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Carlos Drummond de Andrade – Versos na tarde – 27/03/2016

Procura da Poesia Carlos Drummond de Andrade¹ Não faças versos sobre acontecimentos. Não há criação nem morte perante a poesia. Diante dela, a vida é um sol estático, não aquece nem ilumina. As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam. Não faças poesia com o corpo, esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica. Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro são indiferentes. Nem me reveles teus sentimentos, que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem. O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia. Não cantes tua cidade, deixa-a em paz. O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas. Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma. O canto não é a natureza nem os homens em sociedade. Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam. A poesia (não tires poesia das coisas) elide sujeito e objeto. Não dramatizes, não invoques, não indagues. Não percas tempo em mentir. Não te aborreças. Teu iate de marfim, teu sapato de diamante, vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável. Não recomponhas tua sepultada e merencória infância. Não osciles entre o espelho e a memória em dissipação. Que se dissipou, não era poesia. Que se partiu, cristal não era. Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intata. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam. Espera que cada um se realize e consume com seu poder de palavra e seu poder de silêncio. Não forces o poema a desprender-se do limbo. Não colhas no chão o poema que se perdeu. Não adules o poema. Aceita-o como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada no espaço. Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave? Repara: ermas de melodia e conceito elas se refugiaram na noite, as palavras. Ainda úmidas e impregnadas de sono, rolam num rio difícil e se transformam em desprezo. ¹Carlos Drummond de Andrade * Itabira do Mato Dentro,MG, – 31 Outubro 1902 d.C + Rio de Janeiro RJ, 17 Agosto 1987 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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O robô racista, sexista e xenófobo da Microsoft acaba silenciado

A Microsoft se viu obrigada a retirar um robô do Twitter porque em sua interação com seres humanos elaborava mensagens com conteúdo racista, sexista e xenófobo.Imagem da conta de Tay no Twitter.  O chatbot(sistema virtual capaz de gerar conversas que simulam a linguagem humana) foi projetado pela empresa para responder perguntas e entabular conversas no Twitter numa tentativa de capturar o mercado dos millenials nos Estados Unidos. O plano da Microsoft fracassou em poucas horas de operação. Tay se dirigia aos jovens entre 18 e 24 anos, com os quais pretendia estabelecer uma conversa “casual e brincalhona”, mas não foi capaz de lidar com insultos racistas, piadas e comentários que, por exemplo, endossavam teorias conspiratórias sobre os atentados de 11 de setembro.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Entre outros comentários, Tay parecia negar o Holocausto, apoiava o genocídio e chamou uma mulher de “puta estúpida”. Outra de suas respostas era condizente com a linha do candidato Donald Trump: “Vamos colocar um muro na fronteira. O México terá de pagá-lo”. O robô rebelde não parecia ter muito respeito por sua própria empresa. Um usuário disse a ele que o Windows Phone lhe dava nojo. Ele respondeu: “Estou totalmente de acordo, hahaha”. Em todos os casos vistos até agora a falha é a mesma: a geração da conversa. Embora os robôs encontrem a primeira resposta, falta-lhes acompanhar o contexto O sistema incentivava manter longas conversas para obter respostas mais inteligentes, mas muitos usuários optaram por perguntas polêmicas, que foram repetidas por Tay. Depois de detectar as falhas, o sistema se despediu anunciando que estava sendo desligado para “absorver” tudo o que tinha acontecido em “um dia ocupado”. Os comentários foram apagados da timeline de Tay, mas podem ser encontradosem uma página que fez uma cópia deles e os publicou. A Microsoft limitou-se a dizer que está fazendo alguns ajustes em Tay. A inteligência artificial é um dos campos mais candentes em Silicon Valley. Siri –a assistente virtual da Apple que permite dar ordens ao telefone com certa naturalidade– foi a pioneira. O Google respondeu com o Now, que pretende ser menos pessoal, mas mais eficiente. A Amazon –com o seu aparelho doméstico Echo– também entrou no terreno dos assistentes virtuais. Alexa é o personagem virtual que responde às perguntas. A Amazon deu um passo a mais do que seus concorrentes: Alexa dá informações em tempo real sobre tráfego, meteorologia, notícias de última hora, mas também permite manejar aplicativos externos para reproduzir música em casa ou explorar seu catálogo de filmes e séries a partir do Fire TV. Quando o Flickr permitiu a marcação intuitiva de fotos, várias pessoas negras viram como suas lembranças das férias apareceram sob o título de chimpanzés Em todos os casos vistos até agora a falha é a mesma: a geração da conversa. Embora os bots (programas de computador que imitam o comportamento humano) encontrem a primeira resposta, falta-lhes acompanhar o contexto e gerar uma conversa de maneira natural, tomando como referência as respostas anteriores. A intenção da Microsoft com essa conta era demonstrar seus progressos em Inteligência Artificial. Como aconteceu com o Flickr, quando permitiu a marcação intuitiva de fotos em seu serviço, várias pessoas negras viram como suas lembranças das férias aparecerem sob o título de chimpanzés. O Google, no entanto, usou fotos para mostrar seus progressos, mas de uma forma mais particular e suave. O aplicativo permite organizar as imagens por assuntos, lugares e objetos. Também permite buscas nos mesmos termos. A opção mais sugestiva é a que convida a marcar, internamente, as pessoas dos arquivos do telefone celular. Depois que o sistema aprende quem são elas, é possível armazená-las dentro dessa tag sem ter que indicar. Ou seja, ele reconhece a imagem da pessoa. O Facebook pretende aderir a essa iniciativa, que está sendo experimentada internamente há algum tempo, com um assistente semelhante para o Messenger. O plano do Facebook está voltado ao comércio eletrônico. O projeto, por enquanto, é conhecido pelo codinome “M”. A empresa sediada em Menlo Park o vê como a fórmula perfeita para se aproximar do cliente de maneira suave e natural com ofertas, assim como prestar serviço ao cliente sem ter um grande centro de chamadas. Telegram, o aplicativo de mensagens, começou a testar esses bots para resolver dúvidas. ElPaís

