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Henrique Meirelles não descarta criação de impostos “de modo temporário”

Temporários é? A ex-celência nos considera a todos uns imbecis? É? Então tá! José MesquitaReforma da Previdência é prioridade do governo Temer, disse novo ministro da Fazenda Ministro da Fazenda afirmou que presidente do BC será anunciado na segunda.  O novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse, nesta sexta-feira (13), durante entrevista coletiva, que o governo “tem pressa” na apresentação de resultados, mas que as medidas a serem anunciadas “não podem ter a finalidade de satisfazerem uma curiosidade natural”. Meirelles afirmou que o novo presidente do Banco Central e a nova equipe econômica serão anunciados na próxima segunda-feira (16). “Eu sou o primeiro interessado em saber quanto tempo vamos levar para termos uma visão da nossa real situação econômica. Espero que o mais rápido possível. Vamos procurar trabalhar intensamente, mas apresentar os resultados com segurança”, disse o ministro, se recusando a fazer uma avaliação do trabalho de Alexandre Tombini à frente do Banco Central. “Tenho um princípio, como ex-presidente do BC, de não comentar as questões de sucessores”. >> Meirelles não descarta volta da CPMF >> Presidente do Banco Central será anunciado na segunda-feira, diz Meirelles Questionado sobre reformas que virão a ser realizadas pelo novo governo, Meirelles priorizou a reforma da Previdência, “uma necessidade evidente”, segundo ele. “Na medida em que mais importante do que alguém saber em valor de moeda de hoje qual será o benefício em alguns anos, é saber se ele receberá a aposentadoria”, completou. “Em relação a direitos da previdência, a ideia é que se respeite direitos claramente adquiridos, apesar de que esse conceito é muito preciso e não prevalece sobre a Constituição. O importante é preservar o maior direito do cidadão, que é o de receber a aposentadoria. Os direitos sociais serão mantidos, não há dúvidas, questão do gasto da previdência é outra coisa”, argumentou. Meirelles disse que o nível tributário do país é elevado e que precisa ser diminuído, mas não descartou a possibilidade de que o governo não descarta a implementação de novos impostos e que o equilíbrio fiscal é prioridade. A tentativa da presidente Dilma Rousseff de recriar a CPMF teve grande resistência no Congresso Nacional. “O nível tributário no Brasil é elevado. Para que a economia volte a crescer de forma sustentável é importante diminuirmos o nível da tributação da sociedade. A prioridade hoje é o equilíbrio fiscal. Caso seja necessário um tributo, ele será aplicado, mas de modo temporário. Sabemos que o nível de tributação elevado e que isso atrapalha o crescimento econômico. A meta é a diminuição do nível tributário, no entanto, vamos dar prioridade à questão da dívida pública e a seu crescimento de maneira insustentável”. JB [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Como o PMDB virou o partido mais poderoso do país

