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José Maria Carreiro – Versos na tarde – 30/08/2015

Fragmentos de um discurso Amoroso José Maria Carreiro¹ I. PROTESTO Perco por te fazer perder de mim que a recusa se faz resposta a outra recusa ou tão só adiamento. E porque o que parece é abandono aqui o caminho por que te sigo por que conduzes. II. RECOMECEMOS Voltaste para mais perto vejo na cidade muitos sinais de ti liturgias, convites e recusas que o amor produz. Em tudo estarias comigo mais do que uma saudação interceptada que se fragmenta e em pedaços cai sobre mim. As palavras são cordéis o desejo letras o amor é aí. Onde estiveres te encontre nada será indiferente dirás sim ou adeus ¹ José Maria de Aguiar Carreiro * Açores, Portugal – 20 de Junho de 1970 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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‘TCU é playground de políticos fracassados’, diz Joaquim Barbosa

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa vê o Tribunal de Contas da União (TCU) como incapaz de produzir um julgamento que leve ao impeachment da presidente Dilma Rousseff por conta das pedaladas fiscais. Avaliação similar ele faz do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que para ele também não conduziria um processo de impedimento em razão de análise das contas da campanha de 2014. — Não acredito em um Tribunal de Contas da União como um órgão sério de um processo desencadeador de tal processo. É um órgão com as virtudes extirpadas. Afinal, é um playground de políticos fracassados que, sem perspectiva em se eleger, querem uma boquinha. O TCU não tem estatura institucional para conduzir algo de tamanha gravidade — disse durante o 7º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais. Para Barbosa, um processo de impeachment só deve ocorrer quando há uma prova clara que envolva diretamente a presidente, uma vez que é um processo que pode deixar uma série de marcas institucionais. — Impeachment é uma coisa muito séria que, se levada a cabo, a gente sabe como começa, mas não sabe como termina. É um abalo sísmico nas instituições. Tem que ser algo muito bem baseado, tem que ser uma prova cabal, chocante, envolvendo diretamente o presidente. Sem isso, sairemos perdendo. As instituições sairão quebradas — avaliou.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Questionado se o TSE seria capaz de pedir o impeachment da presidente Dilma, Barbosa afirmou que a estrutura desse tribunal não permite isso, já que cerca de um terço de seus integrantes são advogados com mandato fixo e que não se desvinculam de suas atividades cotidianas. Para ele, isso é um “elemento fragilizador” e faz com que o TSE não tenha a capacidade de tirar um presidente do cargo. Caso se tenha essa prova, ele vê o STF como um tribunal com força e estrutura para conduzir um processo de impedimento. OPERAÇÃO LAVA-JATO Em sua palestra, Barbosa lembrou que os procuradores que estão conduzindo a Operação Lava-Jato estão munidos por uma série de dados, informações e profissionais especializados que contribuem para que o processo de investigação avance. Para ele, não há risco das investigações serem suspensas devido a essa estrutura do Ministério Público. O ministro aposentado do STF lembrou que, quando conduziu o julgamento do mensalão, o acesso as informações não era tão simples, mas que ajudou a dar início à Lava-Jato, uma vez que também era baseado em um sistema de doações ilegais. — O partido chama de doação legal um mecanismo de lavagem de dinheiro da corrupção. Eles promoveram os desvios e uma forma de lavar e joga esse dinheiro no circuito e fazer chegar ao caixa dos partidos políticos sob a forma de doações. Isso é um absurdo e tem que acabar — afirmou. Barbosa defendeu ainda o fim do financiamento de empresas a campanhas e partidos políticos. Para ele, essa relação é danosa ao país e à sociedade. PUBLICIDADE — A alavancagem da economia pelo capitalismo do estado agrava esse modelo. Incentivadas pelo Estado, as empresas são convidadas a se aproximar do governo da situação em busca de privilégios. A tudo isso se soma um combustível explosivo, que é o sistema partidário brasileiro e seu financiamento. Eu sou contra o atual regime de financiamento privado da vida política porque, no fundo, elas fomentam essas relações profanas de conveniência — afirmou. O ex-presidente do STF foi fortemente aplaudido pela plateia presente a sua apresentação, composta por cerca de 800 pessoas do mercado financeiro. Essa mesma plateia também estava curiosa em saber se ele tinha a intenção de se candidatar à Presidência da República no futuro. — Olhem para o meu jeito, minha transparência e franqueza. Eu seria massacrado se entrasse na briga pela Presidência da República, especialmente pelos políticos, que não gostam de outsiders. Não vale a pena — afirmou. POR ANA PAULA RIBEIRO *A repórter viajou a convite da BM&FBovespa.

