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Adriano Espínola – Versos na tarde – 06/04/2016

Tristeza Adriano Espínola¹ Uma árvore torta. Uma ave cantando grave. A tarde já morta. ¹Adriano Espínola * Fortaleza, CE. – 1952 d.C Professor de Literatura Brasileira na Universidade Federal do Ceará e professor-leitor na Université Stendhal-Grenoble III (1989-91). Autor de vários livros de poesia e de antologias em português e em inglês. Já tem publicados uma tese sobre a poesia de Gregório de Matos e os seguintes livros de poesia: Fala, favela (1981); O lote clandestino (1982); Trapézio (1984); Táxi (1986); Metrô (1993); Em trânsito (1996), que reúne os dois livros anteriores; Beira-Sol (1997). Em 1998 foi lançada uma segunda edição bilíngüe (português/francês) do seu livro de estréia. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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A subversão do vernáculo e Diego Moraes

Com o derrame diário de escritores no mercado, a faculdade de Letras se transformou numa espécie de cartório que autentica a ambição dos neófitos, funciona como se fosse um curso de Direito linguístico para jovens e adultos que ignoram o fato de que ali nada há relevante para se assimilar sobre o ato de escrever ou mesmo sobre as sutilezas marginais do idioma. Letras, em muitas instituições, praticamente, é um curso técnico sobre línguas e literatura. Ao concluir a jornada acadêmica, receberão um triste diploma de burocratas, castiços que terão como destino imediato o magistério. Enlutados na beca negra, assassinaram a própria criatividade com uma dose fatal de arsênico.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Li um artigo do crítico e jornalista José Castello classificando Letras como a última opção para alguém que deseja escrever, eu concordo. Hoje, se formos separar o joio do trigo, constataremos que a maioria dos que se anunciam como autores não passam de corvos obcecados por rankings editoriais, em busca da fama e do panteão dos best-sellers. Porém, o que o curso de Letras tem a ver com o trabalho do Diego Moraes? Nada. Letras é a tabuada e Diego é a subversão do vernáculo. Ele integra uma geração que encontrou na literatura a expressão passional, usando a vantagem tecnológica do novo século para abrir os próprios caminhos. Twitter, Facebook e todas as ferramentas das Redes Sociais servem como outdoors para poemas, prosa poética e aforismos. Impactam. Não é incomum observarmos escritores consagrados, como Fernando Morais, curtindo pelo Faceos posts do destemido Diego. Como autor, ele está em construção, exercitando a tenacidade num reality show que a Internet nos permite observar ao vivo. Às vezes, é possível compará-lo a um Schopenhauer acordando de bom humor. Tal qual o velho filósofo, Diego desconstrói hipocrisias e ilusões que são fabricadas para sabotar a liberdade em nome da virtude. Aparentemente, assume uma postura apolítica, mas sua verve carrega um engajamento espontâneo, está sintonizada com a realidade. Não é banal, há uma obsessão em domar a selvageria feroz do pensamento pela escrita. “Quando você descobrir que Deus é ironia, sua dor vira piada” Fiz incursões atentas em 3 dos seus livros, a seguir: “A fotografia do meu antigo amor dançando