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Tecnologia e saúde: Cientistas descobrem como desligar a ansiedade

E se existisse um interruptor da ansiedade, que você pudesse ligar e desligar a hora que quisesse? Pois é nisso que alguns cientistas da Universidade da North Carolina estão trabalhando. Ansiedade: o problema é que os pesquisadores ainda não compreendem totalmente como essa chave funciona. O foco da pesquisa são pequenas proteínas cerebrais que podem ser a resposta para tratar várias doenças mentais, sendo a ansiedade a principal delas. Essas tais proteínas, chamadas receptores de opioides Kappa (KORs, na sigla em inglês), têm um papel importante na liberação de um neurotransmissor ligado à dor e às alterações de humor, o glutamato.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] As KORs são justamente a porta desse neurotransmissor: é como se elas fossem um portão que regula a sua saída do cérebro para o corpo. O que os cientistas descobriram é a chave para abrir e fechar este portão. O problema é que os pesquisadores ainda não compreendem totalmente como essa chave funciona, e nem os possíveis efeitos desse abre e fecha no organismo. Eles só sabem que funciona. Eles usaram ratos de laboratório para estudar o mecanismo: os bichinhos tiveram as KORs ligadas e desligadas em situações com diferentes níveis de stress, como, por exemplo, ser colocado em um campo aberto – o que é bastante assustador se você tiver o tamanho de um rato. A partir daí, eles perceberam que o comportamento das cobaias mudava bastante de uma situação para a outra. Quando as proteínas estavam desligadas, os ratinhos mostravam sinais de estar menos ansiosos: eles permaneciam mais tempo no espaço aberto, e não ficavam tão agitados buscando abrigo. Quando os neurotransmissores saíam do cérebro de uma forma normal, acontecia o oposto: eles entravam em pânico e ficavam o tempo todo tentando achar abrigo. Os resultados indicam que as proteínas em questão podem realmente ser portas que fecham o caminho da ansiedade no cérebro. Ainda não se sabe se elas funcionam da mesma forma no cérebro dos ratos e no dos humanos, mas como as estruturas das duas espécies são similares e como nós também temos as KORs, os cientistas estão confiantes para começar testes em humanos em breve. O próximo passo para o estudo dessas portas é explorar as diferentes formas de ansiedade, suas causas e seus diferentes impactos no organismo humano. Essa fase é importante para que os cientistas possam identificar os usos mais corretos das proteínas em cada neurotransmissão, já que as quantidades de glutamato que saem do cérebro são diferentes em cada situação. As KORs são conhecidas há pelo menos 20 anos naciência e são, inclusive, a base para o funcionamento de alguns analgésicos e de medicamentos que tratam a adicção. Mas foi a primeira vez que os cientistas conseguiram estudar os efeitos dessas proteínas sobre as variações de humor – e, efetivamente, desligar essas pequenas portas. Mas então, por que a gente não desliga tudo de uma vez? Afinal, ninguém gosta de ficar suando frio. Acontece que a ansiedade tem um papel muito importante nas nossas vidas: ela nos avisa sobre situações de perigo, nos ajuda a ficar espertos e prepara nossa cabeça para importantes eventos futuros. É só imaginar o que poderia acontecer com um ratinho desses se ele não ficasse ansioso em espaços abertos: ele seria uma presa muito fácil. O problema real, que é o que os cientistas buscam solucionar, é quando os sintomas da ansiedade são constantes e interferem nas atividades do dia a dia e na nossa capacidade de viver uma vida normal. Essa situação configura o transtorno de ansiedade, termo guarda-chuva que abrange várias doenças, como a síndrome do pânico, a fobia social e as fobias específicas. Para dar uma ideia, só no Brasil, cerca de 47 milhões de pessoas sofrem com o transtorno em suas diferentes formas. Por isso, a descoberta, se levada adiante, pode ajudar muita gente a ter uma vida mais equilibrada. Helô D’Angelo/Superinteressante