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Levy defende volta da CPMF e cita Grécia

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defendeu neste sábado a volta da cobrança da CPMF e alertou que o Brasil precisa lidar com a piora do quadro fiscal para não enfrentar uma situação parecida com a da Grécia. “Acho que ninguém concorda que o aumento da despesa sem aumento de impostos é um caminho viável”, disse Levy, durante o 7o Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, promovido pela BM&FBovespa. “Se a gente quiser dar uma de Grécia e disser não a todo tipo de imposto, vai ter consequências”, alertou. Em junho, o ministro havia dito que não estava cogitando a volta da CPMF. Nesta semana, o governo federal começou a discutir a possibilidade de retomada da cobrança da CPMF, um tributo que ficou conhecido como imposto do cheque. Instituída no ano 2000, a contribuição tinha alíquota de 0,38 por cento sobre movimentação em conta corrente e foi criada com o argumento de que os recursos seriam destinados a financiar gastos com saúde. Em 2007, a renovação da CPMF foi derrubada pelo Congresso Nacional.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Para Levy, o principal motivo das dificuldades da Grécia, que há anos enfrenta uma grave crise fiscal e está alinhavando um novo socorro financeiro com a União Europeia, é a recusa do país em aceitar aumento de impostos. Segundo o ministro, essa é uma situação que deve ser evitada pelo Brasil. Na sexta-feira o Banco Central anunciou que em 12 meses até julho, o setor público brasileiro registrou déficit primário equivalente a 0,89 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). A meta do governo para 2015 é um superávit de 0,15 por cento do PIB. “O que a gente tem que fazer é isso, enfrentar nossa realidade fiscal e ainda criar as bases para o crescimento”, disse Levy logo após o evento a jornalistas. Para o ministro, se a CPMF puder ser uma fonte estável pelo menos por alguns anos para a saúde, “pode ser bom”. Ele evitou falar em alíquota para o tributo, mas disse que várias alternativas estão sendo avaliadas e que considera possível a aprovação pelo Congresso Nacional. Porém lideranças do Congresso encaram nesta semana com ceticismo a possibilidade de um retorno da CPMF e a indústria avaliou como “absurda” a proposta em análise pelo governo de recriar o tributo. PIB Levy afirmou que recessão da economia brasileira reflete as incertezas dos agentes econômicos e que não decorre principalmente de medidas de ajuste das contas públicas. “Não é o ajuste fiscal que está acabando com o PIB”, afirmou durante palestra no evento. Em conversa com jornalistas na sequência, ele acrescentou que “se há um ambiente que não gera confiança, as pessoas obviamente vão ser mais cautelosas”. Na sexta-feira, o IBGE divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) do país contraiu 1,9 por cento entre abril e junho sobre os três meses anteriores, configurando recessão técnica. O ministro disse não acreditar em recessão por dois anos, citando principalmente o efeito de recomposição de estoques das indústrias, que vinham caindo. “Acho que a gente tem tudo para ir mais rápido…”, disse a jornalistas. Na palestra, Levy também afirmou que as empresas vão começar a produzir de novo, exceto se houver uma grande incerteza. “Já estamos vendo alguns setores da indústria retomando. Papel e celulose, metais não ferrosos, vidro (…) Até o final do ano, vários setores vão ter uma virada. Se não houver ruptura, uma coisa muito complicada, é isso que vai acontecer”, disse. De acordo com o ministro, o que não pode acontecer é todo mundo ficar parado, “fazendo apostas” de quando o Brasil vai perder o rating grau de investimento, algo que, se acontecer, terá consequências muito duras para toda a população. “Todo mundo ficar fazendo bingo do investment grade, não pode ser essa a nossa conversa”, disse Levy. Aluísio Alves e Paula Arend Laier/Reuters

