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Roberto Fernández Retamar – Versos na tarde – 14/09/2015

O outro Roberto Fernández Retamar ¹ Nós, os sobreviventes, A quem devemos a sobrevivência? Quem morreu por mim na masmorra, Quem recebeu a minha bala, A que me foi destinada, no coração? Sobre que morto estou eu vivo, Os seus ossos tornando-se os meus, Os olhos que lhe arrancaram vendo Pelo olhar da minha cara, E a mão que não é a sua mão, E que também não é a minha, Escrevendo palavras apodrecidas Onde ele não está, na vida que sobrevive? ¹ Roberto Fernández Retamar * Havana, Cuba – 9 de junho de 1930 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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A nova direita brasileira odeia a América Latina

Como o Brasil é o fiel da balança no continente, afastá-lo da América Latina é objetivo estratégico e finalista de qualquer política reacionária. Em tempos de avançada da nova direita ideológica brasileira, nota-se o retorno de uma velha prática política latino-americana. Na metade do século XX vivíamos na América Latina um paradoxo. Por um lado, havia alguns governos com cortes nacionalistas e apelos populares (e populistas, por mais que se reconheça a controvérsia em torno deste termo). O exemplo acabado era o governo de Juan Domingo Perón na Argentina (ao menos no período 1946-1955), mas poderíamos reparar o mesmo no Brasil de Getúlio Vargas, em especial no seu segundo governo para o qual fora eleito em 1950 e derrubado por um golpe que o levara ao suicídio em 24 de agosto de 1954.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Vale observar um detalhe nas trajetórias. Por mais que Getúlio tenha influenciado líderes semelhantes no Continente, é preciso constatar que o apelo populista implica mobilização das massas organizáveis e em disponibilidade, e Vargas só usara este recurso no período de 1930 a 1945 quando do final da ditadura do Estado Novo (período de 1937 a 1945), quando estabelecera uma aliança com o Partido Comunista do Brasil (então PCB) e conclamara o trabalhismo para exigir o Queremos Vargas. Assim, não seria equivocado considerar o auge do populismo varguista justamente com o período mais tenso de sua trajetória, antes de seu suicídio. As coincidências não param por aí. Juan Domingo Perón também foi derrubado por um golpe militar, conhecido como Revolução Libertadora, em 16 de novembro de 1955. Este paradoxo se reproduzia em maior ou menor medida, fazendo da emancipação nacional o fator a agregar as massas, infelizmente superando a luta de classes e popular, ao menos em sua forma direta. Assim, o nacionalismo latino-americano, de raízes anti-coloniais e antiimperialistas, fora revivido em período de Guerra Fria, trazendo à tona o conflito entre “gorilas” x “populistas”. No Brasil, esta versão ganhara o contorno do conflito entre “nacionalistas” x “entreguistas”, cujo termo equivalente em castelhano é o de “vende pátria”. Dentro das Forças Armadas (FFAA) o conflito se dera entre as alas Nacionalistas (mais vinculadas ao varguismo ou ao PCB) e tendo em contra primeiro a chamada Cruzada Democrática, mas cujo embrião pariu o ovo da serpente, com o partido militar e os conspiradores que resultaram no golpe militar de 1964 e o regime ditatorial instalado pelos altos mandos castrenses (1964-1985). Como caracterização poderíamos afirmar a prática do gorilismo como sendo essencialmente uma ação política com identidade anti latino-americana, como uma espécie de ódio auto-proclamado a si mesmo (nós mesmos) e com evidentes contornos racistas. O contraponto ao gorilismo seria o ideal de progresso e desenvolvimento inclusivo, refletido desde o pensamento cepalino (inspirado nas teses da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe,CEPAL, órgão permanente das Nações Unidas), passando pelas diversas correntes do estruturalismo e também manifestado na Teoria da Dependência, ou nas teorias da dependência e do subdesenvolvimento. Os latino-americanos integral ou parcialmente alinhados com o “Ocidente” querem uma integração de nossos países de forma subordinada e submissa, e este marco tem uma história pregressa que vem de muito antes das relações carnais com os EUA (manifesta pelo ex-presidente argentino, o mafioso Carlos Saúl Menem) ou asneiras semelhantes. Infelizmente, este alinhamento submisso se mantém como expectativa da boa política através da restauração imperialista. As práticas gorilas, como as manifestadas nas ruas do Brasil quando a direita ideológica e neoliberal sai às ruas aos domingos, após a missa e antes do futebol com direito a transmissão dos “protestos” em rede nacional de TV, estão justamente expressas no afastamento do Brasil para com a América Latina. Quando muito, esta “nova” direita, uma espécie de versão pós-moderna dos mesmos Chicago Boys de sempre, faz o elogio da linha chilena, cujo país fora laboratório de sociopatas, alunos de Milton Friedman na Universidade de Chicago, e onde a ditadura militar de Augusto Pinochet foi acompanhada do pior do neoliberalismo. A demência da nova direita brasileira está realmente abusando. Alguns cartazes e gritos de guerra trazidos a público no Brasil em 16 de agosto de 2015 lembram a operação anterior ao golpe contra o governo Salvador Allende, derrubado em 11 de setembro de 1973. No Brasil do terceiro turno, temos o desprazer de ler frases como “Foda-se a Venezuela”, o clássico “Vai para Cuba”, ou então coro político cantando: “Pé na bunda dela, isso aqui não é a Venezuela!”. E, obviamente, lado a lado com os neoliberais marcham saudosos da ditadura brasileira, incluindo faixas em inglês pedindo intervenção do Comando Sul dos EUA no Brasil. Assim, embora o ministro da Fazenda de Dilma Rousseff em seu segundo mandato, o executivo do sistema financeiro Joaquim Levy, seja ele próprio um autêntico Chicago Boy, isso não basta para aliviar a pressão sobre um governo de centro-direita. Mesmo com Levy tendo obtido seu Ph.D. em economia pela Universidade de Chicago, título obtido em 1993 com a tese “Two empirical tests of exchange rate target zones”, cuja área de concentração é economia internacional , e logo após trabalhado para o FMI de 1992 a 1999, a sanha continua. ‘Extermínio de opositores foi essencial para instalar modelo neoliberal em ditadura chilena’, diz jornalista ‘Ainda estou aqui’, de Marcelo Rubens Paiva: estamos condenados a esquecer? Manifestantes lotam as ruas de Barcelona para reivindicar independência da Catalunha A oposição ideológica é tão anti-latinoamericana que identifica as agendas sociais do pacto de classes do lulismo (tímidos investimentos, cujo montante não se compara com os mais de 40% do orçamento brasileiro alocado para rolagem da dívida pública, garantindo a farra dos bancos e agiotas) com as práticas de assistência e paternalismo promovidas por lideranças de estilo populista e de corte latino-americano. Nada poderia ser mais falso e, ao mesmo tempo, trata-se da desinformação perfeita. Como o anti-latinoamericanismo brasileiro é parte da formação do país e o absurdo pacto de independência, onde os patriarcas do novo Império aceitaram manter a escravidão em troca da integridade territorial do país, é fácil atingir qualquer governo de centro-esquerda (por mais que este seja tímido, policlassista e subordinado aos interesses dos agentes econômicos nacionais) taxando-o de pró América Latina. Logo, em sendo a favor do Sul, por oposição evidente, estaríamos em contra o “grande irmão do norte”, a matriz do Ocidente contemporâneo localizado no Império

