, também, rudimentos de francês.

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Facebook: o inútil texto de autorização que ‘rola’ na rede social

Espero que agora esse “Hoax” pare de ser replicado no FaceBook. Já cansei de explicar a inutilidade desse texto. José Mesquita Declaração circula desde 2012 no Facebook, mas não tem qualquer efeito prático Ele voltou. Um texto que circula há alguns anos no Facebook com uma declaração em que o usuário proíbe o uso de qualquer conteúdo postado por ele pela rede social voltou a ser bastante publicado nos últimos dias – uma medida sem qualquer efeito prático, segundo a empresa e especialistas. Desde que surgiu pela primeira vez, o post já ganhou diferentes versões, todas com a mesma essência: declara o perfil como privado e veta a “divulgação, cópia, distribuição ou qualquer outra ação” de imagens, informações ou publicações, “tanto do passado como do futuro”, pelo Facebook e organizações controladas pela empresa. A razão disso seria o fato da rede social ter passado a ter suas ações negociadas em bolsa. “O Facebook agora é uma entidade de capital aberto”, explica o texto, o que denuncia há quanto tempo ele é divulgado no site, já que a companhia abriu seu capital em 2012. Por fim, afirma que, ao não publicá-lo em seu perfil, a pessoa está “tacitamente” permitindo o uso de suas publicações. O problema é que, ao se cadastrar no site e aceitar seus termos de uso, o usuário deu uma autorização explícita para o Facebook usar comercialmente os dados de seu usuário. E a publicação de uma declaração como esta não invalida a aceitação dessas condições. “Não existe isso de consentimento tácito neste caso. Todo ambiente digital tem suas próprias regras, normas que governam seu uso. Todo usuário aceitou esses termos de uso. Declarações pessoais feitas pelos usuários não se sobrepõem aos termos de uso da plataforma”, afirma Carlos Affonso Souza, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro e professor de Direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. “Por isso, não publicar o textão tem o mesmo efeito de publicá-lo: nenhum. Salvo o aborrecimento dos amigos que precisam ficar lendo essas declarações de independência autoral sem qualquer base.” No campo “Direitos e Responsabilidades” de seus termos, a rede social diz que o usuário retém os direitos de propriedade intelectual dos conteúdos que posta, mas, ao publicá-los em seu perfil, dá ao Facebook uma licença para usá-los e mostrá-los dentro de seu sistema. À BBC Brasil, a rede social disse que “sempre circulam rumores de que o Facebook está fazendo mudanças relacionadas à propriedade da informação e do conteúdo que as pessoas postam na plataforma. Isso é falso.” “Qualquer um que utilize o Facebook é dono de seu conteúdo e controla a informação que posta, como deixamos claro em nossos termos de serviço. Toda pessoa na plataforma controla como seu conteúdo e sua informação são compartilhados. Essa é e sempre foi a nossa política.” Autorização O fato de suas ações serem negociadas em bolsa não afeta esse contrato aceito pelos usuários ao abrirem suas contas. “O Facebook ter virado empresa de capital aberto não muda em nada no que diz respeito aos termos de uso aceitos pelos seus usuários”, diz Souza. Publicar texto no perfil não invalida os termos de uso aceitos pelo usuário Ele explica que, em relação a direitos autorais, é comum haver uma cláusula determinando que o que for postado pode vir a ser usado pela empresa que explora a rede social. Geralmente, trata-se de uma licença global, não remunerada e não exclusiva que permite que a companhia possa usar as fotos esse conteúdo publicado online. “Por (essa licença) ser não exclusiva, o usuário permanece como titular dos direitos sobre suas criações, mas, ao aceitar os termos de uso, autoriza que a empresa também use aquilo que ele coloca na plataforma”, diz o especialista. “Então não adianta postar declarações unilaterais, que não estão de acordo com os termos de uso nem amparadas por qualquer previsão legal que daria a elas o poder de revogar os termos que foram previamente acordados pelo usuário ao entrar na rede social.” Identificando um boato Publicar esta mensagem não impede o Facebook de usar suas selfies Mas esse não se trata do único boato que circula no site. Outro recorrente afirma que a rede social passaria a cobrar para manter um perfil como uma página privada, caso a mensagem não seja publicada nele. E também já foi negado pela empresa. Mas como, então, identificar estes boatos e não ser enganado? Thiago Tavares, especialista em Direito da Informática e presidente da ONG Safernet, dá algumas dicas: Pergunte-se de onde veio a informação: muitos textos não costumam citar fontes, dificultando saber se é confiável. Não clique em eventuais links e busque em sites oficiais e de notícias para checar detalhes, como as leis mencionadas na mensagem sobre privacidade de dados: a “UCC 1 1-308-308 1-103” não existe, por exemplo, e o Estatuto de Roma existe, mas não trata de redes sociais. Leia os termos de compromisso: é trabalhoso, mas essencial ao se cadastrar em um site. Se já os aceitou, leia novamente para relembrar. No caso do Facebook, é informado que seus dados podem ser usados comercialmente e compartilhados com serviços atrelados à rede, como jogos e sites de compras. Nenhum texto publicado no perfil anula esta autorização. Foi uma condição aceita para participar da rede. Visite a seção de “configurações”: no seu perfil, você pode mudar as configurações de privacidade e decidir quem, da sua rede de amigos e do público em geral, consegue ver seus dados e postagens e escolher que tipo de anúncios você não deseja receber, ainda que a empresa mantenha com ela os dados usados para saber quem você é e do que você gosta. Baixe seus próprios dados: por meio da seção “Geral” das configurações do Facebook, você pode obter uma cópia dos dados que a rede possui sobre você. É uma maneira prática de entender o que exatamente o site sabe sobre você e ter uma noção de o quão exposto está. Com dados da BBC