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Quatro ameaças ao crescimento constante da economia chinesa

A queda acentuada da bolsa de valores de Xangai, nesta semana, e o seu impacto global levantaram temores sobre a saúde da economia chinesa. Investidores, consumidores e endividados na China podem ser afetados pelos atuais problemas Além disso, a China desvalorizou a moeda local, o yuan, numa tentativa de tornar suas exportações mais competitivas após as vendas internacionais do país terem registrado queda. A produção interna também caiu. Em dia menos tenso, o mercado financeiro de Xangai fechou em -1,3% nesta quarta-feira, mesmo após estímulos promovidos pelo governo, e a baixa foi acompanhada pelas bolsas europeias – mas não pelas americanas e pelo Ibovespa. Este último subiu 2,7%. Mas analistas preveem que a volatilidade continuará nos mercados internacionais. Seria o fim do milagre chinês? Não, opina John Ross, professor do Instituto de Estudos Financeiros Chongyang da Universidade Renmin, de Pequim, em entrevista à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Economia chinesa 7% é taxa de crescimento estimada da China 3 vezes mais que o crescimento atual dos EUA 10% foi o crescimento do país durante a crise de 2008 “A China está crescendo a 6,5% ou 7%, três vezes mais do que os Estados Unidos e quatro vezes mais que a Europa. É uma economia que tem saído de um ritmo de crescimento ‘super sensacional’ de 10% por ano para um ‘sensacional’, que é o atual”, disse Ross. Leia mais: Impacto da queda da bolsa chinesa no mundo Outro dado comparativo: enquanto Estados Unidos e Europa têm taxas de juros de quase zero para estimular suas economias há quase sete anos, a China reduziu sua principal taxa de juro em 0,25 ponto percentual, para 4,6%. Mas isso não significa que não haja problemas na China. E, devido ao papel central que desempenha no comércio global, um recuo em sua economia tem consequências em todo o mundo, Brasil incluído. Image copyrightBBC World Service O futuro da segunda maior economia do mundo depende da solução de quatro temas-chave: 1. Queda de investimentos e mudança de modelo de crescimento O crescimento econômico chinês nos últimos dez anos sedeve muito mais ao investimento do que à exportação de produtos ‘Made in China’. Neste período, o país teve um ritmo impressionante de crescimento de dois dígitos. O investimento aumentou durante a crise financeira de 2008 – representava 35% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2000 e ultrapassou os 50% após a queda do banco de investimentos americano Lehman Brothers. Banco Central chinês desvalorizou iuan numa tentativa de tornar exportações mais atraentes Em comparação, o consumo interno como motor do crescimento mal superou os 30% neste período. Uma economia baseada excessivamente no investimento pode estimular bolhas imobiliárias, dívidas insustentáveis e problemas financeiros. Consciente dos limites deste modelo, o governo iniciou em 2010 uma transição a outro, mais baseado no crescimento do consumo interno. Segundo Kamel Mellahi, especialista em mercados emergentes da britânica Warwick Business School, os problemas chineses que causam temores no mundo são fruto dos inevitáveis desajustes produzidos por essa mudança. “Uma mudança num país das dimensões da China é mais fácil de propor que de executar. O mundo vai ter que se adaptar a esses altos e baixos porque vai levar tempo”, disse. Leia mais: Novo método para classificação acaba com conceito de ‘emergentes’ 2. Desvalorização e exportações O sinal de alarme sobre a China soou forte com a desvalorização cambial realizada em agosto. Em junho, as exportações caíram 8,3% devido a queda da demanda mundial e alta do custo de trabalho chinês, consequência da mudança do modelo que estipula aumentos salariais para estimular o consumo. Deflação pode afetar diretamente grandes e pequenos empresários endividados que deverão vender produtos com preços menores Em 11 de agosto, o Banco Central chinês iniciou um processo de desvalorização do yuan que se prolongou por três dias. A cotação da moeda caiu 3%, e gerou-se um temor global de uma “guerra cambial” – quando países desvalorizam suas moedas para ganhar vantagem competitiva para suas exportações. Muitos analistas avaliam que a desvalorização está mais vinculada ao desejo chinês de resposicionar o yuan como divisa internacional, incorporando-a às moedas com direitos especiais de giro do Fundo Monetário Internacional (FMI). Até agora, apenas euro, libra, iene e dólar americano têm essa classificação. “É uma estratégia a longo prazo para situar o yuan neste cenário”, disse Mellahi. Com uma moeda atada ao valor do dólar, a China sofreu com a valorização da moeda americana nos últimos 12 meses, que encareceu sua própria moeda em cerca de 10%. Mas desvalorizar a moeda até recuperar esse valor tornaria a dívida do país insustentável. Leia mais: Quatro conquistas e um fracasso dos Brics 3. Dívida e inflação Um dos efeitos mais perigosos do modelo baseado no investimento é a emissão de títulos de dívida necessária para sustentá-lo, algo que pode sair do controle. Há outro perigo concreto que enfrenta a economia chinesa: deflação. Os preços médios têm caído nos últimos 40 meses. Incertezas sobre saúde da economia chinesa causaram pânico entre investidores Este fenômeno pode levar a um processo deflacionário, no qual uma empresa teria que vender seus produtos por menos do que pagou por eles, o que aumentaria o montante de sua dívida e o perigo de falências. Leia mais: Como o terremoto financeiro chinês pode afetar o Brasil? 4. Desemprego Um fator estratégico para o governo chinês é o nível de desemprego, crucial para a paz social – e um dos debates sobre a mudança do modelo econômico chinês é o impacto que ele terá no mercado de trabalho. Segundo dados oficiais, a taxa de desemprego variou pouco nos últimos cinco anos. Em 2014, foi de 4,09%, pouco mais alta que os 4,05% registrados em 2013. Desemprego tornou-se um problema após mudança no modelo do crescimento chinês Mas o Labour China Bulletin (LCB), editado em Hong Kong e especializado em assuntos trabalhistas, diz que esse índice subestima o número real de desempregados. “O índice oficial registra apenas o número de pessoas que buscam emprego em