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Economista afirma que Alemanha é o país mais desigual do euro

“Em nenhum outro lugar os pobres permanecem com tanta frequência pobres, e os ricos, com tanta frequência ricos”, diz chefe do instituto econômico DIW, criticando distribuição de riqueza, salários e mobilidade social. Morador de rua em Stuttgart A Alemanha é “um dos países mais desiguais do mundo industrializado”, afirma o presidente do instituto econômico alemão DIW, Marcel Fratzscher, em seu livro Verteilungskampf: Warum Deutschland immer ungleicher wird (Luta por distribuição: por que a Alemanha fica cada vez mais desigual), publicado neste mês. Fratzscher afirma que em nenhum outro país da zona do euro a desigualdade é tão grande como na Alemanha, onde os 10% mais ricos detêm dois terços da riqueza do país. A desigualdade, no entanto, não se manifesta só na distribuição de riqueza, mas também nos salários: a lacuna entre as remunerações mais elevadas e as mais baixas vem aumentando, afirma.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A mobilidade social também deixa a desejar, segundo o economista. “Em nenhum outro lugar os pobres permanecem com tanta frequência pobres, e os ricos, com tanta frequência ricos”, critica. De acordo com Fratzscher, 70% dos filhos de pais com formação superior vão para a universidade, enquanto que, entre os filhos de pais com um nível menor de escolarização, a taxa é de 20%. Alimentando o planeta Questionado pelo jornal Die Zeit sobre sua interpretação incomum dos dados econômicos do país, Fratzscher afirmou que o problema está nos outros economistas. “Minha suposição: eles acreditam que a desigualdade pertence a uma economia de mercado em bom funcionamento, porque ninguém mais iria se esforçar se todos ganhassem o mesmo”, disse. Para o presidente do DIW, a desigualdade na Alemanha é alta não porque a economia de mercado funciona bem, mas porque ela não funciona. “Eu não quero fazer os ricos ficarem mais pobres, mas os pobres ficarem mais ricos.” Fratzscher afirma que, nos últimos anos, o governo alemão aumentou a ajuda social para compensar a crescente desigualdade salarial, com trabalhadores que ganham pouco tendo a renda complementada pelo Estado. “Ludwig Erhard, o pai da economia social de mercado, disse certa vez que o Estado deve garantir que todos possam cuidar de si mesmos com as próprias forças e possibilidades. Se as pessoas só conseguem sobreviver com a ajuda de auxílio social, isso contradiz tal ideal”, disse o economista ao Die Zeit. “Precisamos garantir que as pessoas possam viver de seus salários, em vez de serem dependentes do Estado.” Para Fratzscher, uma das soluções-chave seria o governo investir em educação. Apoio desde a creche, boas condições de aprendizado e uma melhor qualificação permitiriam que também os mais vulneráveis economicamente pudessem avançar por conta própria, diz o economista, citado pelo jornal Tagesspiegel. Discrepância entre regiões O aumento da distância entre ricos e pobres e entre diferentes regiões da Alemanha também é destacado num estudo atual da Fundação Friedrich Ebert. “As disparidades regionais estão se solidificando na Alemanha e, em parte, até aumentando”, afirma o documento. Os pesquisadores analisaram 20 indicadores relacionados à remuneração, educação e estrutura etária, por exemplo, em mais de 400 localidades do país. Ainda há uma lacuna entre o leste e o oeste, herança da divisão entre Alemanha Oriental e Ocidental. “Passado um quarto de século da Reunificação Alemã, o país ainda não é unitário em termos econômicos e demográficos”, afirma o estudo. O leste da Alemanha apresenta um desenvolvimento abaixo da média, e a diferença entre leste e oeste, existente desde a Reunificação, voltou a aumentar nos últimos anos, aponta o documento. Em muitas áreas da antiga Alemanha Oriental, a renda familiar média é de 1.315 euros, enquanto que em regiões no sul e no oeste, ela chega a até 3.294 euros. Além da diferença entre leste e oeste, há também uma discrepância entre o norte e o sul. Não apenas áreas da antiga Alemanha Oriental dependem de regiões fortes do sul do país, mas também do oeste e do norte. Já os estados da Baviera e de Baden-Württemberg, no sul, são particularmente bem-sucedidos. Outro aspecto apontado pela Fundação Friedrich Ebert é que o leste da Alemanha está envelhecendo rapidamente, enquanto sobretudo regiões prósperas do sul do país e nos arredores de Hamburgo, no norte, têm mais crianças. DW