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Lava Jato: O que as novas operações anticorrupção investigam – e qual é a ligação delas com a Lava Jato

Saqueador, Boca Livre, Tabela Periódica, Custo Brasil e, é claro, Lava Jato. E apenas para citar apenas algumas.  Ex-ministro Paulo Bernardo foi o alvo mais “ilustre” da Operação Custo Brasil; STF ordenou sua libertação – Image copyright AG. BRASI Neste momento, o país acompanha uma onda sem precedentes de operações que têm levado políticos, operadores financeiros e grandes empresários à prisão. “O momento é de muitas operações simultâneas porque há muitos casos simultâneos e há muitos dados e provas de muita coisa errada feita nos últimos anos”, afirma o coordenador da Câmara de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal, Marcelo Muscogliati. Segundo ele, nessa conta entram também uma maior autonomia da instituição, uma maior colaboração com a Polícia Federal e o Judiciário, e a relativamente nova interação com países como a Suíça – que enviou informações sobre contas mantidas por investigados no escândalo do petrolão no exterior, por exemplo.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “A grande novidade é que as provas hoje em dia estão mais acessíveis. Ficou mais difícil para as pessoas esconderem dinheiro ilícito no planeta, não só no Brasil. Ficou mais difícil cometerem crimes e não serem descobertas.” Está perdido no meio de tantas investigações? Entenda, a seguir, as principais operações deflagradas nos últimos dias – e qual a relação delas com a Lava Jato, a primeira da lista. Vale ressaltar que os acusados citados abaixo – exceto, é claro, os delatores – negam participação nos esquemas. Descobertas fizeram da Lava Jato a maior operação anticorrupção da história do país – Image copyright AG. BRASIL 1) Operação Lava Jato Essa dispensa apresentações: segundo dados atualizados na última segunda, já são 166 prisões (entre preventivas, temporárias e em flagrante), 56 acordos de colaboração premiada e R$ 2,9 bilhões recuperados. Iniciada como uma investigação sobre a atuação de doleiros, a operação acabou revelando o maior escândalo de corrupção da história do país. Em suas primeiras fases, o caso implicou empreiteiras, funcionários da Petrobras, operadores financeiros e políticos de vários partidos em um esquema de desvios que, segundo as contas atuais do Ministério Público Federal, movimentaram R$ 6,4 bilhões em propinas em obras da estatal. No decorrer das apurações, porém, passou a incluir outras estatais, como a Caixa e a Eletronuclear, e outros setores do governo. O centenário da batalha que matou mais de 1 milhão e traumatizou a Europa Já foram mais de 30 etapas que levaram à prisão políticos como o ex-ministro petista José Dirceu, o marqueteiro João Santana, responsável por campanhas eleitorais de Lula e Dilma, e empresários como Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro do conglomerado de construção que leva seu sobrenome. Além disso, o caso motivou protestos em todo o país e, embora não conste das acusações pelas quais a presidente afastada Dilma Rousseff será julgada no Senado, levou parte da opinião pública a apoiar o impeachment e colocou o deputado Eduardo Cunha, então estrela em ascensão do PMDB, na situação atual: é réu no STF sob a acusação de recebimento de propinas