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Cientista brasileiro vende empresa de biotecnologia por R$ 1,5 bilhão

Brasileiro fez doutorado na Universidade de Cornell nos Estados Unidos. Ele fundou empresa que faz kit rápido de diagnóstico bacteriano. Uma empresa de biotecnologia fundada nos Estados Unidos com a ajuda de um pesquisador brasileiro foi vendida neste mês para a Roche por US$ 425 milhões (pouco mais de R$ 1,5 bilhão no câmbio atual). A GeneWEAVE Biosciences foi cofundada por Leonardo Maestri Teixeira junto com outro amigo durante o período em que estava na Universidade de Cornell para desenvolver o doutorado. Teixeira foi bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC). Leonardo Teixeira, GeneWeave BioSciences. (Foto: Divulgação/Universidade de Cornell) De acordo com a Capes, a ideia da empresa surgiu em uma disciplina sobre empreendedorismo e acabou executada paralelamente às atividades do bolsista. “Tínhamos que trabalhar um plano de negócios conceitual em cima de uma ideia. Discutimos sobre diversas ideias, até resolvermos buscar um problema de países em desenvolvimento como o Brasil”, explicou.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] saiba mais Brasileiros são premiados por projeto contra cólera no Haiti O diagnóstico da tuberculose foi o primeiro foco, depois alterado para infecção hospitalar. “Buscamos uma solução para a erradicação da tuberculose, focando no diagnóstico. Daí surgiu o conceito da tecnologia, que posteriormente patenteamos e aprovamos um projeto para o desenvolvimento da prova de conceito da ideia que tivemos”, relatou o brasileiro para a Capes. Diante dos primeiros bons resultados, Teixeira partiu para obter recursos em competições para empreendedores. Com os prêmios em dinheiro conquistado nessas “disputas de plano de negócio”, a equipe foi ampliada e o foco, alterado. GeneWeave desenvolveu processo rápido que aponta melhor tratamento antibiótico. (Foto: Reprodução/GeneWeave) GeneWeave desenvolveu processo rápido que aponta melhor tratamento antibiótico. (Foto: Reprodução/GeneWeave) “Para conseguirmos capital semente, mudamos o foco do nosso kit de diagnóstico de tuberculose para infecção hospitalar, já que este era um problema dos EUA, e consequentemente facilitaria a captação de recursos”, disse. Investimento e retorno Entre 2010 e 2014, a empresa captou US$ 25,2 milhões de dólares junto a investidores. Por isso, Teixera lembra que na venda da empresa, como ocorre com a maioria das start-ups, os investidores ficarão com boa parte do valor da venda. “(…) Sofri uma grande diluição durante os investimentos, o que é normal em uma empresa que recebe recursos de capital de risco. E que estes investidores ficam com a maior parte do retorno da venda. Isto é normal, já que o risco de capital é todo deles. Enfatizo isto para os que não são familiarizados com estes negócios acharem que fiquei bilionário”, disse. Segundo o pesquisador, a venda da GeneWEAVE sempre foi uma das hipóteses consideradas pelo grupo. “Desde 2014 já temos alguns equipamentos em teste em alguns hospitais, e começamos a apresentar os resultados em algumas feiras setoriais, já no intuito de divulgar o produto e a empresa para uma possível venda, que ocorreu no início de agosto”, contou Leonardo. “A aquisição teve um aporte inicial de apenas 40% do valor, ficando o restante dependendo dos resultados e metas negociadas. Ou seja, apenas começou. Nosso objetivo é realmente ver o produto em todos os hospitais, salvando milhares de vidas por ano, já que esta foi a proposta inicial”, explica. Em nota, a Roche justificou a aquisição para seus investidores afirmando que a GeneWEAVE tem uma solução inovadora para diagnóstico molecular que identifica rapidamente organismos resistentes e avalia sensibilidade aos antibióticos diretamente a partir das amostras clínicas, sem processos complicados e demorados. O produto desenvolvido pela empresa fundada pelo brasileiro foi considerado um “novo paradigma” pela Roche. Trabalho paralelo Apesar de a ideia do projeto ter surgido durante uma disciplina, todo o desenvolvimento ocorreu sem tratar do mesmo tema específico do doutorado, realizado entre os anos de 2004 e 2008. “O trabalho da tecnologia da GeneWEAVE foi feito em paralelo por exigência do meu orientador, já que o desejo de trabalhar em algum projeto para iniciar uma empresa surgiu em uma disciplina de empreendedorismo”, explicou. Teixeira resssalta que o trabalho da disciplina não tinha relação específica com o trabalho de conclusão da tese. “O projeto da empresa, assim como o modelo de negócios inicial foi elaborado nesta disciplina, ainda sem trabalho de bancada. Por incrível que pareça, nós dois ficamos com uma péssima nota nesta disciplina, na verdade a pior do meu histórico!”, lembra bem-humorado. A trajetória acadêmica da Teixeira foi marcada pelo foco na pesquisa, com apoio da Capes. “Durante a minha graduação em Ciência e Tecnologia de Laticínios na UFV tive bolsa de iniciação científica e, posteriormente com bolsa da Capes, fiz meu mestrado em Microbiologia Agrícola nesta mesma instituição.” De volta ao Brasil, Teixeira acredita que o conhecimento obtido no exterior está sendo revertido para o país. “Hoje sou diretor-presidente de um instituto (Instituto de Tecnologia e Pesquisa – em Sergipe), que é uma referência nas áreas de atuação, com mais de 60 pesquisadores doutores, muitos deles com bolsa de produtividade em pesquisa.” Em imagem de arquivo de 2008, Leonardo Teixeira (camisa branca), Jason Springs e Diego Rey, da GeneWeave BioSciences recebem prêmio de empreendedorismo na Universidade de Cornell. (Foto: Divulgação) G1

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Cultura: Brasileira Eva Sopher é agraciada com a Medalha Goethe 2015