tango” (Editora Bartlebee);  “Um bar fecha dentro da gente” (Editora Douda Correria) editora de Lisboa/Portugal; e “Eu já fui aquele cara que comprava vinte fichas e falava Eu te amo no orelhão” (Editora Corsário-Satã). Chamam-no de poeta, talvez porque poeta sejam aqueles indivíduos indefiníveis, pairando em nebulosas que estremecem nas explosões cósmicas. “Poeta é o cara que junta silêncios e grava um disco mudo. ” Generoso, enquanto estrutura o seu trabalho, Diego também abre portas e compartilha espaço com outros autores. É um dos criadores da Flipobre, conferência de escritores, com transmissão em tempo real, que faz sucesso entre os que buscam se firmar na constelação literária. Um evento alternativo aos clubes privês que chamam de feiras literárias, onde a participação não segue um critério transparente nem democrático. Diego já foi matéria em grandes jornais, como o Estadão, onde costumam destacar uma desventurosa passagem por São Paulo e seu contato involuntário com o submundo das ruas, do abandono e das drogas. Elementos externos que trazem muito mais responsabilidade ao artista, pois são rótulos que podem limitá-lo a uma caricatura de si mesmo ou torná-lo mito, como foi Rimbaud, Van Gogh, Hemingway, etc. Ser maldito não é chancela à genialidade, ser genial ao reinterpretar valores é que faz o maldito perpetuar a sua arte. Por isso, sempre considero injusto quando alçam a biografia acima de qualquer produção autoral, pois afogam a obra na história do indivíduo que a criou. Como é um apreciador da autoficção, de John Fante e Bukowski, tenho certeza que Diego Moraes sabe os traçar os caminhos que percorre. No Brasil, talvez no mundo, instalou-se um fenômeno querendo atestar que só após escrever um romance o autor confirma o seu talento. Temos notícias de que Diego Moraes está elaborando o seu primeiro romance, a ser publicado pela editora Record. Quem o acompanha, sabe que não será uma narrativa mais longa que validará o seu estilo em crescente aprimoramento, consolidado na prática e no afinamento diário. No entanto, a investida não o desqualificará e será interessante ver um maestro do vocábulo enxuto, das frases afiadas, dos versos concentrados e corrosivos, se derramar na verbosidade romanesca. “Silêncio de passarinho morto aqui na minha rua. ” Diego é manauara, sem nenhum vínculo com o consagrado Milton Hatoum, além daquele de possuir a capacidade de deslocar os nossos olhos das cansativas regiões Sul e Sudeste, para nos lançar nas extremas e enigmáticas fronteiras amazônicas. Manaus emerge sem ufanismos exagerados, é apenas um cenário ao fundo, tão pesado como outras capitais, mas sem potência de protagonista em seus livros. Urso é o seu apelido, seu personagem. E como um urso, Diego se agarra a literatura com a força de um náufrago que precisa daquele pedaço de tronco para sobreviver às ruínas do cotidiano; ele a abraça tentando não a sufocar, porque ali estão seus pulmões, seu coração. Nas sarjetas de São Paulo, ele esbarrou com o demônio, a quem se recusou entregar a alma. Na literatura, encontrou a redenção e se tornou apóstolo. Com Diego, aprendo que terminar de compor um texto é tomar a última dose num bar que fecha dentro da gente. *** Alexandre Coslei é jornalista e escritor

