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Vicent Andrès Estellès – Versos na tarde – 18/09/2015

Os amantes Vicent Andrès Estellès ¹ “Em Valência não havia dois amantes como nós”. Amávamo-nos ferozmente de manhã à noite. Recordo tudo enquanto vais estendendo a roupa. Passaram anos, muitos anos; aconteceram muitas coisas. De súbito ainda me colhe aquele vento ou o amor e rodamos sobre a terra entre abraços e beijos. Não concebemos o amor como um costume pacífico, um costume amigável de troca de cumprimentos e galanteios (e que nos perdoe o casto senhor López Picó). Como um velho furação, ele acorda repentinamente e atira-nos aos dois ao chão, junta-nos, empurra-nos. Eu desejava, às vezes, um amor educado, com música de fundo, beijando-te negligentemente agora um ombro, depois a ponta de uma orelha. O nosso amor é um amor brusco e selvagem e nós temos a nostalgia amarga da terra e de ir aos trambolhões entre beijos e arranhões. Que querem que faça? É assim, já o sei. Ignoramos Petrarca e muitas outras coisas. As Estâncias de Riba e as Rimas de Bécquer. Depois, tombados na terra, de qualquer maneira, compreendemos que somos bárbaros, e que isso não pode ser, que já não temos idade, e tudo isto e aquilo. Que já não temos idade, e tudo isto e aquilo. Não havia em Valência dois amantes como nós, porque amantes como nós são paridos muito poucos. ¹ Vicent Andrés Estellés * Burjassot, Espanha – 4 de setembro de 1924 d.C + Valência, Espanha – 27 de março de 1993 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Como o ‘não curtir’ pode tornar o Facebook mais ‘viciante’ e ‘lucrativo’