e corre o risco de ter o mandato cassado. Nesta sexta, foi deflagrada uma nova fase, que investiga desvios na Caixa delatado por Fábio Cleto, ex-vice presidente do banco, e teria entre os envolvidos Cunha – que nega participação no esquema -, empresários e o corretor Lúcio Bolonha Funaro, que foi preso. Não bastasse ser extensa em si, a Lava Jato deu origem as algumas das operações a seguir, que vêm movimentando o noticiário. PF fez buscas no apartamento funcional da mulher dele, a senadora Gleisi Hoffmann – Image copyright AG. BRASIL 2) Operação Custo Brasil Deflagrada na semana passada como um desdobramento da Lava Jato, levou à prisão o ex-ministro Paulo Bernardo – cuja soltura foi determinada dias depois pelo ministro do STF Dias Toffoli. Parceria entre o Ministério Público Federal em São Paulo, a Receita e a Polícia Federal, investiga supostos pagamentos de mais de R$ 100 milhões para servidores e políticos ligados ao Ministério do Planejamento entre os anos de 2010 e 2015 – ou seja, no fim do governo Lula e nos cinco anos de Dilma. Segundo as apurações, o grupo agiu para que uma empresa fosse contratada para gerir crédito consignado para servidores – 70% de seu faturamento foi repassado para outras firmas por meio de manobras como contratos simulados. Paulo Bernardo é acusado de ter se beneficiado do esquema, o que ele nega. A operação ocorreu em São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco e Distrtito Federal – foram 65 mandados entre busca e apreensão, condução coercitiva e prisão preventiva. Carlinhos Cachoeira (centro) voltou ao noticiário político-policial Image copyright AG. BRASIL 3) Operação Saqueador Na quinta-feira, um personagem já conhecido de outros escândalos voltou ao noticiário: o empresário Carlinhos Cachoeira, pivô do caso que levou à cassação em 2012 do então senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), acusado de agir no Legislativo para favorecer os negócios dele em jogos de azar. Agora, Cachoeira foi preso acusado de atuar na lavagem de dinheiro obtido pela construtora Delta por meio de contratos públicos – que corresponderam a 96,3% de seu faturamento entre 2007 e 2012, segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro. O dono da Delta, Fernando Cavendish, foi denunciado pela Procuradoria e também teve a prisão pedida – amigo do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), ele estaria fora do país. Segundo as investigações, R$ 360 milhões dos R$ 11 bilhões faturados pela empreiteira no período foram lavados com pagamento ilícito de serviços fictícios a empresas de fachada – é aí que entrariam Cachoeira e outros personagens, como Adir Assad e Marcelo Abbud – esses dois também implicados na Lava Jato. O Ministério Público afirma que o mesmo esquema atuou na Petrobras – a apuração apontou um aumento significativo dos valores das transferências supostamente ilícitas nos anos eleitorais, inclusive ligadas ao pagamento de obras que nunca foram realizadas. Ferrovia Norte-Sul também foi alvo de desvios, segundo investigadores Image copyright PR 4) Operação Tabela Periódica Outro desdobramento da Lava Jato, também veio à tona na quinta. É uma nova fase de outra operação, O Recebedor,

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Tecnologia: Não poderemos viver mais mil anos na Terra, diz Hawking

