Florbela Espanca – Versos na tarde – 18/02/2015
Os meus versos Florbela Espanca ¹ Rasga esses versos que eu te fiz, amor! Deita-os ao nada, ao pó, ao esquecimento, Que a cinza os cubra, que os arraste o vento, Que a tempestade os leve aonde for! Rasga-os na mente, se os souberes de cor, Que volte ao nada o nada de um momento! Julguei-me grande pelo sentimento, E pelo orgulho ainda sou maior!… Tanto verso já disse o que eu sonhei! Tantos penaram já o que eu penei! Asas que passam, todo o mundo as sente… Rasgas os meus versos… Pobre endoidecida! Como se um grande amor cá nesta vida Não fosse o mesmo amor de toda a gente!… ¹ Florbela De Alma Conceição Espanca * Vila Viçosa, Portugal – 1894 d.C + Matosinhos, Portugal – 1930 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]