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Versos na tarde – Antonio Machado – 08/04/2015

Tenho andado muitos caminhos Antonio Machado¹ Tenho andado muitos caminhos tenho aberto muitas veredas; tenho navegado em cem mares e atracado em cem ribeiras Em todas partes tenho visto caravanas de tristeza orgulhosos e melancólicos borrachos de sombra negra. E pedantes ao pano que olham, calam e pensam que sabem, porque não bebem o vinho das tabernas Má gente que caminha e vai empestando a terra… E em todas partes tenho visto pessoas que dançam ou […] ¹ Antonio Machado * Sevilha, Espanha – 26 de julho de 1875 d.C + Colliure, França – 22 de fevereiro de 1939 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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A depressão é a culpada pela tragédia do vôo da Germanwings?

Nas manchetes de jornais em todo o mundo aparece a afirmação de que o copiloto do avião da Germanwings, Andreas Lubitz, sofria de depressão.  O tablóide britânico Daily Mail, no entanto, foi mais além: “Piloto suicida tinha longo histórico de depressão – por que o deixaram voar?” Ainda não se sabe exatamente o que aconteceu nos momentos finais do voo 4U 9525. O que sabemos é que na terça-feira, o avião foi deliberadamente pilotado para uma colisão nos alpes franceses, matando 150 pessoas. Na sexta-feira, os investigadores revelaram que atestados médicos rasgados foram encontrados na casa de Lubitz, inclusive um para o dia do acidente, que a Germanwings diz não ter recebido. Um hospital alemão confirmou que ele havia recebido tratamento médico em março e no mês passado, mas negou que o problema em questão fosse depressão.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A teoria de que uma doença mental teria afetado o copiloto ganhou espaço na mídia alemã, que cita documentos da autoridade nacional de aviação. Os documentos teriam dito que Lubitz sofreu um sério episódio depressivo durante seu treinamento para ser piloto em 2009. No entanto, jornais britânicos que ligaram os problemas mentais de Lubitz a suas ações estão sendo acusados por especialistas e leitores de serem “simplistas demais”. ‘Tenho depressão e não quero matar pessoas’ Três dos principais grupos ativistas de saúde mental da Inglaterra – Mind, Time to Change e Rethink Mental Illness – divulgaram um comunicado em conjunto condenando a “especulação difundida” a respeito da condição do copiloto, dizendo que as manchetes contribuem “para o estigma que já existe ao redor dos problemas de saúde mental”. “Todo mundo está tentando entender o que aconteceu neste acidente terrível com o avião, mas há um perigo real de que a correlação que está sendo feita entre depressão e este ato seja muito simplista e não tenha provas suficientes”, disse Paul Farmer, diretor executivo do Mind, à BBC. “A impressão que se dá é a de que as pessoas com depressão podem ser perigosas, e não há nenhuma prova disso. Há milhares de pessoas que trabalham em cargos estressantes e importantes que lutam contra a depressão e fazem seus trabalhos muito bem.” A hashtag #Timetochange (Tempo de mudar, em português), que critica a cobertura da imprensa, está entre os assuntos mais comentados do Twitter britânico. Personalidades pedem que