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Adalgisa Nery – Versos na tarde – 04/03/2015

Poema da amante Adalgisa Nery ¹ Eu te amo Antes e depois de todos os acontecimentos, Na profunda imensidade do vazio E a cada lágrima dos meus pensamentos. Eu te amo Em todos os ventos que cantam, Em todas as sombras que choram, Na extensão infinita dos tempos Até a região onde os silêncios moram. Eu te amo Em todas as transformações da vida, Em todos os caminhos do medo, Na angústia da vontade perdida E na dor que se veste em segredo. Eu te amo Em tudo que estás presente, No olhar dos astros que te alcançam E em tudo que ainda estás ausente. Eu te amo Desde a criação das águas, desde a idéia do fogo E antes do primeiro riso e da primeira mágoa. Eu te amo perdidamente Desde a grande nebulosa Até depois que o universo cair sobre mim Suavemente. ¹ Adalgisa Maria Feliciana Noel Cancela Ferreira * Rio de Janeiro, RJ. – 29 de outubro de 1905 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 7 de junho de 1980 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Economia: Moodys e o conto do vigário

A “nota” da Petrobras e a “nota” da Moody’s  De que vive a Moody’s? Basicamente, de “trouxas” e de conversa fiada. A agência de classificação de “risco” Moody’s acaba de rebaixar a nota de crédito da Petrobras de Baa2 para Ba2, fazendo com que ela passe de “grau de investimento” para “grau especulativo”. Com sede nos Estados Unidos, o país mais endividado do mundo, de quem o Brasil é, atualmente, o quarto maior credor individual externo, a Moody’s é daquelas estruturas criadas para vender ao público a ilusão de que a Europa e os EUA ainda são o centro do mundo, e o capitalismo ummodelo perfeito para o desenvolvimento econômico e social da espécie, que distribui, do centro para a “periferia”, formada por estados ineptos e atrasados, recomendações e “notas” essenciais para a solução de seus problemas e a caminhada humana rumo ao futuro. O que faz a Petrobras ? Produz conhecimento, combustíveis, plásticos, produtos químicos, e, indiretamente, gigantescos navios de carga, plataformas de petróleo, robôs e equipamentos submarinos, gasodutos e refinarias. De que vive a Moody’s? Basicamente, de “trouxas” e de conversa fiada, assim como suas congêneres ocidentais, que produzem, a exemplo dela, monumentais burradas, quando seus “criteriosos” conselhos seriam mais necessários. Conversa fiada que primou pela ausência, por exemplo, quando, às vésperas da Crise do Subprime, que quase quebrou o mundo em 2008, devido à fragilidade, imprevisão e irresponsabilidade especulativa do mercado financeiro dos EUA, a Moody’s, e outras agências de classificação de “risco” ocidentais, longe de alertar para o que estava acontecendo, atribuíram “grau de investimento”, um dos mais altos que existem, ao Lehman Brothers, pouco antes que esse banco pedisse concordata.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Conversa fiada que também primou pela incompetência e imprevisibilidade, quando, às vésperas da falência da Islândia — no bojo da profunda crise europeia, que, como se vê pela Grécia, parece não ter fim — alguns bancos islandeses chegaram a receber da Moody’s o Triple A, o mais alto patamar de avaliação, também poucos dias antes de quebrar. Afinal, as agências de classificação europeias e norte-americanas, agem, antes de tudo, com solidariedade de “classe”. Quando se trata de empresas e nações “ocidentais”, e teoricamente desenvolvidas — apesar de apresentarem indicadores macro-econômicos piores do que muitos países do antigo Terceiro Mundo — as agências “erram” em suas previsões e só vêem a catástrofe quando as circunstâncias, se impõem, inapelavelmente, seguindo depois o seu caminho na maior cara dura, como se nada tivesse acontecido. Quando se trata, no entanto, de países e empresas de nações emergentes, com indicadores econômicos como um crescimento de 400% do PIB, em dólares, em cerca de 12 anos, reservas monetárias de centenas de bilhões de dólares, e uma dívida pública líquida de menos de 35%, como o Brasil, o relho desce sem dó, principalmente quando se trata de um esforço coordenado, com outros tipos de abutres, como o Wall Street Journal, e o Financial Times, para desqualificar a nação que estiver ocupando o lugar da “bola da vez”. Não é por outra razão que vários países e instituições multilaterais, como o BRICS, já discutem a criação de suas próprias agências de classificação de risco. Não apenas porque estão cansados de ser constantemente caluniados, sabotados e chantageados por “analistas” de aluguel — como, aliás, também ocorre dentro de certos países, como o Brasil — mas também porque não se pode, absolutamente, confiar em suas informações. Se houvesse uma agência de classificação de risco para as agências de “classificação” de risco ocidentais, razoavelmente isenta — caso isso fosse possível no ambiente de podridão especulativa e manipuladora dos “mercados” — a nota da Moody’s, e de outras agências semelhantes deveria se situar, se isso fosse permitido pelas Leis da Termodinâmica, abaixo do zero absoluto. Em um mundo normal, nenhum investidor acreditaria mais na Moody’s, ou investiria umcent em suas ações, para deixar de apostar e aplicar seu dinheiro em uma empresa da economia real, que, com quase três milhões de barris por dia, é a maior produtora de petróleo do mundo, entre as petrolíferas de capital aberto, produz bilhões de metros cúbicos de gás e de etanol por ano, é a mais premiada empresa do planeta – receberá no mês que vem mais um “oscar” do Petróleo da OTC — Offshore Technologies Conferences — em tecnologia de exploração em águas profundas, emprega quase 90.000 pessoas em 17 países, e lucrou mais de 10 bilhões de dólares em 2013, por causa da opinião de um bando de espertalhões influenciados e teleguiados por interesses que vão dos governos dos países em que estão sediados aos de “investidores” e especuladores que têm muito a ganhar sempre que a velha manada de analfabetos políticos acredita em suas “previsões”. Neste mundo absurdo que vivemos, que não é o da China, por exemplo, que – do alto da segunda economia do mundo e de mais de 4 trilhões de dólares em ouro e reservas monetárias — está se lixando olimpicamente para as agências de “classificação” ocidentais, o rebaixamento da “nota” da Petrobras pela Moody’s, absolutamente aleatória do ponto de vista das condições de produção e mercado da empresa, adquire, infelizmente, a dimensão de um oráculo, e ocupa as primeiras páginas dos jornais. E o pior é que, entre nós, de forma ridícula e patética, ainda tem gente que, por júbilo ou ignorância, festeja e comemora mais esse conto do vigário — destinado a enfraquecer a maior empresa do país — que não passa de um absurdo e premeditado esbulho. por Mauro Santayana/no Jornal do Brasil