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A web na China: ataques contra o iPhone e sequestro de tráfego

Um aspecto bastante conhecido da web na China é a censura. O sistema Escudo Dourado mantido pelo governo chinês filtra e impede o acesso a diversos serviços ou mesmo o acesso a certos conteúdos. Mas a web chinesa tem se destacado por mais duas práticas: os ataques contra o iPhone e a injeção de tráfego com publicidade, ataques e vírus. Os ataques contra sistemas iOS (iPhone e iPad) são curiosos. Enquanto o sistema se mantém mais ou menos ileso no ocidente, chineses – especialmente os que aventuram em “lojas alternativas”, com programas piratas -, têm sido alvo de uma série de ataques. Mas até quem se limita ao iTunes App Store, da Apple, não escapa: hackers chineses conseguiram contaminar vários apps da loja por meio de um ataque contra os desenvolvedores desses apps. É algo sem paralelo em outros países até hoje. Alguns dos vírus distribuídos na China para iPhone: AceDeceiver: instalado via USB por meio de um programa que promete fazer “jailbreak” do iPhone, backup e outras tarefas. O programa chegou a ser colocado na iTunes App Store, mas apenas em lojas fora da China, onde o app se comporta de maneira inofensiva. Na China, o app tenta roubar contas Apple ID. Funciona em aparelhos sem jailbreak.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] TinyV: Praga destinada a iPhones desbloqueados (jailbreak) capaz de instalar outros apps no dispositivo e alterar o arquivo “/etc/hosts”, que pode ser usado para redirecionar sites (para publicidade ou roubo de dados). YiSpecter: Praga distribuída por diversos meios, inclusive um vírus que se espalhou por comunicadores e redes sociais no Windows. Tem a capacidade de instalar outros apps, substituir apps do dispositivo (substituir apps de pagamento, por exemplo) e interceptar tráfego para exibir publicidade. Xcodechost: Versão contaminada do programa Xcode da Apple usado por desenvolvedores. Ele modifica os apps criados para incluir uma rotina que rouba algumas informações do aparelho e podia receber comandos de um servidor de controle para abrir páginas ou roubar outros dados, como o conteúdo da área de transferência (do copiar e colar). Os aplicativos contaminados eram todos legítimos e foram colocados no iTunes App Store. Keyraider: Distribuído em lojas alternativas somente para iPhones desbloqueados. Rouba contas da Apple para auxiliar a distribuição de aplicativos piratas para alguns poucos usuários “privilegiados”. Wirelurker: Distribuído por meio de um programa para OS X, infectava qualquer iPhone conectado ao computador via USB. O sequestro de tráfego é outra característica da web na China. Segundo um levantamento de pesquisadores israelenses divulgado no fim de fevereiro, essa atividade é realizada pelos próprios provedores de acesso no país: eles monitoram o acesso a certos conteúdos e, em vez de transmitirem o que o internauta pediu, substituem os dados por um código diferente. Os pesquisadores encontraram 14 provedores envolvidos com essa prática, dos quais 10 são da China (2 são da Malásia, um é da Índia e o outro é dos Estados Unidos). Assim, um internauta vê uma publicidade em um site, porém a publicidade foi trocada para ser uma peça ligada ao provedor e não ao site visitado, prejudicando a página. Nas piores situações (4 dos 10 provedores chineses), esse redirecionamento é usado para distribuir vírus, prejudicando o próprio internauta. A praga YiSpecter também foi distribuída com essa “ajudinha”. A substituição pode ocorrer em provedores intermediários, atingindo inclusive internautas fora da China que acessarem páginas chinesas. A prática é conhecida na China há sete anos, mas só ganhou exposição no ocidente em março do ano passado, quando foi usada para realizar um ataque de negação de serviço contra o site “Greatfire”, que monitora a censura chinesa. Dados foram trocados para incluir em vários sites um código que ficava secretamente acessando páginas ligadas ao Greatfire, recrutando milhões de internautas desavisados para participar do ataque. O risco de sequestro de tráfego é um dos argumentos para a crescente utilização de “páginas seguras” (com HTTPS ou o “cadeado” de segurança). Essas páginas têm proteção contra qualquer intervenção ou grampo durante a rota, o que dificulta esse tipo de ataque. Da mesma forma, a Apple mudou no iOS 9 o comportamento do iPhone e iPad para a instalação de programas com certificados corporativos, com impacto direto na rotina de empresas que precisam dessa função. A mudança é uma resposta ao constante abuso desse recurso na China – o que mostra como ataques ou problemas regionais podem influenciar a tecnologia para todas as pessoas. Altieres Rohr/G1

