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Sophia de Mello Breyner Andresen – Versos na tarde – 27/02/2015

É por ti Sophia Andresen¹ É por ti que se enfeita e se consome, Desgrenhada e florida, a Primavera. É por ti que a noite chama e espera És tu quem anuncia o poente nas estradas. E o vento torcendo as árvores desfolhadas Canta e grita que tu vais chegar. ¹ Sophia de Mello Breyner Andresen * Porto, Portugal – 6 de Novembro de 1919 d.C + Lisboa, Portugal – 2 de Julho de 2004 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Quem quer o fim do Brasil?

Combate à corrupção deve ser entendido como meio de sanar nossas grandes empresas, públicas e privadas, não de inviabilizá-las como instrumentos estratégicos PEDRO REVILLION/PALÁCIO PIRATINI/FOTOS PÚBLICAS É esse país – que em 11 anos aumentou sua economia em 400%, passou de devedor a credor do FMI e quarto maior credor individual externo dos Estados Unidos, que duplicou a safra agrícola, que reduziu a menos de 5% o desemprego – que malucos estão dizendo que irá “quebrar” em 2015 Já há alguns meses, e mais especialmente na época da campanha eleitoral, grassam na internet mensagens com o título genérico de “O Fim do Brasil”, defendendo a estapafúrdia tese de que a nação vai quebrar nos próximos meses, que o desemprego vai aumentar, que o país voltou, do ponto de vista macroeconômico, a 1994 etc. etc. – em discursos irracionais, superficiais, boçais e inexatos. Na análise econômica, mais do que a onda de terrorismo antinacional em curso, amplamente disseminada pela boataria rasteira de botequim, o que interessa são os números e os fatos.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Segundo dados do Banco Mundial, o PIB do Brasil passou, em 11 anos, de US$ 504 bilhões em 2002, para US$ 2,2 trilhões em 2013. Nosso Produto Interno Bruto cresceu, portanto, em dólares, mais de 400% em dez anos, performance ultrapassada por pouquíssimas nações do mundo. Para se ter ideia, o México, tão “cantado e decantado” pelos adeptos do terrorismo antinacional, não chegou a duplicar de PIB no período, passando de US$ 741 bilhões em 2002 para US$ 1,2 trilhão em 2013; os Estados Unidos o fizeram em menos de 80%, de pouco mais de US$ 10 trilhões para quase US$ 18 trilhões. Em 11 anos, passamos de 0,5% do tamanho da economia norte-americana para quase 15%. Devíamos US$ 40 bilhões ao FMI, e hoje temos mais de US$ 370 bilhões em reservas internacionais. Nossa dívida líquida pública, que era de 60% há 12 anos, está em 33%. A externa fechou em 21% do PIB, em 2013, quando ela era de 41,8% em 2002. E não adianta falar que a dívida interna aumentou para pagar que devíamos lá fora, porque, como vimos, a dívida líquida caiu, com relação ao PIB, quase 50% nos últimos anos. Em valores nominais, as vendas nos supermercados cresceram quase 9% no ano passado, segundo a Abras, associação do setor, e as do varejo, em 4,7%. O comércio está vendendo pouco? O eletrônico – as pessoas preferem cada vez mais pesquisar o que irão comprar e receber suas mercadorias sem sair de casa – cresceu 22% no ano passado, para quase US$ 18 bilhões, ou mais de R$ 50 bilhões, e o país entrou na lista dos dez maiores mercados do mundo em vendas pela internet. Segundo o Perfil de Endividamento das Famílias Brasileiras divulgado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o ano de 2014 fechou com uma redução do percentual de famílias endividadas na comparação com o ano anterior, de 62,5%, para 61,9%, e a porcentagem de famílias com dívidas ou contas em atraso, caiu de 21,2%, em 2013, para 19,4%, em 2014 (menor patamar desde 2010). A proporção de famílias sem condições de pagar dívidas em atraso também diminuiu, de 6,9% para 6,3%. É esse país – que aumentou o tamanho de sua economia em 400%, cortou suas dívidas pela metade, deixou de ser devedor para ser credor do Fundo Monetário Internacional e quarto maior credor individual externo dos Estados Unidos, que duplicou a safra agrícola e triplicou a produção de automóveis em 11 anos, que reduziu a menos de 6% o desemprego e que, segundo consultorias estrangeiras, aumentou seu número de milionários de 130 mil em 2007 para 230 mil no ano passado, principalmente nas novas fronteiras agrícolas do Norte e do Centro-Oeste – que malucos estão dizendo que irá “quebrar” em 2015. E se o excesso de números é monótono, basta o leitor observar a movimentação nas praças de alimentação dos shoppings, nos bares, cinemas, postos de gasolina, restaurantes e supermercados; ou as praias, de norte a sul, lotadas nas férias. E este é o retrato de um país que vai quebrar nos próximos meses? O Brasil não vai acabar em 2015. Mas se nada for feito para desmitificar a campanha antinacional em curso, poderemos, sim, assistir ao “fim do Brasil” como o conhecemos. A queda das ações da Petrobras e de empresas como a Vale, devido à baixa do preço do petróleo e das commodities, e também de grandes empresas ligadas, direta e indiretamente, ao setor de gás e de petróleo, devido às investigações sobre corrupção na maior empresa brasileira, poderá diminuir ainda mais o valor de empresas estratégicas nacionais, levando, não à quebra dessas empresas, mas à sua compra, a preço de “bacia das almas”, por investidores e grandes grupos estrangeiros – incluídos alguns de controle estatal – que, há muito, estão esperando para aumentar sua presença no país e na área de influência de nossas grandes empresas, que se estende pela América do Sul e a América Latina. Fosse outro o momento, e o Brasil poderia – como está fazendo a Rússia – reforçar sua presença em setores-chave da economia, como são a energia e a mineração, para comprar, com dinheiro do tesouro, a preço muito barato, ações da Petrobras e da própria Vale. Com isso, além de fazer um grande negócio – as ações da Petrobras já estão voltando a se valorizar –, o governo brasileiro poderia, também, contribuir, com a recuperação da Bolsa de Valores. Essa alternativa, no entanto, não pode sequer ser aventada, em um início de mandato em que o governo se encontra pressionado, praticamente acuado, pelas forças neoliberais que movem – aproveitando os problemas da Petrobras – cerrada campanha contra tudo que seja estatal ou de viés nacionalista. Com isso, o país corre o risco de passar, com a entrada desenfreada de grandes grupos estrangeiros na Bolsa por meio da compra de ações de empresas brasileiras com direito a voto, e a