Stephen Hawking: cientista britânico ressaltou que há muitos experimentos ambiciosos programados para o futuro. Da EFE O físico Stephen Hawking afirmou nesta quarta-feira que a exploração espacial deve continuar, já que o futuro da humanidade depende disso, pois os homens não conseguirão sobreviver mais mil anos sem ir “além de nosso frágil planeta”. Hawking participou da terceira jornada do Festival Starmus que reúne cientistas e músicos em Tenerife e La Palma, nas Ilhas Canárias, na Espanha, entre eles 11 prêmios Nobel, em uma edição que se desenvolve sob o lema: “Além do horizonte, um tributo a Stephen Hawking”.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O cientista britânico ressaltou que há muitos experimentos ambiciosos programados para o futuro, como mapear a posição de bilhões de galáxias, além de utilizar os supercomputadores para compreender melhor “nossa posição” no Universo. Talvez, algum dia, seja possível utilizar as ondas gravitacionais para olhar para trás, em direção à origem do próprio Big Bang, afirmou o premiado físico, que se mostrou convencido de que a humanidade deve “continuar explorando o espaço para seu futuro”. Hawking fez um balanço emotivo de sua vida em uma conversa intitulada “Minha breve história” – em referência a seu famosíssimo livro “Uma breve história do tempo” – e assegurou que viveu um tempo glorioso realizando pesquisas sobre física teórica. “Nossa imagem do Universo mudou bastante nos últimos 50 anos e fico feliz de ter feito uma pequena contribuição”, disse aquele que é considerado um dos cientistas mais influentes do mundo. Para Hawking, nós humanos não somos mais do que conjuntos de partículas que, no entanto, estão próximas de compreender as leis que nos governam, “e isso é uma grande vitória”. A cosmologia se transformou em uma ciência de precisão em 2003 com os resultados do satélite Wmap, que produziu “um mapa maravilhoso das temperaturas do fundo cósmico a um centésimo de sua idade atual”. Nele, é possível perceber como a atração gravitacional desacelera a expansão de uma região do Universo, até que eventualmente colapsa sobre si mesma para formar galáxias e estrelas. Esse mapa “é a pegada da estrutura de tudo o que há no Universo”, opinou Hawking, que afirmou que agora o satélite ESA Planck produziu outra imagem com uma resolução muito mais alta e que, com ela, talvez seja possível detectar a marca das ondas gravitacionais, algo como “ter a gravidade quântica escrita no céu”. Stephen Hawking nasceu em 8 de janeiro de 1942, justo 300 anos depois do nascimento de Galileu, mas calcula que nesse mesmo dia devem ter nascido outras 200 mil pessoas no planeta, e lembrou que, apesar de sua péssima caligrafia, os companheiros de escola o chamavam de Einstein. Hawking já falava no colégio sobre a origem do Universo e se nisso havia intervenção divina. Quando entrou na Universidade de Cambridge, a cosmologia em geral não era algo ainda muito desenvolvido e o jovem Hawking se dedicou a ler a teoria geral da relatividade “sem chegar a compreendê-la a fundo”. Foi naquela época que ele começou a perceber que algo não estava bem com seu corpo, já que não tinha facilidade para remar, nem para patinar sobre o gelo e ficou deprimido ao ver como seu estado de saúde piorava rapidamente e não sabia se viveria o suficiente para finalizar sua tese. Este foi o início da esclerose lateral amiotrófica da qual padece, uma doença que o ajudou a ver que “cada novo dia era uma recompensa”, conforme ele mesmo destacou, e que o encorajou a ter curiosidade e, por mais difícil que a vida possa parecer, a estar consciente de que “sempre há alguma coisa que alguém pode fazer bem feito: o que importa é não se render jamais”.

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Economia: “Brasil precisa abandonar a pura fixação por crescimento”

