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Manuel Bandeira – Versos na tarde – 03/01/2016

Nu Manuel Bandeira¹ Quando estás vestida, Ninguém imagina Os mundos que escondes Sob as tuas roupas. (Assim, quando é dia, Não temos noção Dos astros que luzem No profundo céu. Mas a noite é nua, E, nua na noite, Palpitam teus mundos E os mundos da noite. Brilham teus joelhos. Brilha o teu umbigo. Brilha toda a tua Lira abdominal. Teus seios exíguos – Como na rijeza Do tronco robusto Dois frutos pequenos – Brilham.) Ah, teus seios! Teus duros mamilos! Teu dorso! Teus flancos! Ah, tuas espáduas! Se nua, teus olhos Ficam nus também; Teu olhar, mais longo, Mais lento, mais líquido. Então, dentro deles, Bóio, nado, salto, Baixo num mergulho Perpendicular. Baixo até o mais fundo De teu ser, lá onde Me sorri tu’alma, Nua, nua, nua… ¹Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho * Recife, PE – 19 de Abril de 1886 d.C + Rio de Janeiro, RJ, – 13 de Outubro de 1968 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Maduro acelera o ‘golpe judicial’ para retomar o poder na Venezuela

Maduro – enquanto não cai de podre – vis se mostrando um ditadorzinho de m***a, tal e qual seu mento, o maluquete das Caraíbas, Hugo Chaves, que já faz moradia nos subterrâneos de Hades. E que queime por lá até o fim dos tempos. Maduro deita e rola na Venezuela, persegue opositores, manda bala sem dó nos mesmos, revoga credenciais, dispara bravatas sem limites. Mas vem as eleições, a oposição conquista vitória significativa e…. nada acontece. A Venezuela é democrata, semi-democrata, ditadura, ou super-democrata? José Mesquita Chavismo manobra boicote a formação de Parlamento em que a oposição é maioria. O atordoamento que parece ter produzido no chavismo a derrota nas eleições parlamentares de 6 de dezembro deixa o país apreensivo diante de uma situação inédita. Por um lado, o Supremo Tribunal deve decidir se permite a posse de três deputados opositores depois de ter aceito a impugnação apresentada pelo Governo de Nicolás Maduro. O chavismo manobra para boicotar nos tribunais a formação de um Parlamento com maioria oposicionista em 5 de janeiro. A oposição já anunciou que não aceitará a decisão e que comparecerá à Assembleia com seus 112 deputados.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] MAIS INFORMAÇÕES “Ganhamos! Queremos paz e reconciliação”, diz Lilian Tintori Venezuela dá as costas ao chavismo Desfecho de eleição na Venezuela é encruzilhada diplomática para Brasil Na última hora de quarta-feira, véspera de ano novo, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) acatou sete recursos apresentados pelo chavismo para impugnar os resultados eleitorais em três Estados. Para respaldar um desses recursos, o STJ – controlado pelo Governo – acatou como medida cautelar a suspensão da proclamação dos deputados eleitos no Estado do Amazonas, três da oposição e um do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV). O efeito prático da medida cautelar é impedir a posse desses deputados na terça-feira 5 de janeiro, dia em que deve ser instalada a nova Assembleia Nacional. A oposição agrupada na Mesa da Unidade Democrática (MUD) já anunciou que não acatará a decisão judicial, e que na terça-feira irá ao Parlamento com todos os seus 112 deputados eleitos. A MUD já denunciou a organismos internacionais o que qualifica como “golpe de estado judicial” e, em carta assinada pelo dirigente do partido Primeiro Justiça (PJ), Julio Borges, solicitou às Forças Armadas que ajudem a respeitar a “vontade popular”. Se forem acatados os recursos quando a Sala Eleitoral do STJ estudar os casos, pode ser ordenada a repetição das eleições em todas as circunscrições em questão, o que afetaria 10 cadeiras. O propósito do chavismo é abortar a maioria absoluta de dois terços obtida pela oposição que, com essa maioria, poderia a partir de terça-feira promover votos de censura contra ministros e vice-presidentes, reformas na Constituição e referendos. A apenas 72 horas da instalação oficial da nova assembleia, o país acompanhava apreensivo a evolução do xadrez judicial jogado desde 6 de dezembro. Mas essa não é a única incógnita a solucionar. Também falta saber quem integrará o gabinete ministerial, depois de quase um mês desde que o presidente Maduro pediu a renúncia de seus titulares anteriores. Organizações da sociedade civil como o Centro de Direitos humanos da jesuíta Universidade Católica Andrés Bello de Caracas, advertem de que, segundo as disposições da Constituição vigente, algumas medidas adotadas pelo presidente Maduro nos últimos dias carecem de legalidade por não terem sido referendadas pelo Conselho de ministros. As atuações do Executivo compreendem, por exemplo, a promulgação de leis no marco das faculdades para legislar outorgadas pela Assembleia Nacional a Maduro mediante uma lei habilitante, ou a recente extensão por 60 dias do estado de exceção vigente em municípios fronteiriços com a Colômbia do Estado do Amazonas. Na segunda-feira iniciará suas funções o inédito Parlamento Comunal, um organismo que o regime tirou da cartola das leis comunais que Hugo Chávez fez aprovar em 2010. O Governo de Maduro não escondeu a intenção de utilizar esse Parlamento paralelo – formado em sua totalidade por representantes de comunas chavistas – como contrapeso à “assembleia burguesa”, assim como de destinar a ele recursos e competências. El País