“Devo ou não curtir este post?” Quem usa o Facebook provavelmente já se perguntou o que fazer diante de uma publicação sobre um tema triste ou delicado. Facebook testará nova função de ‘não curtir’, pensada para demonstrar empatia por temas tristes – Image copyright Thinkstock O botão de um dedão apontado para cima é um dos recursos mais populares na rede social. Não parece, no entanto, ser muito apropriado “curtir” uma mensagem sobre o falecimento de uma pessoa, mesmo que se tenha apreciado o texto em sua homenagem. Ou a notícia de uma tragédia, ainda que a solidariedade em torno do acontecimento seja louvável. O Facebook está tentando resolver esse dilema. Mark Zuckerberg, seu criador e presidente, disse na última terça-feira que estuda uma alternativa ao “curtir”. “As pessoas pedem isso há muito tempo. O que elas querem é uma forma de demonstrar empatia. Nem todo momento é um momento feliz”, disse Zuckerberg, citando a crise de refugiados sírios como exemplo. Por enquanto, o Facebook revelou poucos detalhes deste novo recurso. Zuckerberg apenas explicou que será testado com uma parcela do público.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Não se sabe ainda como será chamado – o nome que está sendo usado por enquanto nas discussões sobre este novo mecanismo é o de “não curtir” -, se será um botão, qual será seu símbolo. Se valerá para todos os posts ou só para aqueles de temas mais delicados. Com o “não curtir”, Zuckerberg também poderá tornar a rede social mais popular e lucrativa, avaliam especialistas ouvidos pela BBC Brasil. Mas eles alertam para o risco da novidade acirrar ainda mais os ânimos dos debates e discussões na internet. Fórmula secreta O “não curtir” significa uma mudança na alma do Facebook: seu algoritmo. O site tem parâmetros e regras para avaliar o conteúdo publicado e definir o que será exibido para cada usuário. Cliques, publicações, curtidas, comentários e compartilhamentos. Tudo que fazemos vira um dado que alimenta esta fórmula secreta. Leia também: Seis truques pouco conhecidos do Facebook Leia também: Um ano após o desafio do balde gelo, o que aconteceu? O site conhece assim as preferências de cada membro e filtra as publicações para exibir o que tem mais chances de agradar ou gerar interesse. O “curtir” tem um peso importante nesta equação desde que foi lançado, em 2009. Um post com muitas curtidas tem mais chances de aparecer também para mais usuários e movimentar ainda mais o Facebook. Mas, enquanto mensurar a reação positiva a uma publicação é relativamente simples, refletir um sentimento como a empatia é um pouco mais complexo. Lacuna Zuckerberg diz que o Facebook está sendo cauteloso para que o ‘não curtir’ não fomente o ódio na rede social. Image copyright Facebook O “não curtir” chega para preencher esta lacuna, dando ao algoritmo do Facebook um novo tipo de informação. “O usuário pode não querer curtir um conteúdo triste, mas às vezes faz isso para dizer ‘obrigado por ter compartilhado’ ou ‘sinto muito’”, afirma Fábio Malini, professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e coordenador do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic). Leia também: Como mandar mensagens de celular quando não há cobertura nem internet “O ‘não curtir’ ajudará a identificar esse tipo de conteúdo, que não recebe muitas curtidas hoje, mas ainda assim é relevante. O alcance dele tende a ser maior.” Conhecer melhor seu público também pode aumentar a popularidade do Facebook, avalia Marcelo Tripoli, vice-presidente de criação e planejamento para América Latina da agência de mídia digital SapientNitro. “Ao mostrar cada vez mais o que de fato interessa a alguém, o site se tornará mais viciante”, diz. E lucrativo. O Facebook faturou no ano passado US$ 12,47 bilhões (R$ 48 bilhões), quase integralmente a partir de anúncios. Para que eles façam sucesso, a rede social os direciona segundo o que aprendeu sobre cada usuário e a intenção do anunciante. O “não curtir” ajudará a fazer isso de forma mais eficiente. “Eles pretendem tornar a sociedade melhor? Não, é para vender mais anúncios. Ao entender melhor o comportamento de um usuário, a publicidade tem mais chances de ter sucesso”, diz Malini. Fábio Marques, gerente de marketing da Scup by Sprinklr, empresa de monitoramento de redes sociais para marcas como Tam, Bradesco, Philips e Peugeot, acredita que o novo recurso pode ser útil para empresas. “Será interessante para medir com mais precisão a opinião do consumidor”, diz Marques. “Hoje, se algo não ganha muitas curtidas, parece que ele desagradou, mas não sabemos ao certo. O ‘não curtir’ indicará, por exemplo, se as pessoas realmente não gostaram de uma campanha ou um produto.” Empatia ou ódio? Crise de imigração foi citada or Zuckerberg como exemplo de tema triste, mas relevante copyrightGettyImage Apesar destas vantagens e dos pedidos pela nova função, o Facebook sempre foi cauteloso. Até o ano passado, Zuckerberg não dava esperanças de que ela viraria realidade. “As pessoas pedem por isso porque querem dizer ‘isso não é bom’. Não achamos que isso é legal para o mundo. Não vamos criar algo assim”, disse em dezembro, em uma sessão de perguntas como a de terça-feira. Desta vez, ele voltou a reforçar que o objetivo não é criar uma forma de espalhar ódio pelo site. “Não faria sentido para o negócio da empresa criar um clima de negatividade”, diz Marques, da Scup. “No Facebook, colocamos opiniões e posts que nos representam. Imagine publicar um texto e receber 40 ‘não curti’. Isso desestimularia as pessoas de usarem o site.” Leia também: Polícia caça grupos que pregam intolerância no Facebook Mas a intenção do Facebook ao lançar esta novidade pode não se traduzir na forma como será usada na prática, diz Malini, do Labic. “As pessoas costumam ter opiniões mais radicais em redes sociais. Acho difícil o ‘não curtir’ não ser adotado por quem costuma espalhar o ódio nelas”. “Vai ter quem dê um ‘não curti’ para todo post da Dilma ou do Aécio. As pessoas poderão fazer campanhas contra um tema do qual discorda, como já ocorre em

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Atual modelo de doações de empresas a políticos é promíscuo, diz líder empresarial

