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Schiller – Versos na tarde – 17/03/2016

A dignidade das mulheres Schiller¹ Honrai as mulheres! Elas entrançam e tecem Rosas sublimes na vida terrena, Entrançam do amor o venturoso laço E, através do véu casto das Graças, Alimentam, vigilantes, o fogo eterno De sentimentos mais belos, com mão sagrada. Nos limites eternos da Verdade, o homem Vagueia sem cessar, na sua rebeldia, Impelido por pensamentos inquietos, Precipita-se no oceano da sua fantasia. Com avidez agarra o longe, Seu coração jamais conhece a calma, Incessante, em estrelas distantes, Busca a imagem do seu sonho. Mas, com olhares de encanto e fascínio, As mulheres chamam a si o fugitivo, Trazendo-o a mais avisados caminhos. Na mais modesta cabana materna Foram deixadas, com modos mais brandos, As filhas fiéis da Natureza piedosa. Adverso é o esforço do homem, Com força desmesurada, Sem paragem nem descanso, Atravessa o rebelde a sua vida. Logo destrói tudo o que alcança; Jamais termina o seu desejo de luta. Jamais, como cabeça da Hidra, Eternamente cai e se renova. Mas, felizes, entre mais calmos rumores, Irrompem as mulheres, num instante de flores, Propiciando zelo e cuidadoso amor, Mais livres, no seu concertado agir, Mais propensas que o homem à sabedoria E ao círculo infindável da poesia. Severo, orgulhoso, autárcico, O peito frio do homem não conhece Efusivo coração que a outro se ajuste, Nem o amor, deleite dos deuses, Das almas desconhece a permuta, Às lágrimas não se entrega nunca, A própria luta pela vida tempera Com mais rudeza ainda a sua força. Mas, como que tocada ao de leve pelo Zéfiro, Célere, a harpa eólica estremece, Tal é a alma sensível da mulher. Com angustiada ternura, perante o sofrimento, O seu seio amoroso vibra, nos seus olhos Brilham pérolas de orvalho sublime. Nos reinos do poder masculino, Vence, por direito, a força, Pela espada se impõe o cita E escravo se torna o persa, Esgrimem-se entre si, em fúria, Ambições selvagens, rudes, E a voz rouca de Éris domina, Quando a Cárite se põe em fuga. Porém, com modos brandos e persuasivos, As mulheres conduzem o cetro dos costumes, Acalmam a discórdia que, raivosa, se inflama, Às forças hostis que se odeiam Ensinam a maneira de ser harmoniosa, E reúnem o que no eterno se derrama. ¹Johann Christoph Friedrich von Schiller * Marbach, Alemanha – 10 de Novembro de 1759 d.C + Weimar, Alemanha – 09 de Maio de 1805 d.C.

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Twitter é o primeiro a medir os estragos das grandes catástrofes