Diretora do Theatro São Pedro, em Porto Alegre, é homenageada por sua colaboração internacional para o intercâmbio das culturas brasileira e alemã. Eva Sopher foi para o Brasil com os pais em 1936, fugindo do nazismo. A empreendedora cultural e presidente da Fundação Theatro São Pedro, Eva Sopher, foi laureada com a Medalha Goethe 2015. O prêmio é uma homenagem realizada anualmente pelo Instituto Goethe a personalidades vinculadas à Alemanha que se destacam na expressão cultural de seus países e colaboram para promover o intercâmbio internacional entre as culturas. O tema da edição deste ano é “o espírito da História”. Eva Sopher é reconhecida por ter restaurado e reconstruído o Theatro São Pedro, em Porto Alegre. Hoje o teatro não só é um dos maiores símbolos culturais da capital gaúcha como também um ponto de encontro internacional para artistas de todas as vertentes.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Junto com a brasileira, também foram condecorados o filósofo sírio Sadik Al-Azm, que se engaja pela liberdade de expressão e pela comunicação entre o mundo árabe islâmico e a Europa ocidental; e Neil MacGregor, diretor do British Museum por 13 anos, por despertar no público uma nova consciência histórica ao conectar temas complexos da História da Arte em suas exposições. De família judaica, Eva Sopher nasceu na Alemanha e se naturalizou brasileira. Em 1936, ela se mudou com os pais para o Brasil, fugindo da perseguição nazista. Com 16 anos, Eva já trabalhava em uma galeria de arte em São Paulo, e nos anos 1960 iniciou a recuperação de seu “templo secular”, como costuma chamar o Theatro São Pedro. Hoje, com 91 anos de idade, ela continua sendo responsável pelo espaço, organizando de até oito espetáculos semanais.

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100 anos de Ingrid Bergaman

Ingrid Berman – Talento precoce Ingrid Bergman e Humphrey Bogart em Casa Blanca A fama que Ingrid Bergman adquiriu com filmes como “Casablanca” faz muitas vezes esquecer que, já bastante jovem, ela era uma estrela na Suécia. Filha de um alemão, a atriz nascida em 29 de agosto de 1915, em Estocolmo, foi descoberta pelo cinema em meados da década de 1930. E Hollywood não tardou a percebê-la. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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A atualidade chocante de ‘Admirável Mundo Novo’