Escrito em 2006 para celebrar o 40º aniversário do PMDB, o livro A História de um Rebelde diagnosticava, logo em sua introdução, que o partido sofria de uma “crise existencial”. Não fosse o afastamento de Cunha, PMDB acumularia controle do Planalto, da Câmara e do Senado – Image copyright PMDB O motivo era o seguinte: pela segunda vez em três eleições, a legenda decidira não lançar candidato a presidente nem a vice. “O PMDB vive, neste momento, uma realidade paradoxal: é hoje um partido nacional – o maior e o mais forte; (…) Contudo, em que pesem tantos atributos, vive um momento ímpar de radicalização extremada do federalismo, que o impede, desde 1998, de lançar candidato próprio à Presidência da República.” A crítica do autor da “biografia” da sigla, o ex-deputado federal mineiro Tarcísio Delgado, tinha destino. Segundo ele, lideranças que haviam aderido ao partido nas duas décadas anteriores haviam ganhado muita força e, em nome da liberdade para fazer as alianças regionais que desejassem, sustentaram a “posição surrealista” de não lançar candidato a presidente. Uma década depois, e no ano em que completa meio século de vida, o maior partido do Brasil volta à Presidência da República pela segunda vez, novamente de forma indireta, com o afastamento de Dilma Rousseff, agora oficialmente alvo de um processo de impeachment. Mas Delgado, hoje com 80 anos, continua descontente. Partido tem as maiores bancadas nas duas Casas do Congresso Image copyright AG. SENADO “O PMDB chega ao poder, mas é por meios travessos, que não têm nada a ver com a história do partido. Pelo contrário”, afirma o veterano à BBC Brasil. Ele trocou a sigla pelo PSB em 2012, após 46 anos de militância, devido a uma série de “desapontamentos”. Mas garante não ter mágoas. O que levou, porém, uma legenda que nem sequer conseguia se unir em torno de um candidato a presidente a acumular agora o comando do país, as maiores bancadas da Câmara e do Senado e à liderança no número de prefeituras e governos estaduais? Acidente ou plano? Ex-líder na Câmara e secretário-geral do partido na época em que era chefiado por Ulisses Guimarães (1916-1992), Delgado diz que sua experiência lhe permite crer que esse predomínio alcançado pelo PMDB não foi algo planejado. “Penso que (Temer) não chegou (ao comando do partido) com esse objetivo. Acho que não, até onde eu posso conhecer o Michel”, avalia, ao se referir à gestão de mais de uma década do presidente interino da República no partido, que presidiu até pouco tempo atrás. O cientista político Rafael Moreira, que estuda o PMDB na USP, também não vê o momento atual como resultado de um plano ou esforço do partido em assumir o papel de protagonista. “A estratégia do PMDB sempre foi se manter no plano de fundo da política brasileira”, afirma, ao explicar que as fortes bases regionais têm permitido à legenda sempre lançar muito mais candidatos ao Congresso Nacional do que as outras siglas e, assim, conquistar uma bancada ampla nas duas Casas. PMDB administra, com Eduardo Paes, a sede da Olimpíada; sigla também governa Estado do Rio – Image copyrightAG. BRASIL “Isso faz com que o ato de governar sem o PMDB se torne muito difícil”, acrescenta, antes de citar o aparente desfecho do governo Dilma Rousseff como uma prova disso. Na sua opinião, se houve uma estratégia para chegar ao poder, ela esteve centrada em Eduardo Cunha, presidente afastado da Câmara, e em Temer; dificilmente na legenda em si. O que deve se manter, inclusive, em 2018: para Moreira, a tendência é de que o PMDB volte à periferia. “Nunca dá para se falar de unidade se tratando do PMDB. Não conseguiram isso nem com o Ulisses Guimarães, que era uma figura de projeção nacional do partido, tinha acabado de ser o ‘senhor das Diretas’, levou adiante o projeto da Constituinte”, recorda, ao citar a candidatura do líder peemedebista à Presidência da República, em 1989. Ulisses terminou em 7º lugar. Ocasionalidade? É possível dizer, então, que todo esse poder caiu no colo do PMDB? Para José Alvaro Moisés, cientista político e professor da USP, seria um equívoco chegar a essa conclusão. “O PMDB consolidou uma estrutura muito forte no país, e o que está acontecendo agora é de certa maneira um resultado disso”, analisa. Na sua avaliação, o partido “mudou sua orientação” nos últimos dois anos. Logo após a reeleição da chapa Dilma-Temer e diante do crescimento da sigla nas urnas em 2014, algumas lideranças do PMDB passaram a questionar a aliança com o PT, recorda. “A política de aliança do PT significava ter o apoio do PMDB nas votações, mas, em casos muito raros, compartilhar decisões sobre política de Estado”, afirma. Relação entre Dilma e Temer degringolou em 2015, abrindo espaço para rompimento – Image copyright REUTERS Essa crítica ecoa como reclamação na famosa carta enviada por Temer a Dilma no fim do ano passado, marcando o início do rompimento da parceria. Leia também: ‘Lava Jato exportação’: O que se sabe até agora sobre conexões internacionais do esquema de corrupção O documento Ponte Para o Futuro, conjunto de propostas peemedebistas divulgado em outubro passado e visto como uma espécie de guia da gestão Temer, é apontado pelo professor como outro indicativo dessa mudança de rumo. A coincidência dessa sinalização de correção nos rumos com o avanço da crise, diz, é que levou o “cavalo a passar selado” para a legenda. ‘Partido sem face’ Professor da FGV-SP, o cientista político Cláudio Couto dá um crédito bem menor ao PMDB: além de não ver um projeto deliberado para chegar ao poder, diz que oPonte Para o Futuro está longe de ser um programa para o país. “Esse plano tem muito mais a ver com uma alternativa à falência da política econômica do governo Dilma do que ter, digamos, vida própria”, avalia. Couto classifica o PMDB como um “partido invertebrado”, sem face clara. “Por isso, nunca conseguiu ter um candidato presidencial. Qual o projeto do PMDB para o país? Sabe-se lá o que é”, diz.

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