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Flora Figueiredo – Versos na tarde – 21/02/2016

Vento novo Flora Figueiredo ¹ Estava enrolada em teias e traças, debaixo da escada, lá no subsolo da casa fechada. Começava a tomar ares de desgraça. Manchada do tempo, fenescia a esperar que um dia alguma coisa acontecesse. Antes que se perdesse completamente, sentiu passar um vento cor-de-rosa. Toda prosa, espanou a bruma, pintou os lábios e sem vergonha nenhuma caprichou no recorte do decote. A felicidade volta à praça cheia de dengo e de graça, com perfume novo no cangote. ¹ Flora Maria L. Figueiredo * São Paulo, SP. – 1951 d.C Tradutora de inglês pela Universidade de Michigan Prêmios Concurso Veia Poética – 1981 III Concurso Mackenzie de Poesia – 1982 I Concurso Vinícius de Moraes de Poesia – 1983 Antologias Veia Poética, Antologia Poética Vinícius de Moraes, Voo da Palavra Livros Publicados Florescência – 1987 Calçada de Verão – 1989 Amor a Céu Aberto – 1992 Estações – 1995 O Trem que Traz a Noite – 2000 Chão de Vento 2005 site:www.florafigueiredo.com [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Augusto Meyer – Versos na tarde –

Gaita Augusto Meyer ¹ Eu não tinha mais palavras, Vida minha, Palavras de bem querer; Eu tinha um campo de mágoas, Vida minha, Para colher. Eu era uma sombra longa, Vida minha, Sem cantigas de embalar; Tu passavas, tu sorrias, Vida minha, Sem me olhar. Vida minha, tem pena, Tem pena de minha vida! Eu sei bem que vou passando Como a tua sombra longa; Eu bem sei que vou sonhar Sem colher a tua vida, Vida minha, Sem ter mãos para acenar, Eu bem sei que vais levando Toda, toda a minha vida, Vida minha, e o meu orgulho Não tem voz para chamar. ¹ Augusto Meyer * Porto Alegre, RS – 24 de janeiro de 1902 d.C + Rio de Janeiro, RJ – 10 de julho de 1970 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Umberto Eco: um intelectual italiano que criticou a corrupção e manipulação no jornalismo

Entre suas obras-primas, destaca-se “O Nome da Rosa”, um ‘best-seller’ ambientado no século XIV; Eco morreu em sua casa aos 84 anos.Agência Efe Umberto Eco, o escritor e semiólogo italiano que criticou ao longo de sua vida a manipulação no jornalismo e a corrupção, autor de obras inesquecíveis como “O Nome da Rosa”, morreu nesta sexta-feira (19/02) em sua casa aos 84 anos. Nascido em Alexandria, na norte da Itália, em 5 de janeiro de 1932, Eco foi intelectual, escritor, semiólogo e filósofo de prestígio e reconhecido em nível internacional. Entre suas obras-primas, destaca-se “O Nome da Rosa” (1980), um ‘best-seller’ ambientado no século XIV, que narra a investigação realizada pelo frei William de Baskerville e seu pupilo Adso de Melk em torno de uma misteriosa série de crimes que ocorrem em uma abadia. O romance foi reeditado em várias ocasiões e recebeu alguns prêmios importantes, como o Strega (1981), na Itália, e o Medicis, na França. Além disso, a obra foi levada ao cinema pelo diretor J.J. Annaud e obteve grande sucesso. Oito anos depois, Eco publicou “O Pêndulo de Foucalt“, outro de seus melhores títulos que narra a história de três intelectuais que inventam um suposto plano dos cavaleiros templários para dominar o mundo. “O Pêndulo de Foucault” foi publicado na Itália em 1988 e foi um dos livros mais vendidos daquele ano, mas a crítica não mostrou muito interesse pelo romance, exceto o L’Osservatore Romano, órgão oficial da Santa Sé, que em um inusitado ataque tachou a obra de “bobagem, charlatanismo puro, profanação e blasfêmia”. Seu último livro foi “O Número Zero”, uma obra na qual abordou os mistérios que cercaram a morte do ditador italiano Benito Mussolini. O romance, publicado em mais de 30 países, traz uma feroz e irônica crítica ao mau jornalismo, à mentira e à manipulação da história. Agraciado com o Prêmio Príncipe de Astúrias de Comunicação e Humanidades em 2000, Eco também ficou conhecido por romances como “A Ilha do Dia Anterior“, “Baudolino” e “A Misteriosa Chama da Rainha Loana“, e, ao longo de sua vida profissional, foi responsável por vários ensaios sobre semiótica, estética medieval, linguística e filosofia. Sua primeira obra de semiótica foi “A Estrutura Ausente” (1968), que foi seguida por “As Formas do Conteúdo” e “O Sinal” (1973), que depois culminaram em um trabalho mais completo sobre a matéria, o “Tratado de Semiótica Geral”, publicado em 1975. Eco trabalhou na emissora pública italiana RAI de 1954 até 1958, e depois foi professor adjunto de Estética entre 1962 e 1965 nas universidades de Turim e Milão. Eco também fez parte do Grupo 63, um movimento neovanguardista de intelectuais, e publicou seu estudo sobre arte contemporânea, “Opera Aberta” (1962), que foi seguido por “Diário Mínimo” (1963) e seu conhecido “Apocalípticos e Integrados” (1965), sobre a cultura de massa e os meios de comunicação. Além disso, Umberto Eco colaborou em publicações como The Times, Literary Supplement e Tel Quel, e durante 35 anos com a editora Bompiani. Em 1988, o escritor fundou o departamento de Comunicação da Universidade de San Marino e, além disso, foi professor emérito e presidente da Escola Superior de Estudos Humanísticos da Universidade de Bolonha, no norte da Itália, desde 2008. Nomeado integrante do Fórum de Sábios pela Mesa do Conselho da Unesco (1992), integrou também a Academia Universal de Culturas junto a outros intelectuais e foi nomeado doutor “honoris causa” por mais de 25 universidades de todo o mundo, entre elas, a Complutense de Madri, Tel Aviv, Atenas, Varsóvia e Berlim. Legião de Honra da França desde 1993 e prêmio austríaco de Literatura Europeia por toda sua obra em 2004, em Salzburgo, em seus últimos anos de vida Umberto Eco compaginou sua atividade acadêmica e literária com conferências, colóquios, debates e colaborações nos meios de comunicação. Fonte:ÓperaMundi