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Panama papers: em seis pontos, como offshores podem esconder bilhões de origem ilegal

Embora seja possível usar paraísos fiscais de forma legal, na maioria das vezes, esses lugares são relacionados no noticiário a tentativas de se esconder a origem e os verdadeiros donos de recursos e de se evitar o pagamento de impostos. Olhos do mundo se viraram para o Panamá com revelações de papéis de escritório de advocacia E não importa se você é um empresário alemão bem sucedido que decidiu burlar o fisco, um político que busca uma forma de receber propina, um traficante internacional ou o líder de um regime que desrespeita diretos humanos: os métodos para essas manobras são bastante similares.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O possível uso ilícito de offshores (como são conhecidas as contas ou empresas abertas em paraísos fiscais) veio à tona com o vazamento de mais de 11 milhões de documentos de uma das principais empresas do ramo, a panamenha Mossack Fonseca. A empresa alega que atende aos protocolos internacionais para garantir que as firmas sob sua tutela não sejam usadas para a sonegação, a lavagem, o financiamento de grupos extremistas e outros objetivos ilícitos. A BBC Brasil lista abaixo como offshores podem ser usadas para esconder bilhões de origem ilegal. Mossack e Fonseca diz ter atuado para evitar práticas ilegais 1. Empresas fictícias Para quem vê de longe, uma empresa fictícia parece ser um negócio legítimo. Mas é apenas uma “concha” vazia – daí a alcunha que ganhou no inglês, “shell company”, ou “companhia concha”. Ela não faz nada além de administrar o dinheiro que recebe, enquanto esconde quem é o verdadeiro dono desses recursos. Sua gestão é feita por advogados, contadores ou mesmo por um funcionário da limpeza, que fazem pouco mais do que assinar alguns documentos e permitir que seus nomes apareçam nas cartas enviadas à tal empresa. Quando as autoridades tentam descobrir quem realmente controla o dinheiro da companhia, ouvem que a gerência (que na verdade é de fachada) é a responsável. A verdade é que alguém está pagando essas pessoas para esconder seu dinheiro das autoridades ou, em alguns casos, até mesmo de ex-mulheres. 2. Paraísos fiscais Se você tem uma empresa fictícia, não vai querer que ela seja sediada em lugares como Londres, Paris, São Paulo, onde as autoridades podem tranquilamente, caso queiram, descobrir quem são seus verdadeiros donos. É necessário um lugar propício para a operação de empresas offshore, ou seja, um bom paraíso fiscal. Eles geralmente ficam em pequenos países-ilhas (daí o apelido paraíso fiscal) nos quais os dados bancários são ultrassecretos e as taxas sobre transações financeiras, baixíssimas ou inexistentes. Trata-se de vários países ou autoridades ao redor do mundo, tais como as Ilhas Virgens Britânicas, Macau, Bahamas e… o Panamá. Mas, mesmo nesses lugares, a maioria dos serviços financeiros prestados são perfeitamente legais: é o segredo possível ali que faz desses destinos algo atrativo para sonegadores e trapaceiros ao redor do mundo, especialmente se a regulação é fraca ou se as autoridades locais fazem vista grossa. Bahamas, no Caribe, também está listada entre os paraísos fiscais 3. Ações e títulos ao portador Se a ideia é obter uma camada a mais de anonimidade, ações e títulos ao portador são uma maneira fácil de mover grandes quantidades de dinheiro. Todas as notas de 5 libras (R$ 25), por exemplo, trazem a mensagem: “Eu prometo, sob demanda, pagar ao portador a quantia de 5 libras”. Ou seja: se está no seu bolso, é seu: a pessoa “portando” ou carregando o dinheiro é dona dele, pode gastá-lo ou fazer o que quiser com ele. Ações e títulos ao portador funcionam da mesma forma: a pessoa que está com eles em seus bolsos, pastas ou cofres é sua dona. Mas esses papéis não valem apenas 5 libras – títulos são emitidos em quantias consideráveis, como 10 mil libras (R$ 51 mil), o que os tornam ideais para o transporte de grandes quantias e perfeitos caso seja necessário negar a propriedade. Se o título está guardado em um escritório de advocacia no Panamá, quem saberá que ele é seu, ou mais, que ele existe? Essas “vantagens” explicam o fato de o governo americano ter parado a emissão de títulos ao portador em 1982: eles são uma mão na roda para quem quer burlar a lei. 4. Lavagem de dinheiro Lavagem é a prática que “limpa” o dinheiro “sujo”, ou seja, “disfarça” sua origem ilícita. Sendo assim, os recursos podem ser usados acima de qualquer suspeita. Se você é um traficante de drogas, um fraudador, ou, digamos, um político corrupto, terá nas mãos um monte de dinheiro que não poderá gastar sem chamar a atenção das autoridades. Uma das formas de lavagem envolve remeter esse dinheiro para uma empresa aberta em um paraíso fiscal. Como esses países guardam sigilo sobre essas informações, fica difícil rastrear os verdadeiros donos dos recursos. Para dificultar ainda mais o trabalho das autoridades, essas empresas normalmente não ficam nos nomes de quem aplicou o dinheiro. Eles usam, então, as empresas para investir os recursos em atividades consideradas legais, como a compra de um imóvel, por exemplo. Dessa forma, o dinheiro, que antes tinha origem ilícita, deixa de ter aparência “duvidosa”. O programa “BBC Panorama” é um dos veículos de imprensa que analisaram os papéis 5. Burlar sanções Uma das formas de punir ou tentar limitar o poder de alguns regimes é aplicar sanções. Isso pode envolver limites à importação de equipamentos militares e munições, proibir a exportação de petróleo e outros produtos, etc. Mas também há as sanções pessoais: fechar contas bancárias de ditadores e seus amigos, familiares e apoiadores. O governo britânico, por exemplo, impõe atualmente milhares de barreiras contra países, seus negócios, seus bancos e muitos indivíduos. Mas quanto mais onerosas são as sanções sofridas, mais dinheiro é faturado por quem ajuda essas pessoas a burlá-las. Criar contas secretas para torturadores e genocidas, fornecer armas para um ou dois lados de uma guerra civil ou financiar as ambições nucleares de regimes isolados estão entre as possibilidades. O uso de contas secretas e

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WhatsApp ativa a criptografia das mensagens para todos os usuários