o acidente não confunda pessoas deprimidas com “assassinos”. O escritor Matt Haig disse no Twitter que “A depressão pode fazer com que a pessoa machuque a si mesma. Mas nunca fez – em 15 anos intensos – com que eu ou qualquer pessoa que eu conheço quisesse machucar outras pessoas”. No Brasil, já começam a repercutir nas redes sociais as manchetes de portais de notícias afirmando que o copiloto “tinha depressão” Especulação Promotores alemães afirmam que Lubitz escondeu detalhes de uma doença da empresa onde trabalhava, mas o tablóide alemão Bild diz que sua pesquisa sobre o passado de Andreas Lubitz sugere um histórico de depressão. A Lufthansa, segundo o tablóide, teria afirmado que Lubitz interrompeu seu treinamento para ser piloto para receber tratamento médico. Fontes não nomeadas na empresa, citadas pelo tabloide, teriam afirmado que a interrupção foi causada por um problema psicológico. No total, Lubitz teria feito tratamento psicológico durante um ano e meio durante o treinamento e diagnosticado, em 2009, com um “episódio depressivo severo”. A revista semanal Der Spiegel diz que investigadores teriam encontrado, no apartamento de Lubitz em Dusseldorf, provas de que ele sofria de um distúrbio psicológico. A revista, no entanto, afirma que não sabe exatamente que provas seriam estas. Depressão poderia ter causado acidente? A depressão é uma doença séria, que afeta cada pessoa de maneira diferente. Indivíduos que sofrem de depressão podem atingir um estado tal de alienação que são capazes de tentar tirar as próprias vidas – mas a maioria das pessoas deprimidas não tentaria causar dano a ninguém além de si mesmas. A psicóloga britânica Jennifer Wild, da Universidade de Oxford, disse ao jornal The Times que o “pensamento irracional” por trás das ações de Lubitz na cabine podem ter sido motivados por depressão causada por algum episódio traumático recente. “Talvez nesse estado ele não tenha considerado as consequências de suas ações, ou talvez não se importasse por estar consumido pela ideia de pôr fim a sua vida”, afirma. Wild diz ainda que o uso de drogas ou um acesso extremo de raiva também poderia explicar tais ações. No entanto, o registro da caixa preta do avião mostra o que seria a respiração calma de Lubitz enquanto supostamente apertava botões que levariam o avião à queda. Isso levou à especulação de que o copiloto poderia ser um psicopata. No entanto, Wild explica que psicopatas geralmente evitam infligir dano a si mesmos. “Devemos ter cuidado para não fazer julgamentos apressados”, disse o professor Simon Wessely, presidente do Royal College of Psychiatrists, na Grã-Bretanha. “Se realmente for comprovado que o piloto tinha um histórico de depressão, precisamos nos lembrar que milhões de pessoas também têm, incluindo pilotos que conduzem voos com total segurança até muitos anos depois de serem tratados.” “A depressão geralmente é tratável. A maior barreira para que as pessoas consigam ajuda é o estigma e o medo de serem descobertas. Neste país, percebemos uma diminuição recente desse estigma e uma abertura maior para buscar ajuda. Recomendamos evitar decisões apressadas que podem tornar mais difícil que pessoas com depressão recebam o tratamento apropriado”, alerta. BBC

