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Sophia Andresen – Versos na tarde – 11/02/2015

Porque Sophia de Mello Breyner Andresen ¹ Porque os outros se mascaram, mas tu não Porque os outros usam a virtude Para comprar o que não tem perdão. Porque os outros têm medo, mas tu não. Porque os outros são os túmulos caiados Onde germina calada a podridão. Porque os outros se calam, mas tu não. Porque os outros se compram e se vendem E os seus gestos dão sempre dividendo. Porque os outros são hábeis, mas tu não. Porque os outros vão à sombra dos abrigos E tu vais de mãos dadas com os perigos. Porque os outros calculam, mas tu não. ¹ Sophia de Mello Breyner Andresen * Porto, Portugal – 6 de Novembro de 1919 d.C + Lisboa, Portugal – 2 de Julho de 2004 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Com apoio da mídia, Alckmin passa incólume; Dilma é massacrada

O governo de Geraldo Alckmin venceu a crise de abastecimento de água no campo da comunicação. O governo de Dilma Rousseff perdeu em todas as crises que encara desde a posse em seu primeiro mandato, e corre o risco de enfrentar um processo de impeachment alimentado pela imprensa. Geraldo Alckmin fala bastante, mas nada diz. Dilma Rousseff não fala, e quando fala não diz. Dois perfis, duas crises Geraldo Alckmin fala bastante, mas nada diz. Dilma Rousseff não fala, e quando fala não diz. Se fosse possível fazer uma análise sucinta, com a técnica mais comum de media training usada para preparar executivos antes de entrevistas, essa seria uma avaliação aceitável do desempenho das duas autoridades. No entanto, é preciso colocar em perspectiva uma diferença básica entre os dois: Geraldo Alckmin conta com a complacência subserviente da imprensa, enquanto Dilma Rousseff representa para a mídia tradicional o mal a ser extirpado. Se a situação fosse invertida, os jornais estariam publicando o seguinte: Geraldo Alckmin assumiu pela primeira vez em 2001, com a morte de Mário Covas; quase imediatamente, iniciou uma série de mudanças com o claro objetivo de tirar o governo das manchetes. Covas havia iniciado uma corajosa reforma na educação, comandada pela então secretária Rose Neubauer; também tocava um projeto ambicioso no combate à corrupção policial e enfrentava uma série de rebeliões nos presídios.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Em poucos meses no cargo, Alckmin abortou o projeto de educação, pondo no lugar da educadora Neubauer o cientista social Gabriel Chalita, que trocou o programa de Covas por uma proposta chamada “pedagogia do amor”. O problema dos presídios foi resolvido de maneira peculiar: um tiroteio no qual apenas uma das partes estava armada eliminou todos os líderes de facções, com exceção do chamado Primeiro Comando da Capital – o PCC. Alckmin terminou o mandato de Covas, foi reeleito em 2002; voltou ao governo em 2010 e foi reconduzido ao cargo em 2014. A educação pública não melhorou, a segurança pública acumula índices preocupantes e ele enfrenta a mais grave crise de abastecimento de água de todos os tempos, com evidências de que não tomou as medidas suficientes para evitar o problema, mesmo com estudos disponíveis desde os tempos em que era vice-governador. O sistema de transporte metropolitano, investigado por corrupção, está dez anos atrasado. Administrando manchetes Se tratasse Alckmin com o mesmo rigor que aplica a Dilma Rousseff, a imprensa diria que ele não chegou a governar. Sua principal característica pessoal é a expressão impassível, a habilidade de manter uma “cara de paisagem” indecifrável em qualquer circunstância. Como homem público, demonstra possuir um enorme cabedal de frases simples, superficiais, respondendo a qualquer questão com modestas platitudes que têm o poder de aplainar qualquer assunto ao chão das banalidades. Dilma Rousseff assumiu o primeiro mandato em 2011, com o cacife que lhe proporcionou o apoio do ex-presidente Lula da Silva. Seu grande patrimônio era a imagem de boa gerente no pacote de obras de infraestrutura que vinha sendo tocado pelo governo federal; seu passivo era o escândalo conhecido como “mensalão”, sintoma de fadiga de material do sistema de alianças que sustenta o poder Executivo desde a Constituinte de 1988. Uma sucessão de indicadores negativos, amplificados por manchetes catastrofistas, foi minando progressivamente sua capacidade de governar; o aprofundamento do escândalo da Petrobras coloca diante dela o risco real de um processo de impeachment. Ainda que não prospere a manobra iniciada por uma empreiteira, com claro apoio dos jornais, ela corre o risco de passar os quatro anos de seu segundo mandato se defendendo de acusações da imprensa. A derrota que acaba de sofrer na eleição do presidente da Câmara do Deputados significa que terá que dispender ainda mais esforço para manter a base parlamentar suficiente para aprovar o essencial à governabilidade. Dilma Rousseff passou quase um mês sem falar com a imprensa e sem se dirigir diretamente à sociedade. Geraldo Alckmin fala quase diariamente, repetindo frases de efeito. Dilma é massacrada, Alckmin passa incólume pela crise. A corrupção do âmbito federal é manchete diária; a corrupção no sistema de trens metropolitanos de São Paulo é tema, quando muito, de notas de rodapé. Qual é a diferença entre eles? A principal delas é que o governador de São Paulo tem o apoio da imprensa e sabe disso: fala qualquer coisa e o repórter vai embora.A presidente da República se ilude com a esperança de que algum dia a imprensa vai tratá-la com algum respeito, evita o contato com jornalistas e desperdiça seu tempo administrando manchete de jornal. Luciano Martins Costa/Observatório da Imprensa

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Adoçantes fazem realmente mal à saúde?