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O fim da economia

Se o país tem uma safra recorde de grãos, isso é bom ou ruim? Se há oferta excessiva de grãos, é uma boa nova ou má notícia? Pela lei da oferta e da procura, uma safra recorde pode expandir as vendas internas e a exportação, mas tende a pressionar os preços para baixo, certo? Não de acordo com a imprensa brasileira: no noticiário fragmentado da mídia tradicional, uma coisa é uma coisa e outra coisa pode ser a mesma coisa. Até meados de 2013, foram muitos os artigos de especialistas defendendo o aumento dos juros e a desvalorização do real, como forma de atrair investidores ao mercado de ações e títulos, embora o país colecionasse ganhos expressivos na atração de investimento estrangeiro direto, aquele dinheiro que vai para aquisições de empresas e parcerias produtivas. A partir do segundo semestre de 2014, quando os juros subiram a níveis elevados, a imprensa alerta para o risco dessa escalada para os setores que dependem da importação de máquinas e insumos. Qual é a verdade da mídia? A de 2013 ou a de 2015? O leitor típico da mídia genérica, que acredita em grande medida em tudo que lê ou assiste no noticiário da TV ou do rádio, é lançado num labirinto e se sente inseguro. O que pensar de uma sucessão de eventos contraditórios, quando lançados ao público sem a devida contextualização, quando a preocupação básica do indivíduo é saber se sua receita continuará sendo suficiente para cobrir os gastos domésticos e, se possível, deixar uma sobra para a poupança?[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O público da mídia especializada, que busca no noticiário aquilo que atende a seus interesses mais importantes, também tem necessidades genéricas; portanto, as contradições do noticiário econômico, publicadas de maneira dispersa pela imprensa, hão de produzir a mesma angústia. Aqueles que dependem da análise de indicadores para tomar decisões importantes têm à disposição os boletins de corretoras, consultorias, bancos e, em último caso, o acesso às fontes primárias dos números. Para que serve, então, o noticiário econômico? No caso da mídia tradicional do Brasil, serve para produzir uma pressão adicional no campo político, em defesa de uma política econômica que o núcleo decisório da imprensa considera mais adequado. A vida monetizada O leitor crítico de jornais e revistas – que costuma suspeitar do noticiário da televisão e da profusão de opiniões sobre economia que proliferam na imprensa – pode não ter uma noção clara de onde se originam suas desconfianças, mas deve se considerar um privilegiado, porque ainda é capaz de preservar alguma consciência da realidade. Mas ele também sofre as consequências da manipulação de dados em favor desta ou daquela doutrina econômica. Nessa mistura entre política e economia, as relações econômicas foram transferidas do real para o campo das abstrações, e ainda que se diga que riquezas são construídas e destruídas na realidade, elas se transformaram em meras alegorias. Qualquer pessoa alfabetizada pode olhar em volta e constatar que o sistema econômico se sustenta apenas em símbolos e que esses símbolos são facilmente manipuláveis. Por exemplo, o empresário Eike Batista é símbolo de sucesso ou de fracasso? O que os jornais e os noticiários – especializados ou genéricos – apresentam diariamente sobre os fatos econômicos, os indicadores, bem como a interpretação e a valoração de tudo que se produz, está carregado de fabulações. Claro que a dificuldade de um trabalhador que não recebe salários a cada mês é uma realidade insofismável, assim como a contabilidade negativa de um empreendedor que não tem lucros. Mas, o que é mesmo o salário? O que é o lucro? As críticas a esta ou aquela estratégia econômica, fundamentadas nesse conjunto de signos, têm o poder de influenciar decisões e alterar a realidade subjacente a esse universo simulacro, ainda que sejam baseadas em meras convenções. Assistimos ao processo avassalador da monetização de tudo, e com essa obsessão os operadores do ambiente midiático passaram a ignorar o conflito histórico entre capital e trabalho, assumindo como dogma que tudo gira em torno do valor financeiro. O noticiário econômico se apresenta inicialmente como reflexo da realidade econômica, ou seja, como representação fiel de seus múltiplos aspectos por meio do conjunto de indicadores. Em seguida, mascara a realidade como um espelho de fragmentos; consolida-se, então, como uma representação da realidade e, finalmente, impõe-se sobre a sociedade como se fosse a própria economia, em toda sua grandiosa complexidade. Mas é apenas um simulacro. Por Luciano Martins Costa/Observatório da Imprensa

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