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Irmãos que realizaram ataques na Bélgica estão ligados aos de Paris

Atentados deixaram mais de 30 mortos e 270 feridos. Irmãos Khalid e Ibrahim El Bakraoui são dois dos terroristas. Khalid (esq.) e Ibrahim foram identificados como os dois suicidas que fizeram o atentado no metrô e no aeroporto, em Bruxelas, na segunda-feira (22) (Foto: Reprodução RTBF/Interpol)  Dois irmãos apontados como os autores dos atentados de terça-feira (22), em Bruxelas, estão relacionados com os ataques de 13 de novembro, em Paris, afirmaram nesta quarta-feira (23) as autoridades belgas, no primeiro dia de luto em homenagem às vítimas. Outros dois suspeitos ainda não foram identificados oficialmente.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O procurador federal belga, Frédéric Van Leeuw, confirmou em uma coletiva de imprensa nesta quarta que dois dos autores destes atentados eram os irmãos Khalid e Ibrahim El Bakraoui, já procurados por suas ligações com os ataques de 13 de novembro em Paris. Segundo a agência France Presse, a polícia também deteve na noite de terça, no bairro de Schaerbeek, uma pessoa que está sendo interrogada. Assim como no caso de Paris, os atentados na Bélgica foram reivindicados pelo grupo jihadistaEstado Islâmico (EI). Morreram mais de 30 pessoas, e outras 270 ficaram feridas no aeroporto de Bruxelas e na movimentada estação de metrô de Maalbeek. Segundo o procurador belga, “o número de vítimas pode, infelizmente, aumentar nas próximas horas”. Ibrahim El Bakraoui Ibrahim El Bakraoui teria detonado seus explosivos no aeroporto de Bruxelles-Zaventem. Ele foi identificado por impressões digitais. O homem já havia sido apontado como suspeito em imagens de câmeras da segurança divulgadas na terça-feira pela polícia. As imagens mostravam três homens empurrando carrinhos de bagagem, pouco antes das duas explosões que arrasaram o salão de embarque do aeroporto. Ibrahim, que nasceu em Bruxelas em 9 de outubro de 1986, seria o homem do meio. Graças a um taxista, que explicou ter recolhido os três homens do aeroporto no bairro de Schaerbeek, a polícia revistou um apartamento da região onde foram encontrados 15 quilos de explosivos TATP e material para fabricar bombas. Na mesma rua foi encontrado um computador abandonado em uma lata de lixo, no qual havia o que o procurador chamou de “testamento” de Ibrahim. Nele, diz “não saber o que fazer” e afirma que é procurado “por todas as partes” e por isso não se sente “seguro”. O computador foi encontrado em um lixo no bairro de Schaerbeek, onde a polícia realizou na terça-feira operações de buscas que permitiram localizar “15 quilos de explosivo do tipo TATP, 150 litros de acetona, 30 litros de água oxigenada, detonadores, uma mala cheia de pregos, bem como material destinado a confeccionar artefatos explosivos”. O gabinete do presidente turco, Tayyip Erdogan, disse que Ibrahim foi preso na Turquia, no sul perto da fronteira com a Síria, e depois foi deportado para a Holanda no ano passado, e que a Bélgica na sequência ignorou um alerta de que o homem era um militante. A Turquia também notificou as autoridades holandesas, afirmou Erdogan. “Um dos agressores