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Fotografias – Irlanda

A Irlanda é deslumbrante – Cliffside Path Fotos de Skellig Michael e Bjørn Christian Tørrissen [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Zika Vírus: A “midiapondria” e os interesses mercadológicos

No início desse mês, o Google News indicava a ocorrência de cerca de 38 milhões de notícias com a palavra “zika vírus”. Se considerarmos que há uma gama de produtos midiáticos que não chegam ao buscador, esse número deve ser ainda maior. Por Armanda Miranda – Publicado originalmente no site Objethos, 15/2/2016, sob o titulo “O sika virus e a mediopondria: três momentos de uma cobertura” O assunto, considerado de interesse público devido aos constantes alertas emitidos pelo Estado e pelos organismos de saúde, tem ocupado também os programas de entretenimento, como os populares Encontro com a Fátima Bernardes e Domingão do Faustão. A tentativa de analisar como tais produtos desenham o fenômeno é importante por dois motivos: o jornalismo produz conhecimento e, como tal, fomenta o debate sobre o assunto. Como forma de produção do conhecimento, o jornalismo tem um papel muito relevante nos períodos de incerteza: é ele quem se ocupa de tentar organizar as informações e levá-las ao público com uma linguagem abrangente e sem vícios do campo de origem. Se os cientistas se preocupam, agora, em tentar compreender a dinâmica do vírus, os jornais têm a missão de sintetizar isso de modo que a audiência consiga entender melhor o momento sem que para isso precise de um diploma de biologia ou medicina. Este percurso da “tradução” é tradicional no jornalismo científico e também vem sendo a tônica nos produtos do jornalismo especializado em saúde. Nas palavras de Lopes et al (2012, p.131):[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A comunicação mediática passou a ser entendida como o meio privilegiado para aumentar o conhecimento e a consciência das populações sobre os assuntos de saúde, bem como para influenciar as suas percepções, crenças e atitudes, muito para além do clássico modelo de comunicação médico-paciente. Como campo relevante para a propagação do debate público, o jornalismo traz em seus produtos questões que podem levar à tomada de posição sobre determinados fatos. É assim, por exemplo, que se tem discutido como os agentes públicos podem orientar a prevenção da proliferação do mosquito ou mesmo como o país precisa de mais investimento em ciência e tecnologia para reagir a momentos de incerteza. Ao ter contato com os argumentos difundidos na esfera midiática, por fontes que muitas vezes revelam posições contrastantes, a audiência se sente parte do que ocorre em dimensões que transcendem sua casa, seu bairro, sua cidade. Também é pertinente identificarmos o jornalismo como um produto cultural. Assim, se a cobertura segue um rumo alarmista, podemos considerar que os agentes públicos também emitem estes alarmes de forma sistemática. Se ela parece confusa e fragmentada, também compreendemos que é por se tratar de um fenômeno novo, em processo, incerto. Não estamos falando que o jornalismo reflete uma suposta realidade, nem isentando os seus produtos dos erros, mas é importante pensar na cobertura dentro de um contexto de indefinições. Os produtos midiáticos são frutos do seu tempo e estão a ele conectados. Partindo dessas definições do jornalismo, elencamos três diferentes momentos da cobertura sobre o zika vírus. A perspectiva é cronológica, o que não significa que ela seja assumida como absolutamente linear. Os links foram coletados a partir de alertas do Google News para expressões como “zika vírus”, “microcefalia” e “Ministério da Saúde”. A incerteza Consideramos o decreto de situação de emergência por conta da associação do zika vírus à microcefalia como o ponto alto do início da cobertura jornalística. Em 11 de novembro, o portal UOL publicou a notícia, em associação às estatísticas da doença divulgadas pelo estado de Pernambuco. Trata-se de um momento de total incerteza – tanto dos órgãos públicos, quanto dos produtos jornalísticos. Há, também, a ênfase na busca de dados estatísticos, uma das formas mais recorrentes de objetivação dos fatos em textos jornalísticos. Outra preocupação é a de didatizar o fenômeno e elucidar questões que antes era restritas aos corpos médicos. Os desencontros de informação são evidentes, algo que parece comum diante de um período de incertezas, mas que exige um movimento de análise permanente dos produtores de conteúdo a fim de identificar erros e problemas de informação. A opção por divulgar casos suspeitos também pode ser questionada, especialmente se as atualizações dos dados forem negligenciadas Neste momento, os produtos jornalísticos tendem a assumir um tom catastrófico, alarmista e sensacionalista – o que pode eventualmente prejudicar as políticas de contenção formuladas pelos órgãos públicos ou mesmo originar uma epidemia que não existe. A ânsia em sair na frente e em produzir informações sobre algo ainda desconhecido pode resultar em prejuízos para a audiência, que não raramente tem no jornalismo sua principal fonte de informação. Adesão à ciência Em um segundo momento da cobertura, percebeu-se a busca contínua de didatização do fenômeno, na tentativa de minimizar as sensações de riscos. Entraram, aí, as notícias que se propunham a derrubar mitos e as que se comunicavam com o leitor no sentido de fazê-lo compreender informações que antes circulavam de modo restrito. A prevenção também passou a ser pauta, com destaque para dicas práticas e utilitárias. Foi nesta fase, também, que identificamos um movimento interessante a ser estudado: a transformação dos cientistas e pesquisadores brasileiros em definidores primários. Se no primeiro momento da cobertura os agentes públicos e organismos de saúde tinham o peso das fontes oficias, neste segundo momento os próprios cientistas passaram a ser visados pelos jornalistas. Mais do que isso: a imprensa começou a acompanhar o trabalho de centros de referência, como a Fiocruz. Tradicionalmente, o jornalismo científico é criticado por se ater às descobertas e às certezas (sempre incertas, diga-se) produzidas pela ciência. Neste caso, o movimento pareceu diferente, voltado também aos processos, como no caso do acompanhamento de uma equipe de investigadores da Universidade de São Paulo ou até mesmo na humanização da figura dos cientistas, algo pouco comum em coberturas desse tipo. O problema, aqui, é partir para um outro extremo: o de fortalecer a fé na ciência, como se a ela nada pudesse escapar. Em períodos de incerteza, é comum que determinadas instituições se fortaleçam.