App anuncia que só emissor e receptor poderão ter acesso a mensagens, fotos, vídeos e chamadas. O WhatsApp decidiu dar um passo à frente na proteção da intimidade dos internautas que utilizam seu aplicativo e anunciou que, a partir desta terça-feira, todas as mensagens de seu 1 bilhão de usuários passarão a ser criptografadas, para que nem sequer a empresa possa lê-las. MAIS INFORMAÇÕES Guia para usar itálico, negrito e outras novidades do WhatsApp Criptografia é a nova arma do Estado Islâmico Apple apoia que comissão estude limites para criptografia WhatsApp quer compartilhar informação com o Facebook Em um comunicado publicado pela revista Wired, e que depois foi confirmado pela empresa, os responsáveis pelo aplicativo explicam que as mensagens, fotos e vídeos que seus usuários enviarem estarão criptografados “de ponta a ponta”, ou seja, ninguém, salvo seu emissor e receptor, poderá lê-los.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A iniciativa inclui também as chamadas feitas por esse serviço. O WhatsApp estava trabalhando na cifragem de mensagens desde 2014, segundo revelam seus fundadores à revista. “A segurança e privacidade de nossos usuários está em nosso DNA”, afirma a empresa em uma nota oficial. “Quando a criptografia é de ponta a ponta, as suas mensagens, fotos, vídeos, mensagens de voz, documentos e chamadas estão seguros para que não caiam em mãos indevidas”, acrescenta. Para confirmar se as chamadas das mensagens estão cifradas de ponta a ponta, o usuário deve olhar o indicador na tela de informação do contato ou grupo, que aparecerá com um cadeado se estiverem criptografadas. Os usuários precisam ter a última versão do app para obter a criptografia das comunicações. A decisão chega em meio à polêmica entre a Apple e o FBI sobre o celular de um suspeito que a empresa se negou a desbloquear. Também ocorre num momento em que o popular aplicativo está sofrendo o assédio de competidores como oTelegram e o Kik, que já oferecem a cifragem das comunicações. El Pais WhatsApp, Criptografia,Segurança internet, Telefonia celular, multimídia ,Celular , Empresas,

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Eleições USA: Trump revela como pretende forçar o México a pagar por muro na fronteira

Pré-candidato republicano diz que pretende cortar fluxo de dinheiro enviado ao México por mexicanos que moram nos EUA. Medida pode gerar crise com um aliado diplomático crucial para os EUA  O pré-candidato republicano Donald Trump anunciou que, se for eleito presidente, vai forçar o México a construir um muro na fronteira com os Estados Unidos sob a ameaça de cortar o fluxo de dinheiro que imigrantes mexicanos enviam aos familiares no México. A medida pode dizimar a economia mexicana e criar uma crise sem precedentes com um aliado diplomático crucial para os EUA. Em um comunicado de duas páginas enviado ao jornal Washington Post, Trump detalhou, pela primeira vez, seus planos para a criação de uma barreira de 1.600 km na fronteira entre os dois países, uma de suas maiores promessas de campanha ridicularizada por várias lideranças mexicanas antigas e atuais.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] No comunicado, intitulado “Obrigando o México a pagar pelo muro”, Trump diz que basearia a medida no Ato Patriota, lei estabelecida após o 11 de setembro para reforçar medidas de segurança antiterrorismo. Desta forma, ele cortaria parte dos fundos enviados ao México via transferência bancária por mexicanos que moram nos Estados Unidos. O corte seria suspenso caso o governo mexicano pagasse uma cota única de US$ 5 bilhões aos EUA destinados a construir um muro na fronteira entre os dois países. “É uma decisão fácil para o México”, diz Trump no comunicado, cujo papel continha seu lema de campanha “Make America Great Again” (Faça a América Grande Novamente). No comunicado, Trump diz que após a construção do muro, “as transferências voltarão a ser liberadas para entrar no México ano após ano”. Segundo o banco central mexicano, quase US$ 25 bilhões foram enviados ao México em 2015 por cidadãos do país que moram no exterior. Em seu comunicado, Trump diz que “a maior parte desta soma é proveniente de imigrantes ilegais”, embora a quantia represente a verba enviada por mexicanos residentes em vários países do mundo, não apenas nos EUA. O comunicado de Trump é o mais recente esforço do pré-candidato republicano para detalhar suas propostas no momento em que enfrenta duros obstáculos em sua campanha, incluindo a ameaça de perder as primárias republicanas no estado de Wisconsin para o adversário Ted Cruz nesta terça-feira, 5. Fontes: The Washington Post-Trump reveals how he would force Mexico to pay for border wall

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