O Twitter serve para importunar e assediar, mostrando a cara ou escondido atrás do avatar. Pode ser a mais banal das distrações, mas também ajuda a saber, em meio ao caos posterior a uma catástrofe natural, quais áreas afetadas foram mais danificadas e medir os estragos com precisão. Além disso, consegue detectá-los antes da chegada das equipes de reconhecimento. Destruição após o furacão Sandy nos EUA, em 2012. REUTERS LIVE Atrás do barulho das conversas na rede social se esconde um termômetro preciso e prático. Quanto maior a gravidade de um desastre em uma região concreta (um bairro de uma cidade, por exemplo) cada tuiteiro que vive nela publica mais mensagens na rede. A relação direta, confirmada por um estudo publicado na sexta-feira na revista Science Advances, também pode ser vista do outro lado: se o Twitter mostra certos sinais de agitação entre os afetados por um desastre logo após este ocorrer, é possível saber quais lugares foram mais atingidos e, desta forma, permite realizar estimativas do custo econômico dos estragos em pouco tempo. O Twitter emite um alerta sobre as regiões mais afetadas pelo furacão, mas é preciso saber visualizá-lo.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “A rede social é um dos primeiros veículos de comunicação utilizado pelos afetados nos países mais desenvolvidos para comunicar que algo mais grave está acontecendo”, diz Esteban Moro, matemático especializado em sistemas complexos da Universidade Carlos III de Madri, que participou da pesquisa. “O bom das redes sociais é que nós [os cientistas] contamos com sensores do lado de fora [seus usuários] que dão informação a todo momento: mensagens, fotos, vídeos. Saber como utilizar esses sensores para extrair informação em tempo real é valioso, mas podemos até mesmo nos antecipar a alguns problemas prevendo o que vai acontecer graças a essa informação”. Os pesquisadores, entretanto, se mostram cautelosos e afirmam que seu método é somente “uma ajuda a mais” a quem também avalia catástrofes. O fenômeno pesquisado pelo estudo é o furacão Sandy, que devastou a Costa Leste dos Estados Unidos e o Canadá em 2012, ceifou a vida de 219 pessoas e causou 50 bilhões de dólares (180 bilhões de reais) em perdas. “Vimos que, depois da chegada do Sandy em Nova York, foram publicados mais tuítes por pessoa nas áreas que, mais tarde, foram comprovadamente as mais afetadas”, diz Manuel Cebrián, outro autor do estudo, de seu laboratório de Dinâmicas Humanas em Melbourne (Austrália). Ele ressalta que essa correlação não aparece dois ou três dias depois, “quando outras fontes já tiveram tempo de realizar o cálculo dos estragos”, e sim com um intervalo de “três ou quatro horas”. O Twitter emite um alerta sobre as áreas que mais precisam de ajuda, mas é preciso saber visualizá-lo. Os pesquisadores analisaram centenas de milhões de tuítes em 50 áreas metropolitanas dos Estados Unidos. Sabiam que existia uma relação entre a rota do furacão e o aumento da atividade da rede social dos habitantes da região. Mas ficaram surpresos com a força da relação com seu impacto de uma variável “pouco convencional” como o tipo de sentimentos (de muito negativos a muito positivos) e outras mais quantitativas (o número de tuítes por pessoa e os tuítes totais). Os pesquisadores confrontaram esses dados com os das seguradoras que mais tarde visitaram as áreas e fixaram em dólar o impacto dos estragos. “A novidade do estudo é que, a partir da opinião subjetiva das pessoas, é possível antecipar o estrago objetivo causado” Usar os dados não foi tarefa fácil: “Se naturalmente já existe ruído e confusão no Twitter, imagine os criados em uma situação como a que nós estudamos, com pessoas atingidas por uma catástrofe e que tuítam em meio a ela”, comenta Manuel Cebrián. Por isso, primeiro precisaram identificar no caudal do Twitter as mensagens que se referiam a essa circunstância e delas, as que vinham dos afetados. Depois, resgataram as que se dirigiam à Administração para pedir ajuda. Por último, homogeneizaram os dados de milhares de relatórios de peritos, que fixavam as indenizações. “São três realidades que agora sabemos que estão diretamente relacionadas: o que as pessoas acreditam que está acontecendo, o que realmente está acontecendo, e o que o Twitter captura”, frisa o pesquisador, que trabalha para o principal órgão de pesquisa da Austrália, o CSIRO. “A novidade do estudo é que, a partir da opinião subjetiva das pessoas, podemos antecipar o estrago objetivo causado”, afirma com convicção. Estragos (em dólares per capita) em cada distrito. Y. Kryvasheyeu / E. Moro / M. Cebrián Número de tuitadas enviadas por cada 100.000 habitantes em cada distrito. Y. Kryvasheyeu / E. Moro / M. Cebrián Distrito a distrito O estudo, além disso, permite o desenho de mapas muito detalhados, chegando até mesmo ao nível dos códigos postais. Acertar a resolução desse mapa foi uma das tarefas mais difíceis enfrentadas pela equipe de pesquisadores. Reconhecem que não inventaram nenhum método estatístico novo (os cálculos necessários já existiam muito antes do Twitter), mas precisaram aperfeiçoá-los. “Tentamos extrair dados e relações na escala de códigos postais, mas é preciso tomar cuidado, por verificar tão detalhadamente cada pequena área, podemos não obter dela dados suficientes para tirarmos conclusões sólidas”, diz Manuel Cebrián. Para a sorte do estudo, o Twitter lança “um volume enorme” de dados de regiões como as atingidas pelo Sandy, onde a rede social está tão implantada. Mesmo assim, a equipe levou “meses” para comprovar qual era o nível máximo de detalhes que poderiam se permitir: a região, a cidade e o bairro. E não em uma só cidade, mas nas 50 dos Estados Unidos analisadas pelo estudo e comparadas entre si pelos pesquisadores para demonstrar que o termômetro é eficaz em qualquer lugar em que for aplicado. Também estenderam a análise do furacão a outros fenômenos (inundações, tornados, terremotos e até mesmo um movimento de terra), mas sempre em território norte-americano. “A geografia dos EUA é muito variada, mas podemos inferir que nossa medição funcionar em diversos lugares e para diferentes desastres”, confirma Cebrián. Uma vez criado

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Bilionário russo quer transferir seu cérebro para computador e ‘imortalizá-lo’

