Se fosse possível “salvar” sua memória como fazemos com informações no disco rígido de um computador, você faria isso? Essa é uma questão que alguns cientistas esperam poder nos fazer em breve. Projetos científicos tentam descobrir maneiras de ‘salvar’ memória humana Se fosse possível “salvar” sua memória como fazemos com informações no disco rígido de um computador, você faria isso? Essa é uma questão que alguns cientistas esperam poder nos fazer em breve. Desde os primeiros desenhos riscados em paredes de cavernas na Pré-História, o homem vem tentando transcender a inexorável esvanecimento da memória. História oral, diários, livros de memórias, fotografias, filmes e poesia são alguns dos instrumentos usados nessa busca. Mais recentemente, passamos a arquivar nossas memórias nos enigmáticos servidores da internet. Sites como Facebook, Instagram, Twitter, YouTube e provedores de e-mails guardam registros de eventos importantes de nossas vidas, além de imagens e correspondências que trocamos com outras pessoas. Coletamos nossas memórias com um grau de detalhamento nunca antes possível.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] E, na fronteira entre o possível e o impossível, equipes de cientistas trabalham para criar tecnologias capazes de fazer cópias de nossas mentes – e, portanto, de nossas memórias – que possam viver muito além de nós. Leia mais: Instituto britânico alerta para riscos de extinção da raça humana Se atingirem esse objetivo, as consequências serão profundas. Conheça alguns desses projetos e entenda o que eles pretendem alcançar e de que forma. Equipes de cientistas trabalham para descobrir tecnologias que ‘eternizem’ nossas mentes Eterni.me O californiano Aaron Sunshine, de 30 anos, perdeu sua avó recentemente. “Me dei conta de quão pouco dela ficou”, disse. “São apenas alguns pertences, entre eles, uma camisa velha que às vezes visto quando estou em casa.” A morte da avó levou Sunshine a procurar os serviços do site Eterni.me, um serviço que preserva as memórias de uma pessoa, após sua morte, na internet. Funciona da seguinte maneira: em vida, o cliente dá ao Eterni.me acesso a todas as suas contas em sites como Facebook, Twitter e provedores de e-mail. E também faz uploads de fotos, de históricos geográficos de locais onde esteve e até de coisas que viu usando a ferramenta Google Glass. As informações são coletadas, filtradas e analisadas antes de serem transferidas para um avatar (uma pessoa virtual que tenta imitar a aparência e personalidade do usuário). O avatar aprende mais sobre a pessoa à medida que interage com ela ao longo da vida. O objetivo é que o avatar possa, no decorrer do tempo, refletir com cada vez mais precisão a personalidade desta pessoa. “A ideia é criar um legado interativo, uma forma de evitar (que a pessoa) seja totalmente esquecida no futuro”, disse Marius Ursache, um dos criadores doEterni.me. Leia mais: Stephen Hawking: Inteligência artificial pode destruir a humanidade “Seus bisnetos usarão (o site) – em vez de uma ferramente de buscas ou uma linha do tempo – para acessar informações sobre você, desde fotos de eventos da família até suas opiniões a respeito de certos assuntos, ou mesmo canções que você escreveu, mas nunca mostrou a ninguém.” Sunshine diz que poder interagir dessa forma com um avatar de sua avó lhe traria conforto. “Ela não estaria tão longe de mim”, diz. Ursache tem planos ambiciosos para o Eterni.me. “(O serviço) poderia ser uma biblioteca virtual da humanidade”, sugere. Mas a tecnologia ainda é incipiente. Ele calcula que os assinantes do serviço terão de interagir com seus avatares durante décadas para que a simulação se torne tão precisa quanto for possível. Ele conta que já recebeu muitas mensagens de pacientes terminais que querem saber quando o serviço estará disponível e se eles poderiam fazer registros de si próprios antes de morrer. “É difícil responder a essas pessoas, porque a tecnologia pode levar anos para atingir um nível adequado, até que seja utilizável e tenha algo real a oferecer.” Cérebro ‘back up’ E, se em vez de simplesmente escolhermos o que queremos capturar em formato digital, pudéssemos gravar tudo, absolutamente tudo o que uma mente contém? Isto não é ficção científica. Em teoria, exigiria três avanços básicos. Os cientistas teriam de descobrir como preservar o cérebro de alguém após sua morte. Depois, a informação contida nesse cérebro precisaria ser analisada e arquivada. Finalmente, a mente da pessoa precisaria ser “recriada” em um outro cérebro, construído artificialmente. Cientistas de todo o mundo já trabalham para tentar criar um cérebro humano artiticial. Nele poderia ser feito o upload de um arquivo de segurança da memória de um ser humano – ou, pelo menos, essa é a ideia. O Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, oferece um curso de conectomia – um campo ainda emergente da ciência onde pesquisadores tentam criar um mapa contendo todas as conexões existentes em um cérebro humano. Especialistas trabalhando em outro projeto, o “US Brain”, tentam registrar a atividade cerebral de milhões de neurônios. E, na Europa, o projeto “EU Brain” tenta construir modelos integrados capazes de simular esta atividade. O pesquisador Anders Sandberg, do Instituto Futuro da Humanidade, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, descreve esses projetos como importantes passos rumo a um ponto onde seremos capazes de copiar um cérebro humano em sua totalidade. “O objetivo é copiar a função do cérebro original. Se for colocada para funcionar, a cópia será capaz de pensar e agir como o original”, diz Sandberg. Ele explica que o progresso tem sido lento, porém contínuo. “Já somos capazes de mapear pequenas amostras de tecido cerebral em três dimensões. (Os modelos) têm um índice de resolução maravilhoso, mas os blocos têm apenas alguns microns de largura”. O especialista diz que, à medida que os métodos melhorarem, a informação contida no tecido “escaneado” será convertida automaticamente em modelos que poderão ser lidos e “rodados” pelo simulador. “Já temos as partes, mas ainda não temos a tubulação conectando os cérebros e as cópias”. Corrida do Ouro O desafio é grande, mas não parece haver escassez de investimentos nesse campo. O Google, por exemplo, vem