Se o atual modelo de doações de empresas a partidos e candidatos políticos não for alterado, “corremos muitos riscos de continuar com essa relação promíscua entre público e privado na nossa sociedade”, opina Jorge Abrahão, presidente do Instituto Ethos, em entrevista à BBC Brasil. ” Nós temos que aproveitar essa doença que nós temos hoje e atacar o problema do nosso organismo, do nosso sistema”, diz empresário O instituto foi criado para incentivar práticas socialmente responsáveis no setor privado e hoje tem 558 empresas associadas – entre elas grandes doadoras de campanhas eleitorais, como os bancos Bradesco, Itaú e Santander, a construtora WTorre, a rede de frigoríficos Marfrig e até mesmo braços de grupos investigados na operação Lava Jato, como a Camargo Corrêa ou Odebrecht. Após um ano e meio, o Supremo Tribunal Federal retomou nesta quinta-feira o julgamento que está avaliando se doações de empresas a partidos e candidatos desrespeitam à Constituição Federal. O ministro Gilmar Mendes votou considerando improcedente a ação que questiona o financiamento privado de campanhas. Depois disso, o julgamento foi interrompido.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O placar atual do julgamento – seis votos contra as doações de empresas e dois a favor – indica que esse tipo de financiamento será proibido. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que moveu a ação, argumenta que a atuação das empresas desequilibra a disputa eleitoral, ferindo o direito constitucional à igualdade. Abrahão reconhece que o setor privado tem hoje um poder desproporcional de influenciar as eleições. No entanto, o instituto defende que sejam criados limites muito baixos para esses repasses, em vez de proibi-los totalmente. O presidente do Ethos critica a minirreforma política aprovada pelo Congresso, que estabeleceu teto de R$ 20 milhões por empresa. “É um valor muito alto. Essa reforma não ataca as questões principais, vamos permanecer com os mesmos problemas”, lamentou. Gilmar Mendes, que havia pedido vista do processo em abril do ano passado, liberou seu voto um dia depois de o Congresso aprovar as novas regras. Ele deu várias indicações públicas de que estava segurando o processo para dar tempo de os parlamentares decidirem sobre a questão. “As eleições têm que ser mais baratas porque o fato de elas serem mais caras está fazendo com que esse processo se retroalimente: a necessidade de mais financiamento, a busca pelas empresas, e aí elas passam a ter uma influência muito grande.”Jorge Abrahão A ação movida pela OAB questiona dispositivos da Lei das Eleições (Lei 9.504/1997) e da Lei dos Partidos Políticos (Lei 9.096/1995). Não está totalmente claro se a decisão do STF nesta ação valerá também para as regras que acabaram de ser aprovadas – será preciso aguardar a conclusão do julgamento. Por via das dúvidas, políticos contrários as essas doações, como deputados petistas, estão pressionando a presidente Dilma Rousseff a vetar o artigo da nova lei que prevê o financiamento de campanha por empresas. Leia também: Quase 40 países já proíbem doações de empresas a campanhas políticas Confira os principais trechos da entrevista com o presidente do Instituto Ethos: BBC Brasil – O STF está retomando o julgamento sobre doações de empresas a candidatos. Seis ministros já votaram pela proibição. Qual a opinião do Instituto Ethos? Jorge Abrahão – Sinalizamos que tem que haver uma mudança muita forte (no atual sistema de doações). Da forma com que funciona hoje, a influência do poder econômico nas eleições é muito grande, há muita desproporção. BBC Brasil – Mas o instituto é contrário ou a favor de uma total proibição? Abrahão – Tem que haver uma mudança no sentido de baratear as eleições e de haver um equilíbrio maior entre o financiamento público e o financiamento privado. As eleições têm que ser mais baratas porque o fato de elas serem mais caras está fazendo com que esse processo se retroalimente: a necessidade de mais financiamento, a busca pelas empresas, e aí elas passam a ter uma influência muito grande. E uma outra coisa é um equilíbrio entre financiamento público e privado. Então, o Ethos não coloca a necessidade da proibição das doações, mas de baratear a campanha e de ter mais equilíbrio entre financiamento público e privado. BBC Brasil – Críticos das doações dizem que elas são, na verdade, um “investimento”. O senhor concorda? Abrahão – As pesquisas têm mostrado que é assim. Existe uma pesquisa do Instituto Kellogg (da Universidade Notre Dame, nos EUA) que fala que os investimentos na campanha têm trazido retornos expressivos para as empresas. Na prática, o que tem ocorrido é um pouco isso, e os escândalos que a gente tem visto confirmam desse processo. É um fato, é uma realidade. Isso só reforça a necessidade de uma mudança. BBC Brasil – O instituto entende então que é possível mudar este quadro criando algumas restrições, mesmo sem a total proibição? Abrahão – Resguardadas essas questões do equilíbrio maior entre financiamento público e privado e do barateamento das campanhas, as empresas poderiam continuar doando, com limites muito baixos em relação ao que hoje é permitido. Isso evidentemente implicaria em limites bastante reduzidos para não permitir essa influência tão grande quanto elas têm hoje. BBC Brasil – Os críticos às doações dizem que empresa não vota, quem vota são as pessoas. Qual é a vantagem para a democracia brasileira que as empresas possam continuar doando com valores baixos? Por que essa solução é melhor do que simplesmente proibir as empresas de doar? Abrahão –Essa defesa por parte do Ethos da permanência do financiamento – com limites muito menores e restrições fortes – tem a ver com a importância das empresas dentro do cenário econômico do país. É um pouco nesta linha, da importância das empresas, que justificaria o apoio a determinados conteúdos e projetos (das campanhas). Agora, esse é o melhor dos mundos eu diria, do ponto de vista das empresas, que não estariam buscando retorno com isso. Por isso, hoje propomos uma redução substancial nos limites de doação, porque com isso você retoma a importância dos conteúdos (das campanhas). Leia também: Procuradoria

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