Não são poucas as pessoas que compram alimentos diet e adoçantes em uma tentativa de reduzir a ingestão de açúcar. E, ao longo dos anos, foram levantadas várias dúvidas sobre a segurança desses produtos. Mas será que existem provas suficientes de que eles realmente fazem mal? O aspartame é o adoçante artificial mais conhecido e mais criticado por cientistas O aspartame é provavelmente o adoçante artificial mais conhecido e também o mais criticado mundialmente. Trata-se de um ácido graxo criado a partir do ácido aspártico e da fenilalanina. Em 1996, um estudo científico sugeriu que o aumento nos casos de tumores cerebrais no mundo estaria ligado à crescente popularidade do aspartame. Os medos continuaram existindo e outros tipos de câncer começaram a ser mencionados pela comunidade científica como relacionados ao consumo do adoçante. A preocupação era tanta que o Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos decidiu conduzir um amplo teste com quase 500 mil voluntários. Os resultados, publicados em 2006, não encontraram nenhum aumento no risco de câncer do cérebro, leucemia ou linfoma em pessoas que consumiam aspartame regularmente. Outro estudo, realizado pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA, na sigla em inglês), concluiu que o consumo de aspartame no nível recomendado (40 mg por cada quilo do peso corporal do indivíduo, por dia) é seguro.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Amigo dos dentes Segundo os cientistas que estudaram o aspartame, ele não causa tantos problemas porque apenas uma pequena parte dele entra na circulação sanguínea, sendo rapidamente quebrado e transformado em outras substâncias. Há uma exceção, no entanto: vítimas da doença genética rara fenilcetonúria (PKU, na sigla em inglês) não podem processar a fenilalanina, um dos subprodutos do aspartame. Para elas, esse tipo de adoçante é perigoso. Alguns adoçantes também apresentam efeitos colaterais. O xilitol, presente em balas sem açúcar, é um tipo de carboidrato que, se consumido em excesso, pode provocar diarreia. Mas existem indícios de que esse tipo de adoçante pode ajudar na prevenção à cárie, porque neutraliza a acidez da placa bacteriana sobre os dentes. Solução brasileira Nativa do Brasil e do Paraguai, a estévia é 300 vezes mais doce que o açúcar A grande novidade do momento na Europa e nos Estados Unidos é a estévia, nativa do Brasil e do Paraguai e usada como planta medicial há séculos. Ela não tem calorias e é 300 vezes mais doce que o açúcar. Mas como alguns consumidores não gostam muito do leve gosto de anis que a estévia deixa na boca, muitos fabricantes de alimentos costumam misturá-la a adoçantes artificiais. Mas será que a estévia é segura? A EFSA acredita que sim, após ter conduzido uma análise de provas recolhidas em humanos e em animais em 2010. Foi concluído que a substância não provoca câncer e não é tóxica. Por outro lado, a agência europeia também concluiu que não há provas de que a estévia ajude uma pessoa a perder peso ou a manter um peso saudável. Isso porque não se sabe se há consequências quando o cérebro registra o sabor doce, mas não recebe a dose de açúcar que espera. Isso poderia, de alguma forma, induzir o corpo a liberar insulina demais, o que provocaria um ganho de peso a longo prazo. Além disso, o grande mote dos adoçantes é que eles ajudariam as pessoas a saciar sua vontade por doces sem ganhar peso nem desenvolver o diabetes. Mas esses produtos já são vendidos há décadas e não parecem ter impedido a crise da obesidade que muitos países vivem hoje. Intolerância à glicose Cientistas acreditam que adoçante pode levar ao ganho de peso a longo prazo Mesmo assim, ao que parece, os adoçantes não deveriam merecer a má reputação. Mas justamente quando parecia que os estudos estavam a seu favor, uma nova pesquisa foi publicada em Israel, sugerindo que o aspartame, a sacarina e a sucralose podem, na realidade, contribuir para o diabetes tipo 2. O estudo foi aplicado em camundongos e, em seguida, em humanos. Em ambos os casos, boa parte dos indivíduos apresentou algum intolerância à glicose após o consumo desses adoçantes, um sintoma associado ao diabetes tipo 2. É verdade que esse estudo é apenas um dentre vários e até os próprios pesquisadores reconheceram que precisam de mais avaliações antes de chegarem a uma conclusão. E, em 2013, uma outra pesquisa, realizada com milhares de pessoas em oito países europeus, não encontrou relação entre os adoçantes e o diabetes tipo 2. Por isso, se há uma lição a ser aprendida com todos esses estudos é que não existe uma categoria de adoçantes que seja boa ou ruim. Todos são diferentes e precisam ser pesquisados separadamente. Sendo assim, talvez seja cedo para tomar uma decisão definitiva sobre o que colocar (ou não) no cafezinho daqui para a frente. Claudia Hammond/BBC

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