Oito décadas depois, romance de Huxley ganha nova atualidade, ao alertar que sociedades de controle podem apoiar-se, além da repressão, na tecnologia e culto do “progresso” Breve, terão se completado 75 anos da primeira edição brasileira (1941) de Admirável Mundo Novo1, grande romance perturbador lançado em 1932, na Inglaterra, pelo visionário filósofo e escritor Aldous Huxley. Diante de tanta “felicidade artificial” em nossos dias, tantas manipulações e tantos condicionamentos contemporâneos, cabe perguntar: seria útil reler Admirável Mundo Novo? Acaso é necessário retomar um livro escrito há mais de oito décadas, numa época tão distante que a Internet não existia e sequer a TV havia sido inventada? Seria este romance algo mais que uma curiosidade sociológica, um best-seller ordinário e efêmero, de que se venderam, em inglês, mais de um milhão de exemplares, já no ano de sua publicação? Estas questões parecem ainda mais pertinentes porque o gênero a que pertence a obra – ficção científica, distopia, fábula de antecipação, a utopia científico-técnica – possui um grau muito elevado de obsolescência. Nada envelhece mais rápido que o futuro, sobretudo na literatura.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] No entanto quem, superando estas reticências, mergulhar nas páginas do romance ficará chocado por sua surpreendente atualidade. Ficará claro que, pelo menos uma vez, o passado capturou o presente. Recordemos que o autor, Aldous Huxley (1894-1963), narra uma história que transcorre num futuro muito distante, próxima ao ano 2500 ou, mais precisamente “no ano 600 da Era Fordiana”, em alusão satírica a Henry Ford (1863-1947), pioneiro norte-americano da indústria automobilística e inventor de um método de organização de trabalho para a fabricação em série e padronização de peças. Tal método, conhecido como “fordismo”, transformou os trabalhadores em algo inferior a autômatos, robôs que repetiam, ao longo da jornada de trabalho, um único gesto. Sua emergência suscitou, à época, críticas violentas: pensemos, por exemplo, nos filmes Metropolis (1926), de Fritz Lang, ou Tempos Modernos (1935), de Charles Chaplin. Aldous Huxley escreveu Admirável Mundo Novo, visão pessimista do futuro e crítica feroz do culto positivista à ciência, num momento em que as consequências sociais da grande crise de 1929 afetavam em cheio as sociedades ocidentais, e em que a crença no progresso e nos regimes democráticos parecia vacilar. Publicado em inglês antes da chegada de Hitler ao poder na Alemanha (1933),Admirável Mundo Novo denuncia a perspectiva “de pesadelo” de uma sociedade totalitária fascinada pelo progresso científico e convencida de poder oferecer a seus cidadãos uma felicidade obrigatória. Apresenta a visão alucinada de uma humanidade desumanizada pelo condicionamento pavloviano2 e pelo prazer ao alcance de uma pílula (o “soma”). Num mundo horrivelmente perfeito, a sociedade decide totalmente, com fins eugenistas e produtivistas, a sexualidade da procriação. É uma situação não tão distante da que se vive hoje em alguns países (sobretudo na Europa), em que os efeitos da crise de 2008 estão provocando o ascenso de partidos de extrema direita, xenófobos e racistas. Onde os anticoncepcionais já permitem um amplo controle da natalidade. E onde novas pílulas (como