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Luta de mãe por acesso ao Facebook de filha morta expõe questão sobre ‘herança digital’

No passado, era comum guardarmos nossas memórias em álbuns de fotos ou diários que preservariam nossas lembranças mesmo após a morte. Louise Palmer vive saga para manter acesso às informações pessoais da filha falecida no Facebook Hoje em dia, porém, o mais comum é que as redes sociais online façam esse trabalho de preservação da memória por nós. As fotos, posts e sentimentos que compartilhamos no Twitter, Facebook ou Instagram ficam ali guardadas para a posteridade. Mas a quem efetivamente eles pertencem? E como garantimos que as pessoas que queremos que herdem tudo isso, nossos entes queridos, irão realmente ficar com eles? Louise Palmer teve uma experiência recente com isso e conta o quão difícil pode ser algo que parece tão simples. A britânica perdeu sua filha de 19 anos, Becky Palmer, em 2010. A jovem costumava postar muitas coisas em sua conta do Facebook e mantinha contato com os amigos por lá.[ad name=”Retangulos – Direita”] Quando ela chegou ao estágio final de um tumor cerebral e perdeu a fala e os movimentos, Louise ajudava a filha a se logar na rede social para falar com os colegas. A jovem faleceu, e a mãe continuou acessando sua conta no Facebook para se sentir mais perto da filha. “Era algo muito importante pra mim”, disse ela à BBC. “Quando você perde uma filha, e perder um filho é a pior coisa que pode acontecer, você tem medo das pessoas se esquecerem dela. Então poder entrar lá e ver o que as pessoas postavam no seu mural e as mensagens privadas que mandavam fazia com que eu me sentisse bem. Era uma certeza de que ainda se lembravam dela.” ‘Facebook memorial’ Os momentos de conforto que a mãe de Becky tinha ao entrar no Facebook dela, no entanto, acabaram quando a rede social tornou a conta da jovem um “memorial”. Essa é uma nova política do Facebook para preservar as memórias de um usuário após a sua morte. Isso pode acontecer se algum amigo ou familiar solicitar à rede social que transforme a página daquela pessoa em “memorial”. O Facebook, então, altera algumas configurações da página – o perfil da pessoa não aparece mais em público e ninguém mais consegue se logar nela, por exemplo. O perfil, no entanto, continua podendo ser visualizado por amigos, que podem até postar coisas no mural da pessoa, dependendo das políticas de privacidade que ela mantinha antes da morte. Página de Becky no Facebook ficou como ‘memorial’ após a morte dela Com isso, Louise não conseguiu mais entrar no perfil da filha. Chateada, a mãe procurou o Facebook explicando a situação e pedindo que ela ainda pudesse ter acesso às mensagens privadas que os amigos enviavam à sua filha. Ela recebeu a seguinte resposta: “Olá Louise, sentimos muito por sua perda. Pela nossa política para usuários falecidos, nós tornamos essa conta um memorial. Isso configura a privacidade da página, para que somente amigos confirmados possam ver o perfil da pessoa ou localizá-la na busca. O mural permanecerá lá, para que amigos e familiares possam deixar posts em memória. Infelizmente, por questões de privacidade, não podemos fazer mudanças no perfil, nem fornecer informações de login da conta. Pedimos desculpas por qualquer inconveniente que isso possa causar. Por favor, avise-nos se houver mais alguma dúvida. Obrigada pelo contato.” Louise chegou a escrever para o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, mas não obteve resposta. Conteúdo online O caso de Louise desperta uma questão nova com o advento das redes sociais: a quem pertence o conteúdo publicado nelas após a morte do usuário? Uma pesquisa do Instituto YouGov solicitada pelo escritório de advocacia Mishcon de Reya na Grã-Bretanha revela uma ausência de conhecimento sobre quem é o “dono” do conteúdo online. Cerca de uma em cada quatro pessoas entrevistadas não tinham ideia, enquanto um em cada três disse acreditar que o perfil pertence ao próprio Facebook. Mark Keenan, um dos advogados do escritório, disse que a questão ainda é um “campo minado na lei, uma nova frente”. “As pessoas não estão lendo os termos e condições das redes, e o que estamos vendo é um grande aumento nas disputas legais entre membros da família e os provedores dos serviços. Não existem normas ou uma prática padrão para os provedores online sobre como ativos digitais são repassados a herdeiros.” Senhas A questão é ainda mais complexa, porque poucas pessoas revelam suas senhas nas redes sociais a amigos ou familiares. Segundo a pesquisa do YouGov na Grã-Bretanha, 52% dos entrevistados disseram que ninguém conseguiria acessar suas contas online se algo acontecesse com eles. No Reino Unido, já há uma preocupação maior com a questão desde o ano passado, quando a Law Society (algo como a OAB no Brasil) aconselhou as pessoas a deixarem instruções claras sobre o que deveria acontecer com suas redes sociais e outras contas online após a morte. A organização ainda reforçou que deixar uma lista com senhas de acesso a essas contas pode facilitar muito para os familiares na hora de encerrá-las ou administrá-las. No caso do Facebook, já é possível indicar um amigo ou parente para ficar responsável por sua conta após a morte – a novidade, porém, está disponível apenas nos Estados Unidos desde fevereiro e até agora não foi implementada em outros países. Caso de Louise e Becky chama a atenção para ‘ discussão sobre ‘herança digital’ deixada por usuários na internet após a morte Assim, Louise segue sem acesso à conta da filha e recorre a vídeos caseiros dela para reconfortar a saudade que sente. Ela diz que entende as razões de privacidade do Facebook para não permitir acesso de outras pessoas à conta de Becky, mas reforça que “não havia segredos entre ela e a filha”. “Eu sou a mãe dela e esse era o perfil dela no Facebook. Eu sinto como se o conteúdo que tinha lá fosse minha herança. As coisas que ela tinha online deveriam ser minhas para que eu pudesse acessá-las”, lamenta. BBC

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