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O olho do grande-irmão

Aumenta o Estado policial-informático. O banco de dados americano LexisNexis avisou que o sistema de segurança de seus computadores foi furado por “ladrões de identidades”. Trata-se de delinqüentes que capturam informações pessoais para fraudar contas bancárias, cartões de crédito e transações financeiras. Levaram dados de 310 mil pessoas. Em fevereiro, uma invasão nos computadores da empresa ChoicePoint sugou 145 mil identidades. Esse tipo de crime custa US$ 50 bilhões à economia americana e no ano passado vitimou dez milhões de cidadãos.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Até aí tudo bem. O que falta lembrar é que, segundo a organização Eletrônica Privacy Information Center, a ChoicePoint comprou (há anos) o cadastro brasileiro de proprietários de veículos. Documentadamente, essa empresa tem um contrato no valor de US$ 1 milhão anuais para fornecer dados de cidadãos latino-americanos ao Serviço de Imigração dos Estados Unidos. Desde setembro de 2001, o governo americano terceirizou seu fichário e as empresas LexisNexis e ChoicePoint tornaram-se os maiores arquivos de dados pessoais da história. Armazenam as contas de três bilhões de cartões de crédito, 139 milhões de números de telefones, 200 milhões de pleitos junto a seguradoras e mais 100 milhões de fichas criminais. O “complexo militar-industrial”, denunciado pelo presidente Dwight Eisenhower em 1951, mudou de casca. Há agora um complexo militar-informático, ou policial-informático. Esses bancos de dados surgiram para aconselhar o comércio e proteger o crédito. Fazem cruzamentos que a mente humana é incapaz de processar. Depois dos atentados de 11 de setembro, o criador de um sistema chamado Matrix (ex-traficante de drogas) espremeu o fichário e chegou a uma lista de 1.200 suspeitos. Entre eles estavam cinco dos seqüestradores dos aviões usados nos atentados. Em 2002, quando um atirador misterioso matou 16 pessoas e assombrou os Estados Unidos, o Matrix cruzou uma lista de 21 mil cidadãos com o nome de John Williams e identificou o assassino. Um livro do repórter Robert Harrow Jr, “No place to hide” (“Sem esconderijo”, inédito em português) mostra que em 2001 a ChoicePoint também capturou, armazenou e pôs à venda os nomes e os endereços de todos os eleitores mexicanos, os passaportes de todos os cidadãos da Costa Rica, o RG e o número do telefone de todos os argentinos e o registro civil de todos os colombianos. A empresa oferece dados pessoais de 300 milhões de pessoas em dez países. Ela assegura que não armazena dados obtidos ilegalmente.

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