o Viagra e a femininaLybrido) dopam o desejo sexual e o prolongam até além da terceira idade. Ao mesmo tempo, as manipulações genéticas permitem cada vez mais aos pais a seleção de embriões, para engendrar filhos em função de critérios pré-determinados – inclusive estéticos. Outra relação surpreendente com a atualidade é que o romance de Huxley apresenta um mundo onde o controle social não dá espaços ao acaso, onde, formadas a partir do mesmo molde, as pessoas são “clônicas”, produzidas em série. A maioria tem garantidos o conforto e a satisfação dos únicos desejos que está condicionada a experimentar, mas perdeu-se, como diria Mercedes Sosa, a razón de vivir3. Em Admirável Mundo Novo, a americanização do planeta está completa, a História acabou (como afirmaria, mais tarde, Francis Fukuyama4), tudo foi padronizado e “fordizado” – tanto a produção dos seres humanos, resultado de puras manipulações genético-químicas, quanto a identidade das pessoas, produzida durante o sonho por hipnose auditiva: a “hipnopedia”, qualificada por um personagem do livro como “a maior força socializante e moralizante de todos os tempos”. Os seres humanos são “produzidos” no sentido industrial do termo, em fábricas especializadas – os “centros de incubação e condicionamento” – segundo modelos variados, que dependem das tarefas muito especializadas que serão atribuídas a cada um, e que são indispensáveis para uma sociedade obcecada pela estabilidade. Desde seu nascimento, cada ser humano é, além disso, educado em “centros de condicionamento do Estado”. Em função dos valores específicos de seu grupo, e por meio do recurso maciço à hipnopedia, criam-se nele os “reflexos condicionados definitivos” que o fazem aceitar seu destino. Aldous Huxley ilustrava assim os riscos implícitos na tese que vinha sendo formulada, desde 1924, por John B. Watson, o pai do “condutivismo”5, esta suposta “ciência da observação e controle do comportamento”. Watson afirmava com frieza que podia escolher na rua, ao acaso, uma criança saudável e convertê-la, à sua vontade, em médico, advogado, artista, mendigo ou ladrão, independentemente de seu talento, inclinações, capacidades, gostos e origem de seus ancestrais. Em Admirável Mundo Novo, que é fundamentalmente um manifesto humanista, alguns viram também, com razão, uma crítica ácida à sociedade stalinista, à utopia soviética construída com mão de ferro. Mas também há, claramente, uma sátira à nova sociedade mecanizada, padronizada, automatizada que se criva à época nos Estados Unidos, em nome da modernidade técnica. Extremamente inteligente e admirador da ciência, Huxley expressa no romance, no entanto, um profundo ceticismo em relação à ideia de progresso, e desconfiança diante da razão. Frente à invasão do materialismo, o autor engendra uma interpretação feroz às ameaças do cientificismo, do maquinismo e do desprezo à dignidade individual. Claro que a técnica assegurará aos seres humanos um conforto exterior total, de notável perfeição, estima Huxley com desesperada lucidez. Todo desejo, na medida em que possa ser expresso e sentido, será satisfeito. Os seres humanos terão, nesse ponto, perdido sua razão de ser. Terão transformado a si mesmos em maquinas. Já não se poderá falar, em sentido estrito, de

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