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Petrolão, Petrobras: é a economia estúpido!

O mercado mundial de petróleo está em retração, em franco declínio. Com a queda de preços, companhias pelo mundo todo desistem dos investimentos mais caros e, com isso, sobram equipamentos e navios. Aliás, ficaram mais baratos, o que poderia ser uma oportunidade para a Petrobras — que, entretanto, não pode aproveitá-la por causa da política de comprar máquinas com alto componente nacional, outro estupidez nacionalista – no mesmo diapasão da época do governo militar em relação a computadores – do Lula e do PT, que agora se mostra prejudicial à recuperação da Petrobras. Vê-se então, que a situação da estatal não foi ditada somente pela roubalheira. A roubalheira chega a trilhões. Tem algo errado. Isso tem que ser um projeto cientificamente elaborado. Isso não é, e não pode ser um simples roubo. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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O direito à tristeza

As crianças têm dois deveres. Um, salutar, é o dever de crescer e parar de ser crianças. O outro, mais complicado, é o de ser felizes, ou melhor, de encenar a felicidade para os adultos. Esses dois deveres são um pouco contraditórios, pois, crescendo e saindo da infância, a gente descobre, por exemplo, que os picolés não são de graça. Portanto, torna-se mais difícil saltitar sorrindo pelos parques à espera de que a máquina fotográfica do papai imortalize o momento. Em suma, se obedeço ao dever de crescer, desobedeço ao dever de ser feliz.A descoberta dessa contradição pode levar uma criança a desistir de crescer. E pode fazer a tristeza (às vezes o desespero) de outra criança, incomodada pela tarefa de ser, para a família inteira, a representante da felicidade que os adultos perderam (por serem adultos, porque a vida é dura, porque doem as costas, porque o casamento é tenso, porque não sabemos direito o que desejamos). A ideia da infância como um tempo específico, bem distinto da vida adulta, sem as atrapalhações dos desejos sexuais, sem os apertos da necessidade de ganhar a vida, é recente. Tem pouco mais de 200 anos. Idealizar a infância como tempo feliz é uma peça central do sentimento e da ideologia da modernidade.É crucial lembrar-se disso na hora em que somos convidados a espreitar índices e sinais de depressão nas nossas crianças. O convite é irresistível, pois a criança deprimida contraria nossa vontade de vê-la feliz. Um menino ou uma menina tristes nos privam de um espetáculo ao qual achamos que temos direito: o espetáculo da felicidade à qual aspiramos, da qual somos frustrados e que sobra para as crianças como uma tarefa.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “Meu filho, minha filha, seja feliz por mim.”É só escutar os adultos falando de suas crianças tristes para constatar que a vida da criança é sistematicamente desconhecida por aqueles que parecem se preocupar com a felicidade do rebento. “Como pode, com tudo que fazemos e fizemos por ela?” ou “Como pode, ele que não tem preocupação nenhuma, ele que é criança?”. A criança triste é uma espécie de desertor; abandonou seu lugar na peça da vida dos adultos, tirou sua fantasia de palhaço.Conselho aos adultos (pais, terapeutas etc.): quando uma criança parece estar deprimida, o mais urgente não é reconhecer os “sinais” de uma doença e inventar jeitos de lhe devolver uma caricatura de sorriso. O mais urgente, para seu bem, é reconhecer que uma criança tem o DIREITO de estar triste, porque ela não é apenas um boneco cuja euforia deve nos consolar das perdas e danos de nossa existência; ela tem vida própria.Mais uma observação para evitar a precipitação. Aparentemente, nas últimas décadas, a depressão se tornou uma doença muito comum. Será que somos mais tristes que nossos pais e antepassados próximos? Acredito que não. As más línguas dizem que a depressão foi promovida como doença pelas indústrias farmacêuticas, quando encontraram um remédio que podiam comercializar para “curá-la”. Mas isso seria o de menos. É mais importante notar que a depressão se tornou uma doença tão relevante (pelo número de doentes e pela gravidade do sofrimento) porque ela é um pecado contra o espírito do tempo. Quem se deprime não pega peixes e ainda menos sobe no bonde andando.Será que vamos conseguir transformar também a tristeza infantil num pecado?Claro que sim. Aliás, amanhã, quando seu filho voltar da escola, além de verificar se ele não está com frieiras, veja também se ele não pegou uma deprê. E, se for o caso, dê um castigo, pois, afinal, como é que ele ousa fazer cara feia quando acabamos de lhe comprar um gameboy? Ora! E, se o castigo não bastar, pílulas e terapia nele. Qualquer coisa para evitar de admitir que a infância não é nenhum paraíso. Por: Contardo Calligaris – Texto via Laboratório de Sensibilidade

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