em Bruxelas é um indivíduo que nós detivemos em Gaziantep em junho de 2015 e deportamos. Nós relatamos a deportação para a embaixada belga em Ancara em 14 de julho de 2015, mas ele mais tarde foi solto”, declarou Erdogan. “A Bélgica ignorou o nosso alerta de que essa pessoa era um combatente estrangeiro.” Khalid El Bakraoui O irmão de Ibrahim, Khalid também foi identificado por suas impressões digitais como o autor do ataque na estação de metrô de Maelbeek, que ocorreu cerca de uma hora depois das explosões no aeroporto. “A explosão aconteceu no interior do segundo vagão do trem, quando este ainda estava parado na estação”. Khalid nasceu em 12 de janeiro de 1989 em Bruxelas. Os irmãos El Bakraoui, conhecidos da polícia por assaltos a mão armada, foram mencionados pelos meios de comunicação belgas em conexão com a caça ao suspeito-chave dos atentados de Paris, Salah Abdeslam, capturado na sexta (18) no município de Molenbeek, em Bruxelas, depois de quatro meses de buscas. Khalid também foi identificado por suas impressões digitais como o autor do ataque na estação de metrô de Maelbeek (Foto: Interpol/Reuters) Khalid El Bakraoui teria alugado, com uma identidade falsa, um apartamento que serviu de esconderijo em Charleroi (sul), de onde partiram alguns dos autores dos atentados de 13 de novembro, e um apartamento no bairro de Forest, igualmente em Bruxelas, onde uma operação policial de rotina em 15 de março ajudou a encontrar o rastro de Abdeslam. Najim Laachraoui Fontes policiais disseram à France Presse que o segundo homem-bomba que participou no ataque ao aeroporto de Bruxelas foi identificado pelas autoridades como Najim Laachraoui – ele seria o homem que aparece à esquerda nas imagens das câmeras de segurança. A informação, no entanto, não foi confirmada oficialmente. A imprensa belga, chegou a anunciar a detenção de Laachraoui mais cedo nesta quarta, mas se retratou pouco depois da informação. Laachraoui, de 24 anos, foi identificado na véspera dos ataques em Bruxelas como cúmplice de Salah Abdeslam – fugitivo que era procurado pelos ataques de novembro em Paris e foi preso – e dos comandos que cometeram os atentados de Paris. Na ocasião, os procuradores belgas lançaram um pedido público de informações sobre Najim Laachraoui, que teria passado pelos controles na fronteira entre Áustria e Hungria. De acordo com o jornal “Washington Post”, acredita-se que ele teria preparado as bombas usadas em Paris. Seu DNA foi encontrado no material explosivo usado nos ataques de 13 de novembro na capital francesa e em várias residências utilizadas pelos extremistas que cometeram aqueles atentados. Najim Laachraoui é procurado pela polícia por suspeita de ter participado do ataque ao aeroporto de Bruxelas, na terça-feira (22) (Foto: Belgian Federal Police/Handout via Reuters ) Suspeito de jaqueta clara Quanto ao terceiro homem que aparece nas imagens das câmeras de segurança, com chapéu e uma jaqueta clara, ele continua foragido, de acordo com o procurador belga, e não foi identificado. “Ainda não foi identificado”, afirmou o procurador federal belga, Frédéric Van Leeuw, indicando que “em sua mochila estava

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