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Como o café pode ajudar a aliviar o estresse

Estudo recente mostra que a cafeína bloqueia um receptor especial do estresse no cérebro. Cientistas procuram agora substância com ação semelhante, mas sem os possíveis efeitos colaterais, como a hipertensão. Cada vez mais pessoas sofrem de estresse, seja no trabalho, no trânsito ou na vida pessoal – e muitas não procuram formas de lidar com os fatores que o desencadeiam. Para quem se identifica com a situação, há um vislumbre de esperança vindo da Alemanha, onde pesquisadores descobriram que muitas pessoas bebem mais café em períodos de estresse — uma espécie de automedicação contra os sintomas. Quem está em permanente confronto com os colegas ou assume um prazo apertado atrás do outro com o chefe pode estar sob estresse constante. E isso tem consequências;[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “O estresse crônico faz com que a pessoa fique deprimida, ansiosa, incapacitada de tomar decisões e sem conseguir pensar direito. Esses são os principais efeitos, tanto nos seres humanos, como nos animais”, explica Christa E. Müller, professora do Instituto de Farmácia da Universidade de Bonn. Prazos apertados podem gerar estresse no trabalho Estimulante popular, o café não deixa apenas a pessoa mais acordada e fortalece a memória. A cafeína, provavelmente, também reduz os efeitos do estresse. O composto químico bloqueia um mecanismo no cérebro que desencadeia diversos sintomas do estresse no corpo. Se o mecanismo é interrompido, os sintomas desaparecem, como demonstraram pesquisadores em testes com camundongos. “Os ratos voltaram a ser completamente normais, não tinham mais sintomas de estresse. A capacidade da mente deles melhorou drasticamente. Eles estavam menos ansiosos e não mais deprimidos. Pensamos que o mesmo pode acontecer com humanos, há evidências de que a cafeína atua como antidepressivo e que melhora a habilidade intelectual”, diz Müller, que já examinou o assunto junto com um grupo de pesquisa internacional. Corrida ao receptor Os cientistas têm feito grandes progressos na investigação sobre o tema. Eles procuram entender o que acontece no organismo que desencadeia os sintomas do estresse, um processo bioquímico altamente complicado no cérebro. A adenosina, substância causadora de estresse, encaixa-se em uma ligação das células cerebrais, e os sintomas de tensão surgem. A cafeína, porém, bloqueia essa substância, afastando os sintomas. É como se ela ganhasse a “corrida”. As diversas utilidades do pó de café “É possível que o receptor não se ligue à adenosina, mas sim à cafeína. Podemos ver que essas ligações têm posições muito semelhantes, é como se, quando a cafeína se conecta ao receptor, a adenosina não consegue mais fazer a ligação. Ou seja, os sinais de estresses são interrompidos no princípio”, diz Dominik Thimm, também do Instituto de Farmácia da Universidade de Bonn. No entanto, cafeína em doses elevadas gera efeitos colaterais indesejáveis: mantém a pessoa acordada, provoca incontinência urinária e pode levar à hipertensão. Por isso, os cientistas procuraram substâncias que protejam o organismo do estresse do mesmo modo, mas sem esses efeitos colaterais. “A cafeína é uma substância com eficácia relativamente fraca e não é seletiva, ou seja, ela provoca alguns efeitos colaterais. Assim, pensamos em produzir uma substância muito mais forte. Conseguimos introduzir na cafeína um resíduo gorduroso que tornou a molécula mil vezes mais potente. Esse resíduo se encaixa perfeitamente na bolsa de ligação do receptor, que tem exatamente o mesmo tamanho e forma. Por isso, esse composto se liga particularmente bem e com força a esse receptor”, explica Müller. Se a nova substância para tratar o estresse também funciona em seres humanos, apenas os estudos clínicos com pacientes poderão mostrar. Até lá, é preciso se contentar com o efeito redutor de estresse da cafeína. Fonte:DW

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