Pesquisador alemão diz que país precisa partir para desenvolvimento sustentável e não ficar dependente da exportação de matérias-primas: “Emergentes não podem cometer mesmos erros históricos dos países industrializados.” Países perseguem o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) como condição necessária para o desenvolvimento e a redução da pobreza. Devido às crises políticas e econômicas, o Brasil está há dois anos em recessão – e os prognósticos para o futuro ainda não são muito positivos.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Mas para Reinhard Loske, professor de política, sustentabilidade e dinâmica da transformação da Universidade de Witten/Herdeck, na Alemanha, o Brasil, por conta do seu potencial e recursos naturais disponíveis, tem as melhores possibilidades para se desenvolver de forma positiva ao se concentrar no desenvolvimento interno e na economia regional, e não somente na exportação de matérias-primas. “Meu conselho seria abandonar essa pura fixação por crescimento e partir para um desenvolvimento sustentável e social-inclusivo”, afirma Loske, que foi deputado federal pelo Partido Verde de 1998 a 2007 e secretário estadual de meio ambiente e transporte do estado de Bremen. DW Brasil: Todos os países perseguem o crescimento econômico. Por que, em sua opinião, o decrescimento da economia poder ser positivo? Reinhard Loske: Historicamente, essa fixação pelo crescimento econômico é nova. Essa concepção de steady state economy se espalhou dos anos 1930 até 2000. O crescimento em países industrializados já está saturado e, hoje, não é mais o crescimento que está em causa, mas a sustentabilidade – quer dizer, desenvolver a economia de uma forma que, essencialmente, seja necessário usar menos recursos como energia, recursos, territórios etc. Já nos países em desenvolvimento, eu vejo diferente. Existe a necessidade de desenvolver a economia para uma grande camada da população que ainda não tem acesso a recursos. Mas, com uma estratégia de crescimento estritamente pura, isso não é possível. Esse desenvolvimento descampado como os países industrializados fizeram é incompatível com a sustentabilidade. Eu recomendo que países como Brasil, África do Sul, Índia e China tentem se desenvolver o máximo possível de forma sustentável e, ao mesmo tempo, zelem fortemente pela justiça social. O Brasil está há dois anos em recessão. O desemprego aumenta, e a renda cai. Como um político pode “vender” um cenário como esse de forma positiva? Pesquisas sobre bem-estar mostram que é necessário um certo nível material para que todos possam viver decentemente. E, a partir de um ponto, a correlação entre felicidade da população e valor do PIB já não existe mais. Em países como Brasil há algumas camadas da população que são pobres e, por isso, precisam do desenvolvimento. Mas nestas nações há também uma classe de consumidores que vivem com certo nível material que, a longo prazo, não é sustentável para o mundo. Por isso, eu aposto numa estratégia na qual sustentabilidade, desenvolvimento e justiça social sejam igualmente importantes. A atual crise econômica no país tem causas internas, como a corrupção estrutural e má governança. Além disso, a estratégia do extrativismo, de depender somente da extração de matérias-primas, é problemática. É preciso implementar mudanças mais profundas como a produção regional, cooperativas regionais de práticas agrícolas etc. Isso porque uma orientação baseada somente na exportação descampada de recursos não trouxe nada realmente a longo prazo para nenhum país. Na Europa, e principalmente na Alemanha, há um debate sobre o tipo do crescimento econômico. Há, juntamente com o PIB, outros indicadores para medir o crescimento que serão mais importantes no futuro? Sim. As principais críticas sobre o crescimento na Europa e América do Norte são: o limite ecológico do crescimento; o limite sócio-cultural – que diz que a felicidade das pessoas, em certo ponto, não se correlaciona mais com o crescimento; e se o PIB realmente mede, de forma adequada, o nosso bem-estar. Hoje se discute alguns indicadores de bem-estar alternativos ou complementares ao PIB como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Índice de Bem-Estar Econômico Sustentável (ISEW, em inglês) e o Happy Planet Index (HPI) – sobre este último sou um pouco crítico. Mas, por toda parte está a ideia de que a economia é importante, mas não é tudo. É importante também medir a qualidade do meio ambiente, saúde, educação, participação social e, quando nós observamos estes indicadores alternativos, concluímos que não é nos países mais ricos onde estão as pessoas mais felizes, mas onde é possível tirar muita felicidade a partir de poucas coisas materiais. Na Alemanha, temos a capacidade de tirar pouca felicidade de muita prosperidade. Quer dizer, há bons indicadores alternativos de bem-estar muito bons que incluem aspectos sociais, ecológicos e econômicos que cujas afirmações são mais sólidas do que só o PIB. Tecnologia também traz desvantagens: mesmo mais econômicos, população tem cada vez mais eletroeletrônicos Como é possível combinar proteção ao meio ambiente e interesses político-econômicos? A economia verde é, a médio prazo, uma boa estratégia. Trata-se da expansão das fontes de energias renováveis, melhoria da eficiência energética, eficiência dos recursos e da economia da reciclagem que, por meio de novos serviços, possam gerar bem-estar econômico, uma certa prosperidade e contribuição para a sustentabilidade. Porém, ela também tem desvantagens devido ao desenvolvimento tecnológico: nós temos carros econômicos, mas cada vez mais automóveis. Nós temos aparelhos elétricos que consomem pouco, mas cada vez mais eletroeletrônicos em casa. Entre o médio e longo prazo precisaremos de um novo complemento à estratégia da economia verde e da steady state economy, onde a sustentabilidade seja mais importante do que o crescimento. Existe a possibilidade de uma economia se orientar na queda da produção e do consumo? É preciso ver o caso de cada país. Em países ocidentais ricos como EUA, Alemanha e Reino Unido, pode-se dizer que 80% da população vivem de forma confortável, e 20%, em um nível crítico. Já em nações como o Brasil é diferente: 30% vivem no mesmo nível da classe consumidora como aqui na Alemanha, e 70% à parte disso. E esta última parte argumenta pelo crescimento econômico. E isso não é totalmente falso. Para garantir as necessidades básicas para estes países ou

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