“Nos próximos 30 anos, farei com que todos nós possamos viver para sempre”. A ambiciosa frase é do bilionário russo Dmitry Itskov, que promete dedicar seu tempo e fortuna para o projeto de transferir mentes humanas para um computador. Bilionário sonha com imortalidade “Estou 100% confiante de que isso vai acontecer, ou não teria iniciado tudo isso”, explica Itskov, de 35 anos, que diz ter deixado o mundo dos negócios para se dedicar ao que ainda soa como um filme de ficção científica. A morte é inevitável, pelo menos até agora, porque as células que formam nosso corpo perdem a capacidade de regeneração à medida que envelhecemos, o que nos deixa mais vulneráveis a doenças cardiovasculares e outras condições relacionadas ao processo de envelhecimento.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Computador Itskov está investindo parte de sua fortuna em um plano que concebeu para tentar “driblar” a passagem do tempo. Ele quer usar a ciência para desvendar os segredos do cérebro humano e fazer o upload para um computador, o que livraria a mente de indivíduos das restrições biológicas do corpo. “O objetivo final é transferir a personalidade da pessoa para um corpo completamente novo”, explica o russo, fã de ficção de científica. Cientista diz que é cedo para ridicularizar Itskov Mas como ele planeja tornar o plano realidade? O neurocientista Randal Koene, que já trabalhou no Centro de Estudos da Memória e do Cérebro da Universidade de Boston (EUA), é o diretor científico do projeto de Itskov e ridiculariza sugestões de que o russo teria perdido a noção de realidade. “Toda a evidência que temos até agora parece dizer que (a transferência) é possível. É extremamente difícil, mas é possível. Sendo assim, você pode até dizer que alguém como Itskov é um visionário, mas não louco. Porque isso implicaria pensar que se trata de algo impossível”, diz Koene. A possibilidade teórica a que Koene se refere está baseada em como nossos cérebros funcionam – algo que a ciência ainda não respondeu. Nossos cérebros são feitos de 86 bilhões de neurônios, células que enviam informações umas às outras por meio de descargas elétricas. Mas como o cérebro gera a mente ainda é um dos maiores mistérios da ciência, de acordo com o neurobiólogo Rafael Yuste, da Universidade Colúmbia (EUA). “O desafio é exatamente como sairmos de uma conjunção de células conectadas no interior do cérebro para o mundo mental – pensamentos, memórias e sentimentos”, explica. Para tentar desvendar esse mecanismo, muitos cientistas tratam o cérebro como um computador. Nessa analogia, o computador recebe dados (informações sensoriais) e os transforma em resultados (comportamentos) por meio de cálculos. Este é o argumento que norteia a possibilidade teórica de transferência da mente. Se o processo cerebral pudesse ser mapeado, poderia ser possível copiar o cérebro em um computador, juntamente com a mente criada por ele. Isso é o que pensa Ken Hayworth, neurocientista que durante o dia mapeia cérebros de ratos no Centro de Pesquisas Janelia, nos EUA, e à noite lida com o problema de como fazer o upload de suas mentes. Hayworth acredita que o mapeamento do conectoma – a complexa rede de conexões entre neurônios – é a chave para a solução do problema, pois é da opinião de que elas contêm as informações que fazem de nós o que somos. Bilionário não se preocupa com questões éticas “Da mesma maneira que meu computador é apenas uns e zeros e um disco rígido (a linguagem binária), e eu não me importo com que acontecer desde que esses uns e zeros passem para o próximo computador, deveria ser a mesma coisa comigo”, diz Hayworth. “Não me importo se meu conectoma está implantado em meu corpo ou em um computador controlando um robô”. O pesquisador, porém, é realista. “Infelizmente, estamos muito distantes de um mapeamento do conectoma humano. Para se ter uma ideia, para mapearmos o cérebro de uma mosca, podem ser necessários até dois anos. Com a tecnologia de que dispomos hoje, mapear inteiramente um cérebro humano é impossível”. E há ainda outro desafio teórico. Mesmo que pudéssemos criar um diagrama da “fiação” do cérebro humano, a transferência da mente para um computador iria requerer a leitura constante da atividade dos neurônios. Nessa área, Itskov pode obter uma ajuda inesperada, segundo Rafael Yuste, que ajudou a desenvolver o maior projeto do mundo em neurociência – o Brain Initiative, um programa de US$ 6 bilhões criado para estudar doenças cerebrais como o Alzheimer. Como parte do projeto, Yuste quer monitorar a interação contínua de neurônios. “Queremos medir todas as emissões de neurônios de uma vez e ao mesmo tempo”. Este ângulo não se baseia no mapeamento do conectoma. Em um estudo que ainda não foi publicado, Yuste diz que pela primeira vez conseguiu visualizar as “faíscas elétricas” em um dos mais simples sistemas nervosos que conhecemos – o de um pequeno invertebrado chamado hidra. “Foi bem empolgante. Mas ainda não podemos dizer o que esses padrões significam. É como escutar uma conversa em uma língua estrangeira que não entendemos”. Desafio de mapeamento cerebral já é grande em pequenos animais Nos próximos 15 anos, Yuste espera conseguir fazer o mesmo, além de interpretar a atividade dos neurônios em um cérebro de rato. Mas o objetivo máximo é ler a atividade do cérebro humano. “Se o cérebro fosse um computador, você precisaria primeiro decifrar a mente ou fazer uma espécie de download antes de pensar em transferi-la. Então, penso que a Brain Initiative é um passo necessário para que isso aconteça”. Ainda assim, Itskov tem um longo caminho pela frente – e é visto por muitos com ceticismo. Na Universidade Duke, o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis argumenta que a complexidade do cérebro humano não pode ser replicada. “Você não tem como codificar intuição, beleza, amor ou ódio. Não há como algum dia vermos um cérebro humano reduzido a um meio digital”, afirma Nicolelis. Yuste concorda que não há certeza sobre o funcionamento do cérebro e sua transferência para uma máquina. Ao mesmo tempo, porém,

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