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Design – Motocicletas

Design: Henrix Westernfarm Army sidecar Made from a WWII German fighter plane and Yamaha Wild Star motorcycle [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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O que o ressurgimento do fascismo pode nos ensinar

Pensamos que ele tinha desaparecido de vez. Foi um engano. Eis aqui por que. Veja um pequeno exercício de reflexão. Por Umair Haque¹ Publicado originalmente no site Bad Words, integrante da plataforma Medium. Se no natal passado eu lhe tivesse dito que o principal candidato a presidente do país mais poderoso do mundo tivesse dito, abertamente, que concordava com a venda de armas, com campos de concentração, com proibições extrajudiciais e com direitos de sangue, a menos que você fosse um sócio atuante da Internacional dos Teóricos da Conspiração, você provavelmente teria dado uma gargalhada na minha cara. E, no entanto… Aqui estamos nós, precisamente nessa realidade. E não se trata apenas de Donald Trump. O espectro mais tenebroso da política global, aquele que pensávamos ter sido exorcizado, de alguma maneira foi convocado e renasceu: é o ressurgimento do fascismo. Aquilo que chamarei, nesta pequena série de ensaios, de novo fascismo é um fenômeno global.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Marine Le Pen, a mais extremista dos políticos que contestam as lideranças nacionais desde Hitler… triunfou, com um terço dos votos, no primeiro turno das eleições de dezembro na França [1]. O mundo procura equilibrar-se à beira do precipício de uma Era das Trevas do Novo Fascismo – que se levanta, como um cérebro, da Escandinávia à Europa e da Turquia à Austrália. Acredito que o Novo Fascismo, em sua individualidade, é o acontecimento político mais importante de nossas vidas. Trata-se de um momento crítico para a sociedade global – um momento decisivo. E, como todo momento decisivo, é um teste. Um teste que avalia o melhor de nós: se as sociedades civilizadas podem, de fato, continuar civilizadas, no sentido mais essencial dessa expressão – ou se corremos o risco de mergulhar, outra vez, numa era de guerra mundial e genocídio. Isso lhe parece um exagero? Então, torne a ler o primeiro parágrafo deste ensaio e pergunte a si próprio se esperava que um possível presidente norte-americano defendesse campos de concentração… apenas um ano atrás. A primeira coisa que você precisa aprender sobre a ascensão do fascismo é que ele desafia suas expectativas de um mundo sensato. Ninguém espera – como na famosa frase do Monty Python – a Inquisição Espanhola. Um produto de uma inconveniência econômica Por conseguinte, eu irei discutir o Novo Fascismo nesta série de ensaios. No primeiro ensaio, explicarei sua ascensão; no segundo, a sua dinâmica: por que cresce tão rapidamente, pegando todo mundo de surpresa; no terceiro, discutirei como combatê-lo – se, na verdade, for possível combatê-lo. Então, como ele surgiu? Minha explicação é simples – mas exigirá que você faça uma reflexão cuidadosa. Irei argumentar que o fascismo é um produto do extremismo – tanto de esquerda quanto de direita. Que o extremismo acabou com o centro – o que criou um vácuo no qual nasceram os Novos Fascistas, que combinam os piores elementos da esquerda e da direita. Para começar, deixem-me dar uma ideia geral das quatro etapas pelas quais o fascismo cresce. Meu ensaio está incompleto e é simplificado em excesso, com certeza. Não pretendo escrever uma história definitiva do fascismo: simplesmente apresentar um retrato cru que possa ser usado para compreendermos em que etapa estamos. Eis aqui a etapa incipiente do fascismo: vamos chamá-la estagnação. O fascismo é sempre um produto de uma inconveniência econômica. A inconveniência cria uma sensação ardente de injustiça. O bolo da riqueza encolhe, desmorona e se deteriora. As sociedades começam a disputar a quem pertencem as fatias, que vão ficando cada vez mais finas, cada vez mais emboloradas. Seres existencialmente inferiores E aqui vem a segunda etapa do fascismo: vamos chamá-la demagogia. Surge uma briga entre os líderes no sentido de fazer alguma coisa em relação ao problema da estagnação. Tanto a esquerda quanto a direita vão ficando mais extremadas. E aí acaba o centro. O vácuo que o centro ocupava dá espaço para um tipo de político inteiramente novo – um tipo de político que normalmente era freado pela esquerda em sua luta contra a direita, mas agora livre para combinar o que há de pior na esquerda e na direita. Logo aparece um demagogo, que grita: o bolo pertence ao povo – e só ao povo! Ele sintetiza o que há de pior, tanto na esquerda quanto na direita. É um socialista, mas só para as pessoas certas. Mas também é um nacionalista e não reivindica apenas domínio e recursos, como terra: ele reivindica a superioridade, pelo sangue ou por deus, de um povo, para além dos recursos. Daí a expressão, paradoxal, “nacional socialismo”. A perigosa apelação do demagogo é a seguinte: ele localiza a fonte de estagnação naqueles que não têm pertencimento, que são inferiores – não apenas moral, mas existencialmente – e os aponta com o dedo, aponta o veneno dentro da sociedade. É muito mais fácil acreditar que a sociedade está sendo envenenada por um conjunto de pessoas corruptas que não pertencem a ela, do que acreditar que o contrato social acabou e deve voltar a ser escrito – e assim se abre o caminho do demagogo para o poder. E chegamos ao terceiro estágio do fascismo: a tirania. Mas quem é “o povo”? Quem é, de fato, inferior e quem é superior? Quem merece os frutos do nacional socialismo – o direito a consumir fatias do bolo que encolhe, que é do que trata toda esta ideologia? E aí vem à tona a noção de volk: os verdadeiros moradores da terra, os herdeiros do destino, o direito de nascer, a superioridade. E como os definiríamos? Afinal, essa é uma pergunta traiçoeira, que não admite certezas óbvias. Você merece os recursos da Nação-Sociedade simplesmente por ter nascido ali? Ou porque você viveu ali? Ou seria porque seus avós já nasceram ali? É justamente a essas perguntas que a Nação-Sociedade, Na-Zi, começa a dedicar seus recursos. Imensas burocracias são organizadas, trilhas de papel são criadas, investigações são realizadas. E aqui chegamos à última etapa: a autodestruição. Busca-se saber quem é um

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No Photoshop de “Veja” fabricam-se messianismos e oráculos

“Ele salvou o Ano!” — as quatro palavras acrescidas do eufórico ponto de exclamação servem para um goleiro ou goleador, campeão de natação ou maratonista, protagonista de telenovela, fotonovela ou graphic-novel (“Veja”, edição 2458). Ídolo de Singer – Sem data. Contém símbolos gravados que até hoje não foram decifrados Mesmo sem óculos ele exibe algo do cândido e imbatível Clark Kent. Ao descobrir que o dono deste rosto desenhado por ângulos retos, talhado em criptonita e dono de uma índole inquebrantável atende pelo nome de Sergio Moro então desvenda-se que o Salvador da Pátria de 2015 é muito mais do que isso: será o Redentor, o Esperado, o sereno e sábio Messias que nos livrará das humilhações e acabará com nossas desgraças. Indiscutível boa-pinta, 43 anos, o juiz paranaense foi submetido a um tratamento, digamos “idealizador”, pelo operador de Photoshop da “Veja” (Janos), que da foto original de Lalson Santos representando um jovem, despojado e atlético juiz nasceu um colosso mitológico, monumental, saído do cinzel de Michelangelo.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] É possível que o leitor/leitora de “Veja” tenha adorado a máscara resultante e a máscula confiança nela contida. Mas a intervenção cosmética desagradou a muitos — certamente a começar pelo próprio Moro, familiares, companheiros da Força-Tarefa, alunos, amigos e simpatizantes. A promessa de resgatar o ânimo do país não pode estar inscrita num rosto — glamoroso ou magnético — claramente simplificado. As instituições brasileiras exigem mais do que feições e fisionomias carismáticas para serem devidamente reabilitadas. Mesmo que o ilustre retratado esteja imunizado contra a idolatria que é capaz de suscitar não é impossível que segmentos periféricos da Operação Lava-Jato sejam contaminados pela onipotência advinda dos triunfos das investigações e cometam indignidades incompatíveis com a sua missão saneadora. E isto não é hipótese. Convém lembrar que o nefando “Mein Kampf” (Minha Luta), escrito por Adolf Hitler em 1925-1926 e liberado para tradução e impressão, lido ou relido nos dias que correm talvez pareça desconexo, irracional, tacanho, mas no fim daquela década até meados da seguinte, o demoníaco manual levou uma das sociedades mais instruídas e disciplinadas da Europa e entregar-se ao mesmo desvario e fanatismo que grassa em ambientes mais primitivos. A foto da capa de “Veja” combinada às da retrospectiva de 2015 (pp.48-69) não parecem editadas por jornalistas, mas por consumados semiólogos e psicolinguistas a serviço de uma narrativa balizada por símbolos subliminais. Em seguida à figura intrépida e mansa de Moro, o Anjo do Bem, seguem-se uma Dilma Rousseff agachada para entrar no helicóptero, Eduardo Cunha fazendo enorme careta e a coleção dos ex-poderosos presos pela Lava-Jato conduzidos pelo onipresente “japonês” (o agente federal Newton Ishii). O culto à personalidade tem um incrível poder de irradiação, as venerações íntimas, pessoais – muito mais do que as vociferadas, ideológicas — são capazes de criar dinâmicas incontroláveis. As catástrofes do século passado foram produzidas pelo mesmo tipo de intoxicação – a devoção irrestrita a figuras totêmicas como Mussolin. Alberto Dines/Observatório da Imprensa

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